AVALIAÇÕES DAS IMAGENS DE PESQUISA DE CORPO INTEIRO (PCI) OBTIDAS EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO DE RADIOIODOTERAPIA (PRÉ E PÓS-TRATAMENTO)

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International Joint Conference RADIO 2014 Gramado, RS, Brazil, Augustl 26-29, 2014 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA - SBPR AVALIAÇÕES DAS IMAGENS DE PESQUISA DE CORPO INTEIRO (PCI) OBTIDAS EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO DE RADIOIODOTERAPIA (PRÉ E PÓS-TRATAMENTO) Fernanda Karolina Mendonça da Costa¹, Ferdinand de Jesus Lopes Filho¹² 3, José Wilson Vieira¹², Milena Thays Barbosa de Souza¹. ¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, IFPE Campus Recife Av. Prof. Luís Freire, n 500 - Cidade Universitária CEP 50740-540 Recife, PE fernanda.radiologia8@gmail.com milena_thays@hotmail.com ² Escola Politécnica de Pernambuco, EPP-UPE. Rua Benfica, n 455 - Derby CEP 50750-470 Recife, PE jose.wilson59@uol.com.br 3 Centro de Medicina Nuclear de Pernambuco, CEMUPE. Rua do Derby, n 115 - Derby CEP 52010-140 Recife, PE. ferdinand.lopes@oi.com.br ABSTRACT Nuclear medicine is a medical specialty used for diagnosis and therapy of some diseases. For the treatment of differentiated thyroid carcinoma (papillary and follicular) Radioiodine therapy is employed, in order to eliminate the rest of thyroid tissue after removal of the thyroid (thyroidectomy). In Radioidoterapia is used radioisotope iodine-131 (¹³¹I) as Sodium Iodide (NaI). The amount of the activity (dose) of ¹³¹I administered is generally the responsibility of nuclear medicine, which is based on an image Research Length of the patient (pre-dose therapy PCI). PCI is also used after treatment (post-pci therapeutic dose) to evaluate possible metastasis. The purpose of this study was to investigate the distribution of biokinetic ¹³¹I at length and in some organs of the patient, in order to note any similiaridade. Exams PCI pre-dose and post-dose were analyzed, the anterior and posterior projections of ten patients. Contours in these images (ROI - Region Of Interest) were made in the whole body and in areas with high uptake of ¹³¹I The total score was used in the calculation to obtain the percentage distribution of ¹³¹I in the organs of the patient. The results showed that there similiaridade on the biodistribution of ¹³¹I PCI between pre-dose and post-dose PCI. Therefore, it was found that it is valuable images of PCI pre-dose therapy as a way to assist the nuclear medicine physician in choosing the best activity to be administered to the patient in order to minimize the dose to adjacent organs.

1. INTRODUÇÃO Medicina Nuclear é uma especialidade médica que utiliza fontes não seladas de radionuclídeos com finalidade diagnóstica e/ou terapêutica. A Cintilografia é um método de diagnóstico que utiliza substâncias radioativas e um aparelho capaz de detectar sua presença nos diferentes órgãos do corpo humano. As imagens cintilográficas são obtidas após administração (via oral, inalação ou intravenosa) de um radionuclídeo ou radiofármaco, uma combinação química entre radionuclídeos e fármacos, no paciente. O equipamento usado para detectar e localizar a origem espacial e temporal de raios gama emitidos pelo radiofármaco presente no paciente é conhecido como Gama-câmara ou Câmara de Cintilação. A Radioiodoterapia ou Iodoterapia é o método terapêutico utilizado no tratamento de doenças benignas (Graves e Plummer) e/ou malignas (Carcinoma diferenciado) da tireoide. Nos casos de Carcinomas diferenciados da tireoide (Papilar e Folicular), a radioiodoterapia possui a finalidade de eliminar resto de tecido tireoidiano, reduzindo a recorrência tumoral e aumento da sobrevida [LOPES FILHO, 2007]. Este tratamento é empregado após a Tireoidectomia, que é a retirada total da tireoide. Nesta terapia, os pacientes tirectomizados são submetidos à ingestão de iodeto de sódio (Na¹³¹I), radionuclídeo que reage fisiologicamente com restos de tecido tireoideano, metástases e outros órgãos e tecidos do corpo humano. A administração de atividade de Iodo-131 (¹³¹I) varia de 1850 a 11100 MBq (50 a 300 mci). Estes valores variam de acordo com o protocolo de cada serviço e com a solicitação médica. O exame cintilográfico de Pesquisa de Corpo Inteiro (PCI) é realizado com o intuito de avaliar a presença de tecido iodo-concentrante remanescente e possível acometimento de outros órgãos. A PCI também possui o objetivo de auxiliar na escolha da atividade a ser administrada nos pacientes que serão submetidos à radioiodoterapia (PCI pré-dose). Nesta avaliação inicial, PCI pré-dose, o ¹³¹I é administrado via oral, com atividade de 111 a 185 MBq (3 a 5 mci), sendo realizadas imagens da região cervical e de corpo inteiro após 48 horas. A PCI também é empregada na avaliação após dose terapêutica do ¹³¹I (PCI pós-dose), sendo em geral realizada 48 horas após o tratamento para evidenciar possíveis sítios metastáticos antes não detectados. Nesta avaliação final, PCI pós-dose, a atividade administrada é a utilizada no tratamento de radioiodoterapia. As distribuições biocinéticas do ¹³¹I nas imagens de pré e pós-dose são similares [LOPES FILHO, 2007]. Este projeto tem por finalidade analisar as imagens de PCI obtidas em pacientes submetidos ao tratamento de Radioiodoterapia (pré e pós-tratamento), a fim de fornecer uma RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

análise estatística das imagens resultando na biodistribuição do Iodo-131 no corpo inteiro e nos órgãos adjacentes. Espera-se que com esta análise, a mesma contribua para a avaliação da dosimetria destes pacientes, apenas observando os seus exames de PCI pré-dose. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Medicina Nuclear É a modalidade médica diagnóstica em que fontes radioativas não seladas, associadas a substâncias químicas específicas, são introduzidas no corpo do paciente (por ingestão, inalação ou injeção) e rastreadas por um conjunto de detectores externos ao corpo do paciente. Essas fontes radioativas (emissoras de raios gama ou de pósitrons) produzem fótons com energias suficientes para atravessar o corpo do paciente e chegar ao detector e têm meias-vidas física e biológica curtas para serem eliminadas do corpo pouco tempo depois do exame [OKUNO & YOSHIMURA, 2010]. Para o diagnóstico, o princípio consiste em associar os radionuclídeos a uma variedade de combinações químicas, os fármacos. Estas combinações químicas, preparadas de forma satisfatória para uso humano, são conhecidas como radiofármacos. A maioria dos radiofármacos usados em um serviço de medicina nuclear é produzido utilizando o Tecnécio ( 99m Tc), que é obtido através do gerador de 99 Mo/ 99m Tc (Molibdênio/Tecnécio) que produz o 99m Tc na forma de Pertecnetato do Sódio (Na 99m TcO 4 ). Este radionuclídeo, associado a um determinado fármaco, produz um radiofármaco específico [LOPES FILHO, 2007]. O termo radionuclídeo refere-se apenas ao átomo radioativo. Quando um radionuclídeo se combina com uma molécula química e têm propriedades de localização desejadas isto é referido como um radioquímico. O termo radiofármaco é reservado para matérias radioativos que preenchem os requisitos para serem administrados a pacientes [HARVEY & THRALL, 1995]. A Gama-câmara ou Câmara de Cintilação é o equipamento utilizado para detectar e localizar a origem espacial e temporal de raios gama emitidos pelo radiofármaco presente no paciente. É um detector sólido de cristais de iodeto de sódio ativado com tálio (NaI[Tl]) que, ao interagir com a radiação emitida pelos radiofármacos, produz fótons de luz que serão captados e processados no computador, gerando assim uma imagem. É o detector preferido na medicina nuclear por ser sensível à detecção das radiações gama, ter alta densidade (3,67 g/cm³), alto número atômico do iodo (Z = 53), ser oticamente transparente, com poder de frear a radiação para sistemas de imagem com fóton único, isto é, de 70 a 365 kev de energia Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

gama. Uma desvantagem do cristal de iodeto de sódio é a sua fragilidade e sua natureza altamente higroscópica, necessitando ser hermeticamente selado (por invólucro de alumínio). A temperatura onde estiver o cristal não deve sofrer mudanças bruscas, pois podem causar fraturas no cristal. Existe também a modalidade medicina nuclear terapêutica, para o tratamento de tumores de tireoide. Nesta modalidade, é utilizado o radionuclídeo ¹³¹I, na forma de iodeto de sódio, por ser esse isótopo beta-emissor fortemente captado pela glândula tireoide [OKUNO & YOSHIMURA, 2010]. 2.1.1 Iodo-131 O iodo-131 é um radionuclídeo com meia vida física longa (8,06 dias), emissor de radiação gama (364 kev), resultando em imagens de baixa resolução, sendo mais utilizado para exames tardios (24, 28 e 72 horas após administração) e emissor de radiação beta (606 kev), promovendo maior dose de radiação ao paciente, sendo utilizado para o tratamento de hipertireoidismo (Graves e Plummer) e carcinomas diferenciados da tireoide (Papilar e Folicular). O iodo dentro da glândula é incorporado ao hormônio tireoideano (organificação) e é subsequentemente ligado a tireoglobulina [HARVEY, 1995]. O iodo radioativo após a administração oral é rapidamente absorvido no trato gastrointestinal, podendo ser eliminado pelas fezes e pela urina (via renal). 2.1.2 Tireoide A glândula tireoide completamente desenvolvida está entre os maiores órgãos endócrinos do corpo. Está localizada anteriormente á parte superior da traqueia, próximo á junção com a laringe. A glândula tireoide secreta três hormônios, dois deles estão relacionados com a regulação da taxa de metabolismo nas células do corpo e o outro regula o nível de cálcio e fosfato no sangue, são eles a tiroxina ou T4, triiodotironina ou T3 e a calcitonina [SPENCE, 1991]. 2.1.2.1 Carcinomas diferenciados da tireoide É a modalidade de câncer da tireoide que apresenta células, embora malignas, com capacidade funcional próxima de uma célula benigna. Em outras palavras, os carcinomas diferenciados da tireoide podem captar o iodeto, introduzi-lo em uma matriz protéica chamada tireoglobulina, e até sintetizar hormônios T3 (Tironina possui 3 átomos de iodo na RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

sua molécula) e T4 (Levotiroxina possui 4 átomos de iodo na sua molécula). Em suma, câncer diferenciado da tireoide refere-se ao caso em que as células são funcional e morfologicamente próximas a células normais da tireoide (MEDEIROS, 2005). A incidência do sexo feminino é 2 a 4 vezes maior que no sexo masculino (onde é mais agressivo) para uma média de idade de 45 a 50 anos e na raça branca 3 a 4 vezes maior que na raça negra (STAMFORD, 1997). Os carcinomas diferenciados da tireoide são o carcinoma papilar, o carcinoma folicular e o carcinoma de células de Hütller. O carcinoma papilar é o mais comum, 60 a 80% dos casos crescem lentamente e a descoberta do tumor ocorre durante o exame físico do paciente (nódulo tireoideano assintomático). O prognóstico desta patologia é ótimo enquanto o tumor estiver confinado ao pescoço e tanto o tratamento como o acompanhamento forem apropriados. Mesmo na presença de metástases, a sobrevida é longa, mas é reduzida nos casos de invasão óssea, cerebral ou pulmonar difusa. Os tumores com maiores dimensões apresentam pior prognóstico. Aproximadamente 10% dos carcinomas papilares apresentam uma cápsula bem definida, fator de bom prognóstico. Em tais tumores, o tamanho tumoral não influi no prognóstico, enquanto a cápsula se mantiver intacta [STAMFORD, 1997]. O carcinoma folicular corresponde entre 15 a 25% de toda a neoplasia da tireoide, apresenta um prognóstico pior quando comparado com o carcinoma papilar, pois ocorre no grupo etário mais idoso, sendo maior a presença de metástases, bem como a incidência de mortalidade. A maioria dos carcinomas foliculares é encapsulada e mesmo quando existe invasão mínima o prognóstico é mais favorável [STAMFORD, 1997]. 2.1.2.2 Tratamento O tratamento primário do câncer da tireoide é cirúrgico, que pode ser uma tireoidectomia total ou parcial. Após a tireoidectomia, o tratamento convencional através da radiação ionizante é baseado na sensibilidade seletiva do tecido tumoral quando comparada com o tecido normal [LIMA, 2002]. A complementação terapêutica com o iodo radioativo deve ser sempre utilizada em pacientes com carcinomas bem diferenciados, considerados de alto risco e submetidos à tireoidectomia total [INCA, 2013]. Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

2.1.2.3 Radioiodoterapia Tratamento com Iodo-131, na forma de iodeto de sódio, utilizado no hipertireoidismo (Graves e Plummer) e no carcinoma diferenciado (Papilar e Folicular) da tireoide. O hipertireoidismo é o aumento da produção dos hormônios tireoideanos. O objetivo da radioiodoterapia é causar o eutireoidismo (normalização dos hormônios tireoideanos) ou o hipotireoidismo (diminuição dos hormônios tireoideanos). No carcinoma diferenciado da tireoide, o objetivo da radioiodoterapia é a ablação dos restos de tecido tireoideano. A administração de atividade de Iodo-131 (¹³¹I) varia de 1850 a 11100 MBq (50 a 300 mci). Estes valores variam de acordo com o protocolo de cada serviço e com a solicitação médica. Neste tratamento, os pacientes são preparados previamente com dieta pobre de iodo e suspensão dos hormônios tireoideanos. É utilizado o estímulo endógeno do TSH (hormônio tireoestimulante) ou exógeno (uso do TSH recombinante humano), para otimizar a concentração celular do iodo. Em geral, níveis séricos acima de 30 mu/l de TSH são considerados satisfatórios para a realização do tratamento. Pacientes com doses administradas cuja atividade seja superior a 1850 MBq (50 mci) de iodeto-131 devem ser internados em quartos com sanitário privativo, destinados para esta finalidade. No caso de 2 (dois) pacientes no quarto terapêutico é obrigatório o uso de barreira protetora entre os leitos (biombo blindado) [CNEN-NE-3.05, 1996]. O paciente pode ser liberado quando a atividade presente de iodeto-131 for igual ou inferior 1850 MBq (50 mci) [CNEN-NE-3.05, 1996]. 2.1.3 Pesquisa de Corpo Inteiro PCI Após o preparo adequado do paciente (suspensão de hormônios tireoideanos, isto é, uma dieta pobre em iodo), uma varredura de corpo inteiro com ¹³¹I (varredura pré-dose) deve ser obtida para avaliar a presença de restos de tecido tireoideano ou metástases funcionantes e a captação cervical, parâmetros que ajudam a definir a atividade a ser administrada no tratamento [STAMFORD, 1997]. Nesta avaliação inicial, PCI pré-dose, o ¹³¹I é administrado via oral, com atividade de 111 a 185 MBq (3 a 5 mci), sendo realizadas imagens da região cervical e de corpo inteiro após 48 horas. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

A PCI também é empregada na avaliação após dose terapêutica do ¹³¹I (PCI pósdose), sendo em geral realizada 48 horas após o tratamento para evidenciar possíveis sítios metastáticos antes não detectados. Nesta avaliação final, PCI pós-dose, a atividade administrada é a utilizada no tratamento de radioiodoterapia. A biodistribuição normal inclui: glândulas salivares, nasofaringe, cavidade oral, esôfago, estômago, mamas, trato urinário (via excreção), intestino, fígado (devido ao metabolismo dos hormônios tireoideanos, mais viabilizado na PCI pós-dose terapêutica) [HIRONOKA, SAPIENZA,ONO, LIMA & BUCHPIGUEL, 2012]. O vínculo entre o diagnóstico e o tratamento consiste em assumir que as distribuições biocinéticas do ¹³¹I nas imagens de pré e pós-dose são similares. É baseado nesta similaridade que, na prática, o médico prescreve a atividade administrada do tratamento [LOPES FILHO, 2007]. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Análise das imagens Foram analisados os exames de PCI pré-dose (Figura 1) e pós-dose (Figura 2), nas projeções anteriores e posteriores. Figura 1: Exame de PCI pré-dose terapêutica. Imagem cedida pelo CEMUPE. Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

Figura 2: Exame de PCI pós-dose terapêutica. Imagem cedida pelo CEMUPE. Nestas imagens foram feitos contornos (ROI - Region Of Interest) no corpo inteiro e nas áreas mais quentes (hipercaptação do ¹³¹I) (Figura 3), fornecendo assim, o número de pixels, a contagem total e a contagem média de cada área analisada (Figura 4). Os ROIs das imagens de PCI pré-dose foram utilizados nas imagens de PCI pósdose, pois o programa permite a gravação dos ROIs para posterior utilização. Figura 3: Construção de ROIs no corpo inteiro e em áreas quentes como, restos de tecido tireoideano, alça intestinal e bexiga. Imagem cedida pelo CEMUPE. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

Figura 3: Dados fornecidos a partir de ROI do corpo inteiro. Imagem cedida pelo CEMUPE. As imagens mostradas acima foram adquiridas com o equipamento de Medicina Nuclear (Gama-câmara) de duas cabeças, modelo Forte 0165, N de registro F02050266, fabricado pela PHILIPS (Figura 5), e processadas pelo computador Pegasys (Vextex) V.3.4. Figura 4: Equipamento de Medicina nuclear (Gama-câmara) de duas cabeças. Imagem cedida pelo CEMUPE. Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

Foi elaborado um prontuário (Tabela 1) onde foram coletadas as informações a cerca do paciente, do exame de PCI e do tratamento de Radioiodoterapia. Nome: Tabela 1: Prontuário dos pacientes. Prontuário do paciente Idade: Altura: Peso: Sexo: F M Tireoidectomia: Total Parcial Doença: Varredura Pré-dose Terapêutica Data: / / Hora: : Atividade administrada: MBq / mci Máquina utilizada: Velocidade de varredura: Matriz: Áreas analisadas N de Pixels ANT/POST Kcont total ANT/POST Kcont média ANT/POST 1. 2. 3. 4. 5. Radioiodoterapia Atividade administrada: MBq/ mci Data: / / Hora: : Varredura Pós-dose Terapêutica Data: / / Hora: : Máquina utilizada: Velocidade de varredura: Matriz: Áreas analisadas N de Pixels ANT/POST Kcont total ANT/POST Kcont média ANT/POST 1. 2. 3. 4. 5. LEGENDA: Ant: Anterior. Post: Posteior. Kcont: Taxa de contagem. 3.1.2 Porcentagem da distribuição biocinética do Iodo-131 As análises estatísticas das imagens foram feitas a partir dos dados coletados, ou seja, dos valores de contagem obtidos em cada área analisada e da atividade de ¹³¹I administrada no paciente. Para o cálculo, foram utilizados os valores de contagem total do corpo inteiro correlacionados com os valores de contagem total dos órgãos hipercaptantes, nas projeções anteriores e posteriores. Exemplo, na figura 4 o valor de contagem total do corpo inteiro foi de 43862, o que equivale a 100% da dose administrada. Utilizando esta relação, obtemos a RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

porcentagem de distribuição do Iodo-131 nos órgãos hipercaptantes. Após o resultado, foi feita a média aritmética das projeções anteriores e posteriores. Os cálculos foram realizados utilizando as imagens de PCI pré-dose e pós-dose para posterior comparação dos valores obtidos. 4. RESULTADOS A tabela 2 apresenta os resultados obtidos na análise realizada com dez pacientes, sendo nove mulheres e um homem, com idades que variam de 23 à 59 anos. As atividades administradas nos pacientes na PCI pré-dose foram de 3,5 mci (8 pacientes) e 4,5 mci (2 pacientes) e na PCI pós-dose foram de 100 mci (6 pacientes) e 150 mci (4 pacientes). Paciente Atividade (mci) Pré e pós-dose Tabela 2 Porcentagem de distribuição biocinética do Iodo-131 Glândulas salivares (%) Pré e pós-dose RT Tireoideano (%) Pré e pós-dose Alça intestinal (%) Pré e pós-dose Bexiga (%) Pré e pós-dose 1. A. M. S 3,5 / 150-11,95 / 10,42 2,37 / 6,66 1,05 / 0,86 2. A. N. S 3,5/ 100-4,16 / 5,33 - - 3. C. M. S 3,5 / 100-5,43 / 4,2-1,71 / 1,98 4. D. A. L 4,5 / 100-8,6 / 5,27 2,37 / 2,22 1,11 / 1,74 5. M. M. F. C 3,5 / 150-1,49 / 2,01 4,55 / 4,43 2,4 / 2,08 6. M. C. P. S. 3,5 / 100 2,14 / 4,39 0,51 / 0,64 5,93 / 3,24 1,02 / 0,78 S 7. M. M. M. M 4,5 / 150 1,15 / 2,11-0,34 / 5,25 0,89 / 1,56 8. M. L. S. P 3,5 / 100-0,89 / 2,07 6,41 / 4,86 1,13 / 1,07 9. M. E. S 3,5 / 100-4,48 / 16,2-1,34 / 1,04 10. R. L. S. B 3,5/ 150-2,75/ 1,25 7,14 / 11,63-4.1 Similiaridade entre a PCI pré-dose e a PCI pós-dose Os órgãos hipercaptantes mais visualizados nas imagens foram as glândulas salivares (2 pacientes), resto de tecido tireoideano (9 pacientes), alça intestinal (7 pacientes) e bexiga (8 pacientes). Em 2 pacientes, a porcentagem de distribuição do iodo-131 nas glândulas salivares foram similares na PCI pré-dose e pós-dose, com uma diferença que não ultrapassou 3%. Nos restos de tecido tireoideano verificou-se similiaridade, com uma Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.

diferença que não ultrapassou 3%, exceto em um paciente, onde a diferença entre os valores pré e pós-dose atingiu 12% aproximadamente. Nos restos de tecido tireoideano notou-se que, em quatro pacientes, houve um decréscimo nos valores pós-dose, este fato se dá a boa resposta ao tratamento, pois com a radioiodoterapia, a função da glândula tireoide tende a diminuir gradativamente. Nos órgãos de eliminação do iodo-131 a diferença entre a PCI pré e pós-dose não ultrapassou 5% nas alças intestinais, e na bexiga a diferença não ultrapassou 1%. Neste caso, os valores da PCI pré e pós-dose dependem da boa eliminação do iodo-131, portanto o paciente deve ser orientado a hidratar-se e alimentar-se bem para uma boa eliminação do material radioativo. 5. CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que há similiaridade na distribuição biocinética do ¹³¹I entre a PCI pré-dose e a PCI pós-dose com pequenas diferenças entre os valores. Porém, há necessidade de uma maior coleta de dados, visto que, o estudo foi realizado com apenas dez paciente, resultado da dificuldade que houve na realização dos exames, pois a maioria dos médicos prescrevem a atividade a ser administrada no paciente sem contar com as imagens de PCI pré-dose, o que com o estudo, verificou-se ser de grande importância para a prescrição da correta atividade a ser administrada no paciente. Espera-se que os valores da porcentagem da distribuição biocinética do iodo-131 sejam utilizados para a obtenção da dosimetria nos órgãos dos pacientes. Portanto, é de grande valia a solicitação das imagens de PCI pré-dose terapêutica como forma de auxiliar o médico nuclear, através de uma análise quantitativa e qualitativa, na escolha da melhor atividade a ser administrada no paciente, visando minimizar a dose nos órgãos adjacentes. AGRADECIMENTOS Primeiramente a DEUS, por me dar forças para nunca desistir. Ao professor Ferdinand de Jesus Lopes Filho, que com o papel de orientador, guioume em toda a fase de pesquisa, com também na fase prática do projeto. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.

REFERÊNCIAS 1. LOPES FILHO, F. J., Avaliações Dosimétricas em Pacientes Submetidos à Radioiodoterapia com Base em Fantomas de Voxels e em Imagens de Medicina Nuclear, Tese de Doutorado, DEN-UFPE, Recife-PE, Brasil, 2007. 2. LIMA, F. F., Otimização da Dose Terapêutica com ¹³¹I para Carcinoma Diferenciado da Tireoide, Tese de doutorado. DEN-UFPE, Recife-PE, Brasil, 2002. 3. MEDEIROS, G., Tudo o Que Você Gostaria de Saber Sobre Câncer de Tireóide. Sambureau & Publicidade São Paulo-SP, Brasil, 2005. 4. STAMFORD, J. W. P., Boletim Médico de Medicina Nuclear 10, Latin-MED Sistemas Médicos Ltda. Piracicaba SP, Brasil, 1997. 5. CNEN-NE-3.05, Requisito de Radioproteção e Segurança para Serviços de Medicina Nuclear, COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR, Abril de 1996. 6. HARVEY, A.Z. & THRALL, J.H. (1995), Nuclear Medicine: The requisites. USA, Mosby Year book, Inc., 407p. 7. HIRONAKA, F.H., SAPIENZA, M.T., ONO, C.R., LIMA, M.S. & BUCHPIGUEL, C.A, Medicina Nuclear: Princípios e Aplicações. Atheneu São Paulo, SP, Brasil, 2012. 1062p 8. OKUNO, E. & YOSHIMURA, E.M., Física das Radiações. Oficina de Textos São Paulo-SP, Brasil, 2010. 296p. 9. SPENCE, A.P., Anatomia básica. Manole São Paulo-SP, Brasil, 1991. 660p 10. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Disponível em: htpp://www.inca.gov.br/conteúdo_view.asp?id=2187. Acesso em: 27 de Novembro, 2013. Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.