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Transcrição:

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Discurso na cerimónia de lançamento do Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos - ENCCEJA PALÁCIO DO PLANALTO, BRASÍLIA, DF. 11 DE JULHO DE 2002 Senhor Ministro Paulo Renato; Dra. Maria Helena Castro; Senhoras e Senhores, Em geral esses nomes novos que se inventam são terríveis Saeb, Enem. Depois ficam populares. Mas até ficarem populares, doern no ouvido. Esse, pelo menos, Ministro, se chama Ennceja, já é alguma coisa. É um progresso notável no modo de comunicar esse programa porque, na verdade, é um ensejo, é uma oportunidade, é uma chance que se dá para o reconhecimento do esforço feito por aqueles que não puderam seguir regularmente a sua carreira nos estudos. Mas quero, além disso, felicitar vivamente, uma vez mais - já o fiz tantas vezes - o Ministro Paulo Renato e, agora, a Dra. Maria Helena e todos aqueles que trabalham no Ministério da Educação e no Inep. E todas essas instituições não-governamentais que têm contribuído, de uma maneira tão extraordinária, para que nós modifiquemos o panorama do ensino no Brasil. Há muitos e muitos anos, trabalhei no Inep, no tempo do Anísio Teixeira, do Fernando de Azevedo e do Darcy Ribeiro. Fui do Conselho

80 PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO do Inep lá em São Paulo. E não podíamos imaginar, então, que fôssemos capazes, no Brasil, de fazer a- proeza que temos feito de transformar, não só o Ministério da Educação, mas os instrumentos de avaliação e os instrumentos de aperfeiçoamento do ensino, num conjunto de órgãos que hoje têm reconhecimento nacional e, mesmo, internacional. Tenho ouvido muitas referências a esse trabalho. É claro que a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação permitiu, abriu um campo novo para o Brasil. Levou muitos anos. Eu me recordo, tantas vezes conversei - eu era Senador então - com o Florestan Fernandes, com o Darcy Ribeiro, que acabou sendo relator no Senado, e com tanta gente sobre essa lei. Custou tanto a sair uma lei, mas saiu. E saiu uma lei razoável. Quer dizer, uma lei que permitiu, efetivamente, uma mudança acentuada nos rumos da educação brasileira. Mas nada disso teria sido eficaz se não tivéssemos tido a devoção de tantas e tantas pessoas do Ministério da Educação e a capacidade de liderança do Ministro Paulo Renato para chegar ao ponto que chegamos. Eu não vou repetir números, até os sei quase que de cor, de tantas vezes que ouço e falo. Mas o Ministro Paulo Renato acabou de mostrar quais são os avanços significativos havidos nessa área educacional entre nós. A Dra. Maria Helena acaba de me dizer que, no ensino a distância, temos 5 milhões de alunos. Gosto de dar esses números quando estou fora do Brasil. Por exemplo, dizer que nós temos, na escola, 35 milhões de estudantes, 35 ou 36 milhões na escola fundamental. Porque esse número é a população de um país, e muitos países não chegam a ter esse número. Ao somarmos todo mundo que está estudando no Brasil, são 6o milhões de pessoas, é muita gente que está nas escolas. Como disse o Ministro Paulo Renato, agora esse fenómeno da volta à escola, ou seja, a escola quase como sendo uma instituição na qual as pessoas convivem durante o decorrer das suas existências. Mas, também, gosto de dizer que, nessas escolas fundamentais, não só o aprendizado está melhorando, com a questão das modificações constitucionais, como melhorar os salários dos professores das regiões mais atrasadas, obrigar as prefeituras e os Estados a darem mais recursos para a escola fundamental, assim como o Governo Federal, além

PALAVRA DO PRESIDENTE 2 9 SEMESTRE 2002 81 disso, dar-se alimentação. Não há programa nutricional, no mundo, que alimente, todo dia, 36 milhões de pessoas. Isso, no Brasil, é todo dia, dá-se por banal. Faz-se de conta que não acontece nada. E só se chama a atenção quando se diz: "Está aumentando o número de brasileiros com fome." Será? Não arrisco a resposta. Mas sei que 36 milhões de crianças comem todo dia. Nas zonas mais pobres, as zonas da Comunidade Solidária, são duas refeições. Antes isso era centralizado em Brasília. Acusava-se de haver muita corrupção graúda. Agora é descentralizado, é com o prefeito, tem a comunidade local que atua. Deverá haver corrupção também, mas é menorzinha, porque é descentralizado, pequeno. Não estou de acordo, não, mas pelo menos é um passo*adiante. Aumentou muito o controle da sociedade sobre o destino dos recursos públicos. Eu me recordo de que, quando o Ministro Paulo Renato propôs dar dinheiro diretamente para a diretora da escola, é claro que muitos setores da burocracia não gostaram, porque não confiam. Pois bem, houve um resultado excepcional. Um pouco de dinheiro com o qual a professora, junto com o Conselho de Pais e Mestres, toma uma decisão e gasta na escola. Enfim, houve uma mudança muito forte em conjunto, não só das instituições com a organização, mas na mentalidade daqueles que trabalham na educação. Esses Parâmetros Curriculares foram uma verdadeira revolução. Eu acompanhei bem de perto todo esse processo da elaboração desses Parâmetros. Foi um processo amplíssimo, trazendo professores de toda parte do Brasil, todos participando, sem se perguntar qual é o partido, qual é a ideologia. Pelo contrário, sabendo qual é a qualidade e como é que se pode melhorar a qualidade, como é que se limpam os nossos livros de texto e, também, as nossas cabeças, de preconceitos contra a mulher, contra o negro, contra o índio, contra o pobre. Porque há preconceito contra tudo. A escola é o caminho para poder, efetivamente, criar uma cidadania e fazer com que haja, realmente, um avanço democrático. Esse avanço se faz sentir na medida em que os dados de hoje refletem um aumento geral de frequência à escola, de certificado de término de

82 PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO curso, de aumento da expansão do curso secundário, expansão do curso superior. Quando se vai examinar, no detalhe, esses dados, porque onde aumentou mesmo foi nas regiões mais pobres, o Nordeste começa a convergir para a média nacional, e as camadas mais pobres, que não tinham acesso, passam a ter. Basta ver os negros, na escola fundamental. O crescimento foi notável porque, na verdade, há 10 anos, a frequência de pessoas negras às escolas era muito menor do que é hoje. Hoje, também, está se aproximando, está convergindo para uma média que, hoje, é altíssima: 96,97% de escolaridade. A tal ponto que repito aqui o refrão que tenho dito. tantas vezes: podemos vislumbrar o fim do analfabetismo no Brasil. Quando se vê o número de analfabetos entre as pessoas de 14 anos e mais, de 14 a 16 anos, ou de 10 a 16 anos, caiu muito. Nas zonas mais desenvolvidas do país, caiu dramaticamente. Já é muito baixa nessas áreas e nas outras caiu dramaticamente. Então, nós podemos, sem demagogia, dizer que estamos acabando com o analfabetismo. Isso é uma coisa sensacional, porque, em 1960, havia mais analfabetos do que alfabetizados - década de 6o, para mim foi ontem. E isso mudou. Por isso que, tantas vezes, tenho demonstrado a minha revolta àqueles que ficam se lamentando sem parar, que acham que está tudo indo para trás. Para trás o quê? É só ver o que era o Brasil e o que é hoje. Não é o Governo, não é esse Governo, não se faz em quatro anos, em 8, em 12, faz-se em décadas. Mas nós estamos, em décadas, fazendo um outro Brasil. Nós estamos com um Brasil, hoje, que, com os programas já existentes - basta dar continuidade -, em questão de 10, 20 anos e a sociedade sentirá o efeito de um novo Brasil, mais ilustrado, mais democrático, mais reivindicativo, de melhor saúde, com menos desigualdade e com uma consciência democrática mais aguçada. Eu disse, e repito aqui, que isso não é um esforço feito exclusivamente pelos órgãos públicos. Na educação, no Brasil, há um setor privado, sobretudo no ensino superior, que tem um peso grande. Mas, além disso, nós temos, crescentemente, que contar, e estamos contando, com apoio de programas como o Projeto Recomeço, ou com o Comunidade

PALAVRA DO PRESIDENTE a 9 SEMESTRE 2002 83 Solidária, com muitas fundações, como algumas aqui foram mencionadas e muitas outras mais existem, com as organizações não-governamentais, enfim, com o Sesc, com o Senai. Nós não podemos pensar a mudança, no Brasil, simplesmente como se ela dependesse de uma ação do Governo, ou, então, como é moda, aqui, do Presidente. Tem vontade ou não tem vontade política? Tomara tenha, mas não basta. Não basta. O que precisa haver, realmente, é a sociedade ser capaz de assumir, como desafio próprio, esses grandes problemas que o Brasil ainda enfrenta. Acho que é o que está acontecendo. A sociedade está assumindo, a mídia está assumindo, a televisão está assumindo. Pode-se criticar aqui ou ali mas, na questão da educação existe, realmente, uma consciência que é muito mais ampla. A tal ponto - e com isso termino - que, hoje, eu repito apenas o que tenho dito nos últimos dias, porque li, com muito entusiasmo, que o Senhor Vinod Thomas, que é o Diretor do Banco Mundial no Brasil, escreveu um artigo em que disse uma coisa que é sensacional. Ele disse que, na experiência dele, no Banco Mundial, nenhum outro país, em dez anos, avançou tanto, na área social, como o Brasil. Talvez só, e são países não atingidos por ele, a China e Cuba. Fora disso, nenhum país avançou tanto, em dez anos, em redução do analfabetismo, em redução da mortalidade infantil, em acesso a terra, enfim, nos indicadores sociais fundamentais, que vão pesar no IDH. Com o tempo ver-se-á isso, porque isso não se muda de um dia para o outro, isso é um processo. Mas, em dez anos mais, o IDH - ou menos, até - refletirá essas mudanças. Diz ele: nenhum país foi tão depressa quanto o Brasil. Não obstante, estou cansado de ouvir discursos, ler artigos: "O Brasil tem mais uma década perdida, o Brasil não avançou nada no social, fizeram só a estabilização - como se fosse pouco - a estabilização da economia, mas não olharam para o social." Por que não olham para os números um pouco? Não é melhor ser um pouquinho mais humilde, menos arrogante, no julgar o esforço de uma sociedade inteira, porque não é só de um Governo, em vez de ficar sempre naquele ramerrão de que nada melho-

84 PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO rou? E dizer: "Não, falta muito, tem que melhorar muito mais. Mas alguma coisa foi feita." Pois bem, termino felicitando-os. Citei o Ministro Paulo Renato, a Dra. Maria Helena, porque não posso citar cada um, até porque não conheço os nomes, nem dos que estão aqui, nem dos milhares que não estão aqui, mas que estão unidos nessa grande luta para transformar o Brasil, efetivamente, num país melhor para o seu povo. Muito obrigado.