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Transcrição:

1 Teste de toxicidade (para uma melhor compreensão é sugerida a consulta dos parâmetros de stress no Capítulo VIII) a) Colocar num recipiente, um pouco de substrato; b) Regar e arejar de modo a evitar a presença de possíveis substâncias tóxicas devido aos processos de fermentação; c) Colocar 20 minhocas sobre o substrato sendo conveniente realizar esta operação com a presença de luz natural ou artificial de modo a que as minhocas penetrem naturalmente; d) Aguardar 24 horas; e) Se não forem detectados sintomas de stress o substrato encontra-se em condições de ser decomposto; f) Se as minhocas tentarem a fuga (uma das consequências da ocorrência de stress) do recipiente ou se se verificarem mortes, o substrato não apresenta as condições adequadas ao processo; g) Aguardar outras 24 horas em caso de resultados inconclusivos. O Quadro 53 indica a quantidade de minhocas a colocar num vermicompostor horizontal para início do processo numa extrapolação para 1 kg m -2 de minhocas e utilizando uma densidade por minhoca de 1 100 kg m -3. Quadro 53 Quantidade de minhocas a colocar num vermicompostor doméstico horizontal de acordo com a área superficial de substrato. Área superficial (m 2 ) N.º minhocas aprox. Volume (L) Massa (kg) 0,125 222 0,11 0,12 0,25 454 0,23 0,24 0,50 909 0,45 0,50 1,0 1 818 0,91 1,0 249

1.6. Manutenção 1.6.1. Colocação de substrato A manutenção deverá ser realizada, periodicamente, sempre que necessário. Após dez a quinze dias, deverão ser adicionados substratos ao vermicompostor três a quatro vezes por mês, posteriormente, ou quando for visível grande acumulação de vermicast. O Quadro 54 indica a frequência aproximada de colocação de substratos no vermicompostor para uma quantidade de minhocas aproximada de 0,37 kg (aproximadamente 670 minhocas no estado adulto) adicionadas inicialmente (processo explicativo no Capítulo VIII). Quadro 54 Guia para colocação de substratos na unidade. Quantidade substrato inicial (kg) 3,8 Frequência de colocação Quantidade substrato adicionado aprox. (kg) Diariamente 0,18 2x por semana 0,47 Semanalmente 0,95 Vinte dias 3,8 a) Afastar um pouco a cama das minhocas e espalhar uniformemente o substrato; b) Cobrir novamente com a cama. 250

1.6.2. Arejamento Periodicamente poderá ser necessário a abertura da tampa ou o afastamento da cobertura de materiais secos ou rede sombra. Este facto ocorre quando se notar excesso de humidade no substrato ou a presença de maus odores (ver secção Resolução de problemas). a) Revolver cuidadosamente o material com um ancinho tendo o cuidado de não misturar o vermicast produzido com o substrato por decompor. 251

1.6.3. Lixiviados Periodicamente, os lixiviados deverão ser drenados para uma secção colocada sob o vermicompostor, evitando-se o excesso de humidade e situações de anaerobiose. O lixiviado poderá ser novamente incorporado no substrato através de rega. A maioria dos sistemas de vermicompostagem horizontal doméstica não possui este tipo de solução pelo que é aconselhável evitar a formação de lixiviados através da realização de rega controlada, efectuando esta apenas quando necessário. a) Recolher, periodicamente, o lixiviado drenado para a secção localizada sob o vermicompostor (este processo é realizado naturalmente). 252

1.6.4. Cobertura do substrato Deverá ser adicionado papel e cartão ou outro material rico em carbono, sempre que seja necessário manter os substratos cobertos ou os teores em humidade adequados ou, ainda, evitar o aparecimento de moscas e outros insectos devido ao excesso de humidade ou de materiais ricos em azoto. 253

1.6.5. Rega A rega deverá ser efectuada sempre que a percentagem de humidade no substrato for inferior a 70%. De qualquer forma, poderão ocorrer variações de humidade em diferentes zonas do substrato, fruto essencialmente da sua incorrecta ou não preparação. Para melhor compreensão aconselha-se a leitura do Capítulo VI (Monitorização e manutenção avançada). 254

1.7. Separação das minhocas do vermicomposto 1.7.1. Método da migração ou separação natural O método da separação natural é de todos o que representa a maior duração uma vez que a intervenção humana é escassa. As borras de café estabilizadas deverão ter sido submetidas a um processo de decomposição aeróbio prévio, bem como a um wash-out permitindo a remoção do excesso de nutrientes existente. a) Arrastar o conteúdo do vermicompostor para um dos lados; b) Na zona que ficou vazia, colocar uma nova cama e adicionar substrato ou borras de café estabilizadas apenas a esse lado; c) Ao fim de uma a duas semanas as minhocas acabarão por migrar naturalmente em resultado da presença de novo substrato ou borras de café para decomposição. 255

1.7.2. Método do balde. a) Colocar todo o conteúdo do vermicompostor num balde ou outro recipiente; b) Adicionar água até à altura do conteúdo do balde; c) Coar o conteúdo para outro recipiente, utilizando para o efeito um coador ou em alternativa filtrar utilizando papel de filtro; d) Guardar o extracto de vermicomposto em garrafas de plástico; e) As minhocas, a cama e o substrato remanescente deverão ser de novo colocados no vermicompostor. Informações importantes: - Para a realização do método do balde, é necessário que todo o vermicast se encontre maturo em vermicomposto de modo a serem inviabilizadas situações de anaerobiose aquando da formulação do extracto de vermicomposto; - Não exceder a colocação das minhocas no balde com água mais do que cinco minutos; - Este método não produz chá de vermicomposto, mas extracto de vermicomposto. 256

1.7.3. Método da luminosidade a) Fazer pequenas pilhas de vermicomposto; b) Incidir luz natural ou artificial intensa sobre a pilha durante alguns minutos; c) Após sentirem a forte luminosidade, as minhocas irão mover-se para o interior da pilha. A zona superficial irá ficar sem a presença de minhocas; d) Retirar a zona superficial de vermicomposto e armazenar; e) Repetir o processo até que apenas exista um pequeno aglomerado central (em novelo) de minhocas; f ) Colocar novamente as minhocas no vermicompostor; g) Adicionar nova cama e substrato. 257