CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15

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Transcrição:

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15 DIREITO PENAL Sessão n.º 13 2

DIREITO PENAL OBJETIVOS GERAIS Sistematizar o Código Penal e enquadrar os factos nos tipos legais de crime. Livro II Título II Crimes Contra o Património Capítulo II Crimes Contra a Propriedade 3

DIREITO PENAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compreender as definições legais e a sua relevância no âmbito dos Crimes contra o património; Enunciar o valor da Unidade de Conta para o ano de 2015 e o modo como se procede à sua atualização; Identificar os elementos constitutivos do crime de Furto e do Crime de Roubo bem como os critérios de distinção; Identificar os elementos constitutivos do crime de Furto Qualificado; Identificar os elementos constitutivos do crime de Violência depois da subtração; Identificar os elementos constitutivos do crime de Abuso de Confiança; 4

DIREITO PENAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS Conceito de Coisa Móvel (artigo 205.º do Código Civil); Conceito de Título não Translativo da propriedade (artigo 1316.º do Código Civil); Procedimentos Criminais nos Crimes de Furto, Abuso de Confiança e Roubo; Identificar os elementos constitutivos do crime de Furto de Uso de Veículo; Conceito de Uso (artigo 1484.º e ss. do Código Civil); Identificar os elementos constitutivos do crime de Dano e Crime de Dano Qualificado; Distinção do Dano com relevância meramente cível (artigo 483.º do Código Civil). 5

DEFINIÇÕES LEGAIS art. 202º Para efeitos do disposto nos artigos seguintes considera-se: a) Valor elevado: Aquele que exceder 50 unidades de conta avaliadas no momento da prática do facto; (Unidade de Conta Processual (UC): 102,00, 50*102,00 = 5100 ) b) Valor consideravelmente elevado: Aquele que exceder 200 unidades de conta avaliadas no momento da prática dos factos; (Unidade de Conta Processual (UC): 102,00, 200*102,00 = 20400 )

DEFINIÇÕES LEGAIS art. 202º c) Valor diminuto: Aquele que não exceder uma unidade de conta avaliada no momento da prática do facto; (Unidade de Conta Processual (UC) é de Euros: 102,00 ); d) Arrombamento: O rompimento, fratura ou destruição, no todo ou em parte, de dispositivo destinado a fechar ou impedir a entrada, exterior ou interiormente, de casa ou de lugar fechado dela dependente;

DEFINIÇÕES LEGAIS art. 202º e) Escalamento: a introdução em casa ou em lugar fechado dela dependente, por local não destinado normalmente à entrada, nomeadamente por telhados, portas de terraços ou de varandas, janelas, paredes, aberturas subterrâneas ou por qualquer dispositivo destinado a fechar ou impedir a entrada ou passagem;

DEFINIÇÕES LEGAIS art. 202º f) Chaves falsas: i) As imitadas, contrafeitas ou alteradas; ii) As verdadeiras quando, fortuita ou sub-repticiamente, estiverem fora do poder de quem tiver o direito de as usar; e iii) As gazuas ou quaisquer instrumentos que possam servir para abrir fechaduras ou outros dispositivos de segurança;

DEFINIÇÕES LEGAIS art. 202º g) Marco: qualquer construção, plantação, valado, tapume ou outro sinal destinado a estabelecer os limites entre diferentes propriedades, postos por decisão judicial ou com o acordo de quem esteja legitimamente autorizado para o dar.

UNIDADE DE CONTA (UC) Conceito, Atualização e Evolução Conceito (a partir de 20/04/2009) Unidade de Conta Processual (UC): É a quantia monetária equivalente a um quarto do valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS Lei n.º 53-B/2006 e 29 de Dezembro), arredondada à unidade de Euro.

UNIDADE DE CONTA (UC) Conceito, Atualização e Evolução Determinação / Fixação Para determinação da Unidade de Conta, tendo em consideração que o RCP (DL 34/2008, de 26.02), entrou em vigor do dia 20.04.2009, o valor a considerar foi o do IAS vigente em Dezembro de 2008 (art.º 2 da Portaria 9/2008, de 03.01), ou seja, 407,41. Assim sendo, o valor da UC para vigorar no ano de 2009 foi de 102,00 (1/4 do IAS, arredondado à unidade de euro).

UNIDADE DE CONTA (UC) Conceito, Atualização e Evolução Atualização (a partir de 20/04/2009) O valor da UC é atualizado anual e automaticamente de acordo com o valor do Indexante dos Apoios Sociais (n.º 2, artigo 5.º do RCP, aprovado pelo DL 34/2008, de 26.02), devendo a primeira atualização ter ocorrido em Janeiro de 2010. Em virtude de razões invocadas no DL 323/2009, de 24.12, e nas Leis de Orçamento de Estado de 2010 e 2011, foi suspenso o regime de atualização do valor do IAS, pelo que o valor da UC para vigorar em 2015 é de 102,00.

UNIDADE DE CONTA (UC) Conceito, Atualização e Evolução Evolução do valor da UC De Até Valor em euros 1989 1991 34,92 1992 1994 49,88 1995 1997 59,86 1998 2000 69,83 2001 2003 79,81 2004 2006 89,00 2007 19.04.2009 96,00 20.04.2009 31.12.2009 102,00 01.01.2010 31.12.2010 102,00 01.01.2011 31.12.2011 102,00 01.01.2012 31.12.2012 102,00 01.01.2013 31.12.2013 102,00 01.01.2014 31.12.2014 102,00

CRIME DE FURTO art. 203º 1. Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair coisa móvel alheia, é punido com Pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa; 2. Tentativa é punível; 3. Procedimento criminal depende de queixa. Semipúblico

CRIME DE FURTO art. 203º Não ressalva a negligência (art.º 13º CP), por isso é um crime doloso, intenção de apropriação ; É um crime instantâneo; coisa móvel alheia : afasta as coisas que não tenham pertença, dadas ao abandono ou inconceptíveis de ocupação; representa uma utilidade para o titular para o titular do património em que se insere. Ac. STJ de 3JUL1996

COISA MÓVEL art. 205º do Código Civil Conceito de coisa móvel: A noção é prevista do artigo 205º do Código Civil. Coisa móvel é a coisa não incorporada, direta ou indiretamente, no solo ou a título permanente.

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º 1. Quem furtar coisa móvel alheia: a) De valor elevado; (> a 5 100 até 20 400) b) Colocada ou transportada em veículo ou colocada em lugar destinado ao depósito de objetos ou transportada por passageiros utentes de transporte coletivo, mesmo que a subtração tenha lugar na estação, gare ou cais; c) Afeta ao culto religioso ou à veneração da memória dos mortos e que se encontre em lugar destinado ao culto ou em cemitério;

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º d) Explorando situação de especial debilidade da vítima, de desastre, acidente, calamidade pública ou perigo comum; e) Fechada em gaveta, cofre ou outro recetáculo equipado com fechadura ou outro dispositivo especialmente destinado à sua segurança;

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º f) Introduzindo-se ilegitimamente em habitação, ainda que móvel, estabelecimento comercial ou industrial ou espaço fechado, ou aí permanecendo escondido com intenção de furtar; g) Com usurpação de título, uniforme ou insígnia de empregado público, civil ou militar, ou alegando falsa ordem de autoridade pública;

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º h) Fazendo da prática de furtos modo de vida; ou i) Deixando a vítima em difícil situação económica; j) Impedindo ou perturbando, por qualquer forma, a exploração de serviços comunicações ou de fornecimento ao público de água, luz, energia, calor, óleo, gasolina ou gás; (alteração CP Fev13) é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias. 2. Quem furtar coisa móvel alheia: a) De valor consideravelmente elevado (> 20 400); b) Que possua significado importante para o desenvolvimento tecnológico ou económico;

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º c) Que por sua natureza seja altamente perigosa; d) Que possua importante valor científico, artístico ou histórico e se encontre em coleção ou exposição públicas ou acessíveis ao público; e) Penetrando em habitação, ainda que móvel, estabelecimento comercial ou industrial ou outro espaço fechado, por arrombamento, escalamento ou chaves falsas;

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º f) Trazendo, no momento do crime, arma aparente ou oculta; ou g) Como membro de bando destinado à prática reiterada de crimes contra o património, com a colaboração de pelo menos outro membro do bando; é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos. Crime Público

CRIME DE FURTO QUALIFICADO art. 204º 3. Se na mesma conduta concorrerem mais do que um dos requisitos referidos nos números anteriores, só é considerado para efeito de determinação da pena aplicável o que tiver efeito agravante mais forte, sendo o outro ou outros valorados na medida da pena. 4. Não há lugar à qualificação se a coisa furtada for de diminuto valor. (Neste caso o crime de furto qualificado, passa a furto simples (Artigo 203.º), logo o procedimento criminal depende de queixa).

CRIME DE ABUSO DE CONFIANÇA art. 205º 1. Quem ilegitimamente se apropriar de coisa móvel que lhe tenha sido entregue por título não translativo da propriedade é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa. 2. A tentativa é punível. 3. O procedimento criminal depende de queixa. Semipúblico

CRIME DE ABUSO DE CONFIANÇA art. 205º 4. Se a coisa referida no n.º 1 for: a) De valor elevado, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 600 dias; b) De valor consideravelmente elevado, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos; 5. Se o agente tiver recebido a coisa em depósito imposto por lei em razão de ofício, emprego ou profissão, ou na qualidade de tutor, curador ou depositário judicial, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos. Crime Público

EXCEÇÃO ao art. 203.º CRIME DE FURTO art. 207º Natureza do Crime Art.º 203.º CP - Furto (por regra crime semipúblico) 1 - Crime Semipúblico passa a Crime Particular (acusação particular) se: a) O agente for cônjuge, ascendente, ou com ela viver em condições análogas às dos cônjuges; ou b) A coisa furtada ou ilegitimamente apropriada for de valor diminuto e destinada a utilização imediata e indispensável à satisfação de uma necessidade do agente ou de outra pessoa mencionada na alínea a). 2 - No caso do artº 203.º, o procedimento criminal depende de acusação particular quando a conduta ocorrer em estabelecimento comercial durante o período de abertura ao público, relativamente à subtração de coisas móveis expostas de valor diminuto e desde que tenha havido recuperação imediata destas, salvo quando cometida por duas ou mais pessoas. 24-03-2015 C.F.P. - Formação Jurídica 27

EXCEÇÃO ao art.º 205º CRIME DE ABUSO DE CONFIANÇA Natureza do Crime 1. Crime semipúblico (n.º1) passa a Crime Particular (acusação particular) N.º 1 Art.º 205º CP Abuso de Confiança Se O agente for cônjuge, ascendente, ou com ela viver em condições análogas às dos cônjuges; Ou A coisa furtada ou ilegitimamente apropriada for de valor diminuto e destinada a utilização imediata e indispensável à satisfação de uma necessidade do agente ou de outra pessoa mencionada na alínea a). 24-03-2015 C.F.P. - Formação Jurídica 28

ACUSAÇÃO PARTICULAR art. 207º

CRIME DE FURTO DE USO DE VEÍCULO art. 208º 1. Quem utilizar automóvel ou outro veículo motorizado, aeronave, barco ou bicicleta; Sem autorização de quem de direito; Prisão até 2 anos ou multa até 240 dias (se não couber pena mais grave por força de disposição legal); 2. Tentativa é punível. 3. O procedimento criminal depende de queixa ou, nos casos previstos no art.º 207º de acusação particular.

EXCEÇÃO ao art. 208º FURTO DE USO DE VEÍCULO Natureza do Crime Crime semipúblico passa a Crime Particular (acusação particular): A natureza criminal altera-se, igualmente como os crimes mencionados anteriormente se preencher um dos requisitos previstos no Art.º 207º CP de acordo com n.º 3 do Art.º 208º CP nos casos previstos no Art.º 207º de acusação particular.

CRIME DE ROUBO art. 210º 1. Quem com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair, ou constranger a que lhe seja entregue, coisa móvel alheia: Por meio de violência contra uma pessoa; Por meio de ameaça com perigo iminente para a vida ou para a integridade física; ou Pondo-a na impossibilidade de resistir. É punido com pena de prisão de 1 a 8 anos Crime Público

CRIME DE ROUBO art. 210º Quando, na prática do roubo, se verificar: perigo para a vida da vítima ofensa à integridade física grave; ou Verificando-se os requisitos do nº 1 e 2 art.º 204º CP (furto qualificado) Prisão de 3 a 15 anos Se resultar a morte de outra pessoa Prisão de 8 a 16 anos Natureza do Crime de Roubo Público

FURTO vs ROUBO O crime de roubo distingue-se do crime de furto, porque no primeiro há violência ou ameaça com um perigo eminente para a integridade física, ou para a vida, ou a colocação da vítima na impossibilidade de resistir, o que não sucede no crime de furto.

CRIME DE VIOLÊNCIA DEPOIS DA SUBTRAÇÃO art. 211º Quem Quando encontrado em flagrante delito de furto, conservar ou não restituir as coisas subtraídas, Utilizando os meios do Crime de Roubo (artº 210 CP): Prisão de 1 a 8 anos (n.º1 art.º 210º CP) Prisão de 3 a 15 anos (n.º2 art.º 210º CP) Prisão de 8 a 16 anos (n.º3 art.º 210ºCP) Natureza Criminal Público

CRIME DE DANO art. 212º 1. Quem destruir, no todo ou em parte, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa alheia, Prisão até 3 anos ou multa 2. Tentativa é punível; 3. O procedimento criminal depende de queixa. Natureza Criminal Semipúblico ou Particular

CRIME DE DANO art. 212º Crime é particular (artº 207 CP) Se: O agente for cônjuge, ascendente, de relação familiar até ao 2º grau da vítima A coisa for de valor diminuto e destinada a utilização imediata e indispensável à satisfação de uma necessidade Se houver: Restituição ou reparação (art.º 206º CP) Total - pena especialmente atenuada Parcial - pena pode ser especialmente atenuada

DANO QUALIFICADO art. 213º 1 Quem destruir, no todo ou em parte, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa: a) Alheia de valor elevado b) Monumento público c) Destinada ao uso/utilidade públicos d) Pertencente ao património cultural e) Coisa alheia afeta ao culto religioso ou veneração da memória dos mortos (em lugar de culto/cemitério) Prisão até 5 anos ou multa até 600 dias Natureza Criminal Público ou Particular

DANO QUALIFICADO art. 213º 2 Quem destruir, no todo ou em parte, danificar, desfigurar ou tornar não utilizável coisa alheia: a) De valor consideravelmente elevado b) Natural ou produzida pelo homem, oficialmente arrolada ou posta sob proteção oficial pela lei c) Com importante valor científico, artístico ou histórico d) Possua significado importante para o desenvolvimento tecnológico ou económico Prisão de 2 a 8 anos Natureza Criminal Público ou Particular

DANO QUALIFICADO art. 213º Só é considerada a agravante mais forte para aplicação da pena (n.º 3 art.º 204º); Não há qualificação - se a coisa for de valor diminuto (n.º 4 art.º 204º); Se houver reparação total/parcial - pena é / pode ser especialmente atenuada (n.º 2 e 3 art.º 206º); Crime particular se o agente for cônjuge, ascendente, de relação familiar até ao 2º grau da vítima (al. a) art.º 207º CP).

DANO vs DANO QUALIFICADO A principal distinção entre crime de dano e crime de dano qualificado reside no valor do bem jurídico que se quis proteger, entendendo o legislador que um bem de valor elevado ou consideravelmente elevado ou um bem com importância significativa por motivos vários (reproduzidos no art.º 213º CP) deve ser mais protegido, correspondendo por isso a uma moldura penal mais gravosa.

DANO COM VIOLÊNCIA art. 214º 1. Quem destruir, no todo ou em parte, danificar desfigurar ou tornar não utilizável coisa: Praticando violência contra uma pessoa, ameaça com perigo iminente para a vida ou a integridade física, ou pondo-a na impossibilidade de resistir Dano (simples) - prisão de 1 a 8 anos Dano qualificado - prisão de 3 a 15 anos Resultando a morte - prisão de 8 a 16 anos Natureza Criminal Público

DANO COM VIOLÊNCIA art. 214º As penas de: Prisão de 1 a 8 anos - dano (simples) Prisão de 3 a 15 anos - dano qualificado Prisão de 8 a 16 anos - resultando a morte Aplicam-se a quem: 2. Quando encontrado em flagrante delito de dano e para continuar o ato criminoso, fizer uso de: Violência contra uma pessoa; Ameaça com perigo iminente para a vida ou a integridade física; Pondo-a na impossibilidade de resistir.

USURPAÇÃO DE COISA IMÓVEL art. 215º 1. Por meio de violência ou ameaça grave Invadir ou ocupar coisa imóvel alheia, com intenção de exercer direito de propriedade, posse, uso ou servidão não tutelados por lei, sentença ou ato administrativo prisão até 2 anos / multa até 240 dias, Se pena mais grave lhe não couber em atenção ao meio utilizado. 2. A mesma pena aplica-se a quem Desviar ou represar águas, sem que a isso tenha direito, com intenção de alcançar, para si ou para outra pessoa, benefício ilegítimo. Natureza Criminal Semipúblico

NATUREZA DOS CRIMES O procedimento criminal depende de acusação particular quando os mesmos são cometidos por cônjuge, ascendente, descendente, adotante, adotado, parente ou afim até ao 2.º grau da vítima, ou quem com ela viver em condições análogas às dos cônjuges; OU A coisa furtada ou ilegitimamente apropriada for de valor diminuto e destinada a utilização imediata e indispensável à satisfação de uma necessidade do agente ou de outra pessoa mencionada na alínea a). 24-03-2015 45

DIREITO PENAL Sessão 13

SÍNTESE Crimes Contra a Propriedade Identificar os elementos constitutivos de cada tipo de crime; Distinguir Crime de Furto de Crime de Roubo; Identificar as exceções ao disposto no n. 1, do art. 203.º e 205, do CP, em que o procedimento criminal depende de acusação particular; Distinguir Crime de dano de Crime de dano qualificado.

ANTEVISÃO NA PRÓXIMA SESSÃO: Casos práticos.

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15