Treinamento Identificação de espécies de capim-colchão Importância da cultura da cana-de-açúcar Brasil: - maior produtor mundial de cana-de-açúcar - maior produtor e exportador mundial de açúcar e de álcool Safra de 2008/2009 - Foram cultivados 8,37 milhões de hectares, com plano de expansão das áreas em 0,5% para o ano de 2009/2010; - Produção 653,18 milhões de toneladas com estimativa de produção de mais de 660,65 milhões de toneladas de cana-deaçúcar em 2009/2010. (IBGE, 2009) 1
Perfil Sucroalcooleiro no Brasil 60 mil produtores independentes respondem por 25% da colheita e são fornecedores 343 usinas em operação no Brasil > cerca de 65% das unidades são de origem familiar Brasil tem o menor custo de produção de cana, de açúcar e de álcool do mundo A região Centro-Sul responde por 85,3% da produção total e a região Norte/Nordeste responde pelos restantes 14,6% da produção Unidades de produção e volume de cana moída (85,32%) (14,67%) Estudo realizado pela CONAB e MAPA (safra 2007/2008) 2
SP: MAPA DAS USINAS EM ATIVIDADE Importância das plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar Plantas daninhas interferem produção (t/ha) dos colmos industrializáveis qualidade da matéria prima longevidade do canavial (número de cortes) Plantas daninhas aumentam os custos 30% para cana-soca 15 a 25% para cana-planta Lorenzi (1988; 1995) 3
Gênero Digitaria - Inclui cerca de 300 espécies de plantas - 38 espécies de ocorrência no Brasil (26 nativas) - 11 delas são importantes como infestantes no Brasil - São altamente agressivas como infestantes - Relatadas como problema em 60 países - Infestando mais de 30 culturas de importância econômica - No Brasil, constituem problema sério em muitas culturas de primavera e verão Espécies de capim-colchão em cana-de-açúcar Quatro delas são importantes para cultura Digitaria bicornis Digitaria ciliaris Digitaria horizontalis Digitaria nuda 4
Capim-colchão em cana-de-açúcar Plantas daninhas agressivas Anuais reproduzidas por sementes Toleram muito bem seca Boa germinação - 25ºC Diferenciação das espécies difícil a campo Vários fluxos de crescimento durante o verão Plantas de capim-colchão 5
Interferência do capim-colchão em cana-de-açúcar Distribuição Geográfica das espécies de capimcolchão no Brasil D. ciliaris D. nuda D. horizontalis Sem grande importância para a canade-açúcar D. bicornis D. sanguinalis 6
Objetivos almejados no controle de plantas daninhas Evitar perdas devido à interferência; Favorecer a condição de colheita; Evitar o aumento do banco de sementes; Evitar problemas de seleção/tolerância; Evitar a contaminação do meio ambiente População de capim-colchão com suspeita de tolerância aos herbicidas utilizados na cultura da cana-de-açúcar na Usina Costa Pinto localizada em Piracicaba-SP (Dias, et al. 2005). Avaliação % de controle Dose i.a. Tratamentos (DAA) kg ha -1 15 30 60 Ametrina 2,500 99 a 86 a 93 a Diuron 2,400 95 a 68 ab 3 d Tebuthiuron 1,200 99 a 83 a 33 cd Diuron + hexazinone 0,936 + 0,264 89 a 95 a 55 bc Imazapyr 0,175 80 a 35 bc 6 d Isoxaflutole 0,112 80 a 87 a 93 a Metribuzin 1,920 93 a 99 a 97 a Imazapic 0,098 94 a 5 c 0 d Testemunha - 0 b 0 c 0d C.V. 10,7 28,1 40,3 D.M.S (5%) 20,5 41,3 33,1 (1) Escala onde, 0% equivale a nenhum controle, e 100% equivale a controle total, comparados à testemunha sem herbicida. (2) DAA = dias após aplicação dos herbicidas. D.M.S. (5%) = Diferença mínima significativa para comparação entre herbicidas.letras diferentes dentro de cada avaliação (colunas) demonstram diferenças estatísticas significativas pelo teste de Tukey (p<0,05). 7
Manejo do capim-colchão na cultura da cana-de-açúcar Herbicidas que controlam capim - colchão Diuron Diuron + hexazinona Tebuthiuron Imazapic Imazapyr Não controlam a D. nuda Ametryn Metribuzin Isoxaflutole Controlam D. nuda Por que saber identificar corretamente as espécies de capim-colchão? Recomendação de manejo adequado Escolha correta do herbicida a ser utilizado Evitando ou retardando o aparecimento de espécies tolerantes 8
Levantamento das espécies e das infestações Necessário inicialmente um treinamento do pessoal de campo envolvido Áreas testemunhas deixadas no talhão sem aplicação de herbicidas Mapeamento e distribuição das espécies nos talhões Como e onde coletar coletar? -Áreas testemunhas deixadas nos talhões (áreas de 4 linhas da cultura x 10 m) - Áreas que apresentam escapes da planta daninha - Coleta manual no caminhamento aleatório pela área a ser analisada - Coletar 200 panículas a cada talhão de aproximadamente 50 hectares 9
A coleta deve ser realizada evitando - Bordas de talhões, morredores de rua, áreas assoreadas e erodidas, plantas da linha da cultura; - Períodos do dia com maior umidade e os dias de chuva; - O armazenamento das panículas deve ser realizado em sacos de papel para evitar a deterioração das amostras devido à umidade; - Os sacos com as amostras coletadas devem ser identificados com a data de coleta, número do talhão, seção, fazenda e cidade; - As amostras podem ser acondicionadas por até sete dias. 10
CORRETO!!!!!! Como é realizada a identificação Com base nas características morfológicas da espigueta Só é possível com utilização de uma lente de aumento de no mínimo 25 vezes Elemento importante para diferenciação - espigueta: forma de inserção desenho das glumas pilosidade observadas na fase de maturação (algumas iniciando a maturação e outras já maduras). 11
Esquema de uma inflorescência de Digitaria spp. Inflorescência Raque Espigueta Pedicelo Racemo Esquema de uma espigueta de Digitaria ra: raque pd: pedicelo gl I: gluma I l: lodícula pe: pálea estéril g: gineceu gl II: gluma II le: lema estéril e: estame lf: lema fértil pf: pálea fértil 12
Espigueta: vista dorsal (A) e vista ventral (B) (A) Gluma I A A (B) Gluma II B B Diferenciação entre espécies D. bicornis D. ciliaris D. nuda D. horizontalis 13
CHAVE PARA A IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE DIGITARIA CONHECIDAS COMO CAPIM-COLCHÃO 1. Presença de tricomas na ráquis. 2. Gluma I ausente; tricomas ultrapassando o ápice do lema I... D. nuda 2. Gluma I presente; tricomas não ultrapassando o ápice do lema I... D. horizontalis 1. Ausência de tricomas na ráquis. 3. Gluma I ausente... D. nuda 3. Gluma I presente. 4. Indumento diferenciado nas espiguetas, tricomas macios intercalados com tricomas rígidos nas margens... D. bicornis 4. Indumento igual nas espiguetas, somente tricomas macios nas margens. 5. Nervuras lisas no lema I; gluma II ½ até ¾ do comprimento do lema II; lígula 1,5-3mm compr...d. ciliaris 5. Nervuras escabras no lema I; gluma II até ½ do comprimento do lema II; lígula 0,5-1mm comprimento...d. sanguinalis Canto-Dorow, 2005 Digitaria nuda Schumach - Ocorre em regiões tropicais de todos os continentes - Sendo aparentemente mais abundante na África - Essa espécie ocorre em locais de baixa altitude, estéreis, aparentemente preferindo solos arenosos B A (A) Espigueta de D. nuda, com destaque para os tricomas agudos e esbranquiçados. (B) Espigueta de D. nuda, com destaque para a gluma inferior ausente (gluma I ) 14
Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 Digitaria nuda Schumach. Canto-Dorow, 2005 D. nuda 15
Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 D. nuda Digitaria horizontalis Willd. - Planta nativa nas regiões tropicais da América - No Brasil é muito comum, sendo predominante na Região Sudeste - É uma planta anual reproduzida por semente - Aprecia solos férteis, cultivados ou não, sendo pouco agressiva em solos pobres. B (A) Espigueta de D. horizontalis destacando a presença da gluma superior (Gluma II ). A (B) Presença de um longo pêlo branco de base tuberculada junto à base de cada espigueta. 16
Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 Digitaria horizontalis Willd. Canto-Dorow, 2005 D. horizontalis 17
Foto: Dias, A. C. R. Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 D. horizontalis D. horizontalis 18
Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 D. horizontalis Digitaria ciliaris (Retz.) Koel. - Menciona-se que seja originária da ilha de Taiwan - No Brasil é com a D. horizontalis, uma das infestantes mais comuns - Em regiões de umidade elevada e temperatura alta durante todo o ano, pode comportar-se como perene, em função do enraizamento progressivo de colmos - Região Sul do Brasil: planta é anual -Prefere solos bem trabalhados e férteis, mas ocorre também em solos mais compactados e pobres - Agüenta melhor os períodos de calor e seca do que as plantas anuais cultivadas e, nessas condições, domina lavouras (A) espigueta, vista dorsal, com gluma inferior na base; (B) espigueta, vista ventral, com gluma superior A B 19
Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler Canto-Dorow, 2005 D. ciliaris 20
Foto: Dias, A. C. R. Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 D. ciliaris D. ciliaris 21
Foto: Dias, A. C. R. 8/12/2011 D. ciliaris Digitaria bicornis (Lam.) Roem. & Schult. - Planta nativa no continente Americano, ocorrendo ao sul dos Estados Unidos, América central e região Norte do Brasil, onde é a espécie de Digitaria mais freqüente. - É uma planta anual reproduzida por sementes. - Aprecia temperatura elevada e por isso ocorre principalmente em regiões quentes. - A planta assemelha-se ás demais Digitarias, sendo, contudo de porte maior. A Par de espiguetas heteromorfas de D. bicornis, com destaque para as margens bastante pilosas. B (A) Espigueta pedicelada. (B) Espigueta subséssil. 22
Digitaria bicornis (Lam.) Roem. & Schult. Canto-Dorow, 2005 Digitaria bicornis Corte de um racemo de D. bicornis (A) Presença da gluma superior (gluma II) (B) Gluma inferior (gluma I) (C) Par de espiguetas heteromorfas sendo uma subséssil e outra pedicelada 23
D. bicornis D. bicornis 24
D. bicornis Resumo das características morfológicas que diferenciam as espécies do gênero Digitaria Adaptado de Canto-Dorow, 2001 25
Literatura citada CANTO-DOROW, T.S. Digitaria Heister ex Haller. In: WANDERLEY, M.G.L.; SHEPHERD, G.J.; GIULIETTI, A.M. (Ed.) Flora fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: HUCITEC, 2001. p. 143-150. CANTO-DOROW, T.S. O gênero Digitaria Haller (Poaceae - Panicoideae - Poniceae) no Brasil. 2001. 386f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. DIAS, A.C.R., CARVALHO, S.J.P., NICOLAI, M. e CHRISTOFFOLETI, P.J. Problemática da ocorrência de diferentes espécies de capim-colchão (Digitaria spp.) na cultura da canade-açúcar. Planta Daninha, v. 25, p.489-499, 2007. KISSMANN, K.G. Plantas infestantes e nocivas - Tomo I: Plantas inferiores e monocotiledôneas. São Bernardo do Campo: BASF, 1997. 824 p. LORENZI, H. Manual de identificação e de controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2000. 339 p. Obrigada pela atenção! Eng. Agr. M.Sc. Ana Carolina Ribeiro Dias Doutoranda em Fitotecnia - ESALQ-USP Área de Biologia e Manejo de Plantas Daninhas E-mail: anacarolina.r.dias@gmail.com 26