ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES. Reges HEINRICHS. Godofredo César VITTI

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Transcrição:

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE AGRONOMIA ISSN 1677-0293 PERIODICIDADE SEMESTRAL ANO III EDIÇÃO NÚMERO 5 JUNHO DE 2004 ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES Reges HEINRICHS Prof. Dr., UNESP Dracena Godofredo César VITTI Prof. Titular, USP/ESALQ Paulo Alexandre Monteiro de FIGUEIREDO Prof. Dr., UNESP Dracena RESUMO Para avaliar o sistema consorciado de milho com adubos verdes, foram estudadas as características químicas do solo, produção de matéria seca dos adubos verdes e o rendimento de grãos de milho, num experimento conduzido a campo entre 1995 e 1997, em solo classificado como Nitossolo Vermelho Eutrófico. O milho foi semeado com espaçamento de 90 cm nas entrelinhas, perfazendo aproximadamente 50.000 plantas por hectare. Os tratamentos constaram de quatro espécies de adubos verdes: mucuna anã [Mucuna deeringiana (Bort.) Merr], guandu anão (Cajanus cajan L.), crotalária (Crotalaria spectabilis Roth) e feijão de porco (Canavalia ensiformis L.) e um tratamento testemunha, sem cultivo consorciado. As espécies vegetais utilizadas como adubos verdes foram semeadas sem adubação, no meio da entrelinha, em duas épocas: simultaneamente com o milho e 30 dias após. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Após dois anos de aplicação dos tratamentos houve variação nos valores de MO, P, K, Al e m. No segundo ano de cultivo, a maior produção de grãos de milho foi no sistema consorciado com feijão de porco. PALAVRAS CHAVE: Nutrientes, Zea mays, mucuna anã, guandu anão, Crotalária, feijão de porco, adubação verde. ABSTRACT To evaluate the mixed cropping of green manure and corn, the soil chemical characteristics, green manure dry matter production and corn yield, were determined in a field experiment carried out between 1995 and 1997, in an Aleudalf Soil, located in Piracicaba, State of São Paulo, Brazil. Corn was sown in rows 90 cm apart, to obtaining approximately 50,000 plants per hectare. The treatments consisted of four species of green manure: dwarf mucuna [Mucuna deeringiana (Bort.) Merr], dwarf pigeon pea (Cajanus cajan L.), crotalaria (Crotalaria spectabilis Roth), jack bean (Canavalia ensiformis L.) and a control without green manure. Seeds of green manure species were sown without fertilizer application in a single row in the middle of the corn rows, simultaneously with corn, or 30 days after the corn sowing date. The experimental design was randomized blocks, with split plots and four replicates. After two years, there

2 was variation in the value of the MO, P, K, Al and m. In the second year, the largest yield of corn grains was in intercropping with jack bean. KEY WORDS: Nutrients, Zea mays, dwarf mucuna, dwarf pigeon pea, crotalaria spectabilis, jack bean. INTRODUÇÃO A adubação verde é conhecida desde a antiguidade e definida como uma prática agrícola programada que consiste na incorporação ou não de material vegetal ao solo, com a finalidade de manter ou melhorar suas condições físicas, químicas e biológicas. Em razão do efeito positivo alcançado pela interação entre adubação mineral e adubação verde, é possível obter rendimentos maiores do que pelos seus empregos isolados. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as alterações nas características químicas do solo, o desenvolvimento de adubos verdes e o rendimento de grãos de milho submetido ao sistema consorciado com adubos verdes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido a campo em um solo classificado como Nitossolo Vermelho Eutrófico, na área experimental pertencente à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz / USP, Piracicaba, SP, Brasil. As culturas foram semeadas sob o sistema de plantio direto. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com parcelas subdivididas com 4 repetições. Cada parcela era composta por 45 m 2. O milho (XL 660) foi semeado no espaçamento de 0,90 m nas entrelinhas perfazendo aproximadamente 50000 plantas ha -1. Foram utilizadas 4 espécies de adubos verdes: mucuna anã (MA); guandu anão (GA); crotalária spectabilis (CS) e feijão de porco (FP), semeadas sem adubação, na entrelinha, distanciadas 45 cm da linha do milho, em duas épocas: simultaneamente com a do milho (A) e 30 dias após (B). A população de plantas das espécies vegetais destinadas à adubação verde foram 10, 20, 20 e 10 plantas por metro linear, respectivamente, para MA, GA, CS e FP. A amostragem do solo foi realizada mediante a coleta de uma amostra na entrelinha da cultura do milho, com auxílio da pá-de-corte, nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm, antes da instalação e após dois anos de condução do experimento. O rendimento de grãos de milho foi avaliado mediante colheita manual no estádio de grãos secos. Os resultados foram submetidos à análise de variância e comparação das médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Comparando-se as características químicas do solo, por ocasião da implantação do experimento (Tabela 1) com os valores de referência citados por Raij et al. (1996), constata-se que a área experimental era homogênea e de alta fertilidade. Após dois anos de cultivo, não houve influência dos tratamentos em alguns atributos do solo, como: ph, S-SO 4, Ca, Mg e H + Al, SB, CTC e V (Tabela 2). A não influência dos adubos verdes nestes atributos pode estar relacionado ao curto período de condução do experimento (dois anos), bem como à menor produção de fitomassa na consorciação (Tabela 3) em relação ao cultivo do adubo verde

3 Tabela 1. Características químicas do solo no experimento por ocasião da instalação do experimento (1995). Piracicaba, SP. Tratamento s ph(cacl 2 ) MO P S- SO 4 g dm -3 -- mg dm -3 -- - K Ca Mg Al H+Al SB CTC V ---------------------- mmol c dm -3 ---------------------- % - 0-10 cm Testemunha 5,3 21 16 5,8 1,5 25 10 0 17 36 53 68 Mucuna anã 5,4 20 17 4,1 1,5 23 10 0 17 34 51 67 Guandu 5,0 24 21 7,3 1,6 23 9 0 24 34 57 60 anão Crotalária 4,9 20 16 6,4 1,6 25 10 0 21 37 57 65 Feijão de 5,2 22 21 4,3 1,7 26 11 0 19 38 58 66 porco Média 5,2 21 18 5,6 1,6 24 10 0 20 36 55 65 10-20 cm Testemunha 5,2 20 13 6,4 1,4 25 8 0 21 34 55 62 Mucuna anã 5,3 19 17 7,0 1,2 24 9 0 17 34 51 67 Guandu 4,9 20 17 7,1 1,3 22 7 0 23 30 52 58 anão Crotalária 5,2 20 16 7,1 1,5 24 9 0 17 34 51 67 Feijão de 5,2 22 16 4,1 1,7 24 10 0 17 36 53 68 porco Média 5,2 20 16 6,3 1,4 24 9 0 19 34 52 65 P, K, Ca e Mg: resina; S-SO 4 : NH 4 OAc 0,5N em HOAc 0,25N. isolado. Porém, dois anos após a aplicação dos tratamentos, verificou-se que os teores de MO e P do solo, na camada de 10 a 20 cm, apresentou tendência de aumento na presença de adubos verdes, destacandose o feijão de porco, possivelmente, pela maior produção de fitomassa e pela característica da espécie em se adaptar sob condições de luz difusa, contribuindo na reciclagem do nutriente. Nos teores de K houve interação em função da época introdução dos adubos verdes, sendo que a Crotalaria spectabilis e o feijão de porco semeados 30 dias após o milho apresentaram maior concentração, também na profundidade 10-20 cm. As demais espécies destinadas à adubação verde não apresentaram efeito em função da época de. No segundo ano, mesmo com valores relativamente baixos, verificou-se efeito dos tratamentos na presença de Al no solo (Tabela 2). Observou-se que nos tratamentos com feijão de porco o teor é muito baixo ou inexistente, enquanto nos demais tratamentos com adubos verdes é semelhante à testemunha (sem adubo verde consorciado). Alguns valores representativos dos teores de Al foram zero, portanto os resultados foram transformados para Al + 1. Verifica-se de acordo com a Tabela 3, que no tratamento feijão de porco, a média no rendimento de grãos de milho do segundo ano, apresentou acréscimo de 20 % em relação à testemunha. Possivelmente, neste tratamento, o milho foi beneficiado pela maior disponibilidade de nutrientes, principalmente nitrogênio, proporcionada pela maior produção de fitomassa do adubo verde no ano anterior. Tabela 2. Atributos químicos do solo após dois anos de cultivo consorciado de milho e adubos verdes semeados simultaneamente com o milho (A) ou 30 dias após (B), no ano agrícola 1996/97. Época de T MA GA CS FP Média T MA GA CS FP Média 0-10 cm 10 20 cm ph (CaCl 2 ) A 5,2 4,9 4,8 5,0 5,2 5,0 5,5 5,0 4,9 4,9 5,1 5,1 B 4,5 5,0 5,0 4,9 5,3 4,9 4,7 4,9 4,8 5,0 5,3 5,0 Média 4,9 5,0 4,9 5,0 5,3 5,1 5,0 4,9 5,0 5,2 CV: 7% CV: 7%

4 MO (g dm -3 ) A 19 17 19 17 18 18 16 16 17 18 19 18 B 17 18 19 20 19 18 16 17 18 18 19 18 Média 18 18 19 18 19 16B 17AB 18A B 18A B 19A CV: 11% CV:9% P (mg dm -3 ) A 15 14 22 12 14 15 9 13 14 13 20 14 B 16 13 12 13 20 15 9 13 13 10 25 14 Média 15 13 17 13 17 9B 13B 13B 12B 22A CV: 30% CV: 25% S-SO 4 (mg dm -3 ) A 17 22 19 23 16 19 17 26 26 18 19 21 B 25 21 20 22 14 20 35 24 25 17 16 23 Média 21 22 19 22 15 27 25 26 17 17 CV: 32% CV: 35% K (mmol c dm -3 ) A 4,1 3,6 3,7 3,8 5,2 4,0 1,9 1,6 2,1 1,8b 1,9b 1,8b B 4,5 3,0 4,6 6,8 5,0 4,8 2,2 1,9 2,1 3,4a 3,5a 2,6a Média 4,3 3,3 4,2 5,3 5,1 2,0B 1,8B 2,1B 2,6A 2,7A CV: 34% CV: 30% Ca (mmol c dm -3 ) A 40 33 33 34 41 37 47 41 35 44 46 43 B 35 37 38 33 41 37 30 37 40 38 56 40 Média 38 35 36 33 41 39 40 38 41 51 CV: 18% CV: 23% Mg (mmol c dm -3 ) A 16 15 14 14 16 15 20 18 15 19 19 18 B 14 16 17 14 17 15 14 17 19 17 24 18 Média 15 16 15 14 17 17 18 17 18 22 CV: 23% CV: 24% Al (mmol c dm -3 ) (2) A 2,0A 2,2A 2,5A 1,7B 1,2B 1,9 1,0 1,5 1,5 1,7 1,5 1,4 B 2,5A 1,7B 1,6B 1,5B 1,0B 1,6 2,5 2,7 2,2 1,5 1,0 2,0 Média 2,3A 2,0A 2,0A 1,6AB 1,1B 1,7 2,1 1,9 1,6 1,2 CV: 29 CV: 33 H + Al (mmol c dm -3 ) A 29 30 36 31 29 31 24 30 33 29 28 29 B 38 32 29 30 25 31 34 34 31 33 24 32 Média 33 31 32 31 27 30 33 32 31 26 CV: 21% CV: 21% SB (mmol c dm -3 ) A 60 52 51 51 62 55 69 61 53 64 68 63 B 53 56 60 53 63 57 46 57 62 58 83 61 Média 57 54 55 52 63 58 59 57 61 76 CV: 17% CV: 21% Continua.

5 Tabela 2. Continuação. Época de T MA GA CS FP Média T MA GA CS FP Média 0-10 cm 10 20 cm CTC (mmol c dm -3 ) A 89 82 87 83 92 87 94 91 87 94 96 92 B 91 89 88 84 89 88 81 91 93 92 108 93 Média 90 85 87 83 90 87 91 90 93 102 CV: 6% CV: 10% V (%) A 67 63 58 62 69 64 72 66 61 68 71 68 B 58 63 67 64 71 65 57 61 65 63 77 65 Média 62 63 63 63 70 65 64 63 66 74 CV: 12% CV: 13% m (%) A 3,2A 4,4A 4,8aA 3,4A 2,0B 3,5 1,5 2,5 2,8 2,9 2,2 2,4 B 4,5A 3,2A 1,7bB 2,7AB 1,6B 2,7 5,2 5,4 3,9 2,6 1,1 3,7 Média 3,8A 3,8A 3,2AB 3,1AB 1,8B 3,3 3,9 3,4 2,7 1,7 CV: 38% CV: 39% T: testemunha (sem adubo verde consorciado); MA: mucuna anã; GA; guandu anão; CS: Crotalaria spectabilis; FP: feijão de porco. (1) Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem pelo teste de Tukey a 5%. P, K, Ca e Mg: resina; S-SO 4 : NH 4 OAc 0,5N em HOAc 0,25N. Tabela 3. Produção de matéria seca dos adubos verdes e rendimento de grãos de milho consorciado com adubos verdes semeados simultaneamente com o milho (A) ou 30 dias após (B), nos anos agrícolas 1995/96 e 1996/97. Época de Testemunha Mucuna anã Guandu Crotalária Feijão de Média anão spectabilis porco ----------------------------------------------------kg ha -1 -------------------------------------------------- 1995/96 Produção de matéria seca dos adubos verdes 733a A 304B 641B 537aB 620aB 1565A 525b B 446B 386B 194Bb 233bB 1365A Média 375B 513B 365b 427B 1465A CV:35% Rendimento de grãos A 5988 5797 5675 6153 5675 5858 B 6429 5766 5862 6244 6171 6094 Média 6209 5782 5769 6198 5923 CV: 11% 1996/97 Produção de matéria seca dos adubos verdes A 1119 596 1015 429 1733 978a B 963 584 441 337 1287 722b Média 1041 591C 728BC 383C 1510A CV:31% Rendimento de grãos A 6187 5704 5815 5680 7548 6187 B 5970 5861 5860 5817 7067 6115 Média 6078B 5783B 5838B 5748B 7308A CV: 8% (1) Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem pelo teste de Tukey a 5%. CONCLUSÕES * Após dois anos de aplicação dos tratamentos houve variação nos valores de MO, P, K, Al e m. * No segundo ano de cultivo, a maior produção de grãos de milho foi no sistema consorciado com feijão de porco.