Não dispensa a consulta do diploma publicado em Diário da República Regulamento da CMVM n.º 18/98 Regulamento do Fim de Semana de Transição para o Euro A redenominação de uma parte significativa da dívida pública representada por obrigações do Tesouro admitidas à negociação na Bolsa de Valores de Lisboa, pelo seu relevante peso nos mercados de valores mobiliários, exige a definição de medidas específicas quanto ao funcionamento dos mercados de bolsa, à liquidação das operações e, em geral, à circulação dos valores mobiliários. Uma dessas medidas é o encerramento dos mercados de bolsa e do Mercado Especial de Operações por Grosso no dia 31 de Dezembro de 1998, necessidade que é reconhecida e desejada pelas entidades que, de uma ou outra forma, intervêm nos mercados. Esta e outras medidas preconizadas, como a imposição de restrições à liquidação de operações e às transferências em conta de valores mobiliários, visam permitir que o processo de redenominação se processe nas melhores condições. Naquela data encerra-se um ciclo e todas as operações ou movimentos de valores mobiliários a redenominar devem ser concluídas até essa data. Os procedimentos previstos são excepcionais e afectam as rotinas de diversas entidades no chamado fim de semana de transição para o euro, devendo essas entidades preparar-se para cumprir escrupulosamente as regras consagradas no presente regulamento e delas dar informação adequada aos seus clientes. O n.º 3 do artigo 14º do Decreto-Lei nº 138/98, de 16 de Maio, estipulou que a redenominação dos valores mobiliários representativos da dívida pública se realiza, a partir da posição do credor, pela aplicação da taxa de conversão ao valor da sua carteira, com arredondamento ao cêntimo, que passa a constituir o novo valor nominal unitário desses valores. Estando os valores mobiliários a redenominar integrados no sistema de registo e controlo de valores mobiliários, é inevitável que, por razões operacionais, a redenominação se processe por cada conta de titularidade, independentemente da sua situação fiscal, pois aquele sistema de registo não permite a formação de carteiras globais de cada titular. Ao abrigo do disposto no artigo 21º do Decreto-Lei nº 343/98, de 6 de Novembro, nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 14º, no n.º 3 do artigo 76º, no n.º 2 do artigo 394º, no n.º 1 do artigo 407º, no n.º 4 do artigo 437º e no n.º 1 do artigo 461º, todos do Código do Mercado de Valores Mobiliários, e do disposto no n.º 3 do artigo 1º da Portaria nº 337-C/94, de 15 de Junho, no artigo 9º da Portaria nº 291/96, de 23 de Dezembro, e no artigo 8º da Portaria nº 476/98, de 15 de Maio, o Conselho Directivo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), ouvidos o Banco de Portugal, o Instituto de Gestão do Crédito Público, a Associação da Bolsa de Valores de Lisboa, a Associação da Bolsa de Derivados do Porto, a Interbolsa, a Associação Portuguesa de Bancos e a Associação Portuguesa de Sociedades Corretoras e Financeiras de Corretagem, aprovou o seguinte regulamento:
Capítulo I Regras Gerais Artigo 1º Encerramento dos mercados 1. No dia 31 de Dezembro de 1998 não se realiza sessão na Bolsa de Valores de Lisboa, na Bolsa de Derivados do Porto e no Mercado Especial de Operações por Grosso, nem podem ser registadas operações de reporte e de empréstimo na Bolsa de Derivados do Porto. 2. As ofertas que não tenham sido executadas na sessão de bolsa da Bolsa de Valores de Lisboa e da Bolsa de Derivados do Porto do dia 30 de Dezembro de 1998 são canceladas após o encerramento da sessão. Artigo 2º Transferências em conta de valores mobiliários 1. No dia 31 de Dezembro de 1998 não podem ser satisfeitos os pedidos de transferência de valores mobiliários em consequência de operações realizadas fora dos mercados referidos no artigo 1º, sendo-lhes aplicável o seguinte regime: a) quando devam ser executados no processamento nocturno, são cancelados se até ao fim do dia 30 de Dezembro de 1998 estiverem pendentes de confirmação; b) quando devam ser executados no processamento diurno, só são aceites pelo Sistema até ao início do processamento diurno do dia 30 de Dezembro de 1998. 2. O disposto no número anterior não é aplicável aos pedidos de transferência com efeitos imediatos em que um dos intervenientes seja o Banco de Portugal ou a Bolsa de Derivados do Porto. 3. Aos pedidos de transferência que não sejam abrangidos pelo disposto nos números anteriores e que tenham por objecto valores mobiliários a redenominar é aplicável o seguinte regime: a) quando devam ser executados no processamento nocturno, são cancelados se até ao fim do dia 31 de Dezembro de 1998 estiverem pendentes de confirmação; b) quando devam ser executados no processamento diurno, só são aceites pelo Sistema até ao início do processamento diurno do dia 31 de Dezembro de 1998.
Capítulo II Valores a Redenominar Secção I Âmbito e Regulamentação Artigo 3º Âmbito de aplicação O presente capítulo aplica-se aos valores mobiliários integrados nos sistemas previstos nos artigos 58.º, 85.º e 86.º do Código do Mercado de Valores Mobiliários, a redenominar durante o fim de semana de transição para o euro. Artigo 4º Regulamento operacional A Interbolsa define, através de regulamento operacional aprovado pela CMVM e publicado no boletim de cotações da Bolsa de Valores de Lisboa, os horários e os procedimentos necessários à concretização das disposições do presente capítulo. Secção II Liquidação Artigo 5º Ordens de recompra 1. As operações a contado realizadas nos dias 22 a 30 de Dezembro de 1998, que não tenham sido liquidadas, não geram ordens de recompra, sendo revertidas na acepção do artigo 45º do Regulamento da Central de Valores Mobiliários e do Sistema de Liquidação e Compensação. 2. As ordens de recompra existentes até ao dia 28 de Dezembro são anuladas no processamento nocturno do dia 29 de Dezembro, havendo lugar à reversão financeira das operações que as geraram. 3. As reversões previstas neste artigo são comunicadas à CMVM pela Central de Valores Mobiliários no fim do dia 31 de Dezembro. Artigo 6 Especificação 1. As operações a contado realizadas no dia 30 de Dezembro de 1998 são especificadas pelos corretores e restantes intermediários financeiros no mesmo dia. 2. O regulamento operacional da Central de Valores Mobiliários a que se refere o artigo 4º define a hora até à qual os corretores podem proceder à especificação. Artigo 7º Concentração das liquidações 1. As operações de bolsa a contado e do Mercado Especial de Operações por Grosso realizadas nos dias 28, 29 e 30 de Dezembro de 1998 são objecto de compensação, liquidação física e financeira no dia 31 de Dezembro de 1998.
2. A CMVM, no exercício das competências que lhe são conferidas por lei, pode solicitar à Central de Valores Mobiliários relatório, por via informática, discriminando os saldos das contas globais dos intermediários financeiros, que resultariam da liquidação física das operações para cada um dos dias referidos no número anterior caso não houvesse concentração de liquidações. Secção III Aplicação do Método de Redenominação Artigo 8º Redenominação pelos intermediários financeiros 1. No dia 1 de Janeiro de 1999: a) a Central de Valores Mobiliários disponibiliza aos intermediários financeiros informação sobre os saldos das suas contas, em que estejam registados os valores mobiliários a redenominar; b) os intermediários financeiros procedem à redenominação dos valores mobiliários registados nas contas de titularidade junto de si abertas, de acordo com a fórmula constante do Anexo I do presente regulamento e que dele faz parte integrante. 2. Nos dias 1 e 2 de Janeiro de 1999, os intermediários financeiros enviam à Central de Valores Mobiliários, após terem procedido à redenominação dos valores mobiliários: a) os saldos globais das várias contas que têm abertas junto da mesma; b) a quantidade de contas de titularidade junto de si abertas. 3. No dia 3 de Janeiro de 1999 a Central de Valores Mobiliários informa: a) os intermediários financeiros dos saldos de contas em que os valores mobiliários registados tenham sido redenominados; b) a Bolsa de Valores de Lisboa e a entidade emitente do total da emissão de valores mobiliários redenominados. 4. O saldo total das contas de valores mobiliários abertas junto de cada intermediário financeiro deve encontrar-se dentro dos limites fixados no Anexo II ao presente regulamento e que dele faz parte integrante. 5. A Central de Valores Mobiliários recusa a redenominação quando os valores indicados nos termos do n.º 2 não se encontrem dentro dos limites do Anexo II, comunicando imediatamente essa recusa aos intermediários financeiros com a indicação de que os valores devem ser corrigidos. Artigo 9º Redenominação supletiva 1. Quando os intermediários financeiros não procedam à redenominação nos termos do artigo anterior, nomeadamente por não cumprirem os deveres dos n. os 1 e 2 do artigo anterior ou por recusarem a correcção nos termos do n.º 5 do artigo anterior até ao fim do dia 2 de Janeiro, a Central de Valores Mobiliários procede à redenominação dos valores mobiliários registados na sua conta global, de acordo com a fórmula constante do Anexo I.
2. A Central de Valores Mobiliários informa imediatamente a CMVM da redenominação efectuada nos termos do número anterior. Artigo 10º Comissões Pelos actos de redenominação previstos nesta secção não são devidas comissões à Interbolsa. Secção IV Fracções Artigo 11º Fracções 1. Entre os dias 4 de Janeiro e 31 de Março de 1999, a negociação de fracções em bolsa sobre os valores redenominados nos termos do presente regulamento obedece às seguintes regras especiais: a) a margem do operador de fracção é de 0,3%; b) as operações realizadas encontram-se isentas da taxa de operações de bolsa. 2. As vantagens referidas no número anterior e a sua natureza transitória são comunicadas, em tempo útil, pelos intermediários financeiros aos clientes cujas contas, após a redenominação, apresentem saldos inferiores ao lote mínimo ou que não sejam múltiplos naturais deste. 3. Se a tal facto não obstarem os seus deveres de boa execução, os intermediários financeiros agregam as ordens sobre fracções que recebam dos seus clientes, de modo a poderem executá-las por lotes e apenas residualmente em fracções. Capítulo III Disposição Final Artigo 12.º Entrada em vigor O presente Regulamento entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação no Diário da República. 17 de Novembro O Presidente do Conselho Directivo, José Nunes Pereira
Anexos Anexo I Em que: trunc = função que procede à truncagem de um número, tornando-o um número inteiro, ao remover a sua parte decimal ou fraccional. Valor nominal denominado em cêntimos Quantidade de valores mobiliários denominados em escudos na conta de valores mobiliários Valor nominal unitário em escudos Factor de conversão do escudo para o euro Anexo II Em que: trunc= função que procede à truncagem de um número, tornando-o um número inteiro, ao remover a sua parte decimal ou fraccional. Valor nominal denominado em cêntimos Quantidade de valores mobiliários denominados em escudos na conta global do intermediário financeiro Valor nominal unitário em escudos Factor de conversão do escudo para o euro Número de contas no intermediário financeiro