DEGRADAÇÃO E COMPARAÇÃO DE IMAGENS GOES COM A PRECIPITAÇÃO PREVISTA PELO MODELO BRAMS RESUMO

Documentos relacionados
Revista Brasileira de Geografia Física

Comportamento da água precipitável durante evento extremo em Porto Alegre RS com o uso do modelo BRAMS

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS

Palavras Chave: Onda de Leste, Sistema Convectivo de Meso-Escala, Modelo BRAMS.

AVALIAÇÃO DO MODELO RAMS NA PREVISÃO DE TEMPERATURA PARA A REGIÃO SUL DO BRASIL. Marilene de Lima 1, José Eduardo Prates 2.

SISTEMA DE ASSIMILAÇÃO LOCAL DE DADOS UTILIZADO NO INMET. Gilberto Ricardo Bonatti 1 Reinaldo Silveira 1 Ricardo Raposo dos Santos 1 Juliana Mol 1

ALTA DO ATLÂNTICO SUL E SUA INFLUÊNCIA NA ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL

Estudo da Variação Temporal da Água Precipitável para a Região Tropical da América do Sul

BOLETIM PROJETO CHUVA - 22 DE JUNHO DE 2011

ESTUDO DE CASOS DE CHUVAS INTENSAS NO ESTADO DE ALAGOAS UTILIZANDO O MODELO WRF VERSÃO 3.1

Estudo de um evento convectivo intenso sobre o estado de Alagoas

CARACTERÍSTICAS DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O BRASIL NO VERÃO E OUTONO DE 1998.

APLICAÇÔES DO PRODUTO DE SOBREPOSIÇÃO DE CAMPOS METEOROLÓGICOS A IMAGENS DE SATÉLITE

MODELAGEM DE BRISAS E CIRCULAÇÃO VALE-MONTANHA PARA O VALE DO PARAÍBA E LITORAL UTILIZANDO O RAMS

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

EFEITOS DE FRENTES FRIAS NO COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA (ES)

PERFIL VERTICAL DO VENTO DE UM CCMT DESENVOLVIDO EM AMBIENTE DE DIPOLO DE TSM

AVALIAÇÃO DO MODELO DE KUO NA PREVISÃO DE CHUVAS NA REGIÃO DE PELOTAS COM A UTILIZAÇÃO DO MODELO BRAMS. José Francisco Dias da Fonseca 1

ANÁLISE ESTATÍSTICA DO REGIME PLUVIOMÉTRICO E DE SUA TENDÊNCIA PARA OS MUNICÍPIOS DE PORTO DE PEDRAS, PALMEIRA DOS ÍNDIOS E ÁGUA BRANCA

FORMAÇÃO DE VÓRTICES NO CAMPO DE NEBULOSIDADE SOBRE A AMÉRICA DO SUL. PARTE I. NEBULOSIDADE CICLOGENÉTICA ATRAVÉS DOS DADOS DE SATÉLITE.

Frente fria provoca deslizamentos e mais de 30 mortes na região serrana do RJ

1 Mestranda (CNPq) do Programa de Pós-graduação em Meteorologia/Universidade Federal de

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

Simulação numérica de um evento de friagem na estrutura da atmosfera da Amazônia ocidental

Meteorologia para Jornalistas. Previsão Numérica de Tempo e Clima: Aspectos Gerais

CONDIÇÕES PARA FORMAÇÃO DE NEVOEIRO EM PELOTAS - PARTE IV - MÉTODO DE PREVISÃO.

MONITORAMENTO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT) ATRAVÉS DE DADOS DE TEMPERATURA DE BRILHO (TB) E RADIAÇÃO DE ONDA LONGA (ROL)

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Estudo de Sistemas Convectivos de Mesoescala no Sul da América do Sul utilizando o Modelo WRF

EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO SOBRE A LA PLATA BASIN EM SIMULAÇÕES DO CLIMA PRESENTE E DE PROJEÇÕES PARA O FUTURO Kellen Lima 1 & Iracema Cavalcanti 2 1

ESTUDO DO CICLO DE VIDA DE UMA LINHA DE INSTABILIDADE ATRAVÉS DE DADOS DE RADAR METEOROLOGICO

SIMULAÇÃO DO FURACÃO CATARINA USANDO O MODELO MM5

VARIABILIDADE CLIMÁTICA INTERDECADAL DA PRECIPITAÇÃO NA AMÉRICA DO SUL EM SIMULAÇÕES DO PROJETO CMIP5

Dados ambientais. Previsão do tempo. Imagem de satélite GOES

MODELAGEM NEUTROSFÉRICA COM ASSIMILAÇÃO DE DADOS E SUA AVALIAÇÃO UTILIZANDO GNSS

Eventos climáticos extremos: monitoramento e previsão climática do INPE/CPTEC

SISTEMA DE MONITORAMENTO AGROCLIMÁTICO DA REGIÃO DE DOURADOS, MS. Palavras-chave: suporte à decisão, agrometeorologia, estação meteorológica.

ESTIMATIVA DE RADIAÇÃO SOLAR NA REGIÃO DO MACIÇO DE BATURITÉ: ABORDAGEM VIA REDES NEURAIS ARTIFICIAIS.

Sistema de Visualização de Sistemas Convectivos. Sistema de Visualização de Sistemas Convectivos

CAPÍTULO 5 RESULTADOS. São apresentados neste Capítulo os resultados obtidos através do programa Classific, para

PREENCHIMENTO DE FALHAS DE DADOS MENSAIS DE PRECIPITAÇÃO: COMPARAÇÃO BÁSICA PONTUAL PARA PELOTAS-RS

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ESTUDO DE ALGUMAS VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS QUE AUXILIARAM NA PREVISÃO DE TEMPO PARA O DIA 18 DE JANEIRO DE 1998 PARA O ESTADO DE PERNAMBUCO.

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS Ano de dezembro de 2006 Número 11

Comparação de Variáveis Meteorológicas Entre Duas Cidades Litorâneas

PREVISÃO DAS TEMPERATURAS MÍNIMAS PARA O CENTRO-SUL DO BRASIL UTILIZANDO A PREVISÃO DE TEMPO POR ENSEMBLE DO CPTEC

ESTIMATIVA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR UTILIZANDO GOES-8 NO CPTEC/INPE

Avaliação de previsões de tempo do modelo ETA. para subsidiar pesquisas agrícolas no Brasil

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE FEVEREIRO DE Condições Meteorológicas do Mês de Fevereiro de 2016

APLICAÇÃO DA FÓRMULA DE MONTE ALEGRE E DO MÉTODO DE NESTEROV PARA CÁLCULO DO ÍNDICE DE INCÊNDIO PARA MINAS GERAIS

Estudo sobre o potencial eólico da região do Baixo Curso do Rio Paraíba do Sul

ESTUDO CLIMATOLÓGICO DA VELOCIDADE E DIREÇÃO DO VENTO ATRAVÉS DOS DADOS DE REANÁLISES PARA O ESTADO DE ALAGOAS

O TRANSPORTE DE POLUENTES EMITIDOS EM CUBATÃO PARA A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO: Estudo de caso de agosto de 1999

DESASTRES NATURAIS NA CIDADE DO SALVADOR, BAHIA: EVENTO CHUVOSO EXTREMO EM JUNHO DE 2006

EFEITOS DE UM BLOQUEIO ATMOSFÉRICO NO CAMPO DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA NO RIO GRANDE DO SUL

ESTUDO DA CIRCULAÇÃO LOCAL NA REGIÃO DO VALE DO RIO JAGUARIBE NO ESTADO DO CEARÁ

ANÁLISE DE UM CASO DE FRENTE QUENTE OBSERVADA NA AMÉRICA DO SUL

ACESSO E MANIPULAÇÃO DE DADOS OBSERVACIONAIS ATRAVÉS DO METVIEW UTILIZANDO O BANCO DE DADOS METEOROLÓGICOS DO CPTEC/INPE

MODELO DE ESTAÇÕES VIRTUAIS COM ESTIMATIVA DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA PARA APRIMORAMENTO DOS MAPAS NO AGRITEMPO

Luciana de Sousa de Oliveira 1 Maria Gertrudes A. Justi da Silva 2 David Garrana Coelho 3

Revista Brasileira de Geografia Física

RESULTADOS PRELIMINARES SOBRE A VERIFICAÇÃO DAS PREVISÕES DO MODELO WRF INSTALADO NO CPPMET/UFPel: PREVISÃO X OBSERVAÇÃO

Laudo Meteorolo gico de Evento Clima tico - Coelba: 19 de janeiro de 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE IMPERATRIZ

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL DO ATLÂNTICO SUL

RELAÇÃO ENTRE OS EVENTOS SOBRE OS OCEANOS E A PRECIPITAÇÃO NO SERTÃO DA PARAÍBA

CORRELAÇÃO ENTRE ANOMALIAS DE TSM E TEOR D ÁGUA NA ATMOSFERA SOBRE A AMÉRICA DO SUL

Gênese e a dinâmica climática no Estado do Tocantins: uma abordagem preliminar comparativa entre Porto Nacional e Araguaína

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS PARA O CULTIVO DO MILHO, NA CIDADE DE PASSO FUNDO-RS.

UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE THREAT SCORE PARA COMPARAR A PREVISÃO DO CAMPO DE PRECIPITAÇÃO DE DUAS VERSÕES DO MODELO GLOBAL DO CPTEC

TENDÊNCIA DE CHUVAS VARIANDO DE NORMAL A LIGEIRAMENTE ABAIXO DA MÉDIA EM GRANDE PARTE DA REGIÃO SUL DO BRASIL

ATUAÇÃO DE UM SISTEMA FRONTAL NA ESTAÇÃO SECA DO NORDESTE DO BRASIL. Lizandro Gemiacki 1, Natalia Fedorova 2

UM SISTEMA OPERACIONAL DE VISUALIZAÇÃO DE PRODUTOS METEOROLÓGICOS

Estudo de caso de chuva significativa no interior da Região Nordeste do Brasil ocorrida no mês de abril de 2009.

- Banco de Dados Inglês Técnico 40

MONITORAMENTO E EVOLUÇÃO DE DESCARGAS ELÉTRICAS ATMOSFÉRICAS ASSOCIADAS A SISTEMAS CONVECTIVOS DE MESOESCALA

ESTUDO DE CASO DA VARIAÇÃO HORÁRIA DA UMIDADE RELATIVA DO AR EM TERESINA PI NO ANO DE Raimundo Mainar de Medeiros (UFCG)

Verificação da previsão numérica do tempo por ensemble para as regiões homogêneas do estado do Ceará

INFORMATIVO CLIMÁTICO

AVALIAÇÃO DAS PREVISÕES DE TEMPERATURA E UMIDADE DO AR A 2 METROS E VE TO A 10 METROS DO MCGA/CPTEC SOBRE A AMÉRICA DO SUL

PROGNÓSTICO TRIMESTRAL (Setembro Outubro e Novembro de- 2002).

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO E DA ESTRUTURA DO SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA ATRAVÉS DOS DADOS DE RADAR E DE SATÉLITE

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO EM DIFERENTES INTERVALOS DE CLASSES PARA ITUPORANGA SC

Análise da influência da resolução espacial na determinação das ilhas urbanas de calor em São Paulo, por meio dos sensores ASTER e MODIS.

SONDAGENS ATOVS UTILIZANDO ICI NA AMÉRICA DO SUL

Laudo Meteorolo gico de Evento Clima tico - Coelba: 21 de janeiro de 2016

VARIAÇÃO DE UMIDADE E TEMPERATURA PERANTE OS SISTEMAS SINÓTICOS ATUANTES EM ALAGOAS, ESTUDO DE CASO.

Relatório das atividades do grupo de avaliação dos modelos de previsão de tempo para região da campanha CHUVA-SUL

ASPECTOS SINÓTICOS, TÉRMICOS E PLUVIOMÉTRICOS NO IX CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA

COMPARAÇÃO ENTRE DADOS DE PRECIPITAÇÃO DA REANÁLISE DO NCEP/NCAR E DA PRECIPITAÇÃO OBSERVADA PARA A ZONA DE CONVERGÊNCIA SECUNDÁRIA DO ATLÂNTICO SUL

RELAÇÃO ENTRE ÍNDICES DE INSTABILIDADE E OCORRÊNCIA DE CONVECÇÃO EM URUGUAIANA NO PERÍODO DE MARÇO DE 2007 A FEVEREIRO DE

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA INMET 5º DISME BELO HORIZONTE. BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO DECENDIAL 01 a 10 de Fevereiro de 2011

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 27

O USO DAS IMAGENS DO SATÉLITE ASTER GDEM PARA ESTIMATIVA DA TEMPERATURA DO AR EM SUPERFÍCIE

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO E DA ESTRUTURA DO SISTEMA CONVECTIVO DE MESOESCALA ATRAVÉS DOS DADOS DE RADAR E DE SATÉLITE. PARTE I: DESCRIÇÃO GERAL

NOTA TÉCNICA No. 014/2012/CAPRE/CDP/INMET

RECONHECIMENTO DE NUVENS PRECIPITÁVEIS POR MEIO DE SENSORIAMENTO REMOTO. Juliana Maria Duarte Mol 1 Néstor Aldo Campana 2 RESUMO

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA INMET 5º DISME BELO HORIZONTE

Fusão de canais do satélite Meteosat-9 para monitoramento de tempestades severas. Diego Raoni da Silva Rocha 1 Humberto Alves Barbosa 1

Transcrição:

DEGRADAÇÃO E COMPARAÇÃO DE IMAGENS GOES COM A PRECIPITAÇÃO PREVISTA PELO MODELO BRAMS Elder Almeida Beserra 1, Enilson Palmeira Cavalcanti 2 RESUMO Este trabalho tem como objetivo comparar a precipitação prevista pelo modelo atmosférico BRAMS com a nebulosidade obtida a partir de imagens do satélite GOES. Para isso foi feita a degradação das imagens para a mesma resolução de grade do modelo, ou seja, 20x20 e 5x5 km e formato do GrADS. Os resultados mostraram que as imagens degradadas mantiveram as características de mesoescala observadas nas imagens originais. Também, observa-se que a taxa de precipitação prevista após 24 horas de integração mantém certa coerencia com a nebulosidade para esse horário. Esses resultados são considerados preliminares visto que apenas um caso foi estudado. Palavras-chave: precipitação, modelo BRAMS, imagens GOES. DEGRADATION AND COMPARISON OF GOES IMAGERY WITH THE PRECIPITATION FORESEEN BY THE BRAMS MODEL ABSTRACT This work have the objective to compare the precipitation foreseen by the atmospheric model BRAMS with the cloudiness obtained from images of the GOES satellite. For that, it was made the degradation of the images to the same resolution of the model, or either, 20x20 and 5x5 km in the GrADS file format. The results had shown that the degraded images had kept the mesoscale characteristics observed in the original images. Also, it is observed that the precipitation rate foreseen after 24 hours of integration keeps certain coherence with the cloudiness for this period. These results are considered preliminary since that only one case was studed. Keywords: precipitation, BRAMS model, GOES imagery. INTRODUÇÃO O Brazilian Regional Atmospheric Modeling System (BRAMS) está sendo rodado em produção pela Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas, para auxiliar a previsão de tempo sobre a região Nordeste do Brasil (NEB). Essa iniciativa faz parte do projeto Segurança hídrica: Grades apoiando a gestão sustentável dos recursos hídricos para usos urbano, rural e agrícola (SegHidro) custeado pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). 1 Aluno (bolsista de Iniciação Científica/CNPq) do Curso de Graduação em Meteorologia da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, 58.109-970 - Campina Gande, PB, e-mail: eldermeteo@gmail.com 2 Prof.essor, Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, 58.109-970 - Campina Grande, PB, e-mail: enilson@dca.ufcg.edu.br

Apesar de todo esforço feito para que o BRAMS represente bem todos os processos físicos e dinâmicos existentes no sistema terra atmosfera, existem limitações, entre outras, de natureza operacional e que influenciam na qualidade da previsão. Exercícios de validação do modelo auxiliam detectar falhas e podem apontar para sua possível solução. As observações da atmosfera obtidas por satélite meteorológico, assim como, as obtidas pela rede meteorológica convencional, comparadas as previsões do modelo, auxiliam na busca da validação desse modelo. Neste contexto, comparar a previsão de precipitação gerada pelo BRAMS com a nebulosidade obtida a partir da imagem gerada por satélite meteorológico e disposta na mesma resolução da grade do modelo, é uma iniciativa interessante e que pode, no futuro, contribuir significativamente para o melhoramento da previsão numérica regional. Portanto, obter informações básicas das imagens, como a intensidade do pixel, na mesma resolução da grade do modelo é o desafio deste trabalho no sentido de comparar a precipitação gerada pelo modelo numérico BRAMS e nebulosidade obtida por satélite numa mesma plataforma de visualização como o Grid Analysis and Display System (GrADS), Doty, (1998). MATERIAL E MÉTODOS Características da execução do BRAMS O BRAMS constitui-se em uma versão brasileira do Regional Atmospheric Modeling System RAMS descrito por Pilke (1984); Pielke et al. (1992) e Walko et al. (1995). Na versão BRAMS temse um melhoramento do código e a implementação no modelo da parametrização de nuvens rasas, o que torna o modelo mais completo para utilização no Brasil e em especial na região do NEB. Para a execução do BRAMS utilizam-se como condições iniciais e de contorno informações do modelo atmosférico global do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE), baixados diariamente via ftp. As informações de umidade do solo são obtidas do laboratório de Meteorologia Aplicada a Sistemas de Tempo Regionais da Universidade de São Paulo (MASTER/USP), também são baixados diariamente. Já os dados de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) são obtidos semanalmente do National Centers for Environmental Prediction/National Oceanic and Atmospheric Administration (NCEP/NOAA). Na Figura 1a tem-se um esquema do fluxo de execução do BRAMS. No pós-processamento são geradas imagens e arquivos no formato GrADS para as áreas com grades de 20x20 km e 5x5 km conforme exemplifica a Figura 1b. Os arquivos de análise no formato GrADS podem ser acessados pelo Grads Data Service (GDC) da UFCG no endereço http://150.165.83.23:8080/dods.

a) b) Figura 1 a) Fluxo de execução do BRAMS na UFCG e b) Áreas de domínio das grades de 20 x 20 km e 5 x 5 km Processo de degradação das imagens Para visualizar e comparar os resultados do modelo BRAMS com as imagens de satélite trabalhou-se numa forma de sobrepor os dois resultados (modelo e satélite) para serem analisados no GrADS. Primeiro, as imagens com os recortes da grade do modelo (20km e 5km) foram convertidas em formato texto com suas respectivas coordenadas locais (longitude e latitude) e intensidade de cada pixel. Os valores de intensidade correspondente a cada ponto central da grade foram obtidos como uma média ponderada dos valores de intensidade dos pixels da imagens segundo a técnica proposta por Barnes (1964). A interpolação foi feita da forma: em que: N F(, i j) F( λφ, ) W / W n N =. (1) n n= 1 n= 1 Fi (, j ) é o valor calculado para o ponto de grade; F( λ, φ) é o valor do pixel na longitude ( λ ) e latitude ( φ ); W n é o peso atribuído para cada pixel em relação ao ponto de grade i,j e N é o número de pixels utilizados no cálculo de cada Fi (, j). O peso será calculado pela expressão: 2 2 Wn EXP( d /4D S = Δ 2 ) (2) em que: d é a distância entre o ponto de grade e o pixel; D é um parâmetro de filtragem de Barnes e ΔS é o espaçamento da grade. Observa-se que o peso varia de zero a um (0 1). Será um se o pixel coincidir com o ponto de grade e zero para uma certa distância d controlada pelo parâmetro de filtragem. O resultado da interpolação é salvo em um arquivo binário, possibilitando assim a sua leitura através do GrADS.

As imagens de satélite interpoladas ficam com o mesmo tamanho de grade das informações do modelo. Sendo assim, as duas informações podem ser facilmente comparadas e sobrepostas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Degradação e visualização no GrADS Na Figura 2a tem-se a imagem original obtida pelo satélite GOES (channel IR4) com um recorte sobre a região do NEB (18ºS-01ºN; 49ºW-28ºW) para o dia 18 de maio de 2006, referentes às 12:00 UTC e na Figura 2b, o resultado da interpolação dessa imagem segundo Barnes (1964) para a grade de 20 km e formato de visualização do GrADS. Pode-se observar que mesmo com a degradação da imagem, de uma resolução de 4 por 4 km para 20 por 20 km, são preservadas as características da imagem com bandas de nebulosidade sobre o Ceará e litoral leste do NEB. Com isso, observa-se que a imagem embora degradada consegue reproduzir padrões de nebulosidade associados a sistemas de meso-escala. Esse resultado é importante para fins de comparações com resultados de modelos numéricos, por exemplo: a nebulosidade indicada pelo modelo deve ser compatível com a nebulosidade observada por satélite. Em relação a precipitação pode-se afirmar que embora nem toda nuvem produza precipitação mas toda precipitação, forçosamente, está associada a nuvens. (a) (b) Figura 2 a) Imagem original GOES (channel IR4) com recorte sobre o Nordeste; b) Resultado da interpolação segundo Barnes (1964) e visualizada no GrADS utilizando a grade de 20 km para 18/05/2006 12:00 UTC O mesmo processo foi executado para uma resolução de 5x5 Km. A Figura 3a refere-se a um recorte da imagem real para a área de 10,5-05,5 S e 34,5-41,5 W. A Figura 3b corresponde a mesma imagem ajustada para a grade menor de saídas do modelo. Nesse caso, a correspondência

entre imagem original e o campo ajustado para a grade do modelo é ainda mais evidente, uma vez que a resolução do modelo e imagem são 5x5 e 4x4, respectivamente. Vale ressaltar que as imagens degradadas e no formato do aplicativo GrADS, para as duas resoluções, podem ser facilmente processadas para obtenção de subprodutos utilizando-se de algoritmos descritos na literatura pertinente. Essas informações ainda podem ser disponibilizadas em um servidor de dados do GrADS, o Grads Data Service - GDS. a) b) Figura 3 a) Imagem original GOES (channel IR4) com recorte cobrindo completamente os Estados da PB e PE; b) Resultado da interpolação segundo Barnes (1964) e visualizada no GrADS utilizando a grade de 5 km para 18/05/2006 01:00 UTC Nebulosidade e precipitação BRAMS A Figura 4 refere-se à nebulosidade média entre 11 e 12 UTC do dia 18 de maio de 2006 representada pela intensidade do pixel, enquanto que, as isolinhas em verde representam a taxa de precipitação prevista no modelo BRAMS para 24 horas de integração (o modelo foi iniciado as 12 UTC do dia 17 de maio de 2006) e grade de 20x20 km. Pode-se observar que nas áreas onde indicam precipitação existe nebulosidade coerente. A nebulosidade observada sobre o norte da Bahia e Alagoas são características de Cirrus e não produzem precipitação. Para a grade menor, de 5 x 5 km, após 24 horas de integração, os resultados apresentaram-se consistentes com a nebulosidade visualizada pela imagem média (11 e 12 UTC do dia 18 de maio de 2006) obtida por satélite. Conforme Figura 4a pode-se observar taxas de precipitação indicadas pelo BRAMS sobre a Paraíba e que não foram apontadas na escala maior. Sobre o Estado de Pernambuco observam-se áreas fragmentadas de precipitação, embora, na resolução menor já se perceba indícios com pouco detalhamento dessas áreas (Figura 4b). Algumas dessas áreas de precipitação sobre o Oeste dos Estados de Pernambuco e Paraíba, assim como, Sul do Ceará não estão associadas a nenhuma nebulosidade, aparentando erro na previsão da taxa de precipitação das 24 horas (12 UTC do dia 18 de maio de 2006). Considera-se importante a comparação com a taxa de precipitação observada por estações automáticas, mas não foi possível o acesso a essas informações. Comparações com campos da taxa

de precipitação estimada por satélite forneceram essa mesma coerência (http://satelite.cptec.inpe.br/htmldocs/precipitacao/novo/precipitacao_novo.htm). Os resultados apresentados devem ser observados com bastante cuidado já que se trata de um único caso estudado e que nesse período não se teve precipitação significativa registrada na Paraíba e Pernambuco. Faz-se necessário uma melhor avaliação, portanto, sugerem-se estudos de casos com características sinóticas bem definidas com precipitação significativa e a utilização de precipitação observada através de estações automáticas ou Plataformas de Coletas de Dados (PCDs). a) b) Figura 4 Dia 18-05-2006 as 12 TMG, 24 horas de integração a) Grade 20x20 km; b) Grade 5x5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARNES, S.L. A technique for maximizing details in numerical weather map analysis. Journal of Applied Meteorology. AMS, Boston, USA. 3, 396-409. 1964. DOTY, B. The grads analysis and display system. Versão para língua portuguesa: Pesqueiro, J.F. Operação Meteorológica/CPTEC/INPE. Cachoeira Paulista SP. 1998. 145p. GOES I-M DataBook, National Aeronautics and Space Administration. Reference #S-415-19, August 1996. 196p. PIELKE, R.A. Mesoscale meteorological modeling. Academic Press. 1984. 612p. PIELKE, R.A.; COTTON, W.R.; WALKO. R.L.; et al. A comprehensive meteorological modeling system RAMS. Meteorology and Atmospheric Physics. Austria. 49, 69-91. 1992. WALKO, R.L.; TREMBACK, J.C.; HERTENSTEIN, R.F.A. The regional atmospheric modeling system. Version 3b, User s Guide. Fort Collins: ASTER Division. 1995. 121 p.