DPP III Prof. Maurício Zanoide de Moraes ACAREAÇÃO

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Transcrição:

- arts. 229 e 230 do CPP DPP III Prof. Maurício Zanoide de Moraes ACAREAÇÃO - colocar duas ou mais pessoas, sejam elas acusadas, vítimas ou testemunhas, em presença uma da outra, para que esclareçam pontos controvertidos de seus depoimentos, sobre fatos ou circunstâncias relevantes para a solução da causa (BADARÓ) - pode ocorrer no inquérito policial e na ação penal - dois pressupostos da acareação: Ø ocorre sobre declarações já prestadas Ø divergência sobre pontos relevantes - pode ser determinada de ofício pelo juiz; ou a requerimento das partes 1

RECONHECIMENTO DE PESSOA OU COISA - arts. 226 a 228 do CPP - meio de prova no qual alguém é chamado para descrever uma pessoa ou coisa por ele vista no passado, para verificar e confirmar a sua identidade perante outras pessoas ou coisas semelhantes às descritas (BADARÓ) - 3 etapas: Ø descrição da pessoa ou coisa (I) Ø comparação (II) Ø indicação da pessoa (ou coisa) reconhecida (II) - reconhecimento fotográfico : meio de prova irritual (desrespeita o procedimento do art. 226) 2

BUSCA E APREENSÃO DPP III Prof. Maurício Zanoide de Moraes BUSCA E APREENSÃO - não é meio de prova, mas sim meio de obtenção de prova - busca: ato de procura de pessoa ou coisa - apreensão: medida assecuratória que toma algo de alguém ou de algum lugar, com a finalidade de produzir prova ou preservar direitos - a busca pode ocorrer durante as várias fases da persecução - busca pessoal / busca domiciliar 3

BUSCA PESSOAL DPP III Prof. Maurício Zanoide de Moraes BUSCA E APREENSÃO - implica restrição à garantia constitucional da intimidade (art. 5º, X, CF) - a busca pessoal pode ser feita sem ordem judicial nas hipóteses do art. 244 do CPP: Ø no caso de prisão; Ø no curso de medida de busca domiciliar; Ø quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo do delito. crítica à expressão fundada suspeita : muito subjetiva; pouco rigor em hipótese de medida tão invasiva - busca pessoal em mulheres deve ser realizada, via de regra, por outra mulher (art. 249, CPP) 4

BUSCA DOMICILIAR DPP III Prof. Maurício Zanoide de Moraes BUSCA E APREENSÃO - é uma restrição legal ao direito da inviolabilidade do domicílio (art. 5º, XI, CF) - a definição de domicílio (que deve ser ampla) abrange (art. 246, CPP e art. 150, 4º, CP): Ø qualquer compartimento habitado; Ø aposento ocupado de habitação coletiva; Ø compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. - também é considerado casa o quarto de hotel, pousada, pensão ou qualquer outro lugar fechado utilizado como morada 5

BUSCA E APREENSÃO - busca em veículo: Ø se for utilizado apenas como meio de transporte, deverá seguir a regra das buscas pessoais (desnecessidade de ordem judicial); Ø se o veículo servir de moradia (p.ex., trailers, cabines de caminhões), deverão ser obedecidas as regras das buscas domiciliares - busca em escritório de advocacia: Ø a inviolabilidade do escritório de advocacia (art. 7º, II, EOAB) não é absoluta ( 6º) Ø necessidade de acompanhamento de representante da OAB ( 6º) Ø documentos que digam respeito à estratégia do caso, ou quaisquer outros relacionados estritamente às defesas dos interesses do cliente, não podem ser apreendidos ( 6º, in fine) Ø não é permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento de corpo de delito (art. 243, 3º, CPP). 6

BUSCA E APREENSÃO - requisitos intrínsecos do mandado (art. 243, CPP): Ø I) identificação ( o mais precisamente possível ) do local ou da pessoa que sofrerá busca 4. Mandado de busca e apreensão perfeitamente delimitado. Diligência estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude do resultado da diligência. 5. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas (STF, 2ª T., HC 106.566, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16.12.14, DJE 18.03.15) Ø II) a precisa definição do motivo é fundamental para que se distinga, no caso de apreensão, o que foi apreendido corretamente no âmbito da ordem judicial, e o que é conhecimento fortuito. A especificação dos fins da diligência possibilita a delimitação do objeto da busca 7

BUSCA E APREENSÃO - requisitos extrínsecos do mandado (art. 245, CPP) Ø relacionados ao cumprimento da ordem Ø deve ser realizada de dia, salvo se o morador consentir que o seja de noite. Ø antes de entrar na casa, os executores da diligência devem ler o mandado de busca ao morador. Ø o morador será instado a, voluntariamente, entregar o que se procura. Se não o fizer, passa-se à execução forçada Ø ao final da diligência, os executores devem lavrar um auto circunstanciado, assinado por duas testemunhas presenciais 8

- definição: DPP III Prof. Maurício Zanoide de Moraes Agente infiltrado é, pois, o funcionário de investigação criminal (...) que, com ocultação da sua qualidade e identidade e com o fim de obter provas para a incriminação do suspeito, ou suspeitos, ganha a sua confiança pessoal e (quantas vezes) a familiar, para melhor o observar, em ordem a obter informações relativas às atividades criminosas de que é suspeito e provas reais e pessoais contra ele(s), com as finalidades exclusivas de prevenção ou repressão criminal, sem, contudo, o(s) determinar à prática de novos crimes (Manuel Monteiro Guedes Valente) 9

- agente infiltrado X agente provocador Ø entrapment defense - natureza jurídica: meio de obtenção de prova (art. 3º, VII, da Lei 12.850/13) - disciplina legal: Ø Lei 12.850/2013 - arts. 3º,VII e 10 a 14 Ø Lei 11.343/2006 - art. 53, I Ø Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado de 2000 - Convenção de Palermo (Decreto nº 5.015/2004) - art. 20, item 1 10

- direito comparado: Ø Alemanha Ø Espanha Ø França Ø Suíça Ø Bélgica Ø Holanda Ø Portugal Lei 101/2001, de 25 de agosto Ø Reino Unido Covert Human Intelligent Sources - code of practice (Home Office) OSC (Office of Surveillance Commissioners) Ø EUA 11

O NA LEI 12.850/13 - pressuposto e requisito (art. 10, caput): Ø pressuposto: indícios da infração penal prevista no art. 1º (organização criminosa) quanto à materialidade quanto à autoria (apesar da redação do art. 11 e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas ) Ø requisito: a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis necessidade da medida (repetida no art. 11) - legitimidade para o pedido (art. 10, caput): Ø Ministério Público (requerimento com manifestação técnica do delegado de polícia) Ø Delegado de Polícia (representação, ouvido o MP) 12

- conteúdo do pedido: demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infração (art. 11) - distribuição sigilosa do pedido (art. 12, caput) - autorização judicial (art. 11, caput) Ø por meio de decisão circunstanciada, motivada e sigilosa Ø deve estabelecer os limites da infiltração - prazo: até 6 meses (art. 10, 3º) - possibilidade de renovações (art. 10, 3º) 13

- relatórios sobre a infiltração: Ø obrigatoriamente, ao final do prazo estabelecido - relatório circunstanciado (art. 10, 4º) Ø facultativamente, durante a infiltração relatório da atividade de infiltração (art. 10, 5º) - legitimidade para ser agente infiltrado: Ø policiais em atividade de investigação (art. 3º, VII, da Lei 12.850/13) Ø atribuição legal exclusiva de agentes de polícia judiciária (Polícia Civil ou Federal) Ø proibida a atuação de particulares, bem como de agentes públicos do policiamento preventivo e ostensivo ou de outras funções estatais como policiais militares, servidores do MP ou do Judiciário, guardas civis, militares (Exército, Marinha ou Aeronáutica) ou servidores da ABIN 14

- sustação da medida: risco iminente do agente (art. 12, 3º) ou arbítrio do agente (art. 14, I) - devida proporcionalidade na atuação do agente: responsabilização pelos excessos (art. 13) - ausência de responsabilização: inexigibilidade de conduta diversa (art. 13, p.u.) - possibilidade de alteração da identidade do agente (art. 14, II) - preservação das informações pessoais do agente durante a persecução (art. 14, III) - disponibilização à defesa dos autos de infiltração: quando do oferecimento de denúncia (art. 12, 2º) 15

PONTOS CRÍTICOS DA LEI 12.850/13 - controle jurisdicional sobre os limites da medida (art. 10) e ausência de informações sobre operação e identificação do agente (art. 12) - requisitos do pedido de infiltração: Ø exigência de indícios da infração penal (art. 10, 2º) versus possibilidade ( quando possível ) de indicação de nomes dos investigados e do local da infiltração (art. 11) Ø demonstração de necessidade da medida (art. 11) versus não indicação da operação (art. 12) Ø não-identificação do agente que será infiltrado (art. 12) - relatório da atividade de infiltração (art. 10, 5º) 16

- disponibilização à defesa dos autos de infiltração quando do oferecimento da denúncia (art. 12, 2º) - preservação das informações pessoais do agente infiltrado durante a investigação e o processo criminal (art. 12, 2º, in fine) - momento da alteração da identidade do agente infiltrado (art. 14, II) - instrumentalização do agente policial 17