TELHADO VERDE E A INFLUÊNCIA NO CONFORTO TÉRMICO EM UMA EDIFICAÇÃO DE MADEIRA NO IFC CAMPUS RIO DO SUL Karla Fünfgelt 1 ; Alexandra Goede de Souza 2 ; Eduardo Augusto Tonet 3 ; Samuel Fachini 4. 1 Professora Orientadora - Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul, e-mail: karlafunf@ifcriodosul.edu.br 2 Professora coorientadora - Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul, e-mail: alexandra.goede@gmail.com 3 Aluno 2ª série do Curso de Agroecologia do Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul, e- mail: eduardo_tonet@hotmail.com 4 Aluno 2ª série do Curso de Agroecologia do Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, e- mail: samuel_fahini@hormail.com 1 INTRODUÇÃO A expressão telhado verde tem como significado o uso de espécies vegetais variadas sobre a cobertura de edificações, com a finalidade de proporcionar maior conforto térmico no interior da edificação, reduzindo assim, os gastos com energia para aquecimento ou resfriamento dos ambientes. O conforto térmico em uma edificação é um fator determinado, em parte, pela sua cobertura. Nesse aspecto o telhado verde pode se apresentar como auxiliar na melhoria do conforto térmico de uma edificação. Tornando a cobertura mais densa, com o uso do substrato e a própria vegetação, é possível fazer com que o calor transmitido ao ambiente seja menor nos períodos mais quentes, assim como a perda de calor pela cobertura seja menor nos períodos mais frios, mantendo assim a temperatura interna estável, podendo assim diminuir o consumo energético da edificação para o condicionamento térmico (HENEINE,2008). O objetivo central da pesquisa foi então, avaliar as possíveis alterações de temperatura em ambientes internos de edificações cobertas com telhado verde, que pudessem proporcionar maior conforto térmico, utilizando como experimento um protótipo de madeira com cobertura de fibrocimento preexistente setor de Floresta do Instituto Federal catarinense Campus Rio do Sul. 2 MATERIAL E MÉTODOS O projeto proposto teve como objetivo, além da verificação de alterações na temperatura, a utilização de garrafas PET (politereftalato de etila), buscando com isso uma reutilização de material que normalmente é descartado na própria escola. Assim, foram propostos dois tipos de cobertura, uma utilizando como base para a colocação do substrato o PET, e outro sem utilização do PET, assentando o substrato acima do telhado de fibrocimento, protegido somente por uma base de tela de sombreamento para evitar o escorregamento do substrato. Além do uso de diferentes tipos de cobertura, foram utilizados dois tipos de espécies vegetais, as gramíneas e as crassuláceas. A disposição das diferentes coberturas no experimento foi estabelecida através de sorteio. Para a comparação de dados de temperatura foram deixados protótipos sem cobertura vegetal, os quais foram denominados testemunhas. O protótipo utilizado para o experimento foi construído em chapas de madeira, dividido em 14 módulos de 1m³, possuindo uma abertura frontal para verificação da temperatura interna por módulo, cobertura de fibrocimento e piso de concreto. Nos módulos em que se utilizaram as garrafas PET como base, foram primeiramente colocadas as mesmas já previamente cortadas ao meio no sentido longitudinal, e perfuradas na base possibilitando a drenagem da água das chuvas, encaixadas pelo bico em um semicírculo feito no fundo da garrafa com diâmetro de 25 mm. As garrafas foram fixadas umas nas outras e no telhado de fibrocimento através de uma malha de fios de nylon presa nas extremidades da 1
estrutura de madeira. A seguir, receberam uma camada drenante de brita e uma camada de substrato composto por solo, cama de aviário e casca de arroz queimado. Figura1: Colocação garrafas PET Fonte: Arquivo pessoal Nos módulos que não receberam a cobertura com o PET, foi colocada a tela de sombreamento diretamente sobre a cobertura de fibrocimento, e logo após uma camada de 5 cm de substrato na mesma formulação já citada. No momento seguinte foi efetuado o plantio das mudas de acordo com a distribuição feita no sorteio, sendo 2 repetições de cada tipo de cobertura e espécie vegetal, totalizando 8 repetições. Figura 2: Colocação substrato e plantio espécies Fonte: Arquivo pessoal Duas semanas após o plantio começaram a serem realizadas as medições de temperatura, utilizando um termômetro digital. Ao chegar ao local onde estavam instalados os protótipos, os termômetros eram deixados em repouso por 3 minutos, após leitura do aparelho eram anotados os valores da temperatura externa, máxima e mínima. Em cada protótipo havia uma abertura frontal na qual era introduzido o termômetro, que ficava pendurado em uma haste metálica em forma de gancho. Depois de instalado o termômetro no protótipo, a abertura era fechada e reaberta somente 3 minutos após para leitura e anotação da temperatura interna, máxima e mínima. 2
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados foram tabelados com auxilio do Microsoft Office Excel, aonde foram observadas todas as medições por protótipo. A tabela foi organizada de acordo com o tipo de cobertura conforme segue: Tabela 1 Organização e distribuição das coberturas em cada protótipo Nº Tipo de Cobertura Sigla Protótipo 1 Testemunha T1 6 2 Testemunha T2 10 3 Crassulácea C1 3 4 Crassulácea C2 11 5 Gramínea G1 5 6 Gramínea G2 12 7 PET com Crassulácea CP1 4 8 PET com Crassulácea CP2 8 9 PET com Gramínea GP1 7 10 PET com Gramínea GP2 9 Na Tabela 2 foram inseridos os dados de temperatura interna por protótipo e foram calculadas as médias de temperatura, do período do experimento, de cada protótipo. Com estes dados foi possível observar a variação de temperatura, ainda que pequena, de acordo com o tipo de cobertura e espécie vegetal utilizada no protótipo. Tabela 2 Temperaturas por protótipo e média. DIA T1 T2 C1 C2 G1 G2 CP1 CP2 GP1 GP2 18\abr 24,7 24,1 24 24 24,9 23,9 24,9 24,6 24,7 24,6 20\abr 19,9 20,2 19,6 20,5 19,8 20,4 19,8 20,3 20,2 20,2 23\abr 17,5 19,5 17,9 20,1 18,1 21,2 17,2 19,2 20,5 17,2 25\abr 20,3 19 20,2 19,3 20,8 19,2 20,3 19,6 20 19,3 27\abr 23,7 23,1 22,8 23,1 23,7 22,9 23,1 23,4 23,6 23,3 30\abr 22,8 22,2 23,6 22,2 23,1 22,2 23,3 22,4 22,7 22,3 02\mai 21,8 22,4 21,2 22,4 21,4 22,4 21,3 22,4 22 22,3 04\mai 24,7 25,4 23,1 25,5 24,3 25,6 23,9 25,1 24,9 25,3 16\mai 17,6 18 17,7 18,2 17,6 18,3 17,7 17,9 17,8 17,9 18\mai 17,2 17,8 17,4 17,8 17,2 17,8 17,4 17,6 17,6 17,6 21\mai 19,5 20,7 19 20,7 19,4 20,8 19,1 20,3 19,9 20,5 23\mai 19,3 20,4 19,1 20,5 19,3 20,6 19,1 20,1 19,7 20,3 25\mai 19,3 17,7 21 17,5 20,1 17 20,3 18,1 18,3 17,7 30\mai 16,8 16,5 16 16 16 16,5 16,1 16 15,8 15,4 01\jun 21 21,7 21 21,8 21,3 21,5 21,5 22 21,1 21,8 04\jun 24,7 21 19 20,9 20,1 20,8 20 20,2 20,2 20 06\jun 16,9 17,2 20,1 18,8 17,8 20,5 19 15,5 16,3 16,2 08\jun 18,3 18,3 18 18,3 18,2 18,2 18,1 17,9 18,1 18 11\jun 19,3 19,4 19 19,5 19,1 19,5 19,1 19,2 19,2 19 3
13\jun 20,2 20,2 20 20,4 20,2 20,4 20,1 20,3 20,3 20,1 15\jun 14,1 14,4 14 14,1 14,2 14,1 14,2 14,3 14 14,3 18\jun 16,2 16,4 16,1 16,4 16 16,4 16,2 16,1 16,1 16,3 20\jun 16,7 16,9 16,8 16,9 16,8 16,9 16,3 17 16,7 16,8 22\jun 18 18,3 18 18,3 18,1 18,3 18,1 18,2 18,2 18,2 Média 19,6 19,61 19,35 19,71 19,47 19,8 19,42 19,48 19,49 19,35 Os protótipos 1 e 2, considerados como testemunhas do projeto, serviram como base para a comparação, elas exemplificam o comportamento das edificação que usam cobertura de fibrocimento. Figura 02 Médias por protótipo. Através do gráfico abaixo foi possível visualizar as variações de temperatura ao se comparar a temperatura interna dos protótipos testemunha com os demais protótipos. Figura 03 Diferença de temperatura entre testemunhas e demais protótipos 4
Já o gráfico abaixo busca demonstrar a variação de temperatura média que cada tratamento proporcionou para a edificação, sendo 1 a cobertura com Crassulácea, 2 a cobertura com gramínea, 3 a cobertura com crassulácea e PET e 4 a cobertura com Gramínea e PET. 4 CONCLUSÃO Figura 04 Variação média de alteração de temperatura por método utilizado. Conclui-se com base nos dados acima citados, que, 6 dos 8 protótipos que receberam o telhado verde apresentaram uma queda na temperatura média interna em relação as testemunhas, dentre elas todas as que apresentavam PET como base para o substrato. Aquelas que apresentavam PET tiveram os melhores resultados, com uma variação de em média de - 0,17ºC em relação às testemunhas. Com relação ao tipo de vegetação as gramíneas apresentaram uma média de diminuição de temperatura maior que aquelas que receberam as crassuláceas, quando utilizado o PET. A partir da análise dos dados observou-se que alguns fatores influenciaram diretamente nos resultados da pesquisa, por uma questão de locação do experimento, o qual já pré-existia anteriormente à execução deste trabalho, os fatores de exposição ao sol, vento e umidade, não se aplicaram igualmente sobre todos os protótipos. Os protótipos eram unidos em uma só estrutura sem nenhum isolante térmico, propiciando a transferência de calor de um protótipo ao outro. Outro fator deveu-se a pouca profundidade do substrato e a exposição direta às intempéries, fazendo com que as mudas apresentaram dificuldade na pega, isso fez com que elas não cobrissem completamente a superfície da cobertura, durante o período de coleta de dados. Todas essas variáveis podem ter ocasionado respostas diferentes daquelas esperadas na pesquisa. 5 REFERÊNCIAS HENEINE, Maria Cristina Almeida De Souza. Cobertura Verde (Monografia). Belo Horizonte: Universidade federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia, 2008 5
LENGEN, Johan Van. Manual do Arquiteto Descalço. São Paulo: Editora Empório do Livro, 2008. KREBS, Lisandra Fachinello. Coberturas vivas extensivas: analise da utilização em projetos na região metropolitana de Porto Alegre: UFRS, 2005 Tese (mestrado Profissionalizante em Engenharia), Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005. OLIVEIRA, Eric. Telhados Verdes para habitação de interesse social: retenção das águas pluviais e conforto térmico. (Dissertação). Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Engenharia, 2009. SILVA, Neusiane da Costa. Telhado Verde: Sistema construtivo de maior eficiência e menor impacto ambiental. (Monografia). Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, Belo Horizonte, 2011. 6