Organizando e identificando tipos: definição de método para a catalogação de tipos da oficina tipográfica da FAUUSP

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Transcrição:

1610 Organizando e identificando tipos: definição de método para a catalogação de tipos da oficina tipográfica da FAUUSP Organizing and identifying type: definition of a method for recording type at FAUUSP letterpress workshop Almeida, Evandro José de; Bolsista de Iniciação Científica; USP evandro.almeida@usp.br Farias, Priscila Lena; PhD; USP prifarias@usp.br Resumo Desde o seu surgimento na China, os tipos móveis permitiram a expansão dos meios de comunicação. No entanto, a partir do século XIX, surgiram outras formas de composição e impressão que os tornaram quase que completamente obsoletos. Partindo do pressuposto de que os tipos móveis possuem grande importância na configuração da história e da memória gráfica, a pesquisa relatada neste artigo tem como objetivo a catalogação das fontes existentes na oficina tipográfica da FAUUSP, mais especificamente aquelas doadas pelo Instituto Oceanográfico da USP, e que não haviam sido devidamente identificadas. Palavras Chave: tipografia, tipos móveis de metal, fontes tipográficas Abstract Since its first appearing, in China, movable type allowed for the expansion of communication media. Nevertheless, since the nineteenth century other forms of composition and printing made it almost completely obsolete. Based on the presupposition that movable type is something of great relevance for graphic history and memory, the research reported in this paper aims to cataloguing the fonts belonging to FAUUSP letterpress workshop, and more specifically those donated by USP Oceanographic Institute, and that were not previously identificated. Keywords: typography; movable metal type; typefaces

Organizando e identificando tipos: 1611 Introdução A criação dos tipos móveis pelos chineses e sua divulgação e adaptação para o alfabeto ocidental por Johannes Gutenberg, em 1450, permitiu o estabelecimento da imprensa e popularização dos livros e periódicos (BRINGHURST, 2005, p.133). Antes disso, a produção de livros era muito limitada, pois eram reproduzidos de forma manuscrita e somente monges, padres e pessoas pertencentes às classes mais altas tinham acesso a esse tipo de informação. Durante séculos, os tipos móveis de metal foram a melhor forma de se transmitir a informação. A partir do final do século XIX, outros métodos de composição e reprodução de textos aos poucos substituíram essa antiga forma de impressão. Nos últimos anos, vários grupos de pesquisa e organizações se interessaram pelo resgate da linguagem visual da impressão com tipos móveis, como ocorre na pesquisa aqui relatada. O projeto em questão tem como objetivo principal identificar e catalogar os tipos presentes em gavetas doadas à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) pelo Instituto Oceanográfico da USP, e que fazem parte do acervo de tipos do LPG (Seção Técnica de Publicação e Produção Gráfica da FAUUSP). O LPG atende principalmente os alunos e docentes dos cursos de arquitetura e urbanismo e de design da FAUUSP. A oficina tipográfica do LPG possui um acervo de tipos de 140 gavetas, sendo que, no início deste projeto, 68 continham fontes não catalogadas. A identificação e catalogação destas fontes são importantes tanto para a organização e realização de produções gráficas no LPG, quanto para a preservação da memória gráfica brasileira, tema de rede de pesquisa à qual esse projeto está vinculado. Mais especificamente, o projeto em questão relaciona-se com a proposta de catalogação e preservação do acervo tipográfico da Editora UFPE (Aragão e Farias 2008). A partir da catalogação dos tipos do LPG, espera-se poder realizar um estudo comparado dos acervos de tipos da UFPE e da USP. A oficina tipográfica da FAU USP e seu acervo A Seção Técnica de Publicação e Produção Gráfica da FAUUSP, também conhecida como LPG - Laboratório de Programação (ou Produção) Gráfica da FAUUSP, executa serviços de editoração, desde o projeto gráfico até a sua produção. Produz as publicações de autoria de docentes e pesquisadores, assim como todo impresso de apoio didático necessário ao desenvolvimento do ensino e pesquisa. Um de seus ambientes abriga uma oficina tipográfica com gaveteiros, cavaletes, prelo e impressora. Este ambiente foi concebido para ser utilizado tanto para trabalhos gráficos feitos pelos alunos como parte de atividades didáticas, como ocorre até hoje, quanto para impressos gráficos oficiais da Faculdade, executados por funcionários da seção. Para isso, a instituição adquiriu, pelo menos desde os anos 1970, uma série de fontes, que configuraram seu acervo principal. As gavetas que são foco da pesquisa aqui relatada contém tipos mais recentemente integrados a este acervo, mas que são igualmente utilizados pelos alunos, professores e funcionários que tem acesso à oficina. No entanto, estas fontes não fazem parte do catálogo atual da oficina, e as gavetas que as abrigam não estão identificadas, o que prejudica o trabalho desenvolvido. Essas novas gavetas foram doadas pelo Instituto Oceanográfico da USP, por conta da substituição da impressão tipográfica por tecnologias digitais. O processo de acomodação dos tipos nas gavetas foi demorado, pois foi necessário mandar fazer por encomenda o móvel com gavetas tipográficas no modelo francês, no qual elas foram abrigadas. Desde então, o LPG conta com um acervo de 68 gavetas não identificadas, e que apresentam fontes diferentes do acervo antigo. Neste último, predominam as famílias Times

1612 Organizando e identificando tipos: New Roman, Futura e Univers. Nas gavetas mais recentes, predominam as grotescas, com muitas variações, acompanhadas por alguns tipos escriturais e titulares. Procedimentos metodológicos e resultados obtidos A fase inicial da pesquisa consistiu na impressão de provas utilizando tipos de todas as gavetas não identificadas do LPG, seguindo uma ordem de informações pré-estabelecidas. Foram impressas provas dos tipos das 68 gavetas previamente não identificadas. Estas provas foram então comparadas visualmente com catálogos encontrados no LPG para determinar o nome da família. A lateral dos tipos foi medida para determinar o tamanho em pontos. Deve-se destacar que as provas reproduzem todos os elementos das suas respectivas gavetas: não só o alfabeto e os números, mas também as letras acentuadas e todos os sinais gráficos, além de ligaturas e caracteres alternativos (desenhos mais ornamentados para uma letra ou sinal), como os encontrados nas gavetas de fontes identificadas como Garamond grifo corpo 12, fabricada pela Funtimod (figura 1), e Gavotte corpo 12 fabricada pela Manig (figura 2). Figura 1: Prova de fonte identificada como Garamond grifo, corpo 12. Figura 2: Prova de fonte identificada como Gavotte, corpo 12. A presença do conjunto completo de caracteres fará com que o catálogo final produzido a partir das provas seja mais completo do que aqueles de fabricantes como Manig e Funtimod (figura 3), que apresentam poucos caracteres de cada fonte, dificultando o processo de identificação de algumas delas.

Organizando e identificando tipos: 1613 Figura 3: Página de catálogo da Funtimod (FUNTIMOD, sem data, p. 14). Além disso, a reprodução de todos os elementos das gavetas permitirá ao usuário saber se nesta gaveta falta algum caractere, ou se a fonte apresenta alguma particularidade, como aquela identificada como Kabel Magro corpo 16, que apresenta números fracionados. Figura 4: Prova de fonte identificada como Kabel Magro, corpo 16. Algumas peculiaridades dos tipos móveis, apontadas por Aragão e Farias (2008) a partir da pesquisa desenvolvida junto à Editora da UFPE, também foram observadas durante o processo realizado em São Paulo. Foi possível notar, por exemplo, que há famílias identificadas com o mesmo nome, mas com características ligeiramente diferentes entre um corpo e outro, e produzidas por fabricantes diferentes, tais como as fontes identificadas como Escritura a Máquina nos catálogos da Funtimod (figuras 5 e 6) e Manig (figura 7).

1614 Organizando e identificando tipos: Figura 5: Fonte identificada como Escritura a Máquina 7010 no catálogo da Funtimod (FUNTIMOD, sem data, p.10). Figura 6: Fonte identificada como Escritura a Máquina 510 no catálogo da Funtimod (FUNTIMOD, sem data, p. 10). Figura 7: Fonte identificada como Escritura a Máquina nº 1031 no catálogo da Manig (MANIG, sem data, sem numeração de página). Deve-se observar a importância da análise de catálogos dos fabricantes de tipos e para qualquer pesquisa de tipos móveis, pois, como afirma Bringhust, quando digitalizadas, muitas das fontes de metal sofreram alteração: As traduções digitais insatisfatórias oriundas de fontes originais de metal são às vezes muito escuras ou muito claras ou ainda, são infiéis em suas proporções. Por vezes carecem de algarismos de texto e outros componentes essenciais ao desenho original. (BRINGHURST, 2005, p.106) Na atual fase de identificação dos tipos móveis, percebe-se que todo o processo deve ser feito através de catálogos tipográficos, para não ocorrerem erros, ou mesmo porque, em alguns casos, a fonte mudou o nome depois de digitalizada. Isso ocorre, por exemplo, com a fonte Eldorado (figura 8), produzida pela Funtimod, atualmente distribuída em formato digital como Forelle Regular, pela Linotype (http://www.linotype.com/310833/forelleregularfont.html).

Organizando e identificando tipos: 1615 Figura 8: Prova de fonte identificada como Eldorado, corpo 16. As provas foram digitalizadas, tendo em vista uma comparação mais precisa entre as letras impressas no LPG e aquelas presentes nos catálogos. Algumas destas provas foram enviadas por e-mail para a equipe da UFPE, e lá comparadas com outros catálogos, possibilitando assim a identificação de um número maior de fontes. Até o momento, 62 das 68 gavetas foram preliminarmente identificadas, e estão em fase de conferência. Um catálogo preliminar, reproduzindo imagens das 68 provas foi impresso, e já está disponível para os usuários do LPG. Considerações finais Apesar de estarem cada vez menos presentes nos impressos gráficos, os tipos móveis de metal são de grande importância para a história da comunicação e do design gráfico. Além disso, grupos de artistas e designers ainda utilizam essa forma de impressão em trabalhos gráficos diferenciados. A capa do livro Pensar com Tipos (LUPTON, 2006), impressa com tipos móveis, é um exemplo disso. O método desenvolvido para identificação de tipos da oficina tipográfica da FAUUSP mostrou-se eficiente para o reconhecimento e agrupamento das famílias, e possibilitou a confecção de um catálogo preliminar. Através da rede de pesquisa estabelecida entre USP e UFPE, foi possível identificar um número maior de fontes, contribuindo assim para as investigações acerca da memória gráfica brasileira. Agradecimentos Os autores agradecem o auxílio financeiro oferecido pela FUPAM, CAPES e CNPq para a realização desta pesquisa. Referências ARAGÃO, I. R.; FARIAS, A. M.. Tipos móveis de metal: de Gutenberg até os dias atuais. Anais do P&D Design 2008 - Oitavo Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São Paulo: AEND Brasil, 2008, p. 305-317. BRINGHURST, R.. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac Naify, 2005. FUNTIMOD. Máquinas e materiais gráficos (catálogo). São Paulo, sem data. LUPTON, E. Pensar com tipos. São Paulo: Cosac Naify, 2006. MANIG S. A. Tecnologia e perfeição com grandes resultados (catálogo). São Paulo, sem data.