D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Documentos relacionados
D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Vistos, relatados e discutidos estes autos de. AGRAVO DÈ INSTRUMENTO n /0-00, da Comarca de

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Partes, Procuradores, Representação, Substituição Processual e Litisconsórcio

Legislação Específica

Nº (N CNJ: COMARCA DE PORTO ALEGRE

ACÓRDÃO AIRO Fl. 1. DESEMBARGADORA ANA ROSA PEREIRA ZAGO SAGRILO Órgão Julgador: 10ª Turma

Impetrado: Juizado Especial Cível da comarca de São José dos Quatro Marcos-MT

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

VLM Nº (Nº CNJ: ) 2018/Cível

Aula 48. Gratuidade de Justiça

07ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro ( ) E M E N T A

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho, deve ser equilibrado!

Aula 50. Gratuidade de Justiça (Parte Final) Conceito

Direito Processual Civil

Legislação Específica

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO AIRO Fl. 1. DESEMBARGADOR JOÃO GHISLENI FILHO Órgão Julgador: 11ª Turma. 9ª Vara do Trabalho de Porto Alegre

A assinatura do autor por ANA LUCIA LOURENCO:7865 é inválida

DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AGRAVO

Eis o teor da decisão (f. 46):

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Quinta Câmara Cível A C Ó R D Ã O

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O (2ª Turma) GMDMA/MCL

CÍVEL Nº (Nº CNJ: ) COMARCA DE PORTO ALEGRE APD Nº (Nº CNJ:

O agravo de instrumento no novo CPC

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL - SERVIÇO DE APOIO À JURISDIÇÃO AMAURI DE OLIVEIRA SALES A C Ó R D Ã O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores EUTÁLIO PORTO (Presidente), VERA ANGRISANI E ROBERTO MARTINS DE SOUZA.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE

A lei alterou de certa forma a aplicação dos embargos infringentes, passando o CPC a dispor:

Art Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Quarta Câmara Cível

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FELIPE FERREIRA (Presidente sem voto), RENATO SARTORELLI E VIANNA COTRIM.

Os Embargos de Declaração do reclamante, fl. 258, foram rejeitados pelo eg. TRT.

Gabinete do Desembargador Carlos Escher

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Cível do Juizado Especial Federal da Subseção Judiciária de (nome da cidade).

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Honorários, gratuidade e prazos. Prof. Luiz Dellore

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA TUTELAS PROVISÓRIAS NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

RESOLUÇÃO Nº 46/2011/CSDP. Fixação de critérios para deferimento da assistência jurídica a ser prestada pela Defensoria Pública

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO E EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

MS Nº DV/M 377 S P 05 MANDADO DE SEGURANÇA

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

SEMINÁRIO NACIONAL CNTC ENUNCIADOS. GRUPO 4 - Acesso à Justiça do Trabalho e barreiras processuais

AGRAVO DE INSTRUMENTO: Um Novo Modelo

: MIN. DIAS TOFFOLI :RAUL CESAR CARRILLO ROMERO :JOSUÉ ALVES OLIVEIRA :PRESIDENTE DA REPÚBLICA :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE

AGRAVO N.º /03, DA DÉCIMA OITAVA VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA DES.ª VILMA RÉGIA RAMOS DE REZENDE

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 24ª REGIÃO

PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores JACOB VALENTE (Presidente), TASSO DUARTE DE MELO E SANDRA GALHARDO ESTEVES.

<CABBCAABDCBCAADCABBCAACDBACDBADAACBAA DDABCAAD>

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo 8ª Câmara de Direito Público

Embargos de Declaração e Agravo de Instrumento

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Décima Sexta Câmara Cível Gabinete do Desembargador Marco Aurélio Bezerra De Melo

Havendo Juiz convocado, os processos ser-lhes-ão distribuídos na mesma ordem em que seriam para o Desembargador afastado art. 89, 2º.

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ (Presidente) e TORRES DE CARVALHO.

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Juizados Especiais. Aula 8 ( ) Vinicius Pedrosa Santos (magistrado e professor)

Reforma Trabalhista FENABRAVE - SC. Lei /2017 FLORIANÓPOLIS

Prof. Darlan Barroso. Caso Prático 2ª Fase OAB abril 2018

(7) Agravo de Instrumento nº

RELATÓRIO. 3. Foi atribuído o efeito suspensivo ao presente recurso. 4. Foram apresentadas contrarrazões. 5. É o que havia de relevante para relatar.

Bom dia, hoje trago um modelo de petição de auxílio reclusão previdenciário com pedido de tutela antecipada em face do INSS perante a Justiça Federal.

APELAÇÃO CÍVEL Nº RECUSA DE LIGAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. FUNDADA NA ALEGAÇÃO DE LOTEAMENTO IRREGULAR. IMPOSSIBILIDADE.

DIREITO ELEITORAL. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

11/12/2018. Professor Hugo Penna

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. AULA 09 Justiça gratuita Procuradores Sucessão das partes Sucessão dos procuradores

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Cumprimento de sentença. Prof. Luiz Dellore

Apoio Judiciário e o Deferimento Tácito Lisboa, 6 de Abril de 2016

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GOMES VARJÃO (Presidente), NESTOR DUARTE E ROSA MARIA DE ANDRADE NERY.

PODER JUDICIÁRIO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Do direito a JUSTIÇA GRATUITA

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 2ª Turma GMJRP/tb/JRFP/vm/li RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº /2014.

06/02/2019 AULA 2. I- TUTELAS PROVISÓRIAS: Conceito e Classificações II-TUTELAS PROVISÓRIAS ANTECIPADA E CAUTELAR. Diferenças. Denis Domingues Hermida

Processo N. AGRAVO DE INSTRUMENTO AGRAVANTE(S) AGRAVADO(S) Relator Desembargador ROBERTO FREITAS EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CONSEQÜÊNCIAS. LEI N 8.078/90.

DECISÃO. (Fundamentação legal: artigo 557, caput, do CPC)

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO , da Comarca de Barueri, em que é agravante. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, é agravado MUNICÍPIO

Trata-se de recurso de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto por Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Paraná

TUTELA PROVISÓRIA. Comentários aos artigos 294 a 299

STJ Fredie Didier Jr. Rafael Alexandria de Oliveira. BENEFíCIO DA. JUSTiÇA GRATUITA. 6. a edição Revista eatualizada ~I EDITORA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

REFORMA TRABALHISTA (Lei /2017) PRINCIPAIS ASPECTOS. Prof. Antero Arantes Martins

Direito Processual Civil. Dos Recursos: Apelação e Agravo Interno

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

AULA 24. Os pressupostos genéricos são a probabilidade do direito, perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

N o 8.949, DE 26 DE AGOSTO DE D E C R E T A: Seção I Das Disposições Gerais

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Transcrição:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE COBRANÇA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. A Constituição Federal incluiu entre os direitos e garantias fundamentais o de assistência jurídica na forma integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem insuficiência de recursos. Por isto, qualquer pessoa necessitada tem direito ao benefício suportando a sociedade, em verdadeiro custeio público, o ônus daquela impossibilidade financeira, ainda que momentânea. Não basta a simples declaração de que tratava o art. 4º da Lei 1.060/50 cabendo ao magistrado atender ao preceito constitucional que exige prova da necessidade. Pessoa física que percebe rendimentos acima de três salários mínimos e que não comprova a impossibilidade de recolher custas judiciais e honorários advocatícios não faz jus ao benefício da AJG. NEGADO SEGUIMENTO AO RECUO. AGRAVO DE INSTRUMENTO VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE PORTO ALEGRE ANTONIO PAIM FALCETTA BRASIL TELECOM / OI AGRAVANTE AGRAVADO D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A Vistos. ANTÔNIO PAIM FALCETTTA interpõe agravo de instrumento contra a decisão proferida nos autos da ação cautelar de exibição de documentos que move contra BRASIL TELECOM S/A. Constou da decisão agravada: 1

Indefiro o pedido de AJG, uma vez que o teor dos documentos juntados deixa evidente que se trata de pessoa que não faz jus ao beneficio pretendido. Intime-se a recolher as custas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de cancelamento da distribuição do feito, na forma do art. 257 do CPC, e consequente extinção do feito. Cumpra-se. Nas razões apresentadas sustenta que não possui condições financeiras de arcar com as despesas do processo, sem que isso resulte em prejuízo de sua subsistência e de sua família; que deve ser deferido o benefício da assistência judiciária gratuita. Postula o recebimento do recurso no efeito suspensivo e seu provimento. Vieram-me os autos conclusos para julgamento. O art. 557 do Código de Processo Civil admite julgamento monocrático facultando ao relator negar seguimento ao recurso quando se afigura manifestamente inadmissível, improcedente ou prejudicado; ou a pretensão deduzida se confrontar com súmula ou jurisprudência predominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Superior Tribunal de Justiça. E provê-lo quando, ao contrário, a decisão recorrida estiver em confronto com súmula ou jurisprudência dominante daqueles tribunais superiores. E a situação dos autos autoriza a aplicação daquele dispositivo legal. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e merece conhecimento. E, afastando o efeito suspensivo, por ausente o risco de lesão grave e de difícil reparação, passo a decidir. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. PESSOA FÍSICA. A Constituição Federal (art. 5º, LXXIV), incluiu entre os direitos e garantias fundamentais o de assistência jurídica na forma integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos, assegurando que o cidadão não encontre, na impossibilidade financeira, óbice a valer-se de outro direito constitucional, o de livre acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, 2

XXXV). A Constituição, que não institucionalizou a indiscriminada isenção de pagamento dos serviços judiciários, apenas transfere à sociedade, em verdadeiro custeio público, o ônus daquela impossibilidade financeira, ainda que momentânea. Estabelece a Constituição Federal: Art. 5º LXXIV o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; A Lei 1.060/50, muito anterior à Constituição vigente, regulando a concessão de assistência judiciária gratuita aos necessitados, sob os conceitos econômicos e morais da época, sofreu modificações cuja análise se faz necessária à sua correta aplicação. Veja-se a reprodução parcial que segue: Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família. (Redação dada pela Lei nº 7.510, de 1986) 1º - A petição será instruída por um atestado de que conste ser o requerente necessitado, não podendo pagar as despesas do processo. Êste documento será expedido, isento de selos e emolumentos, pela autoridade policial ou pelo prefeito municipal. 1º A petição será instruída por um atestado de que conste ser o requerente necessitado, não podendo pagar as despesas do processo. Este documento será expedido, isento de selos e emolumentos, pela autoridade policial ou pelo Prefeito Municipal, sendo dispensado à vista de contrato de trabalho comprobatório de que o mesmo percebe salários igual ou inferior ao dobro do mínimo legal regional. (Redação dada pela Lei nº 6.707, de 1979) 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais. (Redação dada pela Lei nº 7.510, de 1986) 3º A apresentação da carteira de trabalho e previdência social, devidamente legalizada, onde o juiz verificará a necessidade da parte, substituirá os atestados exigidos nos 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 6.654, de 1979) Art. 5º. O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas horas. 1º. Deferido o pedido, o juiz determinará que o serviço de assistência judiciária, organizado e mantido pelo Estado, onde houver, indique, no prazo de dois dias úteis o advogado que patrocinará a causa do necessitado. 3

4º. Será preferido para a defesa da causa o advogado que o interessado indicar e que declare aceitar o encargo. Art. 7º. A parte contrária poderá, em qualquer fase da lide, requerer a revogação dos benefícios de assistência, desde que prove a inexistência ou o desaparecimento dos requisitos essenciais à sua concessão. Parágrafo único. Tal requerimento não suspenderá o curso da ação e se processará pela forma estabelecida no final do artigo 6º. desta Lei. Art. 8º. Ocorrendo as circunstâncias mencionadas no artigo anterior, poderá o juiz, ex-offício, decretar a revogação dos benefícios, ouvida a parte interessada dentro de quarenta e oito horas improrrogáveis. Art. 11. Os honorários de advogados e peritos, as custas do processo, as taxas e selos judiciários serão pagos pelo vencido, quando o beneficiário de assistência for vencedor na causa. 1º. Os honorários do advogado serão arbitrados pelo juiz até o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o líquido apurado na execução da sentença. 2º. A parte vencida poderá acionar a vencedora para reaver as despesas do processo, inclusive honorários do advogado, desde que prove ter a última perdido a condição legal de necessitada. Art. 12. A parte beneficiada pelo isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita. Art. 13. Se o assistido puder atender, em parte, as despesas do processo, o Juiz mandará pagar as custas que serão rateadas entre os que tiverem direito ao seu recebimento. Na essência a modificação se deu na dispensa ao notificado de apresentar o atestado de pobreza ( 1º do antigo texto do art. 4º) que era expedido pelo Prefeito, ou por autoridade policial diante da declaração do interessado e de duas testemunhas, sujeitos à autuação em flagrante pelo crime de falsidade ideológica. Em troca, deu-se ao advogado, no dignificante exercício de sua profissão às pessoas carentes, o dever de lançar a declaração de pobreza na petição, sob a presunção de veracidade da declaração do constituinte (novo texto do art. 4º), e do seu compromisso, aceitando a causa ( 4º do art. 5º), de não cobrar honorários (caput do art. 4º). A presunção de veracidade da declaração do requerente do benefício, entretanto, não afasta o dever de ofício do magistrado de, estando 4

convencido de que a declaração não é compatível com outras declarações do postulante, como sua qualificação ou a causa do pedido, exija a comprovação da renda. Assim depreendo do art. 5º ao ditar que se ele não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano, motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas horas. Assim me convenço, também, guardando utilidade ao 3º do art. 4º, não revogado junto com a dispensa de atestados, que o autoriza, mediante a apresentação da carteira de trabalho e previdência social, devidamente legalizada, verificar a necessidade. É claro que hoje há outros instrumentos igualmente fidedignos, como a Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda ou a declaração prestada pelo Contador de uma empresa. Por outro lado, a concessão da AJG é provisória, ou seja, concedida até que cesse situação excepcional que possa gerar, da mesma forma, necessidade temporária. É o caso de conceder-se, por exemplo, para abertura de um inventário, até o levantamento de depósitos bancários ou alienação de bens. E, isso eu deduzo do art. 8º que autoriza a que o juízo, de ofício, revogue o benefício quando desaparecem os requisitos que foram essenciais à sua concessão, dos artigos 11 e 12 que deixam claro não se tratar de isenção da obrigação, mas de mera dispensa de pagamento no momento que lhe seria próprio, ao autorizarem a execução antes que ocorra a prescrição. A lei em comento, embora fale em pobreza, assegura o benefício a todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família (parágrafo único do art. 2º). E, com efeito, talvez por isto tenha sido modificado o 1º da lei em comento, subtraindo a limitação de renda a dois salários mínimos, para que se estenda àquele que, num dado momento, não possua condições financeiras. 5

do benefício: Os precedentes desta Câmara orientam acerca da concessão AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. COMPROVAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE CUSTEAR O PROCESSO. PROVA DA NECESSIDADE DO BENEFÍCIO. A Constituição Federal (art. 5º, LXXIV) incluiu entre os direitos e garantias fundamentais o de assistência jurídica na forma integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem insuficiência de recursos. Por isso, qualquer pessoa, tem direito ao benefício da Assistência Judiciária Gratuita uma vez que demonstre não dispor de recursos para pagamento das despesas processuais, suportando a sociedade, em verdadeiro custeio público, o ônus daquela impossibilidade financeira, ainda que momentânea. Não basta a simples declaração de que tratava o art. 4º da Lei 1.060/50 para concessão do benefício, e é dever do magistrado atender ao preceito constitucional que exige prova da necessidade. Pessoa física que percebe rendimentos acima de três salários mínimos e que não comprova a impossibilidade de recolher custas judiciais e remunerar seu advogado não faz jus ao benefício da AJG. AGRAVO DESPROVIDO POR UNANIMIDADE. (Agravo de Instrumento Nº 70046448908, Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do, Relator: João Moreno Pomar, Julgado em 07/12/2011) AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. CADERNETAS DE POUPANÇA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CONCESSÃO. POSSIBILIDADE. Comprovando a parte a impossibilidade de arcar com as custas processuais, sem prejuízo do seu sustento, juntando comprovante de rendimentos, é de ser concedido o benefício da AJG. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, em decisão monocrática. (Agravo de Instrumento Nº 70038093704, Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do, Relator: Breno Beutler Junior, Julgado em 19/08/2010) AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. POSSIBILIDADE, NO CASO CONCRETO. 1. A atual Constituição Federal (art. 5º, LXXIV), recepcionando a Lei 6010/50, incluiu, entre os direitos e garantias fundamentais, também o da assistência jurídica na forma integral e gratuita, sob responsabilidade do Estado aos que demonstrarem hipossuficiência de recursos, visando, exatamente o livre acesso ao Poder Judiciário, assegurado pela Constituição Federal (art. 5º, XXXV) como direito fundamental. 2 Em princípio, qualquer pessoa, natural ou jurídica, tem direito ao benefício da Assistência Judiciária Gratuita cujo direito decorre da hipossuficiência financeira, mesmo momentânea, a qual não permite o livre acesso ao Judiciário, haja vista que o valor a ser desembolsado com as despesas processuais afetará o seu sustento e o de sua família. 3. Contudo, em se tratando de pessoa física, pode o juiz exigir que o requerente comprove o alegado estado de necessidade, não bastando simples declaração como a prevista no art. 4º da Lei nº 6010/50. A ausência 6

de tais requisitos, nesta hipótese, implica o indeferimento do benefício. AGRAVO DESPROVIDO POR UNANIMIDADE. (Agravo de Instrumento Nº 70035803741, Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do, Relator: João Moreno Pomar, Julgado em 11/05/2010) Com efeito, a Constituição Federal incluiu entre os direitos e garantias fundamentais o de assistência jurídica na forma integral e gratuita pelo Estado aos que comprovarem insuficiência de recursos. Por isto, qualquer pessoa necessitada tem direito ao benefício suportando a sociedade, em verdadeiro custeio público, o ônus daquela impossibilidade financeira, ainda que momentânea. Não basta a simples declaração de que tratava o art. 4º da Lei 1.060/50 cabendo ao magistrado atender ao preceito constitucional que exige prova da necessidade. Pessoa física que percebe rendimentos acima de três salários mínimos e que não comprova a impossibilidade de recolher custas judiciais e honorários advocatícios não faz jus ao benefício da AJG. No caso dos autos a parte agravante, servidor público, aufere rendimentos mensais de R$ 4.599,21, conforme declaração de imposto de renda das fls. 09-15, possuindo receita líquida que supera três salários mínimos não restando comprovada a impossibilidade de custeio do processo. Portanto, o recurso não merece provimento. Diante do exposto, NEGO SEGUIMENTO ao recurso. Intimem-se. Dil. Legais. Porto Alegre, 16 de dezembro de 2012. DES. JOÃO MORENO POMAR, Relator. 7