FINANCIAMENTO COLABORATIVO (CROWDFUNDING) Carlos Francisco Alves ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, 27 DE NOVEMBRO DE 2013

Documentos relacionados
Newsletter n.º 1/2017 Janeiro O que é o Crowdfunding?

Proposta de Regulamento Europeu (ECSB) e RJFC. Diogo Pereira Duarte

REGIME NACIONAL DO CROWDFUNDING. Daniela Farto Baptista Escola do Porto da Faculdade de Direito da UCP 11 de Outubro de 2018

IMPLICAÇÕES PARA O DIREITO PORTUGUÊS DA TRANSPOSIÇÃO DA DMIF II

AS ATRIBUIÇÕES DA CMVM NO FINANCIAMENTO COLABORATIVO DE CAPITAL E POR EMPRÉSTIMO (FCCE)

Consulta Pública da CMVM n.º 7/2015 REGULAMENTO DA CMVM RELATIVO AO FINANCIAMENTO COLABORATIVO ( CROWDFUNDING )

PROJETO DE LEI n.º xxx/2017. de xxxx NOTA JUSTIFICATIVA. Regime jurídico da angariação de fundos

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS. Proposta de Lei n.º 97/XIII. Exposição de Motivos

Crowdfunding A proposta de Regulamento Europeu. Laura Abreu Cravo / CMVM

IMPACTO DA DMIF II NAS GESTORAS DE ORGANISMOS DE INVESTIMENTO COLETIVO

1. Competências do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros

Lei do financiamento colaborativo (Crowdfunding)

CIRCULAR SOBRE PRIIPs SUJEITOS À SUPERVISÃO DA CMVM DATA: 04/01/2018

Projeto de Lei 625/XIII/3ª

PROJETO DE LEI N.º 419/XII APROVA O REGIME JURÍDICO DO FINANCIAMENTO COLABORATIVO EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

CROWDFUNDING DE INVESTIMENTO INSTRUÇÃO CVM Nº 588/17 - DISCIPLINA A OFERTA PÚBLICA DE VALORES MOBILIÁRIOS POR MEIO DE CROWDFUNDING

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA DA CMVM N.º 3/2017

Iniciativas Legislativas 2018

A regulação do trading de criptomoedas

Depósitos estruturados

O crowdfunding ou financiamento colaborativo

NOTA JUSTIFICATIVA Índice

Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre as Alterações ao Regulamento da CMVM n.º 2/2007

Aspetos principais do Regulamento (UE) n.º 600/2014 (RMIF) Implicações para o regime jurídico português

Alterações ao regime jurídico das sociedades gestoras e as sociedades gestoras de serviços de comunicação de dados de negociação

CROWDUNDING COMO SOLUÇÃO DE FINANCIAMENTO. Paulo Alcarva / Católica Porto Business School

Iniciativas Legislativas

Legislação Comercial e das Sociedades Comerciais

REGULAMENTO Nº XX /2008. Informação e publicidade sobre produtos financeiros complexos sujeitos à supervisão da CMVM

ÁREA DE FORMAÇÃO: SISTEMA ECONÓMICO E FINANCEIRO INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

aptidões profissionais a todos exigidas.

Decreto-Lei n.º 69/2004, de 25 de Março *

Regulamento da CMVM n.º 3/2018

Regras Profissionais e de Conduta e Protecção dos Investidores no Mercado de Valores Mobiliários

Alterações ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras decorrentes da DMIF II

Decreto-Lei n.º 124/2015 de 7 de julho

INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA

Decreto-Lei n.º 88/2014 de 06 de junho

Implicações da Transposição da DMIF

ANEXOS REGULAMENTO DELEGADO DA COMISSÃO

INFORMAÇÃO PRÉ-CONTRATUAL SOBRE CUSTOS E ENCAR- GOS RELACIONADOS COM SERVIÇOS DE INVESTIMENTO E INSTRUMENTOS FINANCEIROS DISPONIBILIZADOS PELO BIG

Instrução n. o 12/2019

Iniciativas Legislativas 2019

Regulamento da CMVM n.º xx/2015. Financiamento Colaborativo de capital ou por empréstimo

PT Unida na diversidade PT A8-0175/79. Alteração. Simona Bonafè, Elena Gentile, Pervenche Berès em nome do Grupo S&D

INSTRUÇÃO DO PEDIDO DE REGISTO DA ATIVIDADE DE GESTÃO DE ORGANISMOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO

INSTRUÇÃO DO PEDIDO DE REGISTO DA ATIVIDADE DE GESTÃO DE ORGANISMOS DE INVESTIMENTO ALTERNATIVO EM VALORES MOBILIÁRIOS

PROPOSTA. Relativa ao Ponto Sete da Ordem do Dia da reunião da Assembleia Geral Anual da. IFD Instituição Financeira de Desenvolvimento, S.A.

relativas ao apoio implícito a operações de titularização

REGULAMENTOS. (Atos não legislativos)

Projeto de Lei 629/XIII/3ª

Regulamento da CMVM n.º 2/2018

NOTA JUSTIFICATIVA Índice

Aviso do Banco de Portugal n. o 11/2014

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA DA CMVM N.º 3/2018. Projeto de Regulamento relativo às centrais de valores mobiliários I. ENQUADRAMENTO...

Regulamento da CMVM n.º /2017

Reporte de Dados - Regulamento (UE) n.º 600/2014 (RMIF)

NOTA JUSTIFICATIVA Índice

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA N.º 3/2008. Anteprojecto de Decreto-Lei de transposição da Directiva do Resseguro

NOTA JUSTIFICATIVA. I. Introdução II. Opções regulatórias III. O regime proposto IV. Análise de impacto V. Conclusão...

Regulação Financeira em Portugal: desde quando? Como? Encontro Ciência 2016

Fundo de Investimento em Participações FIP

Decreto-Lei n.º 172/99 de 20 de Maio

REGULAMENTO OBRIGAÇÕES TURISMO 2019

Instrução n. o 20/2016 BO n. o 12 3.º Suplemento

Iniciativas Legislativas

Aspetos principais e implicações para o direito nacional da Diretiva 2014/65/UE (DMIF II)

Instrução da CMVM n.º 4/2016 Documentos Constitutivos, Relatório e Contas e outra Informação Relevante sobre Organismos de Investimento Coletivo

1 Manual de Direito. dos Valores Mobiliários. Paulo Câmara

b. Deveres das entidades gestoras das plataformas eletrónicas de financiamento colaborativo;

DMIF II CONSULTORIA PARA INVESTIMENTO

Análise de Impacto Regulatório (AIR)

Audição da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa da Assembleia da República

Projeto de Regulamento da AGMVM nº / Financiamento Colaborativo de Capital ou por Empréstimo DISPOSIÇÕES GERAIS. Artigo 1.

Informações Fundamentais aos Investidores

Projeto de Lei 634/XIII/3ª

IZILEND Crowdfunding Platform. Bernardo Faria e Maia/ IZILEND 11 de Outubro 2018

Regulamento da CMVM n.º 1/2016. Financiamento Colaborativo de capital ou por empréstimo

S. R. MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Relatório de consulta pública da CMVM n.º 6/2017. Projeto de Regulamento da CMVM n.º _/2017

Demarest Advogados OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR MEIO DE PLATAFORMAS ELETRÔNICAS. Antonio Giglio Neto

Plano de Aquisição de Acções da Accenture PLC pelos Trabalhadores para 2010, Alterado e Reformulado. Documento de Divulgação

Regulamento da CMVM n.º 4/2002 Fundos de Índices e Fundos Garantidos

REGULAMENTADO SESSÃO ESPECIAL DE MERCADO. 16 de Dezembro de 2013

Capítulo I Introdução

Aviso do Banco de Portugal n. o 1/2019

Orientações Orientações relativas à avaliação de conhecimentos e de competências

Resultados do Inquérito sobre o Desenvolvimento FinTech. Maria João Teixeira CMVM 3 outubro 2018

SÍNTESE DA INFORMAÇÃO ANUAL DIVULGADA EM 2017

FINANCIAMENTO DE EMPRESAS FAMILIARES: opções e especificidades

Orientações. Calibração de interruptores (circuit breakers) e publicação de suspensões das negociações nos termos da Diretiva DMIF II

Boletim Bancário e Financeiro

Fundo de Investimento em Participações FIP

PREÇÁRIO PUZZLE FOLHETO DE TAXAS DE JURO. Taxa Anual Efetiva Global (TAEG) 7.80 % a 11,00 % 13,6 % 4,80 % a 4,90 % 6,2 %

AVISO n.º [ ] /2017 Política de Remuneração das Instituições Financeiras

Apresentação à Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública Fernando Nogueira

Transcrição:

FINANCIAMENTO COLABORATIVO (CROWDFUNDING) Carlos Francisco Alves ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, 27 DE NOVEMBRO DE 2013

Uma nova forma de financiamento... O crowdfunding (financiamento colaborativo) é uma forma de obtenção de (montantes reduzidos em termos absolutos de) recursos junto do público através da internet, com vista ao desenvolvimento de iniciativas ou projetos específicos. Trata-se de uma modalidade em que há uma ligação estreita, ainda que não (necessariamente) direta [dada a usual intervenção de uma plataforma], entre quem está disponível para financiar [o contribuidor ou financiador] e quem necessita de financiamento [o dono do projeto ou da campanha, ie, a entidade financiada]. O financiamento colaborativo pode ter: Vários tipos de objetivos (p. ex., financiamento de projetos artísticos, sociais ou empresariais); Vários modelos de negócio e várias modalidades.

Uma nova forma de financiamento... Modalidades de Crowdfunding: (i) Donativos as pessoas dão dinheiro para o projeto sem esperar algo em troca; (ii) Recompensa [Reward] - as pessoas dão dinheiro para o projeto esperando receber um produto ou um serviço de valor inferior à sua contribuição; (iii) Patrocínio/Publicidade [Sponsoring] - as pessoas dão dinheiro para o projecto esperando receber publicidade em troca; (iv) Pré-Venda [Pre-Selling] coleta de fundos para desenvolver, produzir e entregar um determinado produto ou serviço. (v) Empréstimo não Titularizado [Lending] o promotor do projeto obtém dinheiro emprestado do público com ou sem pagamento de juros. [BP] (vi) Emissão de Instrumentos Financeiros [Securities-Based Investments] o promotor do projeto obtém dinheiro emprestado emitindo e colocando junto do público ações, obrigações ou outros instrumentos financeiros. [CMVM]

...com potenciais beneficios para as empresas... O Crowdfunding pode ajudar a ultrapassar: Limitações típicas do financiamento de start-ups (projetos em fase muito incipiente e com elevado risco); Limitações à concessão de financiamento após crise financeira (alavancagem dos bancos, novas regras de fundos próprios, taxas de juros elevadas). Pode ainda contribuir para reduzir a intermediação no processo de financiamento. Pode permitir acesso ao mercado de capitais de entidades e promotores que de outra forma a ele não acederiam (vg, promotores culturais). E proporcionar o acesso a funding a baixo custo.

...mas com riscos para os investidores Riscos comuns do financiamento colaborativo: Criação de mecanismos fraudulentos e branqueamento de capitais; Violação de direitos de propriedade intelectual; Conselhos, recomendações ou informação insuficiente ou enganosa; Violação de regras de proteção de dados pessoais; Riscos operacionais. Riscos específicos do financiamento colaborativo através de empréstimos: Atividade bancária regulada (Banco de Portugal); Risco de incumprimento. Riscos específicos do financiamento colaborativo de investimento: Risco muito elevado de perda do capital investido e ausência de rendimento; Assimetria informativa - falta de informação sobre projeto e riscos para uma tomada de decisão esclarecida; Falta de liquidez (ausência de mercado secundário).

Enquadramento regulatório do financiamento colaborativo de investimento... Na medida em que o financiamento tenha como contrapartida a subscrição ou aquisição de valores mobiliários (p. ex., ações, obrigações) ou outros instrumentos financeiros, a atividade desenvolvida é suscetível de: Constituir atividade de intermediação financeira reservada a entidades autorizadas e sujeita à supervisão da CMVM (incluindo recomendações de investimento e publicidade ou prospeção), podendo corresponder a diversos serviços de investimento: Receção e transmissão ou execução de ordens; Colocação em oferta pública de instrumentos financeiros; Consultoria para investimento. Estes serviços de investimento são regulados pela DMIF (Diretiva n.º 2004/39/CE), apenas podendo ser exercidos por intermediários financeiros autorizados e sujeitos a regras prudenciais e de conduta previstos na legislação europeia. Os Estados Membros apenas podem prever exceções em condições muito restritas, cujo cumprimento importa acautelar num regime de financiamento colaborativo.

Enquadramento regulatório do financiamento colaborativo de investimento... Eventual aplicação das regras relativas às ofertas públicas de distribuição (p. ex., obrigação de elaboração de prospeto), caso a oferta não se enquadre em nenhuma das exceções previstas no Código dos Valores Mobiliários (p. ex., para ofertas de valor total inferior a 5 M ). Eventual aplicação das regras relativas a ofertas públicas de aquisição e sujeição ao regime das sociedades abertas do CVM necessidade de articulação de um eventual regime especial com estas regras, designadamente deveres de informação (possibilidade de afastamento de certas regras ou adaptação ao financiamento colaborativo de investimento). Eventual exercício de outras atividades reguladas (atividade bancária ou serviços de pagamento) sujeitas à supervisão do Banco de Portugal.

...atende às especificidades do financiamento colaborativo? As regras de conduta, organização e informação gerais previstas no Código dos Valores Mobiliários asseguram mecanismos de proteção dos investidores. Mas estas regras não foram concebidas tendo em conta as especificidades do financiamento colaborativo: Atual elenco e requisitos das entidades autorizadas a exercer atividades de intermediação financeira não contempla especificamente este tipo de operadores; Requisitos prudenciais e de organização interna poderão não ser adequados à dimensão e modelo de negócio; Limitações a uma proteção eficaz dos investidores face às especificidades do financiamento colaborativo [necessidade de ter uma abordagem distinta da baseada na divulgação de informação/avaliação da adequação ao investidor].

Abordagens regulatórias internacionais sobre financiamento colaborativo E.U.A.: O financiamento colaborativo foi colocado na ordem do dia com a aprovação do JOBS Act (abril de 2012), mas concretização do regime depende de definição das regras pela Securities and Exchange Commission (atualmente em consulta pública, iniciada em novembro 2013 - SEC Proposed Rule on Crowdfunding). Europa A maioria dos Estados Membros considera que o financiamento colaborativo de investimento (envolvendo subscrição de valores mobiliários de participação no capital ou outros instrumentos financeiros) é suscetível de configurar exercício de atividades de intermediação financeira (p. ex., Bélgica, Holanda, França, Reino Unido, Alemanha). Comissão Europeia - Consulta pública em curso (até 31 de dezembro) relativamente a regras nacionais aplicáveis, riscos e eventual intervenção da Comissão.

Abordagens regulatórias internacionais sobre financiamento colaborativo Europa (continuação) Mas alguns Estados Membros adotaram (Itália) ou estão a ponderar adotar regras específicas no quadro da legislação financeira para o financiamento colaborativo da natureza financeira: Itália - primeiro Estado Membro da U.E. a adotar um regime específico para o financiamento colaborativo (Legge n. 221, de 17 de dezembro de 2012), tendo a sua concretização sido recentemente completada pela CONSOB (junho de 2013), regulamentando a captação de capital para investimento em start-up inovadoras através de portais online (Delibera n. 18592). França - Projeto de lei apresentado em setembro de 2013 e consulta pública da AMF / Banque de France / Ministério da Economia. Reino Unido - Consulta pública da Financial Conduct Authority (até 19 de dezembro de 2013), que inclui propostas para o financiamento colaborativo de investimento, mas no quadro da prestação de serviços de investimento.

Principais tendências na regulação do financiamento colaborativo de investimento O risco muito elevado de perda do capital investido implica prever: Limites reduzidos ao investimento (por investidor e por projeto); Avaliação do caráter adequado da operação - verificação de que os investidores não qualificados compreendem a natureza e risco do investimento e têm capacidade financeira para suportar a eventual perda do capital investido. A captação de capital junto do público através da Internet implica prever deveres de informação, proporcionais e adequados, sobre o projeto e riscos, que permitam uma decisão informada do investidor; Os riscos de fraude e branqueamento de capitais implicam prever: Controlo da idoneidade da gestão e acionistas dos operadores da plataforma, deveres mínimos de organização autorização / registo de operadores; Proibição de o operador da plataforma deter fundos ou instrumentos financeiros de clientes (intervenção de instituição de crédito ou de pagamento).

Ponderação de um regime específico para o financiamento colaborativo de investimento em Portugal (I) No âmbito das suas atribuições e competências a CMVM tem vindo a acompanhar o desenvolvimento do financiamento colaborativo em Portugal. Foram realizadas diversas reuniões com diversos operadores de plataformas de financiamento colaborativo, de modo a identificar os respetivos modelos de negócio e tendências de evolução. Os projeto reportados assentavam na captação de financiamento através de donativos e recompensas. Preocupações principais: Distinção entre modelos de financiamento colaborativo assentes em doações ou recompensas, e modelos de financiamento colaborativo de natureza financeira (investimento em instrumentos financeiros ou empréstimos), cujas especificidades, riscos e enquadramento regulatório nacional e europeu justificam à partida tratamento autónomo; Clarificação da distinção do financiamento colaborativo de investimento (i.e, que tem como contrapartida instrumentos financeiros), face à modalidade de empréstimos não titulados (sujeita a preocupações particulares e da esfera do BP);

Ponderação de um regime específico para o financiamento colaborativo de investimento em Portugal (II) Necessidade de garantir uma articulação coerente com a legislação nacional (p. ex., ponderação da aplicabilidade das regras do CVM sobre sociedades abertas, obrigação de envio à CMVM de informação financeira anual auditada, ofertas públicas) e legislação europeia (p. ex., enquadramento à luz da DMIF) [A simples remissão para direito subsidiário não parece adequada nem suficiente]; Em particular, é necessário clarificar a figura do intermediário/operador (plataforma), determinando se se trata de empresa de investimento ou figura que se enquadre na exceção prevista no artigo 3º da DMIF com regime próprio adaptado [Itália: Receção e transmissão de ordens pelos operadores, mas execução através de IF]; Garantir um nível de proteção proporcional e adequado dos investidores (p. ex., limites ao valor do investimento por investidor e por projeto; dever de avaliação do caráter adequado da operação); Pe: Obrigação de subscrição de uma percentagem mínima da oferta por investidores qualificados? (Itália) Definição dos deveres de informação dos emitentes / promotores, proporcionais e adequados, que garantam a existência de informação suficiente sobre o projeto, oferta e instrumentos oferecidos (em formato padronizado) [IFI ou Ficha Informativa];

Ponderação de um regime específico para o financiamento colaborativo de investimento em Portugal (III) Concretização dos principais deveres dos operadores de plataformas de financiamento colaborativo de investimento (p. ex., deveres mínimos de conduta, informação e organização), bem como dos requisitos de acesso à atividade (p. ex., idoneidade de gestores do operador da plataforma); Proibição do operador da plataforma receber e deter fundos ou instrumentos de clientes e período de bloqueio de acesso a fundos enquanto sucesso da oferta não esteja apurado; Direito de arrependimento do investidor, a exercer num período de tempo razoável; Necessidade de prever o regime sancionatório aplicável (não parece ser adequado remeter para diploma próprio).

Obrigado.