CLEUZA ANDREA GARCIA MUNIZ NÓS E A GENTE: TRAÇOS SOCIOLINGUÍSTICOS NO ASSENTAMENTO

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS CLEUZA ANDREA GARCIA MUNIZ NÓS E A GENTE: TRAÇOS SOCIOLINGUÍSTICOS NO ASSENTAMENTO CAMPO GRANDE MS 2008

CLEUZA ANDREA GARCIA MUNIZ NÓS E A GENTE: TRAÇOS SOCIOLINGUÍSTICOS NO ASSENTAMENTO Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob a orientação da Profª. Drª. Rosangela Villa da Silva. Área de Concentração: Linguística e Semiótica. CAMPO GRANDE MS 2008

CLEUZA ANDREA GARCIA MUNIZ NÓS E A GENTE: TRAÇOS SOCIOLINGUÍSTICOS NO ASSENTAMENTO APROVADA POR: Orientadora: Profª. Drª. Rosangela Villa da Silva UFMS Câmpus do Pantanal Prof. Dr. Dercir Pedro de Oliveira UFMS Campo Grande Profª. Drª. Elza Sabino da Silva Bueno UEMS - Dourados Campo Grande, MS, de de.

À minha filha Heidi, obrigada por ter permitido ser sua mãe nessa existência e poder compartilhar dos momentos mais felizes da minha vida ao seu lado.

AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por permitir minha existência nesta vida, por permitir compartilhar neste mundo o amor com meus irmãos. Por permitir que eu veja e sinta o calor do sol que ilumina cada passo meu no caminho da vida. À Profª. Drª. Rosangela Villa da Silva, por nos ter ensinado o fascinante e difícil caminho da Sociolinguística. Ao Prof. Dr. Dercir Pedro de Oliveira, que aprendi a admirar nas poucas e proveitosas conversas depois das aulas. Sou grata pelos conselhos e puxões de orelha!. À Profª. Drª. Elza Sabino da Silva Bueno, pela incansável atenção e carinho. À minha família, por ser o pilar onde me apóio. Ao meu irmão, por sua amizade e carinho. Agradeço ao meu incansável amigo Antonio de S. Silva, por suas palavras de força e ânimo, por sempre acreditar em mim, por estar ao meu lado mesmo quando eu estava longe. Lucas Braga Pires, presente divino, por ajudar com a digitação, sobretudo, e por tudo, pelo amor dedicado. A minha querida amiga Damaris Pereira Santana Lima, exemplo de força e profissionalismo. À Eliane Cristina da S. Guedes e toda sua família, sou eternamente grata por abrirem a porta de sua casa e por verem em mim uma filha. Às colegas do Programa de Pós-Graduação, em especial a Diana Pilatti pela inestimável ajuda e paciência. Ao Sr. Matusalém Mendes, pelas preciosas explicações sobre os movimentos rurais. A todos os funcionários da escola José Edson dos Santos, pela recepção e acolhida, em especial à Diretora Adjunta Rosimeire da Silva. Ao Daniel, pela ajuda com o material e também pelo carinho. À Évellin Michele Rozon, pela força e fé.

AGRADECIMENTO ESPECIAL A todos os meus informantes que participaram de forma espontânea para a realização das entrevistas. Jamais me esquecerei de seus olhares, seus sorrisos, alegrias, do choro há muito contido, da emoção ao relatar seus desejos, sonhos e a esperança de um futuro melhor.

... hora qui tivé tudu pronta seja uma felicidadi pra nóis né? qui nóis nunca tivemu um pedaçim di terra, nenhua casa assim di material, sempri vivia assim nas casa mai di patrãu, mandava imbora tinha qui í imbora, nu era donu da casa né? nem da terra qui a genti prantava ( ) foi inu até:: cunsiguí essi pedaçim di terra pra nóis... i aí nóis temu qui... agradecê a Deus i cuidá da terra... i tocá u barcu pra frenti... (NB)

RESUMO A presente pesquisa está embasada nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Quantitativa ou Teoria da Variação (Labov, 1972), e teve como foco a variação pronominal no Português Brasileiro. O objeto de análise se circunscreve nos pronomes de primeira pessoa nós e a gente em função de sujeito, objetivando compreender os fatores linguísticos e sociais que condicionam/ determinam a variação linguística no âmbito da variação pronominal. O córpus analisado compõe-se de uma amostra de fala de uma comunidade de assentados localizada na zona rural de Ponta Porã, município ao sul do Estado do Mato Grosso do Sul. A amostra é constituída de 16 entrevistas entre informante e documentador. Das 1013 ocorrências dos pronomes nós e a gente, 624 (61%) são do pronome canônico nós e 389 (39%) do pronome inovador a gente. Apesar de uma maior frequência de uso do pronome nós, os resultados evidenciam tratar-se de um caso de variação. Dessa forma, controlamos possíveis fatores condicionantes como o paralelismo formal, a desinência número-pessoal, o preenchimento/ não-preenchimento do sujeito o eu-ampliado, o sexo, a faixa etária e a escolaridade. Palavras-chave: Português Brasileiro falado; Sistema pronominal; Variação pronominal; Sociolinguística.

RESUMEN La presente investigación se basa en los presupuestos teorico-metodológicos de la Sociolingüística Cuantitativa o Teoría de la Variación. (Labov, 1972), y tuvo como foco la variación pronominal en el Portugués Brasileño. El objeto de análisis se circunscribe en los pronombres de primera persona nós e a gente en función de sujeto, objetivando comprender factores lingüísticos y sociales que condicionan/determinan la variación lingüística en el ámbito de la variación pronominal. El corpus analisado se compone de una muestra de habla de una comunidad de asentados ubicada en la zona rural de Ponta Porã, provincia al sur del Estado do Mato Grosso do Sul. La muestra se constituye de 16 entrevistas entre informante y documentador. De las 1013 ocurrencias de los pronombres nós e a gente, 624 (61%) corresponden al pronombre canónico nós y 389 (39%) al pronombre inovador a gente. Aunque haya mayor frecuencia de uso del pronombre nós, los resultados evidencian tratarse de un caso de variación. Por lo tanto, controlamos posibles factores condicionantes como el paralelismo formal, la desinencia número-personal, la presencia/ ausencia del sujeto, el euampliado, el sexo, la edad y la escolaridad. Palabras-clave: Portugués Brasileño hablado; Sistema pronominal; Variación pronominal; Sociolingüística.

LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS Gráfico 1: Percentual geral dos dados...93 Gráfico 2: Possibilidades de uso de nós e a gente...95 Tabela 1: Distribuição percentual das formas nós e a gente quanto à função específica...92 Tabela 2: Atuação do grupo de fatores preenchimento/ não-preenchimento do sujeito com a forma a gente...96 Tabela 3: Atuação do grupo de fatores desinência número-pessoal da primeira pessoa do plural com a forma a gente...101 Tabela 4: Atuação do grupo de fatores eu-ampliado com a forma a gente...105 Tabela 5: Atuação do grupo de fatores Paralelismo formal com a forma a gente...106 Tabela 6: Atuação do grupo de fatores sexo com a forma a gente...109 Tabela 7: Atuação do grupo de fatores faixa etária com a forma a gente...113 Tabela 8: Atuação do grupo de fatores escolaridade com a forma a gente...114

LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 1: Localização do município de Ponta Porã no Estado de Mato Grosso do Sul...18 Figura 2: Localização do Assentamento Itamarati e municípios da região de influência...28 Quadro 1: Os grupos sociais e a posse das terras...29 Quadro 2: Organização social para a produção...30 Quadro 3: Distribuição dos informantes...71 Quadro 4: Grupo de fatores linguísticos...76 Quadro 5: Grupo de fatores sociais...85

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...13 CAPÍTULO I...17 1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS, HISTÓRICOS E SOCIOCULTURAIS DE PONTAPORÃ...17 1.1 PONTA PORÃ: GEOGRAFIA E HISTÓRIA...17 1.2 ASPECTOS SOCIAIS, CULTURAIS E LINGUÍSTICOS...22 1.3 BREVE HISTÓRICO SOBRE O PROCESSO DE ASSENTAMENTO NA REGIÃO DE MATO GROSSO DO SUL...23 1.4 O ASSENTAMENTO NOVA ITAMARATI I E II...28 1.5 A EDUCAÇÃO DO CAMPO...33 1.6 A ESCOLA...36 CAPÍTULO II...39 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O FENÔMENO DA ALTERNÂNCIA PRONOMINAL...39 2.1 PRONOMES PESSOAIS...39 2.2 PRONOMES DE PRIMEIRA PESSOA: NÓS E A GENTE...44 2.2.1 A gente...47 2.2.2 A gramaticalização da forma a gente...48 2.2.3 Trabalhos sobre a alternância pronominal...50 CAPÍTULO III...59 3 REFERENCIAL TEÓRICO...59 3.1 A SOCIOLINGUÍSTICA...59 3.2 TEORIA DA VARIAÇÃO...62 3.3 O MÉTODO VARIACIONISTA...66 3.3.1 O córpus...66 3.3.2 Caracterização sociolinguística dos informantes...71 3.3.3 O envelope de variação...72 3.3.4 Seleção dos dados...73 3.3.5 Grupo de fatores linguísticos...74 3.3.6 Grupo de fatores sociais...84 3.3.7 Codificação e quantificação dos dados...90 CAPÍTULO IV...92 4 DESCRIÇÃO DOS FATOS LINGUÍSTICOS...92 4.1 PREENCHIMENTO/ NÃO PREENCHIMENTO DO SUJEITO...96 4.1.1 Desinência número-pessoal da primeira pessoa do plural...100 4.1.2 Eu ampliado...103 4.1.3 Paralelismo formal...105 4.1.4 Sexo...108 4.1.5 Faixa etária...111 4.1.6 Escolaridade...114

CONSIDERAÇÕES FINAIS...116 REFERÊNCIAS...119