Quantificação dos teores de óleo e proteína em grãos de genótipos de soja submetidos a diferentes regimes hídricos sob condições de campo

Documentos relacionados
Regime hídrico e rendimento de genótipos de soja em condição de campo

Disponibilidade hídrica e rendimento de grãos de cultivares de soja

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS PARA PRODUÇÃO DE SOJA VERDE OU TIPO HORTALIÇA

AVALIAÇÃO DE POPULAÇÕES DE SOJA DESTINADAS À ALIMENTAÇÃO HUMANA PARA O ESTADO DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA CONVENCIONAL COLETADAS EM TRÊS POSIÇÕES DA PLANTA

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Perfil de ácidos graxos de híbridos de girassol cultivados em Londrina

Produção de biomassa da parte aérea de aveia-preta influenciada por diferentes épocas de semeadura e condições hídricas no ano de 2005

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

PRODUTIVIDADE DE SOJA EM RESPOSTA AO ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS E À ADUBAÇÃO NITROGENADA ASSOCIADA A FERTILIZAÇÃO FOLIAR

l«x Seminário Nacional

CRESCIMENTO DE DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA SUBMETIDAS A ÉPOCAS DE SEMEADURAS DISTINTAS NO SEMIÁRIDO PIAUIENSE

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

Impacto de diferentes níveis de injúrias sobre a produtividade de cultivares de soja de hábito de crescimento determinado e indeterminado

Desenvolvimento radicular da soja visando a tolerância à seca

CRESCIMENTO E DIÂMETRO DO CAULE DE CULTIVARES DE SOJA EM DIFERENTES ÉPOCAS DE SEMEADURA NO SEMIÁRIDO

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GIRASSOL EM SAFRINHA DE 2005 NO CERRADO NO PLANALTO CENTRAL

Sensoriamento remoto aplicado ao monitoramento do déficit hídrico na cultura da soja

Palavras-chave: Oryza sativa, melhoramento de arroz, número ótimo de ambientes.

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM JUAZEIRO-BA

LACTOFEM E ETEFOM COMO REGULADORES DE

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS

Avaliação da eficiência agronômica de inoculante líquido contendo bactérias do gênero Azospirilium

ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA CONDUZIDA POR DUAS SAFRAS EM PELOTAS - RS 1

Modalidade de Semeadura Cruzada não é Garantia de Aumento de Produtividade de Grãos de Soja

RENDIMENTO DA SOJA: Chegamos ao máximo?

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

Engª. Agrª. M.Sc: Edimara Polidoro Taiane Mota Camargo

ESTUDOS DE CULTIVARES DE TRIGO SUBMETIDAS AO ESTRESSE HÍDRICO EM CASA DE VEGETAÇÃO

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

DESEMPENHO DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA E POPULAÇÕES DE PLANTAS, EM DOURADOS, MS

Comportamento de genótipos de trigo, oriundos do Paraná, quanto à severidade de oídio, na safra 2008

COMPORTAMENTO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE MAMONEIRA IRRIGADOS POR GOTEJAMENTO EM PETROLINA-PE

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE MANEJO DE SOLO E DE ROTA CÃO COM CULTURAS ,(, PRODUTORAS DE GRAOS NO INVERNO E NO VERÃO

Reação ao estresse hídrico em mudas de cafeeiros arábicos portadores de genes de Coffea racemosa, C. canephora e C. liberica

INTEGRAÇÃO LAVOURA- PECUÁRIA NO NORTE DO PARANÁ

Melhoramento de soja para alimentação humana na Embrapa Trigo safra agrícola 2015/2016

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

VIABILIDADE DO TRIGO CULTIVADO NO VERÃO DO BRASIL CENTRAL

ESTABILIDADE DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS PARA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS, CICLO 2005/2006 1

Resultados de Pesquisa dos Ensaios de Melhoramento de Soja Safra 2008/09

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

TÍTULO: METODOLOGIA E ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS DA CULTURA DA SOJA EM RELAÇÃO A RESISTÊNCIA AO EXTRESSE ABIÓTICO DE CHUVA NA COLHEITA

Fenotipagem de plantas: As novas técnicas que estão surgindo para atender aos desafios atuais e futuros

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

Avaliação da forma de coleta de folhas

Avaliação do consórcio de pinhão-manso com culturas alimentares, oleaginosas e produtoras de fibra no Norte de Minas Gerais

Comportamento de genótipos de trigo, oriundos do Paraná, quanto à severidade de oídio, na safra 2007

GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DA COLORAÇÃO DO TEGUMENTO

CONSORCIO DE MILHO COM BRACHIARIA BRINZANTHA

ENSAIO PRELIMINAR DE CEVADA, ENTRE RIOS - GUARAPUAVA/PR

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA NA SUSCETIBILIDADE DE PLANTAS DE SOJA À INFECÇÃO POR PHAKOPSORA PACHYRHIZI

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLOGICA DAS SEMENTES NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA SOJA. Material e Métodos. Sementes (Brasil, 2009.

Avaliação de Linhagens de Soja da Embrapa Trigo, Safra Agrícola 2009/2010

Gessi Ceccon, Giovani Rossi, Marianne Sales Abrão, (3) (4) Rodrigo Neuhaus e Oscar Pereira Colman

CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE SOJA PARA O SUL DE MINAS GERAIS NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES-MG 1

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

Influências das Épocas de Plantio sobre Dirceu Luiz Broch a Produtividade de Híbridos de Milho Safrinha

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA GM 6, EM SOLO TÍPICO DE ARROZ IRRIGADO, NAS SAFRAS 2014/15 E 2015/16

RESULTADOS DO ENSAIO NACIONAL DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL, 2008

AGRICULTURA I Téc. Agroecologia

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHOS HÍBRIDOS CONSORCIADOS COM Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

GIRASSOL EM SAFRINHA NO CERRADO DO DISTRITO FEDERAL: DESEMPENHO DE GENÓTIPOS EM

DISSIMILARIDADE GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE SOJA TIPO ALIMENTO EM VARZEA IRRIGADA

Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho na Região Norte Fluminense

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

RELATÓRIO DE PESQUISA 11 17

Arquitetura da Planta de Soja: Influência Sobre as Propriedades Físicas dos Grãos

COMPARATIVO DE LUCRATIVIDADE ENTRE O PLANTIO DE MILHO SEQUEIRO/SOJA E O ARRENDAMENTO DA ÁREA

Cultivares de Soja 1999

Progresso genético em 22 anos de melhoramento do feijoeiro-comum do grupo carioca no Brasil.

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

APLICAÇÃO TARDIA DE NITROGÊNIO EM GENÓTIPOS DE TRIGO DA EMBRAPA

EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES- MG.

DENSIDADE DE SEMEADURA E POPULAÇÃO INICIAL DE PLANTAS PARA CULTIVARES DE TRIGO EM AMBIENTES DISTINTOS DO PARANÁ

CARACTERIZAÇÃO DE NOVAS CULTIVARES DE SOJA EM DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA PARA A REGIÃO SUL DE MG RESUMO

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

VARIABILIDADE GENÉTICA E POTENCIAL AGRONÔMICO DE GENÓTIPOS DE FEIJÃO CAUPI DE PORTE SEMIPROSTRADO NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

Disponibilidade hídrica e a produtividade da soja Prof. Dr. Paulo Cesar Sentelhas

ÉPOCAS DE SEMEADURA X CULTIVARES DE SOJA NOS CARACTERES ÁREA FOLIAR, NÚMERO DE NÓS E NÚMERO DE TRIFÓLIOS

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

li!x Seminário Nacional

Cultivo de coffea canephora conduzido com arqueamento de Plantas jovens em Condição de sequeiro e irrigado

Eficiência agronômica de inoculante líquido composto de bactérias do gênero AzospirÜ!um

Densidade populacional de Pratylenchus brachyurus na produtividade da soja em função de calagem, gessagem e adubação potássica

TEOR E EXTRAÇÃO DE NPK EM DOIS GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE PLANTAS DANINHAS EM CANOLA SEMEADA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS. RESUMO

Produtividade de dois híbridos de sorgo granífero em diferentes épocas de semeadura 1

Transcrição:

Quantificação dos teores de óleo e proteína em grãos de genótipos de soja submetidos a diferentes regimes hídricos sob condições de campo PASSOS, G.P. 1 ; SANTOS, E.D. 2 ; FERREIRA, L.C. 3 ; FARIAS, J.R.B. 4 ; NEPOMU- CENO, A.L. 4 ; MANDARINO, J.M.G. 4 ; MERTZ-HENNING, L.M. 4 NEUMAIER, N.4 ; 1 Unopar, bolsista CNPq, gabriely.paes@hotmail.com; 2 Unifil, Bolsista Embrapa Soja; 3 Pós Doutorando/CAPES, Embrapa Soja; 4 Pesquisador(a), Embrapa Soja. Introdução A soja (Glycine max L. Merrill) é uma cultura que nas últimas três décadas apresentou grande expansão, ocupando aproximadamente 49% da área destinada à produção de grãos no país. Um dos fatores para o crescimento da cultura são os avanços tecnológicos envolvidos em seu processamento, haja vista que o grão produzido é utilizado principalmente para fabricação de ração animal, óleo vegetal comestível refinado e uma infinidade de produtos para uso na alimentação humana (MAPA, 2016). Com o aumento da população mundial e com os já escassos recursos naturais para produção agrícola, cada vez mais limitados, um dos grandes desafios da agricultura é a manutenção da produção em nível

XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja Resumos expandidos 25 compatível com a demanda, sempre crescente, tanto em termos de quantidade como de qualidade. Assim sendo, os grãos de soja produzidos devem apresentar teores adequados de óleo e proteína para satisfazer o mercado. A soja é a cultura que ocupa a terceira posição na produção mundial de grãos. Por ser uma das principais matérias-primas para a produção de farelo e óleo vegetal comestível, os teores de óleo e proteína determinam o valor comercial da leguminosa; a grande demanda existente se deve ao alto teor de proteína encontrado no seu farelo, quando comparado a outras fontes de proteína vegetal (GAS- SEN; BORGES, 2004; PÍPOLO et al., 2015). Segundo Gassen e Borges (2004), nos países em desenvolvimento baseados em uma produção rural, a soja é uma das culturas com maior potencial de disponibilizar proteína de alto valor nutricional. No entanto, atualmente alguns fabricantes de ração animal, baseada no farelo de soja, questionam os baixos teores de proteína encontrados nos lotes da leguminosa que, em média, devem apresentar teores acima de 38% de proteína (EMBRAPA, 2015). Os teores de óleo e proteína da soja são determinados principalmente por fatores genéticos das cultivares. Porém, outro fator que gera grande impacto nesses teores é o ambiente, principalmente no período em que ocorre o enchimento de grãos. Ainda não existem estudos aprofundados sobre os fatores ambientais e sua influência nos teores de óleo e proteína da soja no Brasil, embora se tenha uma ideia de que principalmente a temperatura, regime de chuvas e radiação solar tenham influência neste processo, uma vez que a cultura está implantada em todo o país. De acordo com alguns estudos na área do melhoramento genético vegetal, conforme aumenta o teor de proteína, diminui o teor de óleo e a produtividade (ÁVILA et al., 2007; PÍPOLO et al., 2015). Com base nessas informações, o objetivo deste trabalho foi quantificar os teores de óleo e proteína de genótipos de soja, com e sem genes de

26 XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja Resumos expandidos tolerância à seca, submetidos a diferentes regimes hídricos em condições de campo. Materiais e Métodos Para a realização deste estudo foram utilizados grãos produzidos a campo em um experimento de tolerância à seca, na área destinada à Equipe de Ecofisiologia, na Fazenda Experimental da Embrapa Soja, localizada nas coordenadas 23º 11 44 S e 51º 10 35 O, com altitude de 598 m. O experimento foi instalado com espaçamento de 0,5 m entre linhas, em delineamento experimental de blocos ao acaso com parcelas subdivididas, com quatro blocos, em condições de campo; com parcelas recebendo os tratamentos Não Irrigado (NI) e Irrigado (I) e parcelas submetidas ao déficit hídrico no período vegetativo (EHV) e no período reprodutivo (EHR), estas últimas, dispostas sob abrigos móveis contra a chuva (rain-out shelters). Os genótipos estudados foram duas cultivares (BR 16 e BRS 1010 IPRO) e três linhagens (1Ea2939, 2Ia4 e 1Ea15) que possuem genes de tolerância à seca incorporados aos seus genomas por transformação genética. Dos grãos colhidos de cada parcela foram separadas, no Laboratório OGM 4 da Embrapa Soja, amostras de 30 g por parcela, as quais foram colocadas em envelopes identificados e posteriormente levados ao Laboratório de Análises Físico-Químicas e Cromatográficas da Embrapa Soja, onde os teores de óleo e proteína foram determinados. Para a determinação dos teores de óleo e proteína, foi utilizado o equipamento de espectroscopia de infravermelho próximo (FT-NIR) da marca ThermoScientific, modelo Antaris II, dotado de esfera de integração e leitura na faixa entre 1100 e 2500 nanômetros. As amostras previamente selecionadas foram colocadas em cápsulas próprias do equipamento e acopladas ao mesmo, realizando-se 32 leituras por amostra, com resolução de 4cm. O teor de umidade das amostras também foi determinado para que os resultados dos teores porcentuais de óleo e proteína das amostras fossem expressos em base seca. Como requisito para se obter uma boa leitura, o ambiente foi mantido em temperatura constante e inferior a 22ºC, pois oscilações na temperatura geram variações na curva espectral. As amostras (grãos/sementes) de

XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja Resumos expandidos 27 soja foram limpas, ou seja, livres de restos culturais tais como folhas, gravetos e hastes, bem como de torrões de solo. Os dados foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p 0,05). Resultados e Discussão De acordo com os resultados mostrados na Figura 1, é possível constatar que, de maneira geral, o déficit hídrico aplicado nos estádios vegetativo (EHV) e reprodutivo (EHR) afetou positivamente o teor de proteína nos diferentes genótipos, com exceção das linhagens 1Ea2939 e 2Ia4. Com relação aos genótipos, a linhagem 1Ea2939, independentemente da condição hídrica, apresentou maior teor de proteína em relação às demais linhagens e cultivares avaliadas, enquanto a cultivar BRS 1010 IPRO apresentou os menores teores (Figura 1). Essa diferença observada pode ser atribuída à duração do ciclo de cada material, tendo em vista que a linhagem 1Ea2939 apresenta ciclo longo quando comparada aos demais genótipos utilizados no presente estudo. O tempo adicional com que contou esta linhagem, em condições hídricas favoráveis ou não, pode ter proporcionado maior produção de assimilados, o que resultou na manutenção dos seus teores de proteína, independentemente do tratamento (Figura 1). Esses resultados corroboram os de Maehler et al. (2003), os quais afirmam que, na medida em que se aumenta a taxa de assimilados no grão, maior será o teor de proteína em relação ao teor de óleo. Por outro lado, com relação ao teor de óleo (Figura 2), a linhagem 1Ea2939, apresentou os menores teores, exceto no tratamento EHR, onde não foram observadas diferenças significativas em relação aos demais genótipos. Nos tratamentos NI, a cultivar BRS1010 IPRO apresentou resultados superiores em relação aos demais genótipos. Com base nos dados obtidos, os teores de óleo e proteína determinados neste estudo estão de acordo com aqueles encontrados em outros estudos já realizados, onde em cultivares de soja com maior teor de proteína,

28 XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja Resumos expandidos ocorre uma diminuição dos teores de óleo, pois as correlações fenotípicas e genotípicas entre estes fatores são negativas, ocorrendo um efeito aditivo em um dos fatores em vez de efeitos genéticos dominantes (PÍPOLO et al., 2015). Ainda com relação à Figura 2, é possível observar que, exceto para a linhagem 1Ea2939, os materiais apresentaram redução no teor de óleo com o estresse hídrico no período reprodutivo (EHR). Conclusão Dentre os genótipos avaliados no presente estudo, o que apresentou maior teor de proteína foi a linhagem 1Ea2939, porém, seus teores de óleo foram os menores dentre todos os genótipos testados. Os efeitos do déficit hídrico nos teores de óleo e proteína variaram em função da cultivar, sendo que, para os genótipos 1Ea15, BR 16 e BRS 1010 IPRO, observou-se o aumento no teor de proteína e redução no teor de óleo. Referências ÁVILA, M.R.; BRACCINI, A. de L.; SCAPIM, C.A.; MANDARINO, J.M.G.; ALBRECHT, L.P.; VIDIGAL FILHO, P.D. Componentes do rendimento, teores de isoflavonas, proteínas, óleo e qualidade de sementes de soja. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.29, n.3, p.111-127, 2007. EMBRAPA. Soja sofre redução no teor de proteína ao longo do tempo. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/ noticia/7693893/soja-sofre-reducao-no-teor-de-proteina-ao-longo-dotempo>. Acesso em: 06 mai. 2016. GASSEN, F.; BORGES, L.D. Importância econômica da soja. In: FORCELINI, C.A.; REIS, E.M.; GASSEN, F.; YORINORI, J.T.; HOFFMAN, L.; CONSTAMILAN, L.; SILVA, O.C. da.; BALARDIN, R.; CASA, R.T. Doenças na cultura da soja. Passo Fundo: Aldeia Norte, 2004. p. 11-13.

XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja Resumos expandidos 29 MAEHLER, A.R.; COSTA, J.A.; PIRES, J.L.F.; RAMBO, L. Qualidade dos grãos de duas cultivares de soja em função da disponibilidade de água no solo e arranjo de plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.2, p.213-218, 2003. MAPA. Soja. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/ culturas/soja>. Acesso em: 05 mai. 2016. PIPOLO, A. E.; HUNGRIA, M.; FRANCHINI, J. C.; BALBINOT JUNIOR, A. A.; DEBIASI, H.; MANDARINO, J. M. G. Teores de óleo e proteína em soja: fatores envolvidos e qualidade para a indústria. Londrina: Embrapa Soja, 2015. 15 p. (Embrapa Soja. Comunicado técnico, 86). Figura 1. Teor de proteína em genótipos de soja submetidos a diferentes regimes hídricos sob condições de campo: I Irrigado, NI Não irrigado, EHV Estresse hídrico no vegetativo, EHR - Estresse hídrico no reprodutivo. Letras minúsculas comparam tratamentos dentro de genótipos e letras maiúsculas comparam genótipos dentro de cada tratamento. Londrina, PR. Safra 2015/16.

30 XI Jornada Acadêmica da Embrapa Soja Resumos expandidos Figura 2. Teor de óleo em genótipos de soja submetidos a diferentes regimes hídricos sob condições de campo: I Irrigado, NI Não irrigado, EHV Estresse hídrico no vegetativo, EHR - Estresse hídrico no reprodutivo. Letras minúsculas comparam tratamentos dentro de genótipos e letras maiúsculas comparam genótipos dentro de cada tratamento. Londrina, PR. Safra 2015/16.