EMISSÕES DE CO 2 DO SOLO SOB FRUTICULTURA ORGÂNICA DE MARACUJÁ E ABACAXI CONSORCIADO COM MILHO, MANDIOCA E PLANTAS DE COBERTURA NETO 5

Documentos relacionados
Efeitos da adubação nitrogenada de liberação lenta sobre a qualidade de mudas de café

Biomassa Microbiana em Cultivo de Alface sob Diferentes Adubações Orgânicas e Manejo da Adubação Verde

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

De Charles W. Rice Karina Fabrizzi e Paul White Departamento de Agronomia. Pesquisa e Extensão da Kansas

Atividade biológica de solo sob cultivo múltiplo de maracujá, abacaxi, milho, mandioca e plantas de cobertura 1

Propriedades físicas de um Cambissolo submetido a períodos de pastejo rotacionado

ACLIMATIZAÇÃO DE CULTIVARES DE ABACAXIZEIRO SOB MALHAS DE SOMBREAMENTO COLORIDAS

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 486

Adubação com composto de farelos anaeróbico na produção de tomate orgânico cultivado sobre coberturas vivas de amendoim forrageiro e grama batatais.

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

IMPACTO DA ADIÇÃO DE CROMO HEXAVALENTE NA ATIVIDADE MICROBIANA E REDUÇÃO EM CONDIÇÕES DE INCUBAÇÃO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 455

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ANÁLISE DA ALCALINIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS UTILIZADAS NO IFC-CÂMPUS CAMBORIÚ. Instituto Federal Catarinense, Camboriú/SC

O Papel do Sistema Radical das Culturas na Sustentabilidade da Agricultura

Caracterização química e biológica de solos com diferentes históricos de manejo e uso no Agreste Meridional Pernambucano.

DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAS DE FÓSFORO APÓS 15 ANOS DA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE MANEJO

USO DO BIOSSÓLIDO COMO SUBSTRATO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE AROEIRA (Schinus terenbinthifolius Raddi)

USO DE DIFERENTES SUBSTRATOS E FREQUÊNCIA DE IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DE TOMATE CEREJA EM SISTEMA HIDROPÔNICO

ESTABILIDADE DE AGREGADOS DO SOLO SOB DIFERENTES CULTIVOS E SISTEMAS DE MANEJO EM LATOSSOLO AMARELO NO CERRADO PIAUIENSE

A inserção do cultivo do arroz irrigado na Agricultura de Baixo Carbono do Plano Agrícola e Pecuário, Safra 2013/14

COMPONENTES DE CRESCIMENTO DA MAMONEIRA (Ricinus cumunnis L.) CULTIVAR BRS ENERGIA ADUBADA ORGANICAMENTE

ATRIBUTO FÍSICO DO SOLO EM FUNÇÃO DE SISTEMAS DE CULTIVO E VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Algodão Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ALTERAÇÃO NOS TEORES E ESTOQUES DE CARBONO ORGÂNICO EM UM LATOSSOLO APÓS 23 ANOS SOB DIFERENTES PREPAROS DE SOLO E CULTURAS DE INVERNO 1

10 AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA

Integração Lavoura-Pecuária-ILP

A Vida no Solo. A vegetação de um local é determinada pelo solo e o clima presentes naquele local;

DESEMPENHO PRODUTIVO DE MIRTILEIRO (Vaccinium corymbosum) EM FUNÇÃO DO USO DE TORTA DE MAMONA

Avaliação da Precipitação na Serapilheira, População Microbiana, Biomassa e nos Nutrientes dos Solos em Floresta de Terra Firme, Caxiuanã-Pa

PARÂMETROS DIRETO CONVENCIONAL DIRETO CONVENCIONAL. Ep 6 Ep 7 Ep 8 Ep 6 Ep 7 Ep 8 Ep6 Ep7 Ep8 Ep6 Ep7 Ep8

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MINERAL NA PRODUTIVIDADE DA CANA- SOCA

DESENVOLVIMENTO DA LARANJEIRA PÊRA EM FUNÇÃO DE PORTAENXERTOS NAS CONDIÇÕES DE CAPIXABA, ACRE.

Propriedades físico-hidricas de um Argissolo sob cultivo de culturas bioenergéticas com e sem adubação nitrogenada

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

FONTES E DOSES DE RESÍDUOS ORGÂNICOS NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO SOB PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE BALNEABILIDADE EM PRAIAS ESTUARINAS

INFLUÊNCIA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE TRIGO

INSTITUT0 AGRONÔMICO DE PERNAMBUCO POTENCIALIDADES AGRÍCOLAS DO POLO GESSEIRO DO ARARIPE. PESQUISAS E DIFUSÃO DE CONHECIMENTOS

MF-0427.R-2 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO TOTAL (DIGESTÃO COM HNO 3 + HClO 4 E REAÇÃO COM MOLIBDATO DE AMÔNIO E ÁCIDO ASCÓRBICO)

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO CULTIVADO COM EUCALIPTO.

III VALOR AGRÍCOLA E COMERCIAL DO COMPOSTO ORGÂNICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA USINA DE IRAJÁ, MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

PLANTIO DIRETO NA REGIÃO CENTRO SUL DO PARANÁ: SITUAÇÃO ATUAL, PROBLEMAS E PERSPECTIVAS

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

EFICIENCIA DE SISTEMAS DE APLICAÇÃO DE VINHAÇA VISANDO ECONOMIA E CONSCIENCIA AMBIENTAL

CRESCIMENTO DE CULTIVARES DE ABACAXIZEIRO ACLIMATIZADO EM DIFERENTES SUBSTRATOS

Área de Atuação 2010/2011:

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Adubação Orgânica Adubação Orgânica e Adubação Verde. Informações sobre Adubação orgânica e Adubação Verde

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 888

Avaliação do efeito de tipos de manejos de solo nos atributos físicos de solo, após seis safras

PLANILHA ELETRÔNICA PARA PREDIÇÃO DE DESEMPENHO OPERACIONAL DE UM CONJUNTO TRATOR-ENLEIRADOR NO RECOLHIMENTO DO PALHIÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR

PRODUTIVIDADE DE MILHO SILAGEM SOB ADUBAÇÃO COM DEJETO LIQUIDO DE BOVINOS E MINERAL COM PARCELAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA¹. a2es@cav.udesc.br.

CRESCIMENTO DE PINHÃO MANSO SOB IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SUPERFICIAL POLUIDA 1

Manual Groasis Waterboxx para legumes

Patologia, Tamanho de Grão, Poder Germinativo e Teor de Micotoxina em Genótipos de Cevada Produzidos em Ambiente Favorável a Doenças de Espigas

UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA ADUBAÇÃO DO AÇAÍ (Euterpe oleracea)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1066

IMPORTÂNCIA DA CALAGEM PARA OS SOLOS DO CERRADO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Descrever o procedimento para realização do monitoramento da ETE no Porto de Itajaí.

PRODUTIVIDADE DA MAMONA HÍBRIDA SAVANA EM DIVERSAS POPULACÕES DE PLANTIO NO SUDOESTE DA BAHIA* 4 Embrapa Algodão

Feijão-vagem cultivado sob adubação orgânica em ambiente protegido.

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS METEOROLÓGICOS NAS ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS E CONVENCIONAIS DO INMET EM BRASÍLIA DF.

Monitoramento Ambiental do Uso de Dejetos Líquidos de Suínos Como Insumo na Agricultura: 3 - Efeito de Doses na Produtividade de Milho.

Uso de húmus sólido e diferentes concentrações de húmus líquido em características agronômicas da alface

Manejos da Cobertura do Solo e da Adubação Nitrogenada na Cultura do Milho para Silagem em Sistema de Integração Lavoura Pecuária

DESENVOLVIMENTO DE MELOEIRO CANTALOUPE ORGÂNICO SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Avaliação da qualidade do solo sob diferentes arranjos estruturais do eucalipto no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta

DESCOMPACTAÇÃO DO SOLO NO PLANTIO DIRETO USANDO FORRAGEIRAS TROPICAIS REDUZ EFEITO DA SECA

FERTBIO2014: FERTILIDADE E BIOLOGIA: INTEGRAÇÃO E TECNOLOGIAS PARA TODOS

PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTO DE MANGUEIRA EM SUBSTRATO COMPOSTO POR RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

CRESCIMENTO INICIAL DO GIRASSOL cv. Embrapa 122 / V 2000 SUBMETIDO A ESTRESSE SALINO NA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

DECOMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS CULTURAIS DE MILHO E SOJA SOBRE DIFERENTES COBERTURAS DE SOLO NUMA ÁREA SOB SEMEADURA NO CERRADO

RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS ASSOCIADOS A COMPOSTAGEM E A LIBERAÇAO DE POTÁSSIO NO SOLO E O DESENVOLVIMENTO DO PINHÃO MANSO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Aprenda a produzir e preservar mais com a Série Produção com Preservação do Time Agro Brasil Entre no portal

Referências Bibliográficas

USO DO SOLO EM SISTEMAS CONSERVACIONISTAS PARA O CULTIVO DE PERENES

AVALIAÇÃO DA POROSIDADE DE SOLO DE ÁREA DEGRADADA APÓS APLICAÇÃO DE BIOSSÓLIDO

Mitigação dos gases do efeito estufa pelo agronegocio no Brasil. Carlos Clemente Cerri

Estratégias de ação vinculadas ao manejo da agrobiodiversidade com enfoque agroecológico visando a sustentabilidade de comunidades rurais

Disciplina: Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes Gasosos. 8 Compostagem. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Março de 2015.

AGRICULTURA CONSERVACIONISTA

Softwares para estimativa do crescimento, produção e carbono do componente arbóreo em ILPF

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

manual técnico, 24 ISSN SILAGEM ORGÂNICA Paulo Francisco Dias Sebastião Manhães Souto

ESTADO DE COMPACTAÇÃO E SISTEMA RADICULAR DO MILHO INDUZIDOS POR PASTEJO E PREPARO DO SOLO.

EFEITO RESIDUAL DE HERBICIDAS PÓS- EMERGENTES UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA SOBRE O MILHO SAFRINHA

4 ' Pio eto. Capoei . - Í-k. -.ww' 1*r, - -' i. *¼'i' .4 -k Anais... :-. :-.,, :. - ' 2 MMA

DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA A PESQUISA E USO DE LEGUMINOSAS EM PASTAGENS TROPICAIS: UMA REFLEXÃO. Sila Carneiro da Silva 1

1ª REUNIÃO GLOBAL SOBRE PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

EXTRATÉGIAS DE MANEJO DE FERTILIDADE E ADUBAÇÃO

PRODUÇÃO DE MAMONEIRA CV BRS 149 NORDESTINA ADUBADA COM NITROGÊNIO, FOSFÓRO E POTÁSSIO

CALAGEM PARA O FEIJÃO-CAUPI [Vigna unguiculata (L.) WALP], CV. BR3 TRACUATEUA, EM SOLO ÁCIDO DE SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ

COMPORTAMENTO DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE MILHO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSES DE SECA

TRATAMENTO DE ÁGUA: SISTEMA FILTRO LENTO ACOPLADO A UM CANAL DE GARAFFAS PET

Transcrição:

EMISSÕES DE CO 2 DO SOLO SOB FRUTICULTURA ORGÂNICA DE MARACUJÁ E ABACAXI CONSORCIADO COM MILHO, MANDIOCA E PLANTAS DE COBERTURA SEBASTIÃO ELVIRO DE ARAÚJO NETO 1 ; ALISSON NUNES DA SILVA 2 ; FAELLEN KONLLS 3 ; JORGE FERREIRA KUSDRA 4 ; ROMEU DE CARVALHO ANDRADE NETO 5 INTRODUÇÃO A exploração do solo da Amazônia vem sendo realizada através de práticas como a derrubada e a queima da vegetação natural seguida do cultivo do solo com culturas anuais, perenes e com pastagens para o desenvolvimento da atividade pecuária (CARVALHO, 2006). A influência de práticas agrícolas na emissão de gases que causam efeito estufa é assunto de grande interesse, principalmente no que diz respeito a CO 2, sendo o principal componente do efeito estufa resultante de atividade antrópica. Os diversos modos de uso agrícola do solo afetam a dinâmica dessa emissão (CAMPOS et al., 1995; CARVALHO, 2006). Os sistemas conservacionistas de exploração agrícola, entre os quais o sistema ecológico de consórcio, tem como princípio manter ou aumentar o teor de matéria orgânica do solo. Sistemas de manejo que aumentem a adição de resíduos vegetais e a retenção de carbono no solo se constituem em alternativas importantes para aumentar a capacidade de dreno de CO 2 atmosférico e diminuição do aquecimento global (AMADO et al, 2001). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de plantas de cobertura em cultivo consorciado de maracujá, abacaxi, mandioca e milho, sobre a atividade biológica do solo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Sítio Ecológico Seridó, em Rio Branco, capital do Estado do Acre, situado na latitude de 9º 53 16 S e longitude de 67º 49 11 W, em altitude de 150 m. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados completos em esquema de parcelas subdivididas com seis repetições. A parcela principal foi composta pela época de coleta e as sub-parcelas pelas plantas de cobertura (feijão-de-porco, crotalária, puerária, amendoim 1 Eng. Agr. Doutor em Fitotecnia. Universidade Federal do Acre. CEP69.920-200 e-mail:selviro2000@yahoo.com.br. 2 Eng. Agr. Mestre em Produção Vegetal. Universidade Federal do Acre. alisson@hotmail.com; 3 Enga. Agra. Mestranda em Produção Vegetal. Universidade Federal do Acre. faellen@hotmail.com; 4 Eng. Agr. Doutor em Produção vegetal. UFAC. CEP69.920-200 e-mail:kusdra@globo.com 5 Eng. Agr. Doutor em Fitotecnia. Embrapa Acre. CEP69.900-000 e-mail:romeu@cpafac.embrapa.br. 252

forrageiro, e plantas espontâneas sob capinas freqüentes). A unidade experimental foi composta por amostragem aleatória em área de 9m x 8m. Foram realizadas quatro coletas em quatro épocas do ano sendo duas estações distintas: estação chuvosa (26/03/11 e 19/10/11) e estação seca (07/05/11 e 01/08/11). A atividade biológica do solo foi avaliada através da respiração do solo, respiração basal, biomassa microbiana e quociente metabólico. Depois do preparo da área foi semeado o milho (44.192 plantas ha -1 ); o maracujazeiro no espaçamento de 4,0 m x 3,0 m (833 plantas ha -1 ). Entre as linhas do maracujazeiro foi plantado o abacaxi em linhas quádruplas espaçadas 0,40 x 0,40 x 0,40 x 0,40 m x 1,00 m (9.200 plantas ha -1 ). Entre as plantas de abacaxi foram semeados o feijão-de-porco (6.157 plantas ha -1 ) e a crotalária (8.704 plantas ha -1 ). E entre as linhas laterais do abacaxizeiro e a linha de maracujazeiro, foi semeado a puerária e plantado o amendoim forrageiro. A mandioca foi plantada após a colheita do milho em duas linhas paralelas às linhas laterais do abacaxi, numa densidade de 4.600 covas no maracujazeiro de 4 m entre linhas. A respiração edáfica foi determinada mediante uso de câmaras estáticas, constituídas de tubos de cloreto de polivinil rígido (PVC) de 200 mm de diâmetro e 50 cm de altura, inseridas a aproximadamente 5 cm de profundidade, contendo em seu interior um recipiente plástico contendo 30 ml de solução de NaOH 0,5 N para captura do CO 2 (CAMPOS, 2006; OLIVEROS, 2008). A determinação da respiração basal do solo foi efetuada a partir de 100 g de solo peneirado e incubado em frascos de vidro hermeticamente fechados contendo 20 ml de NaOH 0,5 N para a captura do CO 2 liberado pela amostra e incubado por 7 dias (SILVA et al., 2007). A biomassa microbiana foi obtida pelo método da respiração induzida Anderson e Domsch (1978) utilizando-se como substrato 0,5 g de açúcar refinado misturado a 100 g de solo peneirado e incubado em frascos de vidro hermeticamente fechados contendo 20 ml de NaOH 0,5 N para a captura do CO 2 liberado pela amostra, incubado por 4 horas. Para titulação do NaOH utilizou-se HCl 0,5 N acrescido de 2 ml de BaCl 2 10% (m/v) para precipitação do carbonato e 2 gotas de fenolftaleína 1% (m/v) como indicador. O quociente metabólico do solo (qco 2 ) foi obtido, segundo recomendado por Anderson e Domsch (1990), pela razão entre os resultados da respiração basal (RB) e os da biomassa microbiana (BM) da mesma amostra, ou seja, qco 2 = RB/BM. Umidade do solo: a mesma amostra coletada para determinar a respiração foi analisada a umidade em 100 g de solo, colocadas em estufa de circulação de ar forçado a 65 ºC, medidas até que sua massa fosse constante. 253

RESULTADOS E DISCUSSÃO A atividade biológica do solo foi maior durante o período chuvoso (março/2011), período em que a umidade do solo também foi mais elevada (Tabela 1). O quociente metabólico foi maior durante o pleno período de precipitação pluviométrica, para as coberturas de crotalária, feijão de porco e puerária (Tabela 2). Segundo Sundarapandian e Kirthiga (2011) as diferenças na respiração do solo observadas em sistemas de uso do solo distintos podem ser atribuídas a fatores como estrutura e composição da vegetação, densidade e biomassa de organismos do solo e características físico-químicas do solo. Tabela 1 Respiração do solo, respiração basal, biomassa microbiana, quociente metabólico (mgc- CO 2 g -1 BMS C h -1 ) e umidade do solo em resposta à época do ano, em sistema orgânico de produção, em Rio Branco, Acre, 2011. Época Respiração edáfica (mg C-CO 2 m -2 h -1 ) Biomassa microbiana Respiração basal (mgc-co 2 kgsolo h -1 (3) ) (mg C-mic.kg-1solo) Quociente metabólico (mg C-CO2 g-1cmic.h-1) Umidade do solo (%) Março/2011 65,2a 1,12a 591,1 c 1,23a 17,9a Outubro/2011 44,9b 0,72b 778,5 b 0,93b 15,4b Maio/2012 36,8b 0,70b 704,4 a 0,99b 15,4b Agosto/2012 38,5b 0,70b 655,4 a 1,03b 6,4c Médias seguidas de letras minúsculas distintas na coluna diferem pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). Tabela 2 Quociente metabólico ((mg C-CO 2 g-1c-mic.h -1 ) do solo em resposta à época do ano e plantas de cobertura, em sistema orgânico de produção, em Rio Branco, Acre, 2011. Época Amendoim Crotalaria Feijão-de-porco Puerária Espontânea Março/2011 0,94aB 1,42aA 1,26aA 1,55aA 0,98aB Outubro/2011 1,04aA 0,91bA 0,81bA 0,93bA 0,97aA Maio/2012 1,01aA 1,04bA 0,88bA 1,05bA 0,99aA Agosto/2012 0,95aA 1,15bA 0,85bA 1,11bA 1,09aA Médias seguidas de letras minúsculas distintas na coluna e maiúscula na linha diferem pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). Tabela 3 Respiração basal do solo (mg C-CO 2 kg solo h -1 ) em resposta à época do ano e plantas de cobertura, em sistema orgânico de produção, em Rio Branco, Acre, 2011. Época Amendoim Crotalaria Feijão-de-porco Puerária Espontânea Março/2011 0,79aD 1,39aA 1,29aA 1,13aC 1,01aB Outubro/2011 0,82aA 0,68bB 0,69bB 0,65bB 0,76bA Maio/2012 0,83aA 0,68bB 0,69bB 0,64bB 0,66bB Agosto/2012 0,83aA 0,68bB 0,69bB 0,64bB 0,66bB 254

Médias seguidas de letras minúsculas distintas na coluna e maiúscula na linha diferem pelo teste de Scott-Knott (p<0,05). A respiração basal do solo foi maior com as coberturas de crotalária, feijão-de-porco, puerária e espontânea (Tabela 3). Em período de menor umidade do solo, a cobertura com amendoim forrageiro promoveu maior respiração basal que as demais coberturas do solo (Tabela 3). Esta maior atividade biológica do solo possui estreita relação com as condições abióticas do solo, entre elas a umidade que influencia na velocidade de decomposição da matéria orgânica (SEVERINO et al, 2004). Contribuindo para isso, uma maior relação de raízes e parte aérea, colonização por várias espécies de fungos micorrízicos arbusculares (MIRANDA et al., 2010), alta capacidade de produção de biomassa e ciclagem de nutrientes, principalmente nitrogênio através da fixação biológica (ESPINDOLA et al., 2006). CONCLUSÕES A atividade biológica do solo é maior durante o período chuvoso; o quociente metabólico é maior para as coberturas de crotalária, feijão de porco e puerária durante o pleno período de precipitação pluviométrica; a respiração basal do solo é maior com as coberturas de crotalária, feijãode-porco, puerária e espontânea. REFERÊNCIAS AMADO, T.J.C.; BAYER, C.; ELTZ, F.L.F.; BRUM, A.C.R. Potencial de culturas de cobertura em acumular carbono e nitrogênio no solo no plantio direto e a melhoria da qualidade ambiental. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 25, p. 189-197, 2001. ANDERSON, J.P.E; DOMSCH, K.H. A physiological method for the quantitative measurement of microbial biomass in soils. Soil Biology and Biochemistry, v.10, p. 215-221, 1978. ANDERSON, T. H., DOMSCH, K. H. Application of eco-physiological quotients (qco 2 and qd) on microbial biomasses from soils of different cropping histories. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 22, n. 2, p. 251-255, 1990. CAMPOS, B. C.; REINERT, D. J.; NICOLODI, R. Estabilidade estrutural de um Latossolo Vermelho-Escuro distrófico após sete anos de rotação de culturas e sistemas de manejo de solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 19, p. 121-125, 1995. CAMPOS, B.C. Dinâmica do carbono em Latossolo Vermelho sob sistemas de preparo de solo e de culturas. 2006. 188 f. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) - Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2006. 255

CARVALHO, J.L.N. Conversão do Cerrado para fins agrícolas na Amazônia e seus impactos no solo e no ambiente. 2006. 95f. Dissertação (Mestrado em Agronomia:Produção vegetal) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, 2006. ESPINDOLA, J. A. A.; GUERRA, J. G. M; PERIN, A.; TEIXEIRA, M. G.; ALMEIDA, D. L. URQUIAGA, S. Bananeiras consorciadas com leguminosas herbáceas perenes utilizadas como coberturas vivas. Pesquisa agropecuária brasileira, v.41, n.3, p.415-420, 2006. MIRANDA, E. M. de; SILVA, E. M. R. da; SAGIN JUNIOR, O. J. Comunidades de fungos micorrízicos arbusculares associados ao amendoim forrageiro em pastagens consorciadas no Estado do Acre, Brasil. Acta Amazônica, v.40, n.1, p. 13-22. 2010. OLIVEROS, L. F. C. Emissões de CO 2 do solo sob preparo convencional e plantio direto em latossolo vermelho do Rio Grande do Sul. 2008. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Solo) - Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2008. SEVERINO, L. S.; COSTA, F. X.; BELTRÃO, N. E. de M.; LUCENA, A. M. A. de; GUIMARÃES, M. M. B. Mineralização da torta de mamona, esterco bovino e bagaço de cana estimada pela respiração microbiana. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 5, n. 1, 2004. SILVA, E.E.; AZEVEDO, P.H.S. & DE-POLLI, H. Determinação da respiração basal (RBS) e quociente metabólico do solo (qco2). Seropédica, Embrapa Agrobiologia, 2007. SUNDARAPANDIAN, S.M.; KIRTHIGA, J. Soil respiration in different land use systems in Puducherry, India. Journal of Theoretical and Experimental Biology, v. 8, n. 1/2 p. 17-28, 2011. 256