AS NOVAS REGRAS ORTOGRÁFICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA Rénan Kfuri Lopes Sumário: I- AS MUDANÇAS SÃO SIMPLES E DE FÁCIL COMPREENSÃO II- PERÍODO DE TRANSIÇÃO DAS REGRAS ORTOGRÁFICAS III- ALFABETO IV- SOMEM DA ORTOGRAFIA V- HÍFEN- DEIXA DE EXISTIR EM APENAS 02 CASOS VI- ACENTO AGUDO- DESAPARECEM DA ORTOGRAFIA VII- LETRAS MUDAS VIII- GRAFIA DE DERIVADOS IX- NOMES PRÓPRIOS HEBRAICOS X- NOMES PRÓPRIOS DE PESSOAS E DE LUGARES I- AS MUDANÇAS SÃO SIMPLES E DE FÁCIL COMPREENSÃO Através do INFORMATIVO RKL apresentamos de maneira objetiva uma exposição sintetizada do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que unificou a partir de 01.01.2009 a ortografia (não a pronúncia!) em oito países que adotam o português como idioma oficial: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bassau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Estima-se que cerca de 240 milhões de pessoas falam o português. 1
Sugerimos aos nossos leitores imprimir esse artigo, guardá-lo num local mais próximo de fácil acesso para aos poucos ir lendo e relendo. Assim, certamente, iremos assimilar essas alterações e desde logo aplicar nos nossos textos. Devemos aceitar as normas estabelecidas pelo acordo sem pânico. As mudanças são muito simples e de fácil compreensão, como você poderá constatar nas linhas adiante. II- PERÍODO DE TRANSIÇÃO DAS REGRAS ORTOGRÁFICAS Conforme dispôs o Decreto 6.583/08 que instituiu a unificação ortográfica, até 2012, o país vai viver um período de transição, em que serão aceitas as duas formas: a atual e com as novas regras adiante resumidas. A velha ortografia será tolerada até o final de 2012 em vestibulares e concursos públicos. III- ALFABETO Hoje tem 23 letras, agora passa a ter 26. O k, w e y voltam ao alfabeto oficial, porque o acordo entende que é um contra-senso haver nomes próprios e abreviaturas com letras que não estavam no alfabeto oficial (caso de kg e km). Além disso, são letras usadas pelo português para nomes indígenas (as línguas indígenas são ágrafas 1, mas os linguistas estudiosos desses idiomas assim convencionaram). Todavia, não se alteram as escritas das abreviações, ou seja, nenhuma palavra passa a ser escrita com essas letras, exemplo, quilo não passa a ser kilo. 1 Povo, cultura e língua que não têm registro escrito. 2
IV- SOMEM DA ORTOGRAFIA 01. Trema: somem de toda a escrita os dois pontos usados sobre a vogal u em algumas palavras, mas apenas da escrita. Assim, em linguiça, o ui continua a ser pronunciado. Exceção: nomes próprios, como Hübner. 02. Acento diferencial: também desaparecem da escrita. Portanto, pelo (por meio de, ou preposição + artigo), pêlo (de cachorro, ou substantivo) e pélo (flexão do verbo pelar) passam a ser escritos da mesma maneira. Exceções: para os verbos pôr e pode - do contrário, seria difícil identificar, pelo contexto, se a frase o país pode alcançar um grande grau de progresso está no presente ou no passado. 03. Acento circunflexo: Desaparece nas palavras terminadas em êem (terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo de crer, ver, dar...) e em oo (hiato). Caso de crêem, vêem, dêem e de enjôo e vôo. V- HÍFEN- DEIXA DE EXISTIR EM APENAS 02 CASOS 1. Quando o segundo elemento começar com s ou r. Estas devem ser duplicadas. Assim, contra-razão passa a ser contrarrazão, contra-regra passa a ser contrarregra, contra-senso passa a ser contrassenso. Mas há uma exceção: se o prefixo termina em r, tudo fica como está, ou seja, aquela cola super-resistente continua a resistir da mesma forma. 2. Quando o primeiro elemento termina e o segundo começa com vogal. Ou seja, as rodovias deixam de ser auto-estradas para se tornarem autoestradas e aquela aula fora do ambiente da escola passa a ser uma atividade extraescolar e não mais extra-escolar. 3
VI- ACENTO AGUDO- DESAPARECEM DA ORTOGRAFIA 01. Desaparecem nos ditongos abertos éi e oi nas palavras paroxítonas Desta forma, assembléia e paranóia passam a ser assembleia e paranoia. No caso de apóio, o leitor deverá compreender o contexto em que se insere em Eu apoio o canditato Fulano, leia-se eu apóio, enquanto Tenho uma mesa de apoio em meu escritório continua a ser escrito e lido da mesma forma. 02. Desaparecem no i e no u tônicos, após ditongos (união de duas vogais) em palavras com a penúltima sílaba tônica (que é pronunciada com mais força, a paroxítona). Exemplos: feiúra passa a ser feiura; baiúca passa a ser baiuca. 3. Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem. VII- LETRAS MUDAS Desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo". 4
VIII- GRAFIA DE DERIVADOS 1. Uniformização dos sufixos ianos e iense em vocábulos derivados de palavras terminadas em e (es). Por exemplo: Acre- acriano; Quebec- quebeciano. 2. Uniformização das terminações átonas io e ia nos substantivos que constituem variações de outros substantivos terminados em vogal. Por exemplo: Hástia ou Hástea- hástia 3. Variação da conjugação de verbos terminados em iar, provenientes de substantivos terminados em ia ou io átonos. Por exemplo: Negocio-negoceio; premio-premeio; noticio-noticeio. IX- NOMES PRÓPRIOS HEBRAICOS 1. Manutenção ou simplificação, nos nomes próprios hebraicos de tradição bíblica, dos dígrafos finais ch, ph e th pronunciados. - Antes do acordo: Baruch, Ziph, Loth - A partir do acordo: Baruch ou Baruc, Ziph ou Zif, Loth ou Lot 2. Eliminação ou adaptação, nos nomes próprios hebraicos de tradição bíblica, dos dígrafos finais ch, ph e th pronunciados. - Antes do acordo: Joseph ou josé, Nazareth ou Nazaré - A partir do acordo: José ou Nazaré * Para efeito legal, deve permanecer a ortografia dos nomes próprios registrados em Cartório de Registro Civil. 5
X- NOMES PRÓPRIOS DE PESSOAS E DE LUGARES 1. Manutenção ou eliminação, em antropônimos (nomes próprios de pessoas) e topônimos (nomes próprios de lugares) consagrados pelo uso, das consoantes finais. - Exemplos: David ou Davi, Madrid ou Madri 2. Substituição, sempre que possível, dos topônimos estrangeiros por formas vernáculas correspondentes. - Antes do acordo: Anvers ou Antuérpia, Zurich ou Zurique, Nova York ou Nova Iorque - A partir do acordo: Antuérpia, Zurique e Nova Iorque. Boa leitura!!!. 6