APLICAÇAO DOS BIOSSURFACTANTES NA REMOCAO DE CONTAMNANTES EM AGUA MARINHA

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DOS INDICADORES DE BALNEABILIDADE EM PRAIAS ESTUARINAS

ESTOCAGEM DO BIOSSURFACTANTE PRODUZIDO POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA PARA BIORREMEDIAÇÃO

APLICAÇÃO DO BIOSSURFACTANTE DE CANDIDA LIPOLYTICA COMO AGENTE DE REMEDIAÇÃO AMBIENTAL

V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE CAIÇARA DO NORTE - RN

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

ANÁLISE DA ALCALINIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS UTILIZADAS NO IFC-CÂMPUS CAMBORIÚ. Instituto Federal Catarinense, Camboriú/SC

Descrever o procedimento para realização do monitoramento da ETE no Porto de Itajaí.

Avaliação da biodegradação do carbono com reuso células em efluentes contaminados com cromo

Efeitos da adubação nitrogenada de liberação lenta sobre a qualidade de mudas de café

Tratamento de Água Osmose Reversa

3 Os hidrocarbonetos e a importância de seu estudo no ambiente

TRATAMENTO DE ÁGUA: SISTEMA FILTRO LENTO ACOPLADO A UM CANAL DE GARAFFAS PET

Patologia, Tamanho de Grão, Poder Germinativo e Teor de Micotoxina em Genótipos de Cevada Produzidos em Ambiente Favorável a Doenças de Espigas

Contrata Consultor na modalidade Produto

MF-0427.R-2 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO TOTAL (DIGESTÃO COM HNO 3 + HClO 4 E REAÇÃO COM MOLIBDATO DE AMÔNIO E ÁCIDO ASCÓRBICO)

3M TM Petrifilm TM. Placa para Contagem de E.coli e Coliformes Placa para Contagem de Coliformes. Guia de. Interpretação

LEVANTAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS PELOS DOMICÍLIOS LOCALIZADOS NO DISTRITO INDUSTRIAL DO MUNICÍPIO DE CÁCERES

Estudo sobre a dependência espacial da dengue em Salvador no ano de 2002: Uma aplicação do Índice de Moran

Aspectos de Segurança e Meio Ambiente Toxicologia e Biodegradabilidade. Silvana Kitadai Nakayama Merck

Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências da Terra

GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAZONAS JOSÉ MELO DE OLIVEIRA SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO AIRTON ÂNGELO CLAUDINO

COMPOSIÇÃO DE CONSÓRCIOS MICROBIANOS PARA APLICAÇÃO EM PROCESSOS DE BIORREMEDIAÇÃO

IV Seminário de Iniciação Científica

USO DO BIOSSÓLIDO COMO SUBSTRATO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE AROEIRA (Schinus terenbinthifolius Raddi)

VALIDAÇÃO DE UM MODELO DE DIMENSIONAMENTO DE WETLANDS DE MACRÓFITAS AÉREAS PARA SEPARAÇÃO ÁGUA-ÓLEO

IT-045.R-2 - INSTRUÇÃO TÉCNICA PARA ELABORAÇÃO DE MÉTODOS FEEMA (MF)

PLANILHA ELETRÔNICA PARA PREDIÇÃO DE DESEMPENHO OPERACIONAL DE UM CONJUNTO TRATOR-ENLEIRADOR NO RECOLHIMENTO DO PALHIÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR

IMPACTO DA ATIVIDADE FISCALIZATÓRIA SOBRE A MELHORIA DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE DRENAGEM URBANA NO DISTRITO FEDERAL

Universidade Estadual de Londrina Centro de Ciências da Saúde Mestrado em Odontologia

OLEOS DE ULTIMA GERAÇÃO WINNER

FUNGOS: UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL SOBRE OS AGENTES CAUSADORES DE PROBLEMAS AOS PRODUTOS TÊXTEIS

UTILIZAÇÃO DE LÍQUENS COMO BIOINDICADORES DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA CIDADE DE CUIABÁ MT

MANUAL DO AVALIADOR O que é uma Feira de Ciência? Por que avaliar os trabalhos? Como os avaliadores devem proceder?

Fundação UNIVESP Universidade Virtual do Estado de São Paulo

Introdução

A presença de Outliers interfere no Teste f e no teste de comparações múltiplas de médias

Título do Case: O impacto do layout na agilidade dos processos

Tabela 1 Taxa de Crescimento do Produto Interno Bruto no Brasil e em Goiás: (%)

Recursos energéticos e os desafios ambientais

DIREÇÃO DE COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DIREÇÃO DE PRODUTOS DE SAÚDE

COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AGRONEGÓCIO MESTRADO E DOUTORADO EDITAL Nº 03/2016-PGDRA

Veracel Celulose S/A Programa de Monitoramento Hidrológico em Microbacias Período: 2006 a 2009 RESUMO EXECUTIVO


Classificação de alimentos em relação à suas informações nutricionais por meio da Análise Multivariada

IV Miriam Cleide Brasil 1

Tratamento de efluentes

IA 364M MÉTODOS DE PESQUISA EM ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO

adota a seguinte Consulta Pública e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação:

Alternativa de tratamento de efluentes galvânicos contendo cianetos com remoção e reutilização dos contaminantes

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS DA BRASKEM

III-072 CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO E AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO CARBONO NITROGÊNIO NA COMPOSTAGEM

F.17 Cobertura de redes de abastecimento de água

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

CHAMADA MCT / FINEP ENERGIA DE PRODUTOS E SERVIÇOS COM TECNOLOGIA INOVADORA NA ÁREA DE

EFEITO DO PRODUTO DIFLY S3 NO CONTROLE DO CARRAPATO BOOPHILUS MICROPLUS EM BOVINOS DA RAÇA GIR, MESTIÇA E HOLANDESA

CIÊNCIAS NATURAIS 8º ANO ANO LETIVO 2015/2016 PLANO DE ESTUDOS. O aluno, no final do 8.º ano, deve atingir os objetivos em seguida apresentados:

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

- PROPRIEDADES COLIGATIVAS 01 Folha 01 João Roberto Mazzei

ABASTECIMENTO MARKETING & COMERCIALIZAÇÃO. Dezembro 2013

Guerra Fiscal Impactos da Resolução do Senado Federal 13 / Março de 2013

Experiências no uso de águas residuais em irrigação em Israel

MAPEAMENTO DA SITUAÇÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS NA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IRATI/PR

O comportamento recente da taxa real de juros no Brasil: existe espaço para uma queda maior da taxa de juros?

1331 Velocidade do som em líquidos Velocidade de fase e de grupo

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SERES VIVOS PROF. PANTHERA

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS METEOROLÓGICOS NAS ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS E CONVENCIONAIS DO INMET EM BRASÍLIA DF.

Relatório sobre as interpretações de Libras nas Audiências Públicas da Prefeitura de Salvador para discussão do PPDU

MODELOS INTUITIVOS DE VIGAS VIERENDEEL PARA O ESTUDO DO DESEMPENHO ESTRUTURAL QUANDO SUJEITAS A APLICAÇÃO DE CARREGAMENTOS

EDITAL PARA INSCRIÇÃO DE TRABALHOS NO III CURSO DE EXTENSÃO SOBRE O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA EDUCAÇÃO DO IFMG

FUNDAÇÃO DE AMPARO AO ENSINO E PESQUISA

BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES E OS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO: UMA INTERAÇÃO NECESSÁRIA

TIJOLOS DE ADOBE ESCOLA DE MINAS / 2015 / PROF. RICARDO FIOROTTO / MARTHA HOPPE / PAULA MATIAS

DIVULGAÇÃO DE TECNOLOGIA DE BAIXO CUSTO PARA O AQUECIMENTO SOLAR DE ÁGUA, EM CERRO LARGO/RS: UMA AÇÃO DA EXTENSÃO EM PROL DA MORADIA SUSTENTÁVEL

Nivel de Lisina nas Rações de Frangos de Corte Exigência de Lisina Atualizada

EDITAL DE SELEÇÃO PARA MESTRADO 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (UNIFEI)

Mudanças nos Preços Relativos

DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA A PESQUISA E USO DE LEGUMINOSAS EM PASTAGENS TROPICAIS: UMA REFLEXÃO. Sila Carneiro da Silva 1

USO DE HORMÔNIOS INDUTORES DE OVULAÇÃO (GnRH e hcg) SOBRE A TAXA DE RECUPERAÇÃO EMBRIONÁRIA EM ÉGUAS MANGALARGA MARCHADOR

I SIMPÓSIO DE BIOLOGIA ANIMAL 24 A 28 DE MAIO DE 2010 TERESINA - PI PROGRAMAÇÃO FINAL

OS EFEITOS ALELOPÁTICOS DO EXTRATO DE PATA DE VACA (Bauhinia forticata BENTH) EM SEMENTES DE SOJA (Glycine max MERR)

Panorama da Inovação no Brasil. Hugo Ferreira Braga Tadeu 2014

O ESTILO DE VIDA E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA DOS FUNCIONÁRIOS DA REITORIA / UFAL PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL

mercado de cartões de crédito, envolvendo um histórico desde o surgimento do produto, os agentes envolvidos e a forma de operação do produto, a

AVALIAÇÃO DE UM TANQUE DE DECANTAÇÃO DE SÓLIDOS UTILIZANDO FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

Teoria dos erros em medições

COMPLEXOS DE HIDROGÊNIO ENVOLVENDO N 2 O, COS E CS 2 COM HF: UM ESTUDO AB INITIO

Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Professor Aloísio Teixeira Coordenação de Pesquisa e Coordenação de Extensão

TERMO DE REFERÊNCIA. 1. Justificativa

A empresa quantifica aspectos socioambientais nas projeções financeiras de:

O BANCO DE DADOS. QUADRO I- Formas de acesso às informações disponíveis no Banco de Dados

Edição Número 2 de 02/01/2004, páginas 12 e 13.

MANUAL HAE - WEB MANUAL WEB HAE

RELATÓRIO GERENCIAL AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DOCENTE, CURSO E COORDENADOR DE CURSO GRADUAÇÃO PRESENCIAL

Como Elaborar uma Proposta de Projeto

2 Workshop processamento de artigos em serviços de saúde Recolhimento de artigos esterilizados: é possível evitar?

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE ESTUDOS COMPORTAMENTAIS (NEC) DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Terapia Ocupacional. Indicadores das Graduações em Saúde Estação de Trabalho IMS/UERJ do ObservaRH

Transcrição:

APLICAÇAO DOS BIOSSURFACTANTES NA REMOCAO DE CONTAMNANTES EM AGUA MARINHA A Resultados Parciais do projeto de pós-doutorado. Financiamento: CAPES-FACEPE, TERMOPE. Juliana Moura de Luna 1, Raquel Diniz Rufino 1, Leonie Asfora Sarubbo 2 1 Pós-Doutorandas (PNPD), UNICAP e Centro de Ciências e Tecnologia, UNICAP [Rua do Príncipe, 526, CEP: 51.021-040, julianamouraluna@gmail.com]. Bolsistas CAPES/FACEPE. 2 Professora e Pesquisadora do Centro de Ciências e Tecnologia, UNICAP. Resumo A produção de biossurfactante tem sido intensivamente estudada nos últimos anos, uma vez que estes agentes são biodegradáveis e possuem aplicação em diversos setores industriais, além de serem ecologicamente compatíveis e promissores na remoção de poluentes hidrofóbicos em ambientes marinhos e terrestres. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi determinar a toxicidade dos biossurfactantes produzidos por Candida sphaerica (L) e Candida lipolytica (R), utilizando concentrações dos biossurfactantes (1/2CMC, CMC e 2xCMC) foram utilizadas para testes de toxicidade para diferentes sementes de hortaliças e o micro-crustáceo Artemia salina. Testes utilizando água do mar suplementada ou não com petróleo foram realizados para determinar o comportamento da microbiota autóctone frente a diferentes concentrações dos biossurfactantes. Os resultados obtidos demonstraram que os biossurfactantes L e R, independente das concentrações utilizadas, não apresentaram toxicidade frente às diferentes sementes utilizadas, ao micro-crustáceo e a microbiota autóctone da água do mar coletada da região do Porto de SUAPE/PE. Valores acima de 80% foram observados para o Índice de Germinação (IG) das sementes. Os biossurfactantes apresentaram resultados promissores para aplicação na remediação de ambientes aquáticos contaminados por petróleo. Palavras-chave: Biossurfactantes, Candida sphaerica, Candida lipolytica

Introdução As refinarias são grandes geradoras de poluição. Elas consomem enormes quantidades de água e de energia, produzem muitos despejos líquidos, liberam diversos gases nocivos para a atmosfera e produzem resíduos sólidos de difícil tratamento e disposição. Em decorrência de tais fatos, a indústria de refino de petróleo, pode ser, e é muitas vezes, uma grande degradadora do meio ambiente, pois tem potencial para afetar o mesmo em todos os níveis ecológicos: ar, água e solo (GONZINI et al., 2010). A contaminação por petróleo e derivados normalmente é tratada através de metodologias físicas, químicas ou biológicas. Entretanto, as novas diretrizes de recuperação de águas e solos têm restringido o uso de produtos químicos (MUTHUSAMY et al., 2008). Dentre as técnicas de remediação disponíveis, a biorremediação tem se destacado, embora a solubilidade reduzida dos hidrocarbonetos dificulte o acesso dos microrganismos e a conseqüente biodegradação do poluente (CALVO et al., 2009). A utilização de compostos surfactantes torna-se uma alternativa atrativa na remoção de contaminantes hidrofóbicos gerados pela indústria de petróleo (LUNA et al., 2013). Os surfactantes são compostos anfipáticos que se particionam, preferencialmente, na interface entre fases fluidas com diferentes graus de polaridade, apresentando várias aplicações industriais (RUFINO et al., 2011). A grande maioria dos surfactantes disponível comercialmente é sintetizada a partir de derivados de petróleo. Entretanto, a necessidade de preservação ambiental e as legislações de controle do ambiente têm levado pesquisadores à procura por produtos naturais como alternativas aos produtos existentes. Nesse contexto, destacam-se os surfactantes de origem microbiológica, os biossurfactantes, produzidos principalmente por bactérias e leveduras (CORTIS; GHEZZEHEI, 2007). Neste sentido, os biossurfactantes produzidos por Candida sphaerica (L) e Candida lipolytica (R) foram submetidas a testes de toxicidade, para avaliar a possível aplicação na biorremediação de ambientes contaminados por poluentes hidrofóbicos. MATERIAL E METODOS Micro-organismos: as leveduras Candida sphaerica (UCP 0995) e Candida lipolytica (UCP 0998) foram utilizadas como microorganismos produtores dos biossurfactantes.

Meios de Produção: para a produção do biossurfactante de C. sphaerica (Biossurfactante L) foi utilizado o meio contendo 9% de resíduo de refinaria de óleo de soja e 9% do resíduo milhocina (LUNA et al., 2011). A produção do biossurfactante de C. lipolytica (Biossurfactante R) foi realizada em meio mineral suplementado com 6% de resíduo de refinaria de óleo de soja e 1% ácido glutâmico (RUFINO et al., 2010). Produção dos biossurfactantes: foi realizada sob agitação orbital de 200 rpm, à temperatura de 27ºC. O biossurfactante L foi produzido durante 144 horas, enquanto que o biossurfactante R foi obtido após 72 horas. Teste de fitotoxicidade: a fitotoxicidade dos biossurfactantes foi avaliada em ensaio estático através da germinação da semente e do crescimento da raiz de repolho (Brassica oleracea), de acordo com (TIQUIA et al., 1996). Soluções teste dos biossurfactantes isolados foram preparadas em água destilada em diferentes concentrações (1/2CMC, CMC, 2x CMC). No decorrer de cinco dias de incubação no escuro, a germinação das sementes, o crescimento da raiz ( 5 mm) e o índice de germinação (IG) foram calculados. Teste de toxicidade com Artemia salina: a toxicidade dos biossurfactantes isolados foi avaliada utilizando-se larvas de camarão (micro-crustáceo Artemia salina) como indicador. As larvas foram usadas após 24 horas de incubação. Soluções dos biossurfactantes em sal marinho sintético (33 mg/l) em diferentes concentrações (1/2xCMC, 1xCMC, 2xCMC ) foram usadas (SILVA et al., 2010). O sal marinho sintético foi utilizado como controle. Aplicação do biossurfactante como agente de biorremediação: as determinações microbiológicas para avaliar o potencial dos biossurfactantes como agentes de biorremediação foram realizadas segundo as normas oficiais do Standard Methods for the Examination of Water and Wasterwater (APHA, 1998). Inicialmente coletaram-se amostras de água do mar (220 ml). Em seguida, 1% de petróleo foi adicionado aos frascos, juntamente com soluções dos biossurfactantes isolados (1/2CMC, CMC e 5x CMC), os quais foram incubados a 150 rpm durante 1, 5, 12, 20 e 30 dias a 27ºC. Nos

intervalos de tempo estabelecidos realizaram-se amostragens das soluções para contagem de micro-organismos pela técnica do Número Mais Provável (NMP). Diluições decimais foram realizadas (1/10 e 1/1000) com as amostras utilizando água de diluição tamponada a ph 7,2. RESULTADOS E DISCUSSAO Teste de fitotoxicidade O índice de germinação (IG), que combina as medidas da germinação relativa das sementes e o crescimento relativo das raízes foi utilizado para avaliar a toxicidade dos biossurfactantes R e L frente a diferentes sementes Brassica oleracea var. Captata L.- Coração de Boi (1), Brassica oleracea var. Captata L.-Chato de Quintal (2), Lactuca sativa L., Solanum gilo. A tabela 1 apresenta os resultados de fitotoxicidade para o biossurfactante R produzido por Candida lipolytica. Considerando que um IG de 80% tem sido utilizado como indicador da ausência da fitotoxicidade (TIQUIA et al., 1996), os resultados obtidos indicaram que as soluções testadas não apresentaram efeito inibitório sobre a germinação das sementes e sobre o elongamento das raízes do Brassica oleracea var. Captata L.- Coração de Boi (1), uma vez que IG de 136% foi obtido para a solução do biossurfactante isolado na maior concentração utilizada 2xCMC (60 mg/l). Os testes realizados para a semente do Brassica oleracea var. Captata L. - Chato de Quintal (2) apresentaram valores de IG de 113%, 108,9% e 84% para as concentrações de 1/2CMC, CMC e 2xCMC, respectivamente. O Solanum gilo apresentou um IG de 112,5% quando testado frente à concentração de 2xCMC, já o Lactuca sativa L. obteve valores de 86% e 87% para as concentrações de CMC e 2xCMC, respectivamente. Tabela 1 Resultados do Teste de fitotoxidade do biossufactante R Sementes/Concentração Brassica oleracea var. Captata L. (1) 1/2CMC CMC 2XCMC %G %CR IG %G %CR IG %G %CR IG 70 4,3 27 50 62 70 75 167 136

Brassica oleracea var. Captata L. (2) 70 161 113 90 121 108,9 100 84 84 Solanum gilo 100 65 65 89 80 72 100 112,5 112,5 Lactuca sativa L. 90 85 76,5 90 95,3 86 100 87 87 A tabela 2 apresenta os resultados de fitotoxicidade para o biossurfactante L produzido por C. sphaerica. Os resultados obtidos apresentaram IG de 165%, 220% e 238% para o Brassica oleracea var. Captata L. - Coração de Boi (1), 131%, 102% e 95% para o Brassica oleracea var. Captata L -.Chato de Quintal (2), 100%, 120% e 150% para o Solanum gilo, 125%, 138% e 1675 para o Lactuca sativa L., nas concentrações de ½ CMC, CMC e 2xCMC respectivamente. Foi possível visualizar, também, o crescimento de raízes primárias e secundárias para todas as soluções testadas para o biossurfactante L. Tabela 2 Resultados do Teste de fitotoxidade do biossufactante L Sementes/Concentração Brassica oleracea var. Captata L. (1) Brassica oleracea var. Captata L.(2) 1/2CMC CMC 2XCMC %G %CR IG %G %CR IG %G %CR IG 100 165 165 100 220 220 100 238 238 100 131 131 100 102 102 100 95 95 Solanum gilo 100 100 100 100 120 120 100 150 150 Lactuca sativa L. 100 125 125 100 138 138 100 167 167 Teste de toxicidade com Artemia salina Os biossurfactantes R e L não apresentaram toxicidade frente ao micro-crustáceo Artemia salina independentes das concentrações utilizadas (1/2 CMC, CMC e 2xCMC).

Em estudos realizados por (SILVA et al., 2010) para o biossurfactante produzido por Pseudomonas aeruginosa os testes de toxicidade frente à Artemia salina demonstraram que o biossurfactante provocou 100 e 50% de letalidade quando testado em elevadas concentrações, de 700 e 525 mg/l, respectivamente, enquanto que não houve letalidade para as demais concentrações testadas nem para o líquido metabólico livre de células. Aplicação dos biossurfactantes como agentes de biorremediação Os resultados apresentados nas Figuras 1 e 2 demonstraram que os biossurfactantes R e L atuaram como agentes solubilizantes do petróleo presente nos cultivos, visto que as bactérias autóctones apresentaram um aumento no seu crescimento durante os 30 dias de cultivo. O que pode estar relacionado à facilitação de acesso nutricional das bactérias ao petróleo existente nos meios. No controle contendo apenas água do mar pode-se observar que a fase de declínio das bactérias ocorreu em torno dos 5 dias de cultivo. Já para os biossurfactantes R e L após os 5 dias de cultivo observou-se um aumento na quantidade de células viáveis, fazendo com que a fase de declínio ocorresse apenas após 12 dias. Os resultados dos testes de aplicação dos biossurfactantes R e L como agentes de biorremediação mostram que quanto maior a concentração dos biossurfactantes maior o crescimento das bactérias autóctones presentes na água do mar. Figura 1 Desenvolvimento de bactérias autóctones da água do mar frente a diferentes concentrações do biossurfactante R com petróleo Cels/mL 14 12 10 8 6 4 2 0 0 10 20 30 Tempo (dias) Controle (Agua do mar) Agua do mar + 1/2CMC Agua do mar + CMC Agua do mar + 5xCMC Figura 2 Desenvolvimento de bactérias autóctones da água do mar frente a várias concentrações do biossurfactante L com petróleo

Cels/mL 10 8 6 4 2 Controle (Agua do Mar) Agua do Mar + 1/2CMC Agua do Mar + CMC Agua da Mar + 5xCMC 0 0 10 20 30 Tempo (dias) CONCLUSÃO 1 Os resultados obtidos demonstraram que os biossurfactantes L e R, independente das concentrações utilizadas, não apresentaram toxicidade frente às diferentes sementes utilizadas e ao micro-crustáceo e a microbiota autóctone da água do mar coletada da região do Porto de SUAPE/PE. 2 Os biossurfactantes apresentaram resultados promissores para aplicação na remediação de ambientes aquáticos contaminados por petróleo. REFERÊNCIAS APHA AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 18. ed., Washington: APHA, 1998. CALVO, C.; MANZANERA, M.; SILVA-CASTRO,G.A.; UAD, I.; GONZÁLEZ- LOPÉZ, J. Application of Bioemulsifiers in Soil Bioremediation Processes: Future Prospects. Science Of The Total Enivironment, v. 407, p.3634-3640, 2009. CORTIS, A.; GHEZZEHEI, T. A. On the transport of emulsions in porous media. Journal of Colloid and Interface Science, v. 313, p. 1-4, 2007. GONZINI, O.; PLAZA, A.; DI PALMA, L.; LOBO, M. C. Electrokinetic remediation of gasoil contaminated soil enhanced by rhamnolipids. Journal of Applied Electrochemistry, p. 1239-1248, v. 40, 2010.

LUNA, J.M.; RUFINO, R.D.; ALBUQUERQUE, C.D.C.; SARUBBO, L.A.; CAMPOS-TAKAKI, G.M. Economic optimized medium for tenso-active agent production by Candida sphaerica UCP0995 and application in the removal of hydrophobic contaminant from sand. International Journal of Molecular Sacience, v. 12, p. 2463-2476, 2011. LUNA, J. M., RUFINO, R. D., SARUBBO, L. A., CAMPOS-TAKAKI, G. M., Characterization, surface properties and biological activity of a biosurfactant produced from industrial waste by Candida sphaerica UCP0995 for application in the petroleum industry. Colloids and surface B: Biointerfaces, p. 36, 2013. MUTHUSAMY, K.; GOPALAKRISHNAN, S.; RAVI, T,K.; SIVACHIDAMBARAM, P. Biosurfactants: properties, commercial production and application. Current Science, v. 94, p. 736-747, 2008. RUFINO, R.D. Produção otimizada do biossurfactante Rufisan por Cândida lipolytica e aplicações biotecnológicas, Tese. Universidade Federal de Pernambuco, Doutorado em Biologia de Fungos. 156 p. 2010 RUFINO, R.D.; RODRIGUES, G.I.B.; CAMPOS-TAKAKI, G.M.; SARUBBO, L.A.; FERREIRA, S.R.M. Application of a Yeast Biosurfactant in the Removal of Heavy Metals and Hydrophobic Contaminant in a Soil Used as Slurry Barrier. Applied and Environmental Soil Science, v. 2011, p.1-7, 2011. SILVA, S.N.R.L., FARIAS, C.B.B., RUFINO, R.D., LUNA, J.M., SARUBBO, L.A. Glycerol as substrate for the production of biosurfactant by Pseudomonas aeruginosa UCP0992. Colloids and Surfaces. B, Biointerfaces, v.79, p.174-183, 2010. TIQUIA, S.M.; TAM, N.F.Y.; HODGKISS, I.J. Effects of composting on phytotocicity of spent pig-manure sawdust litter. Environmental Pollution, v.93, p. 249-256, 1996.