Figura 1 Distribuição da produção de leite na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas.



Documentos relacionados
SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 368, DE 2012

Prof. Charles Alessandro Mendes de Castro

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA DELIMITAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÌPIO DE BRASÓPOLIS MG.

Entendendo o Novo Código Florestal II CBRA Eduardo Chagas Engº Agrônomo, M.Sc Chefe DRNRE / IDAF

DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO PERMANENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO JI-PARANÁ

NOVO CÓDIGO FLORESTAL: IMPLICAÇÕES E MUDANÇAS PARA A REALIDADE DO PRODUTOR DE LEITE BRASILEIRO

Licenciamento Ambiental no Estado de São Paulo

VII Reunião de Atualização em Eucalitptocultura

Sensoriamento remoto e SIG

Caracterização das Unidades de Manejo Florestal Lote-1 da Floresta Estadual do Amapá

Para realizar a avaliação do impacto da aplicação da legislação ambiental nos municípios foram realizadas as seguintes atividades:

MATERIAL DE APOIO PROFESSOR

Novo Código Florestal Lei /12. Rodrigo Justus de Brito Advogado e Engº Agroº Especialista em Legislação Ambiental

Município de Colíder MT

Módulo fiscal em Hectares

Lei /2012. Prof. Dr. Rafaelo Balbinot Departamento. de Eng. Florestal UFSM Frederico Westphalen

O Código Florestal, Mudanças Climáticas e Desastres Naturais em Ambientes Urbanos

Avaliação da ocupação e uso do solo na Região Metropolitana de Goiânia GO.

Diagnóstico Ambiental do Município de Alta Floresta - MT

Novo Código Florestal, Adequação Ambiental e CAR

BR 116/RS Gestão Ambiental. Oficina para Capacitação em Gestão Ambiental

Prefeitura INEPAC IPHAN Resumo. 0,5-0,5 0,5 3 pavim. Altura máxima de 13m. 8,5m 15% % Das Disposições Gerais (IPHAN)

Instruções Técnicas Licenciamento Prévio para Destinação Final de RESIDUOS DE FOSSA SÉPTICA

Rodrigo Justus de Brito Advogado e Engº Agroº Especialista em Legislação Ambiental. Fevereiro

Saiba mais sobre o Novo Código Florestal Brasileiro e o CAR COLADO NA CAPA

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PAJEÚ-PE. Carlos Tiago Amâncio Rodrigues¹, André Quintão de Almeida²

4. ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 408, DE 2012

Figura 1 Classificação Supervisionada. Fonte: o próprio autor

Apps de Topo de Morro. Ministério Público de São Paulo CAO Cível e de Tutela Coletiva

Lei Federal nº /12 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Eng. Agr. Renata Inês Ramos Eng. Ftal. Irene Tosi Ahmad

8º. Curso de Atualização em Eucaliptocultura. Adequação Legal da Propriedade Rural

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. II Seminário Estadual de Saneamento Ambiental

DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM TOPO DE MORRO. ESTUDO DE CASO: SUB-BACIA DO RIO CANOAS, MONTES CLAROS - MG

USO DA TERRA NO BRASIL 851 milhões de hectares

Legislação Anterior Novo Código Florestal Avanços

Código Florestal: APP e RL

Sistema de Cadastro Ambiental Rural

LICENCIAMENTO AMBIENTAL. Autorização para supressão de vegetação nativa e intervenções em Áreas de Preservação Permanente - APP

PREFEITURA MUNICIPAL DE TAPEJARA SECRETARIA DE AGRICULATURA E MEIO AMBIENTE

Cadastro Ambiental Rural e Programa de Regularização Ambiental

CADASTRO AMBIENTAL RURAL E AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

ecoturismo ou turismo. As faixas de APP que o proprietário será obrigado a recompor serão definidas de acordo com o tamanho da propriedade.

Ferramentas de sensoriamento remoto e SIG aplicadas ao novo Código Florestal

Comparação entre lei 4771 e PL relatado pelo Dep.Aldo Rebelo preparado por Zeze Zakia Versão preliminar ( APP)

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS LIVRES DA WEB, PARA O MONITORAMENTO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE O RIO MEIA PONTE, GO: UM ESTUDO DE CASO.

Prof. Pedro Brancalion

Diagnóstico da Área de Preservação Permanente (APP) do Açude Grande no Município de Cajazeiras PB.

O Novo Código Florestal

AVALIAÇÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA MICROBACIA SANGA ITÁ, MUNICÍPIO DE QUATRO PONTES, PARANÁ

CARTAS DE DERIVAÇÕES AMBIENTAIS E TRANSGRESSÕES LEGAIS: DESTAQUE AS ÁREAS DE PLANICIE E TERRAÇOS FLUVIAIS NO ANTIGO E NO NOVO CÓDIGO FLORESTAL

ANÁLISE DO USO DA TERRA NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BARRAGEM PIRAQUARA II E SEUS AFLUENTES. PIRAQUARA PARANÁ

Definiu-se como área de estudo a sub-bacia do Ribeirão Fortaleza na área urbana de Blumenau e um trecho urbano do rio Itajaí-açú (Figura 01).

A HIDROSFERA. Colégio Senhora de Fátima. Disciplina: Geografia 6 ano Profª Jenifer Tortato

Cadastro Ambiental Rural CAR

AS COOPERATIVAS FLORESTAL. Magno Botelho Castelo Branco

ANÁLISE DO USO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO ALTO CURSO DA BACIA DO RIO COTEGIPE, FRANCISCO BELTRÃO - PR

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS:

Especialização em Direito Ambiental. 3. As principais funções das matas ciliares são:

DISPOSIÇÕES PERMANENTES

Utilização de SIG aliado ao sistema de gestão ambiental em cursos d água urbanos.

7/10/2010. APPs- Legislação Principal. Lei Federal número /65. Resolução CONAMA 202/2002. Resolução CONAMA 203/2002

NOVO CÓDIGO FLORESTAL E CADASTRO AMBIENTAL RURAL

Retrocesso na Proteção Ambiental. Dispositivos. Lei nº /2012

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO Secretaria de Habitação e Meio Ambiente Diretoria de Licenciamento e Avaliação Ambiental

Histórico. Decreto 7.029/2009 (Decreto Mais Ambiente) Lei Federal /2012 Decreto 7.830/2012

TEXTO EM VIGOR EM VERDE

Avanços na proposta do Novo Código Ambiental Brasileiro

Parâmetros de Definição e Desafios à Geração e Tratamento de Dados de APP no Bioma Amazônico

Iniciativa Verde. Pontos para aplicação do novo Código Florestal, Lei /12

E qual é a nossa realidade???

PAINEL III. Licenciamento Ambiental Municipal

Estudo da Delimitação por MDE de Ottobacias de Cursos de Água da Sub-Bacia 63 Visando o Cálculo de Perímetro e Área de Drenagem

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. Profª. Priscila Pini prof.priscila@feitep.edu.br

RESOLUÇÃO Nº 303, DE 20 DE MARÇO DE (D.O.U. de 13/05/02) Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

Painel 3 - Sustentabilidade: o produtor rural como gestor do território

-essa definição irá abranger mais de 90% das propriedades rurais brasileiras, as quais serão desobrigadas de restaurar as suas Reservas Legais.

DESIGUALDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SALINAS MG

CONQUISTAS AOS AGRICULTORES NO CÓDIGO FLORESTAL

IMPACTOS AMBIENTAIS EM ÁREA DE RIO SÃO FRANCISCO, PETROLINA PE.

A AGRICULTURA EM MACHADINHO D OESTE & O CÓDIGO FLORESTAL EVARISTO DE MIRANDA

CICLO DE PALESTRAS E DEBATES

Uso da terra na Área de Preservação Permanente do rio Paraíba do Sul no trecho entre Pinheiral e Barra do Piraí, RJ

ENCONTRO E PROSA PARA MELHORIA DE PASTAGENS: SISTEMAS SILVIPASTORIS

Um método para a determinação automática de áreas de preservação permanente em topos de morros para o Estado de São Paulo

Mestre não é quem ensina, mas quem, de repente, aprende.

DETERMINAÇÃO DAS ÁREAS DE CONFLITO DO USO DO SOLO NA MICROBACIA DO RIBEIRÃO ÁGUA-FRIA, BOFETE (SP), ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

MODELAGEM DA PRODUÇÃO DE SEDIMENTOS USANDO CENÁRIO AMBIENTAL ALTERNATIVO NA REGIÃO NO NOROESTE DO RIO DE JANEIRO - BRAZIL

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ÁREAS URBANAS

Análise dos Indicadores de Sustentabilidade na Cidade de Serafina Corrêa - RS

Marcio S. Suganuma Escola de Engenharia de São Carlos EESC/ USP.

SECRETARIA MUNICIPAL DA AGRICULTURA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE


Exercício 1: Calcular a declividade média do curso d água principal da bacia abaixo, sendo fornecidos os dados da tabela 1:

Reunião de Abertura do Monitoramento Superintendência Central de Planejamento e Programação Orçamentária - SCPPO

PROJETO DE LEI N o 2.123, DE 2003 I - RELATÓRIO COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

CADASTRO DE LOCALIDADES SELECIONADAS

TOPO DE MORRO NA RESOLUÇÃO CONAMA Nº 303

RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO HIDRICA: SOLUÇÃO PARA PROBLEMAS DE DRENAGEM URBANA NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE - PB

TERMO DE REFERÊNCIA PARA PARCELAMENTO DE SOLO: CODRAM 3414,40; CODRAM 3414,50; CODRAM 3414,60; CODRAM 3414,70; CODRAM 3415,10

Transcrição:

Análise do novo Código Florestal em relação a Áreas de Preservação Permanentes para a mesorregião Sul/Sudoeste de Minas Gerais 1 Marcos Cicarini Hott 2 Letícia D Agosto Miguel Fonseca 3 Franciele de Oliveira Pimentel 3 Maryá Cristina Rabelo 1 João Cesar de Resende 1 Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 Dom Bosco, Juiz de Fora - MG, Brasil {hott, joaocsar}@cnpgl.embrapa.br 2 Universidade Federal de Viçosa Rua PH Rolfs, s/n Viçosa MG, Brasil leticiafonseca.geo@gmail.com 3 Universidade Federal de Juiz de Fora Rua José Lourenço Kelmer, s/n São Pedro, Juiz de Fora MG, Brasil tiele_pimentel@yahoo.com.br, maryarabelo.geo@gmail.com Abstract. The present study aimed at mapping some categories of Areas of Permanent Preservation (APP) for the regions of Sul/Sudoeste in Minas Gerais State, based on current Forest Code and new laws to be elaborated in the Brazilian Congress, in the context of dairy chain. From the altimetric information from MDE, it was possible to extract morphological and morphometrical data to estimate the areas of APP of hill tops and along the margins of rivers or drainage in this case. The microregions with the largest area of APP along hydrography were Varginha in both current and new environment laws, with 378 and 181 km², respectively, and in relation to APP of hill top were Pouso Alegre and Passos considering current and new Forest Code, with 1,038 and 235 km², respectively. Palavras-chave: Area of Permanent Preservation, Forest Code, mesorregião Sul/Sudoeste, Áreas de Preservação Permanente, Código Florestal, Sul/Sudoeste region. Introdução Com uma produção de 1,36 bilhões de litros de leite em 2010, a mesorregião Sul/Sudoeste de Minas figura entre as principais regiões produtoras de leite no Estado de Minas Gerais, com 16% da produção mineira. Entretanto, em razão de seu relevo movimentado, essa região tende a produzir ampla gama de situações em que a drenagem se torna densa, além de apresentar uma topografia composta por numerosos morros e montanhas, o que influencia a produção de leite, em termos de manejo, custo e produtividade, além de afetar a distribuição de Áreas de Preservação Permanentes (APP). As APP s são objeto de regulação pela legislação ambiental atual, e passa por análise e eventuais mudanças nas instâncias legislativas da federação. A necessidade de adequação fundiária, com a devida certificação ambiental e atendimento ao código florestal se tornam mais incisivos nas regiões com ambientes mais frágeis, solos declivosos e com extensa rede de drenagem, e neste caso coincidem com as regiões que detém menor produção de leite, tais como Itajubá e Andrelândia, se comparadas às regiões de Passos e Varginha (Figura 1). Portanto, a construção de cenários para a região em questão apontará o impacto da legislação atual e futura, a qual tramita no poder legislativo, funcionando como indicador das ações de adequação quanto aos dispositivos vigentes e vindouros, bem como estimador da 4792

dimensão e alcance da lei, o que pode, de forma geral, apresentar uma visão da segurança jurídica quando da análise das áreas disponíveis para a pecuária frente às eventuais APP s. Assim, serão analisadas nesse trabalho APP s em termos do código florestal vigente e algumas alterações constantes em documento que tramita na câmara e senado. Segundo a redação final do projeto de lei n 1.896 de 1999, a mudança referente às APP s em cursos d água, se aplica somente para as margens de até 10 metros, onde, no caso de manutenção de sistemas agrossilvopastoris, as faixas marginais devem ser recompostas em 15 m e não em 30m como na resolução do CONAMA n 303. As áreas de preservação permanente em topos de morro serão consideradas a partir de uma altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25, delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação. De acordo com a resolução do Conama n 303 as áreas de topo de morro são delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação à base, sendo esta um plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol d água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao redor. Sendo considerado Parágrafo Único que agrupa grande parte das elevações, distas em 500 m, aumentando a APP em topo de morro e montanhas. Quanto aos lagos e lagoas, as áreas situadas no entorno de reservatórios artificiais destinados ao abastecimento público ou geração de energia terão a faixa mínima de 30 metros e máxima de 100 m em área rural e faixa mínima de 15 m em área urbana, sem definição do tamanho do espelho d água. Segundo a resolução do Conama n 302 o entorno de reservatórios artificiais localizados em área rural devem ser de 100 metros, sem especificação do tamanho da lâmina d água ou destinação de uso, salvo os 15 metros para reservatórios não utilizados em abastecimento público ou geração de energia com até 20 hectares de superfície, e 15 metros para reservatórios destinados à geração de energia elétrica com até 10 hectares. Assim, adotou-se a margem de APP em consonância com a categoria do espelho d água e situação que prevalece em seu entorno. Figura 1 Distribuição da produção de leite na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas. 4793

Metodologia Para o mapeamento de todas as categorias de áreas de APP abordadas foi utilizada a base altimétrica da imagem SRTM, em razão de atender à escala cartográfica requerida na pesquisa para a mesorregião, que detém uma grande extensão territorial. Foi realizada a extração da rede de drenagem na estimativa dos cursos d água, perenes ou intermitentes, sendo determinada a ordem das bacias como critério de decisão sobre a largura média dos tributários, para então definir qual seria a margem de proteção dos rios e lagos da região. Essa base de dados também foi utilizada na delimitação do terço superior. Assim, os resultados das APP s mapeadas segundo a resolução do Conama e também segundo as alterações propostas no projeto de lei nº 1.896, foram apresentados da forma de mapas e tabelas, usados na comparação dos dois cenários frente à produção de leite na mesorregião. Resultados e Discussões De acordo com a Tabela 1, observa-se que as microrregiões de Varginha, Passos e Alfenas apresentaram maior área de APP na categoria de corpos d água, ao longo de córregos, rios, lagos e lagoas, o que impactaria em maior grau a atividade agropecuária, inclusive a atividade leiteira se implantadas ou ajustadas as APP s tal como está no código vigente, tendo em vista a maior produção concentrada nessas regiões, onde se localiza também uma rede de drenagem que alimenta a represa de Furnas (Figura 2). Entretanto, por meio do cenário elaborado para o código florestal em tramitação na câmara e senado, e de acordo com a Tabela 2, haveria cerca de 50% de redução na APP de hidrografia ou drenagem (Figura 3). Isto poderia repercutir em menor demanda de proteção ao longo dos cursos d água, provavelmente impactando menos nas áreas disponíveis para a pecuária de leite, mas influenciando negativamente, a médio e longo prazo, na produção de água e manutenção do nível de lençóis freáticos, sendo que não é somente a existência de margem de vegetação ciliar que atua na proteção de córregos. Podem-se citar tipo de solo e topografia como fatores preponderantes na tomada de decisão quanto à largura ou distribuição de vegetação natural necessária à proteção de córregos e nascentes, bem como adoção de práticas conservacionistas nas atividades agropecuárias. Tabela 1 Áreas de Preservação Permanentes em corpos d água, de acordo com a legislação atual, frente às microrregiões do Sul/Sudoeste de Minas. APP (km²) Microrregiões 30 m 50 m 100 m Total Alfenas 148 8 116 272 Andrelândia 194 7 2 203 Itajubá 111 5 0 116 Passos 224 13 116 352 Poços de Caldas 171 15 0 187 Pouso Alegre 187 9 2 198 Santa Rita do Sapucaí 124 7 15 146 São Lourenço 142 15 0 158 São Sebastião do Paraíso 194 6 3 203 Varginha 244 20 114 378 Total 1.740 105 367 2.211 4794

Tabela 2 Áreas de Preservação Permanentes em corpos d água, de acordo com os dispositivos que tramitam na esfera federal, diante das microrregiões do Sul/Sudoeste de Minas. APP (km²) Microrregiões 15 m 30 m 50 m 100 m Total Alfenas 76 33 7 6 121 Andrelândia 97 1 7 0 105 Itajubá 56 0 5 0 61 Passos 115 35 13 0 163 Poços de Caldas 86 0 15 0 101 Pouso Alegre 94 0 9 2 104 Santa Rita do Sapucaí 62 0 7 15 84 São Lourenço 71 0 15 0 87 São Sebastião do Paraíso 97 1 6 0 104 Varginha 124 34 20 2 181 Total 877 104 104 25 1.110 Figura 2 Estimativa de APP ao longo de corpos d água, conforme o código florestal vigente. 4795

Figura 3 Estimativa de APP ao longo de corpos d água, conforme texto que tramita na câmara e senado. A mesma observação quanto a outros fatores que poderiam contribuir para a tomada de decisão na conservação dos recursos naturais é valida para APP s ao longo de topos de morros e montanhas. Outros fatores tais como preservação de encostas e cultivo em nível no terreno são tão importantes quanto à preservação de vegetação natural em topos de elevações. Nessa abordagem, houve uma redução da ordem de 80 a 90%, e regiões que antes detinham APP s de topos de morros elencadas, neste cenário, com cerca de 1.000 km², que é o caso da microrregião de Pouso Alegre, se reduziria para 154 km² à luz do novo código em tramitação (Tabela 3). Tabela 3 Áreas de Preservação Permanentes em topos de morros, comparando-se os cenários em conformidade com o código florestal vigente e com a modificação proposta. APP (km²) Código Florestal Proposta de Microrregiões vigente Modificação Diferença Alfenas 417 64-353 Andrelândia 729 146-584 Itajubá 749 189-561 Passos 936 235-700 Poços de Caldas 754 105-649 Pouso Alegre 1.038 154-884 Santa Rita do Sapucaí 476 99-377 São Lourenço 743 182-561 São Sebastião do Paraíso 549 35-514 Varginha 603 102-501 Total 6.994 1.312-5.682 4796

De acordo com as Figuras 4 e 5, percebe-se que haveria uma grande redução no cenário de APP s em topos de morros, significativamente nas áreas com relevo um pouco menos movimentado, onde a produção leiteira se destaca na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas, nas microrregiões de São Sebastião do Paraíso, Poços de Caldas e Varginha, para as quais haveria num novo cenário com relação aos ditames legais em apreciação na esfera federal, reduzindo-se sobremaneira a área de preservação no terço superior de morros e montanhas. Figura 4 APP em topo de morro, de acordo com o Código Florestal vigente. Figura 5 APP em topo de morros, conforme texto que tramita na câmara e senado. 4797

Conclusões Esses cenários elaborados nos Sistemas de Informações Geográficas apóiam a tomada de decisão no planejamento de ações de licenciamento ambiental nos diversos segmentos produtivos pecuários, os quais poderão afetar diretamente a disponibilidade de terras, bem como a preservação de solo e água. Portanto, tornam-se fundamentais a obtenção de estimativas que possibilitem a adoção de medidas no setor fundiário quanto ao atendimento da legislação ambiental por parte de produtores, responsáveis por fomento agropecuário ou segmento de transformação do setor lácteo. Bibliografia Brasil. Lei n 4.771, de 15 de Setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal. Brasil. Resolução CONAMA n 303, de 20 de Março de 2002, dispõe sobre as áreas de preservação permanente. Brasil. Projeto de Lei da Câmara nº 30 de 2011, Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Texto Inicial. CARVALHO, G. R.; HOTT, M. C.; OLIVEIRA, A. F. de Análise espacial da concentração da produção de leite e potencialidades geotecnológicas para o setor. Boletim de conjuntura agropecuária. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, dezembro de 2006. 34 p. HOTT, M. C.; CARVALHO, G. R.; OLIVEIRA, A. F. Análise da concentração produtiva mesorregional de leite no Estado de Minas Gerais. In: Congresso Internacional do Leite, 6, 2007, Resende. Anais... Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2007a. 1 CDROM IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário, 2008 SRTM Shuttle Radar Topography Mission. USGS, 2000. ZYL, J.J. The Shuttle Radar Topography Mission (SRTM): a breakthrough in remote sensing of topography. Acta Astronautica, v.48, p.559-565, 2001. 4798