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R E L A T Ó R I O C O M P L E M E N T A R INQUÉRITO POLICIAL Nº 1980/2015-4 SR/DPF/PR INSTAURADO EM: 14/09/2015 PROCESSO Nº: 5046214-39.2015.4.04.7000/PR INCIDÊNCIA PENAL: artigo 1.º, da Lei n. 9.613/98; Art. 22, pár. único da Lei nº 7.492/86 e art. 317 do Código Penal. INDICIADOS: JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES, MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI, JORGE LUIZ ZELADA e DENISE KOS Senhor Juiz, No transcorrer das investigações levadas à cabo pela Operação Lava Jato, evidenciouse uma complexa cadeia de operadores financeiros corresponsáveis pela lavagem e remessa ao exterior de ativos ilícitos que são produto/proveito dos diversos crimes praticados no âmbito da Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS). Destacam-se, como infrações penais antecedentes até então identificadas, (i) a corrupção passiva praticada por agentes públicos detentores de cargos de alta importância da estatal (art. 317, CP), (ii) a corrupção ativa por parte de executivos de empresa nacionais e estrangeiras (art. 333, CP), (iii) a evasão de divisas e/ou manutenção de ativos não declarados no exterior (art. 22 da Lei nº 7.492/86) e (iv) a prática de crimes contra a ordem econômica, notadamente pela formação de cartel (art. 4º, I, da Lei nº 8.137/90). O presente inquérito foi instaurado para apurar possível ocorrência dos delitos previstos nos art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98, art. 22 da Lei nº 7.492/86 e art. 317, caput, do Código Penal, os quais teriam sido cometidos, em tese, por JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES e MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI, tendo em vista os elementos colhidos no âmbito da investigação policial denominada OPERAÇÃO LAVAJATO, relacionados nos autos nº 5085114-28.2014.404.7000 (IPL nº 1041/13 SR/DPF/PR) e anexos a este (Evento 1, PORT_INST_IPL1). No Evento 11, REPRESENTACAO_BUSCA1, Autos nº 5046214-39.2015.4.04.7000, consta Relatório Parcial das investigações, com os motivos do indiciamento de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES e MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI e com a representação para conversão da custódia temporária do primeiro em preventiva. O MM. Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba deferiu a representação e decretou a prisão preventiva de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES (Evento 43, DESPADEC1, Autos nº 5044443-26.2015.4.04.7000/PR). Posteriormente, a partir de novas diligências, juntou-se aos autos eletrônicos nº 1

5046214-39.2015.4.04.7000 (REL_FINAL_IPL1) Relatório Complementar da investigação. Na sequência da investigação, considerando que os relatórios já elaborados não foram definitivos, intimou-se PEDRO JOSE BARUSCO FILHO a depor sobre o conteúdo da planilha encontrada no computador de JORGE LUIZ ZELADA (Evento 21, ANEXO5): QUE indagado sobre o conhecimento que o DECLARANTE possui do pagamento de propina a JORGE LUIZ ZELADA, esclarece, inicialmente, que em nenhum momento houve transferência bancária entre DUQUE, BARUSCO e ZELADA; QUE tem dúvida, no entanto, se de fato tenha recebido um único pagamento de JORGE LUIZ ZELADA através de transação bancária no exterior; QUE não pode precisar nem indicar o nome de eventual transferência cujo remetente tenha sido JORGE LUIZ ZELADA; QUE havia um acordo de contas deles ZELADA, DUQUE e o DECLARANTE no exterior, de modo a dificultar o rastro dos pagamentos, evitando que houvesse transferências diretas entre as contas deles no exterior. Desta forma, quando alguém recebia a vantagem indevida de uma empresa, não a repassava através de transação bancária aos demais. Havia a compensação futura em pagamento de alguma outra propina; QUE não consegue afirmar quais empresas ZELADA operava, mas acreditando se tratar DSND CONSUB e empresas do grupo SUBSEA7 (ACERGY, STOLT); QUE MILOUD ALAIN HASSENE era o representante da ACERGY; QUE MILOUD conversava bastante com ZELADA em razão da relação dele com JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES;QUE acredita que MILOUD, por sua atuação dentro de PETROBRAS e por sua relação com JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES, também "operava" na estatal; QUE as obras das quais seriam pagas propinas tanto à ZELADA, DUQUE e ao DECLARANTE foram: P-51 (KEPPEL FELS), P-56 (KEPPEL FELS), uma obra operada pela ALUSA, cuja propina, segundo o DECLARANTE, não foi paga, dentre outras obras; QUE depois que JORGE ZELADA assumiu a área internacional, o DECLARANTE não participou do recebimento de vantagens indevidas daquela área, sem prejuízo das propinas já prometidas e que ainda estavam sendo pagas; QUE acredita que JORGE ZELADA gerenciava a propina de 5 a 7 contratos que eram devidos ao DECLARANTE, DUQUE e ZELADA; QUE foi mostrado ao DECLARANTE a planilha "vabre.xsl", encontrada em mídia apreendida na posse de JORGE LUIZ ZELADA; QUE a sigla "DBZ" faz referência à RENATO DUQUE, JORGE ZELADA e ao DECLARANTE; QUE em relação à obra da P-50, da JURONG, afirma que se tratam de pagamentos de vantagem indevida à JORGE LUIZ ZELADA através dos operadores JULIO FAERMAN e LUIZ EDUARDO DA SILVA CAMPOS BARBOSA; QUE JULIO e LUIZ EDUARDO operaram por um tempo para o ESTALEIRO JURONG, razão pela qual pagaram a JORGE LUIZ ZELADA diretamente; QUE apesar de existir, na planilha, divisão dos valores para o DECLARANTE ("B") e DUQUE ("D"), não houve transferência bancária dos valores recebidos na conta do ZELADA. Houve, futuramente, encontro das contas em outros pagamentos de propina; QUE em relação ao objeto "Bacalhau, P-54 KPS...", acredita que, pelos valores baixos, a expressão "Bacalhau" fazia referência a algum serviço pequeno relacionado à P-54; QUE o contrato principal da P-54 é da ESTALEIRO JURONG; QUE KPS provavelmente se refere a empresa norueguesa AKER KVAERNER PROCESS SYSTEMS; QUE não tem conhecimento de que esta empresa participasse do pagamento de propina; QUE acredita que o pagamento pode ter ocorrido em virtude da atuação de algum representante brasileiro; QUE a KPS, na P-54, tenha construído parte da planta de produção da plataforma; QUE a AKER KVAERNER PROCESS SYSTEMS tinha representantes no Brasil, não sabendo indicar o nome; QUE em relação ao projeto de Mexilhão, executado pela empresa ACERGY, houve pagamento de vantagem indevida diretamente à JORGE ZELADA, em razão de sua proximidade com MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI e JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES; QUE tinha ciência de que a ACERGY participava do pagamento de vantagem indevida em razão dos projetos que ganhava; QUE MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI já conversou com o DECLARANTE sobre aspectos técnicos de eventuais projetos sondados pela ACERGY; QUE, contudo, nunca houve, por parte de MILOUD, menção explícita a pagamento de propina. Não nega, porém, que MILOUD, em uma das conversas que teve com o DECLARANTE, deixou implícito que haveria uma espécie de "acerto" ou "comissão" no caso do fechamento do contrato da PETROBRAS com a ACERGY; QUE o DECLARANTE, no entanto, sabe que a parte de negociar o pagamento de vantagem indevida ocorria, de fato, entre JORGE ZELADA e JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES; QUE conheceu PHILLIPE LAMOURE na época em que ela era presidente da STOLT; QUE após a fusão da STOLT com a ACERGY PHILLIPE LAMOUR deixou o país; QUE GILLES LAFFAIE veio a ser o presidente da ACERGY; QUE o DECLARANTE nunca conversou com GILLES ou PHILLIPE sobre o pagamento de vantagens indevidas; QUE, contudo, sabia que a ACERGY pagava propina por duas razões: pelo fato de que JORGE LUIZ ZELADA prestava contas ao DECLARANTE e o informava dos valores depositados e por quem, bem como pela atuação de MILOUD ALAIN HASSENE e JOÃO AUGUSTO REZENDE como representantes da empresa. O DECLARANTE sabia que eles operavam na PETROBRAS; QUE indagado se a SUBSEA 7 teve, no Brasil, outro representante ou até mesmo operador, disse que há possibilidade de que LUIZ EDUARDO DA SILVA CAMPOS BARBOSA tenha representado a empresa. Contudo, afirma remanescerem dúvidas quanto a isto, pois LUIZ EDUARDO pode ter sido, na verdade, operador da DNSD ou da CONSUB; QUE acredita que a SUBSEA7 poderá esclarecer este fato, caso LUIZ EDUARDO tenha tido de fato seu representante; QUE, por fim, se LUIZ EDUARDO foi realmente representante da SUBSEA7, há probabilidade de que intermediado pagamento de vantagens indevidas. (ANEXO I) sem grifos no original 2

Além das provas já colhidas que comprovam o repasse da propina referente ao projeto de Mexilhão à JORGE LUIZ ZELADA, PEDRO JOSE BARUSCO FILHO e RENATO DUQUE apresentadas no Evento 20, ANEXO7, ANEXO8, ANEXO9, ANEXO10, e Evento 21, REL_FINAL_IPL1, Autos nº 5046214-39.2015.4.04.7000 novos documentos revelam que MILOUD ALAIN HASSENE DAOUAJDI, braço de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES na obtenção de contratos da PETROBRAS para o grupo norueguês SUBSEA7 (antiga ACERGY), não só tinha plena ciência do pagamento de comissões à JORGE LUIZ ZELADA como deixou claro o modus operandi da organização criminosa para a obtenção dos contratos. Vejamos o documento: Laudo nº 1570/2015 img_item01 Item_arrecadacao_08.E01/vol_vol2/.Trashes/501/Backup Zelada em 17 08 2009/Documentes/Zelada/Vabre_etc/Mexilhao_maio_09.docx Anexo II 3

datado de 11.05.2009: Conforme se vê, o documento é de autoria de MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI, Pelo documento constata-se que MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI reforçou o fato de que efetuou um pagamento de USD 1.026.000,00, em 18.02.2009, a JORGE LUIZ ZELADA, bem como esclareceu que ainda restava pendente o pagamento de USD 1.710,000,00. Além disso, observamos que MILOUD solicitou a JORGE ZELADA ações que interferissem na manutenção do contrato da ACERGY com a PETROBRAS, provocando reuniões com a Diretoria Executiva e Gerência de Engenharia, por exemplo. Por fim, em relação a projetos futuros no caso, a Plataforma P-55, MILOUD esclareceu qual a porcentagem que receberia da ACERGY no caso de sucesso parte deste valor certamente seria repassado a JORGE ZELADA, bem como solicitou o recebimento de informações relevantes para poder ganhar a concorrência, traduzindo que JORGE ZELADA não só interferia na manutenção do contrato do Projeto de Mexilhão (Contrato nº 0801.0031157.07.2) - Evento 15, OFIC4, e Evento 9, OUT4, Autos nº 5046214-39.2015.4.04.7000 -, como também repassava a MILOUD e JOÃO AUGUSTO informações sigilosas da PETROBRAS que os auxiliava a ganharem os contratos para a empresa norueguesa. 4

Por sua vez, há outro documento encontrado que revela que JORGE LUIZ ZELADA tinha intenções repassar recursos para a conta da offshore WIDDEN INVEST INC., cujo beneficiário ainda não foi identificado. Pelas propriedades do arquivo, a transação ocorreria em maio/2009: Laudo nº 1570/2015 img_item01 Item_arrecadacao_08.E01/vol_vol2/.Trashes/501/Backup Zelada em 17 08 2009/Documentes/Zelada/Vabre_etc/tranfers instructions.docx Anexo III Desta forma, reforço que há robustos indícios da prática dos seguintes: (i) JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de coautoria, ou ao menos participação, no recebimento de vantagem indevida por parte de JORGE LUIZ ZELADA referente aos contratos da HORIZONTAL DRILLING INTERNATIONAL S.A. e ACERGY S.A. com a PETROBRAS; - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios de manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore FIRST GAS VENTURE S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de (ii) MILOUD ALAIN HUSSENE DAOUADJI: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de coautoria, ou ao 5

menos participação, no recebimento de vantagem indevida por parte de JORGE LUIZ ZELADA referente aos contratos da HORIZONTAL DRILLING INTERNATIONAL S.A. e ACERGY S.A. com a PETROBRAS; - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios de manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore FIRST GAS VENTURE S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de (iii) JORGE LUIZ ZELADA: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de recebimento de vantagem indevida em conta no Banco Jacob Safra, em nome da offshore VABRE INTERNATIONAL S.A., referente aos contratos da HORIZONTAL DRILLING INTERNATIONAL S.A. e ACERGY S.A. com a PETROBRAS; - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios de manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore VABRE INTERNATIONAL S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de (iv) DENISE KOS: - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios participação na conduta de JORGE LUIZ ZELADA na manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore VABRE INTERNATIONAL S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de seu cargo de gerente de bancos suíços para abertura de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de valores provenientes de crimes contra a administração pública e financeiros praticados por JORGE LUIZ ZELADA. (v) PEDRO JOSE BARUSCO FILHO: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de recebimento de vantagem indevida referente ao contrato do projeto de Mexilhão da ACERGY S.A. com a PETROBRAS. (vi) RENATO DE SOUZA DUQUE: 6

- corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de recebimento de vantagem indevida referente ao contrato do projeto de Mexilhão da ACERGY S.A. com a PETROBRAS. Esclareço, ainda, que a responsabilidade penal de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES, MILOUD ALAIN HASSENE, DENISE KOS, JORGE LUIZ ZELADA, RENATO DE SOUZA DUQUE e PEDRO JOSE BARUSCO FILHO nos demais pagamentos identificados será apurada em inquérito autônomo. Por sua vez, resta pendente a análise das mídias apreendidas por ocasião da 19ª fase da OPERAÇÃO LAVAJATO, bem como dos dados e movimentações bancárias dos investigados. Tão logo concluídos, seus resultados serão neste ou em outro inquérito juntados. Coloco-me, desde já, à disposição para o atendimento de quaisquer diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, nos termos do art. 16, do Código de Processo Penal. FILIPE HILLE PACE Delegado de Polícia Federal 3ª Classe - Matrícula nº 19.291 7

R E L A T Ó R I O C O M P L E M E N T A R INQUÉRITO POLICIAL Nº 1980/2015-4 SR/DPF/PR INSTAURADO EM: 14/09/2015 PROCESSO Nº: 5046214-39.2015.4.04.7000/PR INCIDÊNCIA PENAL: artigo 1.º, da Lei n. 9.613/98; Art. 22, pár. único da Lei nº 7.492/86 e art. 317 do Código Penal. INDICIADOS: JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES, MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI, JORGE LUIZ ZELADA e DENISE KOS Senhor Juiz, No transcorrer das investigações levadas à cabo pela Operação Lava Jato, evidenciouse uma complexa cadeia de operadores financeiros corresponsáveis pela lavagem e remessa ao exterior de ativos ilícitos que são produto/proveito dos diversos crimes praticados no âmbito da Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS). Destacam-se, como infrações penais antecedentes até então identificadas, (i) a corrupção passiva praticada por agentes públicos detentores de cargos de alta importância da estatal (art. 317, CP), (ii) a corrupção ativa por parte de executivos de empresa nacionais e estrangeiras (art. 333, CP), (iii) a evasão de divisas e/ou manutenção de ativos não declarados no exterior (art. 22 da Lei nº 7.492/86) e (iv) a prática de crimes contra a ordem econômica, notadamente pela formação de cartel (art. 4º, I, da Lei nº 8.137/90). O presente inquérito foi instaurado para apurar possível ocorrência dos delitos previstos nos art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98, art. 22 da Lei nº 7.492/86 e art. 317, caput, do Código Penal, os quais teriam sido cometidos, em tese, por JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES e MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI, tendo em vista os elementos colhidos no âmbito da investigação policial denominada OPERAÇÃO LAVAJATO, relacionados nos autos nº 5085114-28.2014.404.7000 (IPL nº 1041/13 SR/DPF/PR) e anexos a este (Evento 1, PORT_INST_IPL1). No Evento 11, REPRESENTACAO_BUSCA1, Autos nº 5046214-39.2015.4.04.7000, consta Relatório Parcial das investigações, com os motivos do indiciamento de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES e MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI e com a representação para conversão da custódia temporária do primeiro em preventiva. O MM. Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba deferiu a representação e decretou a prisão preventiva de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES (Evento 43, DESPADEC1, Autos nº 5044443-26.2015.4.04.7000/PR). Posteriormente, a partir de novas diligências, juntou-se aos autos eletrônicos nº 1

5046214-39.2015.4.04.7000 (REL_FINAL_IPL1) Relatório Complementar da investigação. Na sequência da investigação, considerando que os relatórios já elaborados não foram definitivos, intimou-se PEDRO JOSE BARUSCO FILHO a depor sobre o conteúdo da planilha encontrada no computador de JORGE LUIZ ZELADA (Evento 21, ANEXO5): QUE indagado sobre o conhecimento que o DECLARANTE possui do pagamento de propina a JORGE LUIZ ZELADA, esclarece, inicialmente, que em nenhum momento houve transferência bancária entre DUQUE, BARUSCO e ZELADA; QUE tem dúvida, no entanto, se de fato tenha recebido um único pagamento de JORGE LUIZ ZELADA através de transação bancária no exterior; QUE não pode precisar nem indicar o nome de eventual transferência cujo remetente tenha sido JORGE LUIZ ZELADA; QUE havia um acordo de contas deles ZELADA, DUQUE e o DECLARANTE no exterior, de modo a dificultar o rastro dos pagamentos, evitando que houvesse transferências diretas entre as contas deles no exterior. Desta forma, quando alguém recebia a vantagem indevida de uma empresa, não a repassava através de transação bancária aos demais. Havia a compensação futura em pagamento de alguma outra propina; QUE não consegue afirmar quais empresas ZELADA operava, mas acreditando se tratar DSND CONSUB e empresas do grupo SUBSEA7 (ACERGY, STOLT); QUE MILOUD ALAIN HASSENE era o representante da ACERGY; QUE MILOUD conversava bastante com ZELADA em razão da relação dele com JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES;QUE acredita que MILOUD, por sua atuação dentro de PETROBRAS e por sua relação com JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES, também "operava" na estatal; QUE as obras das quais seriam pagas propinas tanto à ZELADA, DUQUE e ao DECLARANTE foram: P-51 (KEPPEL FELS), P-56 (KEPPEL FELS), uma obra operada pela ALUSA, cuja propina, segundo o DECLARANTE, não foi paga, dentre outras obras; QUE depois que JORGE ZELADA assumiu a área internacional, o DECLARANTE não participou do recebimento de vantagens indevidas daquela área, sem prejuízo das propinas já prometidas e que ainda estavam sendo pagas; QUE acredita que JORGE ZELADA gerenciava a propina de 5 a 7 contratos que eram devidos ao DECLARANTE, DUQUE e ZELADA; QUE foi mostrado ao DECLARANTE a planilha "vabre.xsl", encontrada em mídia apreendida na posse de JORGE LUIZ ZELADA; QUE a sigla "DBZ" faz referência à RENATO DUQUE, JORGE ZELADA e ao DECLARANTE; QUE em relação à obra da P-50, da JURONG, afirma que se tratam de pagamentos de vantagem indevida à JORGE LUIZ ZELADA através dos operadores JULIO FAERMAN e LUIZ EDUARDO DA SILVA CAMPOS BARBOSA; QUE JULIO e LUIZ EDUARDO operaram por um tempo para o ESTALEIRO JURONG, razão pela qual pagaram a JORGE LUIZ ZELADA diretamente; QUE apesar de existir, na planilha, divisão dos valores para o DECLARANTE ("B") e DUQUE ("D"), não houve transferência bancária dos valores recebidos na conta do ZELADA. Houve, futuramente, encontro das contas em outros pagamentos de propina; QUE em relação ao objeto "Bacalhau, P-54 KPS...", acredita que, pelos valores baixos, a expressão "Bacalhau" fazia referência a algum serviço pequeno relacionado à P-54; QUE o contrato principal da P-54 é da ESTALEIRO JURONG; QUE KPS provavelmente se refere a empresa norueguesa AKER KVAERNER PROCESS SYSTEMS; QUE não tem conhecimento de que esta empresa participasse do pagamento de propina; QUE acredita que o pagamento pode ter ocorrido em virtude da atuação de algum representante brasileiro; QUE a KPS, na P-54, tenha construído parte da planta de produção da plataforma; QUE a AKER KVAERNER PROCESS SYSTEMS tinha representantes no Brasil, não sabendo indicar o nome; QUE em relação ao projeto de Mexilhão, executado pela empresa ACERGY, houve pagamento de vantagem indevida diretamente à JORGE ZELADA, em razão de sua proximidade com MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI e JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES; QUE tinha ciência de que a ACERGY participava do pagamento de vantagem indevida em razão dos projetos que ganhava; QUE MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI já conversou com o DECLARANTE sobre aspectos técnicos de eventuais projetos sondados pela ACERGY; QUE, contudo, nunca houve, por parte de MILOUD, menção explícita a pagamento de propina. Não nega, porém, que MILOUD, em uma das conversas que teve com o DECLARANTE, deixou implícito que haveria uma espécie de "acerto" ou "comissão" no caso do fechamento do contrato da PETROBRAS com a ACERGY; QUE o DECLARANTE, no entanto, sabe que a parte de negociar o pagamento de vantagem indevida ocorria, de fato, entre JORGE ZELADA e JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES; QUE conheceu PHILLIPE LAMOURE na época em que ela era presidente da STOLT; QUE após a fusão da STOLT com a ACERGY PHILLIPE LAMOUR deixou o país; QUE GILLES LAFFAIE veio a ser o presidente da ACERGY; QUE o DECLARANTE nunca conversou com GILLES ou PHILLIPE sobre o pagamento de vantagens indevidas; QUE, contudo, sabia que a ACERGY pagava propina por duas razões: pelo fato de que JORGE LUIZ ZELADA prestava contas ao DECLARANTE e o informava dos valores depositados e por quem, bem como pela atuação de MILOUD ALAIN HASSENE e JOÃO AUGUSTO REZENDE como representantes da empresa. O DECLARANTE sabia que eles operavam na PETROBRAS; QUE indagado se a SUBSEA 7 teve, no Brasil, outro representante ou até mesmo operador, disse que há possibilidade de que LUIZ EDUARDO DA SILVA CAMPOS BARBOSA tenha representado a empresa. Contudo, afirma remanescerem dúvidas quanto a isto, pois LUIZ EDUARDO pode ter sido, na verdade, operador da DNSD ou da CONSUB; QUE acredita que a SUBSEA7 poderá esclarecer este fato, caso LUIZ EDUARDO tenha tido de fato seu representante; QUE, por fim, se LUIZ EDUARDO foi realmente representante da SUBSEA7, há probabilidade de que intermediado pagamento de vantagens indevidas. (ANEXO I) sem grifos no original 2

Além das provas já colhidas que comprovam o repasse da propina referente ao projeto de Mexilhão à JORGE LUIZ ZELADA, PEDRO JOSE BARUSCO FILHO e RENATO DUQUE apresentadas no Evento 20, ANEXO7, ANEXO8, ANEXO9, ANEXO10, e Evento 21, REL_FINAL_IPL1, Autos nº 5046214-39.2015.4.04.7000 novos documentos revelam que MILOUD ALAIN HASSENE DAOUAJDI, braço de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES na obtenção de contratos da PETROBRAS para o grupo norueguês SUBSEA7 (antiga ACERGY), não só tinha plena ciência do pagamento de comissões à JORGE LUIZ ZELADA como deixou claro o modus operandi da organização criminosa para a obtenção dos contratos. Vejamos o documento: Laudo nº 1570/2015 img_item01 Item_arrecadacao_08.E01/vol_vol2/.Trashes/501/Backup Zelada em 17 08 2009/Documentes/Zelada/Vabre_etc/Mexilhao_maio_09.docx Anexo II 3

datado de 11.05.2009: Conforme se vê, o documento é de autoria de MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI, Pelo documento constata-se que MILOUD ALAIN HASSENE DAOUADJI reforçou o fato de que efetuou um pagamento de USD 1.026.000,00, em 18.02.2009, a JORGE LUIZ ZELADA, bem como esclareceu que ainda restava pendente o pagamento de USD 1.710,000,00. Além disso, observamos que MILOUD solicitou a JORGE ZELADA ações que interferissem na manutenção do contrato da ACERGY com a PETROBRAS, provocando reuniões com a Diretoria Executiva e Gerência de Engenharia, por exemplo. Por fim, em relação a projetos futuros no caso, a Plataforma P-55, MILOUD esclareceu qual a porcentagem que receberia da ACERGY no caso de sucesso parte deste valor certamente seria repassado a JORGE ZELADA, bem como solicitou o recebimento de informações relevantes para poder ganhar a concorrência, traduzindo que JORGE ZELADA não só interferia na manutenção do contrato do Projeto de Mexilhão (Contrato nº 0801.0031157.07.2) - Evento 15, OFIC4, e Evento 9, OUT4, Autos nº 5046214-39.2015.4.04.7000 -, como também repassava a MILOUD e JOÃO AUGUSTO informações sigilosas da PETROBRAS que os auxiliava a ganharem os contratos para a empresa norueguesa. 4

Por sua vez, há outro documento encontrado que revela que JORGE LUIZ ZELADA tinha intenções repassar recursos para a conta da offshore WIDDEN INVEST INC., cujo beneficiário ainda não foi identificado. Pelas propriedades do arquivo, a transação ocorreria em maio/2009: Laudo nº 1570/2015 img_item01 Item_arrecadacao_08.E01/vol_vol2/.Trashes/501/Backup Zelada em 17 08 2009/Documentes/Zelada/Vabre_etc/tranfers instructions.docx Anexo III Desta forma, reforço que há robustos indícios da prática dos seguintes: (i) JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de coautoria, ou ao menos participação, no recebimento de vantagem indevida por parte de JORGE LUIZ ZELADA referente aos contratos da HORIZONTAL DRILLING INTERNATIONAL S.A. e ACERGY S.A. com a PETROBRAS; - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios de manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore FIRST GAS VENTURE S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de (ii) MILOUD ALAIN HUSSENE DAOUADJI: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de coautoria, ou ao 5

menos participação, no recebimento de vantagem indevida por parte de JORGE LUIZ ZELADA referente aos contratos da HORIZONTAL DRILLING INTERNATIONAL S.A. e ACERGY S.A. com a PETROBRAS; - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios de manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore FIRST GAS VENTURE S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de (iii) JORGE LUIZ ZELADA: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de recebimento de vantagem indevida em conta no Banco Jacob Safra, em nome da offshore VABRE INTERNATIONAL S.A., referente aos contratos da HORIZONTAL DRILLING INTERNATIONAL S.A. e ACERGY S.A. com a PETROBRAS; - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios de manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore VABRE INTERNATIONAL S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de (iv) DENISE KOS: - evasão de divisas (art. 22 da Lei nº 7.492/86): indícios participação na conduta de JORGE LUIZ ZELADA na manutenção de recursos em contas no exterior em nome da offshore VABRE INTERNATIONAL S.A.; - lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/98): indícios da utilização de seu cargo de gerente de bancos suíços para abertura de empresas offshore e contas no exterior para movimentação e ocultação de valores provenientes de crimes contra a administração pública e financeiros praticados por JORGE LUIZ ZELADA. (v) PEDRO JOSE BARUSCO FILHO: - corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de recebimento de vantagem indevida referente ao contrato do projeto de Mexilhão da ACERGY S.A. com a PETROBRAS. (vi) RENATO DE SOUZA DUQUE: 6

- corrupção passiva (art. 317 da do Código Penal): indícios de recebimento de vantagem indevida referente ao contrato do projeto de Mexilhão da ACERGY S.A. com a PETROBRAS. Esclareço, ainda, que a responsabilidade penal de JOÃO AUGUSTO REZENDE HENRIQUES, MILOUD ALAIN HASSENE, DENISE KOS, JORGE LUIZ ZELADA, RENATO DE SOUZA DUQUE e PEDRO JOSE BARUSCO FILHO nos demais pagamentos identificados será apurada em inquérito autônomo. Por sua vez, resta pendente a análise das mídias apreendidas por ocasião da 19ª fase da OPERAÇÃO LAVAJATO, bem como dos dados e movimentações bancárias dos investigados. Tão logo concluídos, seus resultados serão neste ou em outro inquérito juntados. Coloco-me, desde já, à disposição para o atendimento de quaisquer diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, nos termos do art. 16, do Código de Processo Penal. FILIPE HILLE PACE Delegado de Polícia Federal 3ª Classe - Matrícula nº 19.291 7