DIÁLOGO EURO- LA TINOAMERICANO SOBRE COHESIÓN SOCIAL Y POLÍTICAS PÚBLICAS LOCALES BOGOTÁ AGENDA 2012

Documentos relacionados
Saúde da Mulher. Fernanda Barboza

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: OS GRANDES TEMAS DA ATUALIDADE. Aldino Graef

Iam Iniciativa Jovem Anhembi Morumbi Formulário de inscrição

ESTÁGIO E PRÁTICA PROFISSIONAL DOS CURSOS TÉCNICOS DO IFSUDESTEMG

CURSO TÉCNICO EM (Nome do curso) Nome completo do estagiário (Iniciais maiúsculas)

EDITAL DE CONTRAÇÃO E TERMO DE REFERÊNCIA

MERCADO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

INVESTIGAÇÃO DESTINADA À COMISSÃO CULT AS LÍNGUAS MINORITÁRIAS E A EDUCAÇÃO: MELHORES PRÁTICAS E DIFICULDADES

Em nome da FNE - organização que integra 10 sindicatos representativos de mais de trabalhadores da Educação neles filiados, de todos os

MEGACITIES 2017 Conference Rio Decarbonization of Mobility

Para além das estatísticas: qualificar o Programa Bolsa Família

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 19 DE AGOSTO DE 2010

SAPIIETY APOSTA NA AMÉRICA LATINA

Código: PRFDVN01I-01. PPC - Projeto Pedagógico de Curso. Gestão Comercial

CARTA DE MISSÃO. Período da Comissão de Serviço:

2.ª EDIÇÃO CURSO DE FORMAÇÃO INICIAL DE DIRIGENTES

EDITAL Nº 001 DE 02 DE JANEIRO DE 2017

Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais PROJETO DE PARECER. da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais

Regulamento Direção de Gestão em Educação e Intervenção Social (DGES) PREÂMBULO

A Tecnologia Mineral e os Mitos Tecnológicos

IV Simpósio de Pesquisa e Práticas Pedagógicas dos Docentes do UGB ANAIS

REGULAMENTO DA DISCIPLINA DE SEMINÁRIOS TÉCNICOS CIENTÍFICOS

Programa de Apoio Psicoterapêuticos - PAP

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE NITERÓI EDITAL Nº 04/ SEMECT

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

PE-CONS 24/1/17 REV 1 PT

8º SENOP. Atualização Tecnológica como Base para a Inovação nos Processos da Operação em Tempo Real. JOSÉ JURHOSA JUNIOR Diretor da ANEEL

Conferência internacional

Edital de Seleção Pública nº 2014/005 - Redes ECOFORTE Anexo I

MANUAL DO TREINADOR NÍVEL I MARCHA ATLÉTICA

REGULAMENTO 3º CONCURSO DE FOTOGRAFIA MADRUGADÃO FEEVALE

Duplicidade de títulos na biblioteca universitária: avaliação do uso como subsídio para a tomada de decisão

Quinquagésima-terceira sessão Joanesburgo, África do Sul, 1-5 de Setembro de 2003 HABILITAÇÕES E SELECÇÃO DO DIRECTOR REGIONAL RESUMO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM SAÚDE

Regimento do Departamento de Línguas

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DOUTORADO EM SISTEMAS DE GESTÃO SUSTENTÁVEIS

Registro de Câncer de Base Populacional em Florianópolis: Ferramenta de gestão para o controle da doença

EDITAL Nº 05/2019. Seleção para bolsas de monitoria em disciplinas de Ensino Médio e de Ensino Superior

O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DO CAMPO EM ESCOLAS RURAIS DE PICOS/PI

EDITAL CAMPUS PORTO ALEGRE Nº 02, DE 08 DE JANEIRO DE 2019 SELEÇÃO DE BOLSISTA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E/OU TECNOLÓGICA

PACTO GLOBAL. Relatório de Progresso 2008 LISTAS TELEFÓNICAS DE MOÇAMBIQUE,LDA

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 2 2. ATIVIDADES 3. a. Atividades Informativas 3. b. Atividades Associativas 3. c. Atividades Internas da APEEAESEQ 3

2º Encontro Nacional de Grupos Promotores da Mobilidade Urbana em Bicicleta

Relatório sobre as contas anuais da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos relativas ao exercício de 2016

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

SELEÇÃO DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - FUNASA RESUMO

CHAMADA UNIVERSAL MCTI/CNPq Nº 01/2016. Prof. Dr. Geraldo Eduardo da Luz Júnior

OFICINA: LÍDER EM CONFIABILIDADE BASEADA EM LUBRIFICAÇÃO

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 2050/XIII/4ª

Projeto de Extensão Bulicomtu - Educação Popular e Promoção da Saúde

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS E MINISTÉRIO DAS FINANÇAS Diário da República, 1.ª série N.º de dezembro de Artigo 2.

A EMPRESA ESTRATÉGIA CLIENTE

NCE/10/02551 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

Plano de Gestão de Energia aplicado ao Prédio do Curso de Engenharia Ambiental EESC/USP Etapa 1 Cronograma de Trabalho

POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE NA ESCOLA 1

MOBILIDADE DE DOCENTES E NÃO DOCENTES PROCEDIMENTOS DE CANDIDATURA ERASMUS+

Ano Letivo de 2013/2014

Coordenação e Estruturas em Portugal

Ensaio aberto à comunidade e à comunicação social no dia 23 de março, pelas 15h00, no Auditório de Fontarcada

REGULAMENTO DE COLEGIADO DE CURSO DE GRADUAÇÃO E PÓS- GRADUAÇÃO CAPÍTULO I DO OBJETIVO E FINALIDADE

EDITAL N 001 DE 12 DE DEZEMBRO DE 2016 PROGRAMA INSTITUCIONAL DE MONITORIA 2017/1

Guia de Curso. Administração e Gestão Educacional. Mestrado em. Universidade Aberta Departamento de Educação e Ensino a Distância

PERFIL DO DOCENTE 2015/2016 1

b) As finalidades e as linhas de orientação estratégica que conferem sentido e coerência a cada um dos cursos;

ESTATUTO. Título I - Dos Objetivos e Valores

REGULAMENTO DO PROGRAMA DE CARREIRA E CAPACITAÇÃO DO CORPO DOCENTE (PRODOC)

Clima Econômico piora nas três principais economias da região

EDITAL Nº 01/2019 DE 26 DE FEVEREIRO DE 2019 PROGRAMA INSTITUCIONAL DE MONITORIA E TUTORIA

INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 056/2016 DIRETORIA DA UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

Serviços do Ecossistema na Estratégia Nacional para as Florestas

Contabilidade Pública

CIRCUNFERÊNCIA: UMA PRÁTICA EM SALA DE AULA

Agrupamento de Escolas de Mem Martins PROJECTO DE PROMOÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

Grupo de Trabalho Internacionalização & Desenvolvimento

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE MONITORIA IFTO - Campus Porto Nacional EDITAL Nº 016/2016/CAMPUS PORTO NACIONAL/IFTO, DE 23 DE MAIO DE 2016

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O JPM AÇÕES FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO EM AÇÕES

MODELO DO CICLO DE VIDA DO DESENVOLVIMENTO DA SEGURANÇA

DAS TRADIÇÕES CONSTRUÍMOS A NOSSA HISTÓRIA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

Atenuar os efeitos da crise energética nas empresas

DIRECTIVA 98/71/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 13 de Outubro de 1998 relativa à protecção legal de desenhos e modelos

As dimensões culturais das acções externas da UE

Quo Vadis? Para Aonde Vais, Medicina do Trabalho?

OBSERVATÓRIO DE RECURSOS HUMANOS EM SAÚDE

ESTATUTO. Título I - Dos Objetivos e Valores

Quase metade de todas as mortes no mundo tem agora uma causa registrada, mostram dados da OMS

VI GOVERNO CONSTITUCIONAL

Aula 4. Contribuição Social para a seguridade social - CONTRIBUINTES

Novembro e Dezembro 2016

Missão. Objetivos Específicos

Caracterização do território

SALA DE AULA E TECNOLOGIAS

THE BALANCED SCORECARD

PROGRAMAS E PROJETOS DE EXTENSÃO GERÊNCIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO CAMPUS UNIVERSITÁRIO GRANDE FLORIANÓPOLIS PROJETO DE EXTENSÃO

Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Curso de Formação. Gestão do Tempo e do Stress (Data de início: 19/09/ Data de fim: 24/10/2014)

Transcrição:

DIÁLOGO EURO- LA TINOAMERICANO SOBRE COHESIÓN SOCIAL Y POLÍTICAS PÚBLICAS LOCALES BOGOTÁ AGENDA 2012

AGENDA URBsociAL Bogotá 2012 URBsociAL, Diálogo Euro-Latino-Americano sobre Coesão Social e Políticas Públicas Locais, é uma atividade organizada no âmbito do Programa URB-AL III. O terceiro Diálogo URBsociAL, intitulado "A governar o local: para um futuro inclusivo e sustentável, " teve lugar em Bogotá, Colômbia, durante os dias 24, 25 e 26 de Outubro de 2012. As suas instituições organizadoras, recolhendo as contribuições dos participantes procedentes de países latino-americanos e da União Europeia, elevam à opinião pública as constatações, recomendações em matéria de coesão social e desenvolvimento, e os compromissos que dão forma à Agenda URBsociAL Bogotá em 2012. Se o primeiro URBsociAL punha ênfase na necessidade de mais política pública, e o segundo na inovação como instrumento básico para avançar no caminho da coesão social; capitalizando as conclusões e debates dos encontros anteriores que continuam a estar vigentes, URBsociAL 2012 põe de manifesto a importância crucial de superar visões "curtoprazistas" ao construir estratégias de desenvolvimento a partir do local. C O N S T A T A Ç Õ E S O contexto global atual, e em particular o da América Latina e da Europa, difere em grande medida tanto do que existia no início do programa URB-AL III, há quatro anos, como do de 2010, quando teve lugar o primeiro diálogo URBsociAL. A crise económica, financeira e social foi aprofundando-se. Apesar dos impactos em ambas as regiões serem diversos, constatamos uma tendência comum: o incremento constante das desigualdades sociais. Se comparamos os anos de início e finalização do Programa URB-AL III, constatamos o reposicionamento de ambas as regiões na esfera internacional. Também notamos que as agendas do desenvolvimento e da cooperação acusaram o impacto da crise e foram sofrendo um processo de reorientação, ao calor dos grandes debates que tiveram lugar durante o dito período (como, por exemplo, a Agenda de Busán 2011 ou Rio+20). Constata-se que os governos locais e regionais já são plenamente reconhecidos como atores essenciais do desenvolvimento e da cooperação. Constata-se a importância dos governos locais e sub-estatais como articuladores de atores e geradores privilegiados de cursos de ação capazes de criar dinâmicas sinérgicas que promovam o desenvolvimento inclusivo económico e social dos territórios. Por isso, continua-se a constar o impacto positivo do público sobre a qualidade de vida da cidadania.

Constata-se que em matéria de desenvolvimento, cooperação e políticas públicas, é tão necessário continuar a apoiar processos e dinâmicas postas em andamento graças a elas, como gerar iniciativas novas. Portanto, avançar no caminho do desenvolvimento requer adotar uma visão de médio e longo prazo não apenas para o futuro, mas também para trás, que permita avaliar melhor onde estamos, bem como identificar processos e dinâmicas postas em andamento graças a ingentes esforços coletivos e financeiros que podem carecer do impulso e continuidade suficientes para gerar mudanças e consolidar-se, e que vale a pena apoiar. Constata-se que a sustentabilidade das políticas públicas depende em grande parte da concepção das mesmas. Neste sentido, as políticas públicas locais que têm aparência de ser mais sustentáveis e de contribuir em maior medida para o desenvolvimento inclusivo de um território e, por consequência, a melhorar o bemestar dos seus cidadãos são aquelas que incorporam na sua concepção - e fomentam - aspectos como: a igualdade e a inclusão social, o sentido de pertença, o reconhecimento da diversidade, a legitimidade das instituições e a participação cidadã. É necessário que os governos locais continuem a apostar pela governança multinível e por iniciativas coordenadas entre os diversos níveis de governo. É necessário também que apostem em converter os seus territórios em espaços de articulação e criação de sinergias entre todos os atores públicos e privados do território, bem como entre os diversos níveis de governos que agem sobre o mesmo. Constata-se a importância da cooperação descentralizada como mais um instrumento de desenvolvimento sócio-económico e de projeção externa dos territórios. Isto é tão válido a respeito das iniciativas tradicionais de cooperação <<norte-sul>>, quanto das novas modalidades de cooperação <<sul-sul>>. Constata-se que a cooperação descentralizada segundo um modelo de partenariado não apenas é inovadora, mas também reforça as relações horizontais entre pares e maximiza os resultados e produtos da cooperação. A especificidade dos atores sub-estatais dota de sentido e valor acrescentado as relações de partenariado, em benefício de todas as partes envolvidas. Além do mais, constatase a aparição de novas modalidades de cooperação que superam dinâmicas tradições <<norte-sul>>. Constata-se, finalmente, que a agenda de desafios que motivou a Comissão Europeia a impulsionar programas regionais sobre políticas públicas em prol da coesão social e do desenvolvimento continua vigente.

R E C O M E N D A Ç Õ E S Sobre a dimensão produtiva e ocupacional da coesão social O desenvolvimento económico local requer necessariamente a articulação de todos os atores do território, e em particular da geração de alianças público-privadas. O tecido produtivo local e o desenvolvimento integral do território fortalecem-se através do fomento de processos de inovação, capacitação, formalização de emprego e melhoria das condições sociais da população. As políticas de desenvolvimento económico local devem ser formuladas e executadas de uma perspectiva integral, levando em conta as potencialidades endógenas do território, e sob um enfoque de associatividade e encadeamentos produtivos O desenvolvimento local é um projeto de longo prazo. As estratégias adotadas a respeito disto devem, portanto, incorporar um olhar de longo fôlego a respeito de cursos de ação e a sequência de objetivos a atingir. Também requer um alto grau de consistência intertemporal nas diretrizes básicas dos mesmos, mais além da alternância dos elencos governamentais. A obtenção de capacidades e o fomento do desenvolvimento individual podem ser conseguidos através de uma educação técnica formal de acordo com o meio territorial, o que acarretará no desenvolvimento local. Sobre a dimensão social da coesão social O desenvolvimento local é mais inclusivo na medida em que as políticas, planos e projetos levam em conta as condições diferenciadas e as próprias características, interesses e necessidades dos diferentes grupos populacionais: (diferenças etárias, étnicas, de género, entre outras). Desenvolvimento local inclusivo requer que se conceda o mesmo valor à diversidade de pessoas, garantindo igualdade de direitos e oportunidades O desenvolvimento social deve ser acompanhado pelo fortalecimento de processos educativos e a promoção do capital social. As políticas, planos e projetos sociais devem ser formulados a partir de diagnósticos inclusivos e participativos para responder às necessidades reais e específicas da cidadania, transcendendo o modelo assistencialista e promovendo o empoderamento dos atores de maneira que se produzam mudanças na posição e condição das populações mais vulneráveis.

Para compensar a crise gerada a partir do modelo económico global que gera "descoesão", é necessário manter, mais do que nunca, programas e projetos em prol da coesão social, e uma forte presença das instituições públicas nacionais, locais e intermédias que garantam o acesso aos direitos e serviços básicos. No médio e longo prazo, é necessário manter o acesso universal a serviços sociais básicos e o desfrute de um nível aceitável de segurança urbana como objetivos centrais da agenda pública dos governos subnacionais. Sobre a dimensão cívica da coesão social É necessário pensar e conceber as políticas públicas em função do sempre vigente objetivo de construção de cidadania ativa. É necessário, portanto, que estas deixem de contemplar os cidadãos como meros receptores passivos de decisões públicas. Pelo contrário, é necessário que estas lhes impulsionem a converter-se em sujeitos ativos e orientadores do seu próprio desenvolvimento. A construção de cidadania ativa requer o incentivo público da participação cidadã. Algumas ferramentas que podem potencializar a participação cidadã são as comissões cidadãs; as mesas multi-sectoriais; as mesas de convénio públicoterritoriais e os pactos territoriais. A identificação compartida de problemáticas que devem ser consideradas de natureza pública e de estratégias para lhes fazer frente facilita a construção de vínculos sociais e sentido de pertença, e, portanto, de cidadania ativa. É necessário reconstruir, desde o nível local, uma consciência cívica e valores que permitam lutar contra a intolerância e a exclusão. A construção de cidadania ativa deve ser pensada como um projeto político permanente que está relacionado com a qualidade da governança pública, para o qual se deve apontar mediante estratégias de curto, médio e longo prazo. Sobre a dimensão territorial da coesão social O reconhecimento que as políticas de gestão do território transcendem os aspectos técnicos e afetam diretamente aspectos relacionados com o desenvolvimento social, económico, cultural e humano dos territórios permite uma planificação mais integral e estratégica do desenvolvimento. Esta visão estratégica deveria ficar plasmada em Planos Integrais de Desenvolvimento, formulados a partir do acordo e da liderança política do Governo Local e apostando na superação de uma visão político-partidária da gestão de um território. É estratégico continuar a aproveitar as capacidades técnicas adquiridas e as redes e partenariados formados através das experiências de cooperação territorial, com o

fim de capitalizar experiências que contribuam ao desenvolvimento integral dos territórios. Os regulamentos, processos e estratégias de gestão do território devem apostar à sustentabilidade meio ambiental. A redução de desequilíbrios territoriais deve ser pensada como um projeto político permanente para o qual se deve apontar mediante estratégias de curto, médio e longo prazo. Fazendo uso de material educativo desde os Concelhos Municipais de Desenvolvimento Educativo até o Ministério de Educação (local a nacional), promover a identidade local, transmitir conhecimentos básicos sobre a administração do território, integrar a população desde uma idade precoce à tomada de decisões do território, fomentar a participação cidadã em educação: primária, média e superior. Sobre a dimensão institucional da coesão social O fortalecimento institucional dos Governos Locais dar-se-á na medida em que estes consigam, entre outras coisas: - Formalizar processos de articulação multinível e multi-sectorial, reconhecendo as complexidades nas realidades territoriais; - Gerar confiança e legitimidade frente à cidadania por meio de processos de prestação de contas, gestão transparente dos recursos, fomento de processos participativos e de incidência cidadã, entre outros; - Integrar produtivamente a visão política e técnica na gestão pública. Para facilitar a formulação e implementação de políticas públicas a nível local, é preciso uma definição mas clara do marco de competências e um aprofundamento dos processos de descentralização e desconcentração. Também é necessária a construção de marcos regulatórios, normativos e fiscais que sejam coerentes com a legislação nacional e que transcendam as mudanças de governo e o financiamento externo. O fortalecimento institucional e a melhoria da fiscalidade local devem ser pensados de maneira relacional e bidirecional. Os governos locais costumam gastar grande parte dos seus escassos recursos na solução de problemas herdados do passado. Por isso, deve reconhecer-se a importância de governar bem hoje, para que amanhã não seja preciso destinar escassos recursos a paliar o que não foi bem feito no seu momento. O bom governo local, pela sua parte, requer um adequado nível de desenvolvimento institucional e um adequado fluxo de recursos provenientes de tributação e financiamento público.

Não é possível a coesão social sem um financiamento adequado das políticas públicas que a impulsionam. Um adequado financiamento das políticas públicas, no entanto, não leva necessariamente a uma maior coesão social. Depende da natureza das políticas e da capacidade dos governos territoriais de se manejar estrategicamente num contexto de governança. Num contexto de recursos escassos e de crise global, é necessário elaborar estratégias alternativas de financiamento das ações, como, por exemplo, melhorar a capacidade de arrecadação dos governos locais, gerar cultura tributária na cidadania e promover alianças sociais de base territorial. A nível local, é necessário promover uma cultura de planificação, seguimento e avaliação, transcendendo a visão de projeto para uma visão de política pública local. O fortalecimento institucional e a melhoria da fiscalidade local devem ser pensados como objetivos políticos permanentes para os quais se deve apontar de forma consistente mediante estratégias de curto, médio e longo prazo. Estabelecer um observatório sócio-económico que recompile, analise e apresente de forma contínua estes aspectos (sócio-económicos), de maneira que se apoiem os processos de desenvolvimento territorial integral e sustentável. Quanto à cooperação internacional: É necessário impulsionar um modelo de cooperação descentralizada interterritorial socialmente inclusiva, recíproca, horizontal, baseada em partenariados, que potencialize o papel de todos os atores do sistema territorial, que aposte na constituição de redes que deem protagonismo aos governos locais da América Latina não apenas como receptores, mas como impulsores de iniciativas, e que combine modalidades de cooperação Norte-Sul com iniciativas de cooperação Sul- Sul. Alguns dos eixos temáticos essenciais a serem abordados por este novo modelo de cooperação são: - o fortalecimento do papel da cidadania na gestão local; - o fortalecimento dos processos educativos e culturais; - o fortalecimento dos processos de descentralização, tanto de competências como de recursos; - a geração de emprego decente; - a migração, a mobilidade humana e a segurança urbana; - a cooperação transfronteiriça e a integração regional.

Na definição das suas prioridades, a cooperação internacional deve analisar e tomar em conta as diferenças existentes na distribuição do ingresso e do bem-estar entre diferentes territórios de um mesmo país. O conceito de renda média não pode ser um critério único de seleção para os países beneficiários da cooperação. C O M P R O M I S S O S As instituições organizadoras deste Terceiro Diálogo Euro-Latino-Americano sobre Coesão Social e Políticas Públicas Locais comprometem-se a: Dar a conhecer e difundir a presente Agenda URBsociAL Bogotá 2012, promovendo a adesão à mesma de governos locais e regionais da Europa e da América Latina. Apresentar as principais conclusões do URBsociAL 2012 às diferentes associações e redes de governos locais, às agências internacionais e às instituições da União Europeia. Continuar a promover espaços de diálogo, reflexão e troca de experiências entre eleitos e líderes locais, que permitam aprofundar na aprendizagem e no impulso de marcos de referência nos processos de construção e implementação de políticas públicas locais. Continuar a apostar pela coesão social como um meio e como um fim para conseguir cidades e territórios inclusivos e que possam desenvolver todas as suas potencialidades. Continuar a procurar sinergias com as diversas iniciativas que impulsionem os objetivos do programa URB-AL III na região latino-americana. Pôr em valor a importância de programas como URB-AL, que põem no centro os governos locais e regionais, apostando pelo intercâmbio de conhecimento e pela aprendizagem mútua. Ressaltar a importância de dar continuidade aos sucessos do programa e valorizar os instrumentos gerados. Continuar a apostar por iniciativas de cooperação entre governos locais e regionais da América Latina e Europa que sejam inovadoras e que não estejam baseadas na transferência de recursos financeiros. www.urb-al3.eu www.urbsocial.eu