ANÁLISE DO DESGASTE NO PROCESSO DE DESBASTE DO AÇO ABNT 1045

Documentos relacionados
Torneamento de aço endurecido com superfícies interrompidas usando ferramentas de CBN

ANÁLISE DO DESGASTE EM FERRAMENTAS DE AÇO-RÁPIDO NO FRESAMENTO DE TOPO COM APLICAÇÃO DE MÍNIMAS QUANTIDADES DE FLUIDO

Processos Mecânicos de Fabricação. Conceitos introdutórios sobre usinagem dos metais

SEM534 Processos de Fabricação Mecânica. Aula: Materiais e Vida da Ferramenta

DETERIORAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE CORTE REF.: ISO Tool life testing in milling

Modelagem de informações e conhecimentos para o processo de usinagem

EM535 USINAGEM DOS MATERIAIS 1 O. SEMESTRE DE Teste 2

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NO DESEMPENHO DA CERÂMICA NÃO-ÓXIDA SI 3 N 4 NO FRESAMENTO FRONTAL DE FERRO FUNDIDO CINZENTO

DESGASTE DE BROCAS DE AÇO-RÁPIDO NA FURAÇÃO SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DE FLUIDOS LUBRI- REFRIGERANTES

ANÁLISE DO DESGASTE EM FERRAMENTAS DE METAL-DURO NA FURAÇÃO DO AÇO AISI P20

Palavras-chave: Minimização de fluido de corte, Furação, Brocas helicoidais.

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007 FURAÇÃO COM REDUÇÃO DA QUANTIDADE DE FLUIDO DE CORTE

A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS CERÂMICAS E PCBN NO TORNEAMENTO DE PEÇAS ENDURECIDAS

FURAÇÃO DE FERRO FUNDIDO CINZENTO COM BROCAS DE METAL DURO INTEGRAL

TOOLS NEWS B228Z. Fresas de topo de cerâmica CERAMIC. Alta produtividade na usinagem de ligas resistentes ao calor à base de níquel.

Desgaste e vida da ferramenta de corte

TECNOLOGIA DE CONTROLE NUMÉRICO DESGASTE DE FERRAMENTAS

APLICAÇÃO DE DOIS FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS NO PROCESSO DE FURAÇÃO EM FERRO FUNDIDO CINZENTO

Departamento de Engenharia Mecânica Graduação em Engenharia Aeronáutica

ASPECTOS ECONÔMICOS NA FURAÇÃO DE FERRO FUNDIDO CINZENTO GG25

TECNOLOGIA DE CONTROLE NUMÉRICO GEOMETRIA DA FERRAMENTA

Relação equilibrada entre processos de usinagem com fluidos de corte e meio ambiente

ANÁLISE QUALITATIVA PARA O ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA VIBRAÇÃO NO DESGASTE DA FERRAMENTA DE CORTE EM UM PROCESSO DE FRESAMENTO FRONTAL

Processos de Usinagem. Aula Forças, pressão específica e potência de corte -

Teoria e Prática da Usinagem

AVALIAÇÃO DA REFRIGERAÇÃO CRIOGÊNICA NA USINAGEM CNC DO AÇO INOXIDÁVEL MARTENSÍTICO AISI 440C

ESTUDO DO DESGASTE EM FERRAMENTA DE METAL DURO NO TORNEAMENTO DOS AÇOS ABNT 1045, 4140 E 4340.

ENG Processos Discretos de Produção. Movimentos e parâmetros de corte. Heraldo Amorim

TECNOLOGIA DE CONTROLE NUMÉRICO FUNDAMENTOS DA USINAGEM: FORMAÇÃO DE CAVACOS, TIPOS E FORMAS DE CAVACOS

ESTUDO COMPARATIVO COM DIFERENTES FLUIDOS DE CORTE NO TORNEAMENTO COM METAL DURO REVESTIDO COM TIN

Formação e gestão inovadoras na era da transformação digital: abrangência, significados e relações.

DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DE TAYLOR EXPANDIDA ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE DIMENSIONAL E DE OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS

Tipos de Ferramentas

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

Previsão de forças e desgaste no fresamento frontal de ferro fundido cinzento com cerâmica não-óxida a partir de dados obtidos no torneamento

Insertos Econômicos com 8 Arestas de Corte. Reduz o Custo no Desbaste de Canto

ANÁLISE DO SINAL DE ÁUDIO NO FRESAMENTO DE DESBASTE DE MOLDES PARA INJEÇÃO DE PLÁSTICO

ESTUDO DE TRATAMENTO TÉRMICO DE PINO J*

EFEITOS DO TRATAMENTO CRIOGÊNICO DE 24 E 36 HORAS EM AÇOS D2 E D6

EFEITOS DO FLUIDO DE CORTE NO ACABAMENTO SUPERFICIAL DE PEÇAS USINADAS POR PROCESSOS CONVENCIONAIS

Mecanismo de Formação: O cavaco é formado continuamente, devido a ductilidade do material e a alta velocidade de corte;

Soluções em fresamento

ANÁLISE DA USINABILIDADE DOS AÇOS INOXIDÁVEIS ABNT 304 E ABNT 420 DURANTE O PROCESSO DE TORNEAMENTO

Efeito de diferentes condições de aplicação de. fluídos lubri-refrigerantes no desgaste de

ANÁLISE EXPERIMENTAL E TEÓRICA DO PROCESSO DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA DE TREFILAÇÃO 1. Evandro Bertoldi 2.

INVESTIGAÇÃO DA USINABILIDADE DE AÇOS E LIGAS NÃO-FERROSAS.

O PROCESSO DE FURAÇÃO DIANTE DAS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE USINAGEM

MAIS QUE PRODUTOS. PRODUTIVIDADE.

DESGASTE EM BROCAS DE METAL-DURO QUANDO NA FURAÇÃO DA LIGA DE TITÂNIO TI6AL4V

Os insertos desgastam quando o avanço é muito baixo, esfregando na peça ao invés de cortar

Concurso Público para Cargos Técnico-Administrativos em Educação UNIFEI 30/08/2009

ESTUDO DOS PARÂMETROS DE USINAGEM E SELEÇÃO DE FERRAMENTA NO TORNEAMENTO CNC DO AÇO SAE 4140 EM CONDIÇÕES REAIS DE PRODUÇÃO

ESTUDO DO CONTATO FERRAMENTA PEÇA NO PROCESSO DE FRESAMENTO EM GEOMETRIAS COMPLEXAS COM FERRAMENTA DE PONTA ESFÉRICA

RELAÇÕES ENTRE PARÂMETROS DE CORTE E ACABAMENTO SUPERFICIAL NA LIGA DE ALUMINIO 7050

MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA Projeto e Fabricação

ANÁLISE DO DESGASTE DE FERRAMENTAS DE CORTE ATRAVÉS DE TRATAMENTO DE IMAGENS

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE CORTE DA FURAÇÃO DO FERRO FUNDIDO FE 45012

Influência das Condições de Corte na Usinagem Interna e Externa de Geometrias 2 ½ D

Impulsione sua economia de produção

INFLUÊNCIA DA AFIAÇÃO NA RESISTÊNCIA AO DESGASTE DE FERRAMENTAS DE AÇO RÁPIDO SINTERIZADO

A NOVA GERAÇÃO MINIMASTER

Nova Série SED 7 para uma excelente usinagem de Materiais de Difícil Usinabilidade

FRESAMENTO TOROIDAL DO AÇO ABNT/SAE H13 ENDURECIDO

MFPN66 MFPN66. Fresa de Alta Eficiência com um Ângulo da Aresta de Corte de 66

COMPARATIVO DO DESGASTE EM FERRAMENTAS DE METAL DURO REVESTIDO NA USINAGEM DAS LIGAS INCONEL 751 E INCONEL 718

USINAGEM. Aula 4. materiais de ferramenta: HSS, MD, cerâmicas, diamante, CBN

ESTUDO DA INTEGRIDADE SUPERFICIAL DA LIGA DE INCONEL 718 FRESADA COM FERRAMENTA DE METAL DURO EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE DESGASTE

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE ENTRADA DA FERRAMENTA NO FRESAMENTO DA LIGA Ti-6Al-4V

Para uma operação de usinagem, o operador considera principalmente os parâmetros:

SISTEMA FERRAMENTA NA MÃO

FRESAMENTO DOS AÇOS INOXIDÁVEIS ABNT 304 E ABNT 316 COM USINABILIDADE MELHORADA POR DESOXIDAÇÃO PELO CÁLCIO

ANÁLISE DO PROCESSO DE FRESAMENTO DO AÇO AISI D6 ENDURECIDO UTILIZANDO MÍNIMA QUANTIDADE DE LUBRIFICANTE. A. Felipe, A. J. Souza

ANÁLISE DA USINABILIDADE DOS AÇOS INOXIDÁVEIS AISI 304 E AISI 420 DURANTE O PROCESSO DE TORNEAMENTO EXTERNO CILINDRICO

Prof. Danielle Bond USINAGEM USINAGEM USINAGEM. Movimentos e Grandezas nos Processos de Usinagem

Teoria e Prática da Usinagem

AVALIAÇÃO DE FERRAMENTAS DE METAL DURO NO TORNEAMENTO DA LIGA INCONEL 713C

Furação e Alargamento Mandrilamento. Pastilhas e Cilindros. Rotativas MD Fresamento. As Melhores Marcas. As Melhores Ferramentas

BROCA PARA APLICAÇÃO UNIVERSAL DE ALTA PERFORMANCE MAIS QUE PRODUTOS. PRODUTIVIDADE.

ÍNDICE. Square 6 Double Octomill Turbo 10 Fresas de Disco R Quattromill

M. I. de SANTANA 1, a, M. L. POLLI 2, b

INFLUÊNCIA DA REFRIGERAÇÃO NO TORNEAMENTO DO AÇO ABNT TEMPERADO

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA MAURÍCIO MUSSOI

INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DA TRAJETÓRIA NO DESGASTE DE FLANCO DURANTE O FRESAMENTO DO AÇO AISI P20 COM FRESA INTEIRIÇA DE METAL DURO

ERCIO MASSIRER JUNIOR

SISTEMA DE MONITORAMENTO DO DESGASTE DE FERRAMENTAS DE CORTE EM OPERAÇÕES DE USINAGEM

FRESAMENTO EM SUPERFÍCIES COMPLEXAS INFLUÊNCIAS DO SENTIDO DE CORTE E DEFLEXÃO DA FERRAMENTA DE CORTE

Ferramentas de Desbaste para o Fresamento dos Aços ABNT 420 e SAE H13

AULA 6 USINABILIDADE DOS MATERIAIS

SOLDA POR FRICÇÃO EM AÇO CARBONO

DETERMINAÇÃO DA USINABILIDADE DO FERRO FUNDIDO NODULAR PRODUZIDO NA FUNDIÇÃO DA A ELETROTÉCNICA LTDA

DESENVOLVIMENTO DE UM SIMULADOR TÉRMICO DO PROCESSO DE USINAGEM POR FRESAMENTO

AULA 28 PROCESSO DE FRESAMENTO: FRESAS

JX1 JP2. SX6, SP9 Tipo Si 3 N 4. SX5, SX7, SX9 Tipo SiAION SERIE BIDEMICS CERÂMICA SÉRIE NITRETO DE SILICIO INFORMAÇÃO DAS CLASSES DE INSERTOS

COMPORTAMENTO DO DESGASTE DE FERRAMENTAS DE METAL DURO NO TORNEAMENTO DE COMPÓSITO CARBONO-CARBONO

AULA 35 QUESTÕES DE REVISÃO: PARTE 2 AULA 36 PROVA P2

EXERCÍCIOS SOBRE TRATAMENTOS TÉRMICOS DAS LIGAS FERROSAS

ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE A ENERGIA DE IMPACTO ABSORVIDA E A ESPESSURA DOS CORPOS DE PROVA DE CHARPY-V*

CARACTERÍSTICAS DO FRESAMENTO DO AÇO INOXIDÁVEL MARTENSÍTICO (52 HRC) ABNT 420 (SAE 420)

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE AVANÇO NO DESGASTE DA ARESTA DE UMA FERRAMENTA DE CORTE

Transcrição:

VI CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA VI NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING 18 a 21 de agosto de 2010 Campina Grande Paraíba - Brasil August 18 21, 2010 Campina Grande Paraíba Brazil ANÁLISE DO DESGASTE NO PROCESSO DE DESBASTE DO AÇO ABNT 1045 Rodrigo Panosso Zeilmann, rpzeilma@ucs.br 1 Gerson L Nicola, glnicola@ucs.br 1 Alfredo Tomé, aftome@hotmail.com1 Matheus Vidor, mvidor@ucs.br 1 Fernando Bordin, fernbordin@hotmail.com 1 1 Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade de Caxias do Sul, Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130. Caxias do Sul RS 95001-970 Resumo: A operação de fresamento é uma das mais importantes entre os processos de fabricação. O avanço tecnológico das máquinas-ferramenta permite a usinagem com velocidades de corte cada vez mais elevadas, o que acarreta em maiores solicitações térmicas e mecânicas, influenciando fortemente no fim de vida das ferramentas. A previsão de vida útil de uma ferramenta é de grande importância para o planejamento do processo. Geometrias apropriadas e boas definições dos parâmetros de corte são aspectos fundamentais. O desgaste resultante do processo deve-se da interação entre a ferramenta e a peça, dependendo das condições de usinagem. Uma das formas utilizadas para melhorar a resistência ao desgaste é a utilização de revestimentos, que melhoram as propriedades mecânicas da superfície das ferramentas como dureza, estabilidade química, térmica, redução do coeficiente de atrito, entre outros. Nesse contexto, o estudo tem por objetivo avaliar desgaste e vida da ferramenta analisando geometria, classe e revestimentos das mesmas na usinagem do aço ABNT 1045. Verificou-se o fim de vida da ferramenta, além de observar quais as melhores condições de usinagem. Palavras-chave: Usinagem, Parâmetros de Corte, Mecanismos e Tipos de Desgaste, Seleção de Ferramenta. 1. INTRODUÇÃO O processo de fresamento é um dos processos mais utilizados na indústria manufatureira. As pesquisas atualmente apresentam como foco principal o aumento na taxa de remoção de material e uma produção cada vez mais rápida, o que acarreta em aumento das solicitações térmicas e mecânicas das ferramentas de corte. O fim de vida de uma ferramenta está relacionado ao desgaste sofrido pela mesma durante o tempo de usinagem (König e Klocke, 2002). Com o aumento do tempo de vida das ferramentas, pode-se obter redução dos custos de produção, uma vez que os tempos relativos à substituição de ferramentas representam uma porção significativa dos custos totais das indústrias de manufatura. Além da redução de custos, maiores vidas de ferramentas e o consequente menor número de paradas para troca de ferramentas possibilitam significativos ganhos de produtividade (Lim e Lim, 2001). O aumento da produtividade requer o envolvimento de todas as operações de produção, a possibilidade de utilização total ou ativação de todas as facilidades de fabricação disponíveis. A fim de envolver todas as operações tecnológicas, deve-se levar em consideração processos de seleção das melhores ferramentas (Saglam et al., 2007). Durante o processo de corte, as instabilidades regenerativas são afetadas por muitos fatores, como propriedades da ferramenta, peça, materiais, rigidez da máquina, parâmetros de corte, entre outros (Xiao et al., 2006). Portanto, existem diversos fatores que influenciam a vida da ferramenta, e a especificação da ferramenta é um dos mais importantes. Dentre os elementos a serem analisados na escolha da ferramenta para o processo de usinagem está a classe da ferramenta, que deve ser apropriada ao material que será usinado. Para a escolha da classe deve-se levar em consideração aspectos como tenacidade e dureza da ferramenta. Exemplos comprovam que para processos de remoção de material, é necessário um equilíbrio entre essas duas propriedades (Atkins, 2009). Outro fator importante a ser considerado é a geometria da ferramenta, pois esta tem influência na redução das forças de corte (Saglam et al., 2007). A geometria da ferramenta também tem um importante papel no controle do calor. Nas ferramentas de corte, a geometria deve permitir a remoção do cavaco, a fim de levar o calor para fora com ele, e também deve permitir um corte mais suave, menor vibração e redução das forças de corte (Habeeb et al., 2008). O terceiro elemento fundamental na especificação de ferramentas é o tipo de revestimento. A aplicação de revestimentos permite a utilização de maiores velocidades de corte, devido à maior resistência ao desgaste, resistência térmica e

diminuição da tendência à adesão, sem perda da tenacidade inerente à ferramenta (Hogmark et al., 2000). O revestimento é um método eficaz para melhorar a durabilidade dos materiais utilizados em ambientes agressivos. Ao selecionar bons métodos e materiais de revestimento, pode-se prolongar a vida útil do material da ferramenta (Jianxin et al., 2008). Com boas estratégias e escolhas das condições de usinagem, é possível diminuir a ação de alguns fatores indesejáveis, pois, sendo o processo de desbaste caracterizado por ser um processo severo, o gume da ferramenta de corte sofre elevadas solicitações térmicas e mecânicas, proporcionando a ação de diversos mecanismos de desgaste que atuam simultaneamente no sentido de degradar a ferramenta (Teixeira, 2001). Na operação de fresamento, os principais mecanismos de desgaste são a abrasão e a adesão. O desgaste por abrasão se deve ao arrancamento de finas partículas de material, em decorrência do escorregamento sob alta pressão e temperatura entre a peça e a ferramenta. Já o desgaste por adesão decorre da aderência entre o material da peça e as asperezas superficiais da ferramenta, que se deve à ação das altas temperaturas e pressões presentes na zona de corte (Stemmer, 2005). Portanto, além da escolha de ferramentas apropriadas, o processo deve ter um bom planejamento. Construindo mapas para usar estas ferramentas, pode-se chegar a uma situação de equilíbrio entre produtividade (em termos de taxa de remoção de material) e taxa de desgaste da ferramenta (Lim e Lim, 2001). Neste contexto, este estudo tem por objetivo avaliar o desgaste e a vida das ferramentas, avaliando geometria, classe e revestimentos das mesmas, na usinagem do aço ABNT 1045. Verificou-se o fim de vida da ferramenta, além de observar quais as melhores condições de usinagem. 2. METODOLOGIA Foram realizados ensaios de fresamento de longa duração,no chão fabril, com avaliação sistemática da evolução do desgaste das ferramentas de corte. Como critérios de fim de vida das ferramentas ou fim de ensaio foram adotados: desgaste de flanco máximo VB máx = 0,6 mm; lascamentos; ou volume usinado de 2160 cm 3 (correspondente a um número de passes pré-definido no corpo-de-prova). A máquina-ferramenta utilizada para a realização dos ensaios experimentais foi um Centro de Usinagem Okuma Ace Center MB-46 VAE, com rotação máxima de 15.000 rpm e potência de 18,5 kw. Para a avaliação e medição do desgaste das ferramentas foi utilizado um estereoscópio trinocular de medição universal. A Fig. (1) mostra as imagens da máquina-ferramenta e do estereoscópio utilizados. Figura 1. Máquina-ferramenta e sistema de avaliação de ferramentas utilizados nos ensaios experimentais. O material dos corpos-de-prova utilizados foi o aço ABNT 1045, em estado normalizado, com dureza aproximada de 180 HV. A ferramenta utilizada foi um cabeçote de pastilhas intercambiáveis com diâmetro de 52 mm. Todos os ensaios se deram com a utilização de apenas um inserto no cabeçote (z = 1). Foram avaliados três modelos de insertos de metal-duro, com classes e revestimentos diferentes, como pode ser observado na Tab. (1), e geometrias distintas, como mostra a Fig. (2). As ferramentas foram pré-avaliadas, a fim de verificar possíveis alterações geométricas, trincas ou problemas de fabricação que pudessem influenciar os resultados. Tabela 1. Características dos insertos utilizados nos ensaios experimentais. Ferramenta Formato Diâmetro Classe ISO (Metal-Duro) Revestimentos N 10-25 / H 10-20 TiAlN - TiN Inserto B Toroidal 12 mm P 20-40 / M 20-35 / S 15-25 TiCN - Al 2 O 3 Inserto C P 20-40 / M 20-35 / S 15-25 TiCN - Al 2 O 3

Figura 2. Desenho esquemático dos gumes dos três insertos empregados nos ensaios. A Tab. (2) mostra os parâmetros de corte empregados nos ensaios. Estes valores foram adotados com base nos resultados obtidos em pré-testes e em informações fornecidas pelo fabricante das ferramentas para a usinagem de desbaste. Os ensaios foram realizados a seco, isto é, sem utilização de fluido lubri-refrigerante. 3. RESULTADOS Tabela 2. Parâmetros de corte utilizados nos ensaios de desbaste. Velocidade de corte v c [m/min] Avanço por gume f z [mm] Profundidade de corte a p [mm] Incremento lateral a e [mm] 250 0,45 1,00 36,00 A diversificação de ferramentas oferece uma vasta gama de geometrias, materiais e revestimentos para as mais diversas aplicações. Os avanços tecnológicos estão em franco crescimento para as ferramentas e máquinas-ferramenta, chegando a níveis de elevada excelência. Contudo, o desempenho esperado só é obtido se houver uma completa adequação do processo. Portanto, ao se escolher uma ferramenta de corte é imprescindível ter conhecimento das propriedades do material a ser usinado e da máquina-ferramenta disponível. Em todos os processos de usinagem, características como formação e saída do cavaco, forças de corte, desgastes e os resultados do trabalho são consideravelmente influenciados pela ferramenta de corte utilizada, a qual deve estar adequada ao material a ser usinado e à máquina-ferramenta disponível (Konig e Klocke, 2002; Fang e Wu, 2005). A seguir são apresentados os resultados obtidos nos ensaios experimentais realizados. Com base nos resultados obtidos, foram realizadas análises de volume usinado, desgaste da ferramenta e tempos de usinagem. É importante salientar que os ensaios foram realizados com um único inserto (z = 1), como mostra a Fig. (3), que também apresenta o gráfico do volume usinado juntamente com os respectivos desgastes apresentados pelos três modelos de insertos avaliados. Volume usinado (cm 3 ) 2500 2000 1500 1000 500 0 Critério de fim de teste Lascamento Inserto B Inserto Volume Usinado Desgaste de Flanco 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Desgaste de flanco máximo (mm) 10 mm Figura 3. Gráfico do volume usinado e do desgaste de flanco máximo apresentado.

Analisando a Fig. (3) observa-se que a primeira ferramenta ensaiada (inserto A) obteve até o seu fim de vida um volume usinado de 1200 cm 3, em 60 min de trabalho. Os demais insertos, B e C, não atingiram o fim de vida, apresentando um VB máx de 0,20 e 0,14 mm, respectivamente. Ambos registraram, em 90 min, o volume usinado estipulado para o fim do ensaio de 2160 cm 3. Para uma melhor compreensão dos resultados alcançados, realizou-se uma análise do comportamento de desgaste ao longo do tempo de corte, o qual é apresentado na Fig. (4). Desgaste de flanco máximo VBmáx.(mm) 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Fim de vida Lascamento Inserto B Inserto C 0 20 40 60 80 100 Tempo de corte (min) Figura 4. Gráfico do comportamento do desgaste de flanco máximo. Observando-se o gráfico, verifica-se que o inserto A apresenta um comportamento diferenciado em relação aos insertos B e C. A curva referente ao inserto A intercala períodos de aumento elevado do desgaste com períodos de desgaste reduzido, enquanto que as curvas referentes aos insertos B e C apresentam um desgaste mais acentuado no início da vida da ferramenta, seguido por um desgaste reduzido e gradual, até atingirem o critério de fim de teste. Uma vez que para todos os insertos avaliados foram utilizadas as mesmas condições de usinagem, as variações apresentadas pelas curvas de vida de cada ferramenta são devidas às características individuais de cada inserto ensaiado. Os três insertos apresentam geometrias diferentes entre si, e o inserto A é constituído de uma classe de metal-duro diferente da empregada nos insertos B e C. O inserto A apresenta um ângulo de saída (γ) nulo, que o caracteriza como uma ferramenta robusta, adequada ao processo de desbaste. Porém, sua aplicação na usinagem do aço ABNT 1045 não apresentou bons resultados. Nos ensaios realizados, um dos aspectos observados com o uso do inserto A foi o arrancamento de porções do gume de corte, como pode ser observado na Fig. (5), que apresenta imagens de face e flanco dos insertos em estado de fim de vida. Esse fato se deve a um desgaste abrupto ocorrido nas ferramentas, devido à fragilização do gume provocada pelo rebaixo da face. O desgaste progressivo na face reduziu a resistência estrutural do gume de corte, provocando a remoção abrupta de porções significativas do gume. Face Inserto B Face Inserto C Face VB máx = 0,60 mm t c = 60 min VB máx = 0,20 mm VB máx = 0,14 mm t c = 90 min t c = 90 min Flanco Flanco Flanco Figura 5. Imagens de face e flanco dos insertos em estado de fim de vida.

A ocorrência do desgaste prematuro da face e a consequentemente fragilização do gume da ferramenta A devem-se às características do material usinado e da ferramenta de corte. O aço 1045 caracteriza-se por ser um material relativamente tenaz no estado normalizado e de elevada usinabilidade quanto ao critério de formação de cavaco nos processos de corte interrompido. Apresenta também uma boa resistência mecânica e elevada abrasividade, decorrentes da presença de perlita em sua microestrutura, a qual é rica em carbonetos de ferro de elevada dureza. Por isso, é imprescindível para a usinagem deste aço que a ferramenta apresente um ângulo de saída positivo, de forma a facilitar o escoamento do cavaco, e assim minimizar os efeitos térmicos e mecânicos provenientes do elevado atrito do mesmo com a face da ferramenta. Além disso, a classe de metal-duro constituinte dos insertos do tipo A apresenta menor tenacidade que a classe dos insertos B e C. Sendo o processo de desbaste caracterizado por elevadas solicitações térmicas e mecânicas, uma classe com menor tenacidade pode ocasionar a formação de lascamentos, visto que uma ferramenta com menor tenacidade apresenta uma dureza mais elevada, podendo fragilizar a mesma. Quanto menor o grão do material da ferramenta, maiores as resistências ao desgaste abrasivo, à compressão e ao cisalhamento, além da melhora da tenacidade do gume da ferramenta. Consequentemente, maior será a resistência ao lascamento e ao desgaste por difusão (Oliveira, 2007). Desta forma, os insertos B e C, além de terem geometria positiva, com ângulos de saída do cavaco de 16 e 15, respectivamente, são também constituídos com uma classe de metal-duro mais tenaz se comparado ao apresentado pelo inserto A, o que explica a maior durabilidade apresentada pelos mesmos. Observa-se também nas imagens da Fig. (5) que o inserto B apresentou, além do desgaste de flanco, microlascamentos, enquanto que no inserto C não foi observada a ocorrência deste tipo de desgaste. Os resultados apresentados estão relacionados às geometrias das ferramentas, mais especificamente na geometria dos chanfros presentes nos gumes. O inserto B possui um pequeno chanfro com comprimento de 0,, disposto em um ângulo negativo de 15, fazendo com que o gume torne-se fragilizado, proporcionando desta forma o surgimento de microlascamentos. Já o chanfro presente no inserto C proporcionou uma maior robustez à ferramenta, uma vez que seu comprimento é de 0,2 mm, disposto em um ângulo nulo, o qual não afetou o escoamento do cavaco devido ao fato de a profundidade de corte ser 0,8 mm maior que seu comprimento. Com o objetivo de complementar a análise dos comportamentos de desgaste verificados, a Fig. (6) apresenta imagens do flanco das ferramentas analisadas em diferentes tempos de usinagem ao longo dos testes. Inserto C Inserto B t c = 15 min t c = 45 min t c = 60 min t c = 15 min t c = 45 min t c = 90 min t c = 15 min t c = 45 min t c = 90 min Figura 6. Imagens de flanco dos insertos ao longo do processo. Através da análise das imagens, observa-se que o inserto A, após 15 min de operação não apresenta desgaste significativo, enquanto que após 45 min já é observada a ocorrência de microlascamentos. Esse comportamento reforça a análise de que o desgaste abrasivo do flanco foi pouco significativo, sendo o desgaste da ferramenta determinado pelo rebaixo da face, o que fragilizou o gume e ocasionou a formação dos lascamentos. Verifica-se também que as ferramentas B e C apresentaram um desgaste bastante inferior ao apresentado pela ferramenta A, devido à classe de metal-duro constituinte dos insertos B e C, que apresenta maior tenacidade que o empregado na ferramenta do tipo A. 4. CONCLUSÃO A primeira ferramenta ensaiada (inserto A) obteve até o seu fim de vida um volume usinado de 1200 cm 3, em 60 min de trabalho. Os insertos B e C não atingiram o fim de vida, apresentando um VB máx de 0,20 e 0,14 mm, respectivamente. Ambos registraram em 90 min o volume usinado estipulado para o fim do ensaio de 2160 cm 3.

O inserto A apresenta um γ = 0, que o caracteriza como uma ferramenta robusta, adequada ao processo de desbaste. Porém, os resultados obtidos para esta ferramenta apresentaram valores inferiores de volume usinado, com desgaste prematuro devido à formação de lascamentos. Outro elemento observado com o uso do inserto A foi o arrancamento de porções do gume de corte, devido à fragilização do mesmo provocada pelo rebaixo da face. O desgaste progressivo na face reduziu a resistência estrutural do gume de corte, provocando a remoção abrupta de porções significativas do gume. Tais resultados são devidos ao ângulo de saída nulo da ferramenta, e à sua classe de metal-duro. Devido às características do aço ABNT 1045, é imprescindível para a usinagem deste aço que a ferramenta apresente um ângulo de saída positivo, de forma a facilitar o escoamento do cavaco, e assim minimizar os efeitos térmicos e mecânicos provenientes do elevado atrito do mesmo com a face da ferramenta. Os insertos B e C, além de terem geometria positiva, com ângulos de saída do cavaco de 16 e 15, respectivamente, são também constituídos com uma classe de metal-duro mais tenaz se comparado ao apresentado pelo inserto A, o que explica a maior durabilidade apresentada pelos mesmos. Os insertos B e C apresentaram diferenças quanto à ocorrência de microlascamentos, devido à geometria dos chanfros presentes nos gumes. O inserto B possui um pequeno chanfro com comprimento de 0,, disposto em um ângulo negativo de 15, que fragilizou o gume e provocou o surgimento de microlascamentos. Já o chanfro presente no inserto C proporcionou uma maior robustez à ferramenta, uma vez que seu comprimento é de 0,2 mm, disposto em um ângulo nulo, o qual não afetou o escoamento do cavaco devido ao fato de a profundidade de corte ser 0,8 mm maior que seu comprimento. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq, à Universidade de Caxias do Sul (UCS), pela colaboração dada ao projeto Dry Drilling do Grupo de Usinagem (GUS), e às empresas colaboradoras do projeto. 6. REFERÊNCIAS Atkins, T., 2009, Toughness and processes of material removal, Wear, Vol. 267, pp. 1764-1771. Fang, N. and Wu, Q., 2005, The effects of chamfered and honed tool edge geometry in machining of three aluminum alloys, International Journal of Machine Tools & Manufacture, Vol. 45, pp. 1178-1187. Habeeb, H. H., Abou-El-Hossein, K. A., Mohammad, B. and Kadirgama, K., 2008, Effect of tool holder geometry and cutting condition when milling nickel-based alloy 242, Journal of Materials Processing Technology, Vol. 201, pp. 483-485. Hogmark, S., Jacobson, S. and Larson, M., 2000, Design and Evaluation in Tribological Coatings, Wear, Vol. 246, pp. 20-33. Jianxin, D., Jianhua, L., Jinlong, Z. and Wenlong, S., 2008, Wear mechanisms of PVD ZrN coated tools in machining, Refractory Metals & Hard Materials, Vol. 26, pp. 164-172. König, W. and Klocke, F., 2002, Fertigungsverfahren - Drehen, Fräsen, Bohren, 7. Auflage, Springer-Verlag, Berlin. Lim, S.C. and Lim, C.Y.H., 2001, Effective use of coated tools - the wear-map approach, Surface and Coatings Technology, Vol. 139, pp. 127-134. Oliveira, A.J. de, 2007, Análise do desgaste de ferramentas no fresamento com alta velocidade de aços endurecidos, Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. Saglam, H., Yaldiz, S. and Unsacar, F., 2007, The effect of tool geometry and cutting speed on main cutting force and tool tip temperature, Materials and Design, Vol. 28, pp. 101-111. Stemmer, C., 2005, Ferramentas de corte, 6ª ed., Ed. da UFSC, Florianópolis. Teixeira, C.R., 2001, Benefícios ecológicos da redução e eliminação de fluidos de corte nos processos de usinagem com ferramentas de geometria definida, Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Xiao, M., Wang, Q.M., Sato, K., Karube, S., Soutome, T. and Xu, H., 2006, The effect of tool geometry on regenerative instability in ultrasonic vibration cutting, International Journal of Machine Tools & Manufacture, Vol. 46, pp. 492-499. 7. DIREITOS AUTORAIS Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho.

ANALYSIS OF WEAR IN THE ROUGHING OF ABNT 1045 STEEL Rodrigo Panosso Zeilmann, rpzeilma@ucs.br 1 Gerson L Nicola, glnicola@ucs.br 1 Alfredo Tomé, aftome@hotmail.com 1 Matheus Vidor, mvidor@ucs.br 1 Fernando Bordin, fernbordin@hotmail.com 1 1 Center of Exact Sciences and Technology, University of Caxias do Sul, Francisco Getúlio Vargas Street, 1130. Caxias do Sul RS 95001-970 Abstract: The milling operation is one of the most important in manufacturing processes. The technological advance of the machine tool allow the machining with higher cutting speeds, which lead to higher mechanical and thermal requests, greatly influencing the end of tool life. The prevision of the useful life of the tool is of great importance to the process planning. Appropriates geometry and right definition of the cutting parameters are fundamental aspects. The wear resulting of the process is due to the interaction of the tool and workpiece, depending of the machining conditions. One of the ways to increase the wear resistance is the use of coating, which improve the mechanical properties of cutting tool s surface such as hardness, chemical and thermal stability, reduction of friction coefficient, among others. In this context, this study aims to evaluate the wear and the tool life by analyzing its geometry, class and coating in the machining of the ABNT 1045 steel. It was observed the end of tool life, in addition of the best machining conditions. Keywords: Machining, Cutting Parameters, Mechanisms and Types of Wear, Tool Selection.