REVISÃO FINAL TJ/SP. Escrevente Técnico Judiciário COORDENAÇÃO AUTORES. Henrique Correia

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Transcrição:

REVISÃO FINAL TJ/SP Escrevente Técnico Judiciário COORDENAÇÃO Henrique Correia AUTORES Alan Martins, Danilo da Cunha Sousa, Duda Nogueira, Emannuelle Gouveia, Luciano Alves Rossato, Marcelo Sbicca, Paulo Lépore, Rodolfo Gracioli. 2017

Dicas CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (EDITAL): Direito Administrativo: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo (Lei n. 10.261/68) - artigos 239 a 323; e Lei Federal n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) com as alterações vigentes até a publicação do Edital. 1. ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO DE SÃO PAULO (LEI N. 10.261/68) - ARTIGOS 239 A 323 Direito de Petição: os artigos 239 e 240 do Estatuto, com redação dada pela Lei Complementar 942/2003, dispõem, no âmbito infraconstitucional, a respeito do direito de petição assegurado no artigo 5º, inciso XXXIV, alínea a, da CF. Direito de petição do ponto de vista do cidadão: é previsto que qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço público (art. 239, 1º), sendo que, em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena de responsabilidade do agente (art. 239, 2º). Direito de petição do ponto de vista do servidor: direito de requerer ou representar, bem como, nos termos dessa lei complementar, pedir reconsideração e recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias, salvo previsão legal específica (art. 240). Regime disciplinar do servidor público: Instituto Conceito Natureza das sanções Deveres Obrigações de fazer Administrativa Proibições Vedações (obrigações de não fazer) Administrativa Responsabilidades Deveres (art. 241): I - ser assíduo e pontual; Dever de reparar prejuízos causados por dolo ou culpa Civil / Administrativa II - cumprir as ordens superiores, representando quando forem manifestamente ilegais; III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for incumbido; IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, especialmente, sobre despachos, decisões ou providências; V - representar aos superiores sobre todas as irregularidades de que tiver conhecimento no exercício de suas funções;

382 Revisão Final TJ/SP VI - tratar com urbanidade as pessoas; VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde autorizado; VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assentamento individual, a sua declaração de família; IX - zelar pela economia do material do Estado e pela conservação do que for confiado à sua guarda ou utilização; X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou com uniforme determinado, quando for o caso; XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer outro serviço, às requisições de papéis, documentos, informações ou providências que lhe forem feitas pelas autoridades judiciárias ou administrativas, para defesa do Estado, em Juízo; XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os companheiros de trabalho, XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções; e XIV - proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a função pública. Proibições do art. 242: I - Revogado. II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente, qualquer documento ou objeto existente na repartição; III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em palestras, leituras ou outras atividades estranhas ao serviço; IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada; V - tratar de interesses particulares na repartição; VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da repartição, ou tornar- -se solidário com elas; VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, promover ou subscrever listas de donativos dentro da repartição; e VIII - empregar material do serviço público em serviço particular. Proibições do art. 243: I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o Governo, por si, ou como representante de outrem; II - participar da gerência ou administração de empresas bancárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, que mantenham relações comerciais ou administrativas com o Governo do Estado, sejam por este subvencionadas ou estejam diretamente relacionadas com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado; III - requerer ou promover a concessão de privilégios, garantias de juros ou outros favores semelhantes, federais, estaduais ou municipais, exceto privilégio de invenção própria;

Direito Administrativo 383 IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou função em empresas, estabelecimentos ou instituições que tenham relações com o Governo, em matéria que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado; V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autorização do Presidente da República; VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas condições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em qualquer caso, ser acionista, quotista ou comanditário; VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabotagem contra o serviço público; VIII - praticar a usura; IX - constituir-se procurador de partes ou servir de intermediário perante qualquer repartição pública, exceto quando se tratar de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau; X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de entidades fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo quando estiver em missão referente à compra de material ou fiscalização de qualquer natureza; XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para desempenhar atividade estranha às funções ou para lograr, direta ou indiretamente, qualquer proveito; e XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte. ATENÇÃO! Além do funcionário poder ser, em qualquer caso, acionista, quotista ou comanditário de empresas (art. 243, VI, parte final), não está compreendida na proibição dos itens II e VI do artigo 243 a participação do funcionário em sociedades em que o Estado seja acionista, bem assim na direção ou gerência de cooperativas e associações de classe, ou como seu sócio (art. 243, parágrafo único. Completa-se com isso o quadro das proibições do servidor em relação a vínculos com empresas, que pode ser exposto da seguinte forma: Espécie de vínculo Empresas abrangidas Relações com o Governo Proibido (ou não) gerência ou administração emprego ou função emprego ou função acionista, quotista ou comanditário participação sócio, direção ou gerência empresas bancárias, industriais ou comerciais empresas, estabelecimentos ou instituições empresas, estabelecimentos ou instituições empresas bancárias, industriais ou comerciais sociedades em que o Estado for acionista cooperativas e associações de classe comerciais administrativas ou em matéria que se relacione com a finalidade da repartição ou serviço proibido Proibido Não Não Não Não Proibição do art. 244: é vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar de função de confiança e livre escolha,

384 Revisão Final TJ/SP não podendo exceder a 2 (dois) o número de auxiliares nessas condições. Essa ressalva relativa às funções de confiança e livre escolha, contraria a Súmula Vinculante nº 13 do STF (vedação ao nepotismo ou nomeação de parentes), porém, mesmo assim, deverá ser considerada correta em qualquer alternativa de que venha a constar em questões de prova cujo enunciado mencione a Lei 10.261/68. Proibição de incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabotagem: essa proibição não foi totalmente recepcionada pela Constituição de 1988, cujo artigo 37, inciso VII garante ao servidor público o direito de greve, nos termos da lei. Então, é compatível com a constituição em vigor apenas a proibição de praticar atos de sabotagem. Todavia, mais uma vez, fica o alerta para que sejam assinaladas corretas alternativas que respondam a enunciados sobre o texto literal do Estatuto Paulista, afirmando que, de acordo com a Lei 10.261/68, e proibido incitar greves ou a elas aderir. Proibição de fundar sindicatos de funcionários ou deles fazer parte: mais uma proibição não recepcionada pela Constituição de 1988, que estabelece ser livre a associação sindical ao servidor público civil (CF, art. 37, VI). Novamente, porém, fica o alerta para, ainda assim, considerar corretas alternativas de questões a respeito do texto literal da Lei 10.261/68. Responsabilidades: Na sistemática da Lei 10.261/68, de maneira geral, o servidor público é responsável por todos os prejuízos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou culpa, devidamente apurados (art. 245) Será igualmente responsabilizado o funcionário que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, regulamentos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições o desempenho de encargos que lhe competirem ou aos seus subordinados (Lei 10.261/68, art. 249) Além de tratar da responsabilidade de modo geral, o Estatuto também veicula um rol exemplicativo no parágrafo único do artigo 245, ao dispor que se caracteriza especialmente a responsabilidade nas seguintes situações: I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua guarda ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou por não as tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço; II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos que sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda ou sujeitos a seu exame ou fiscalização; III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas notas de despacho, guias e outros documentos da receita ou que tenham com eles relação; e IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual. O artigo 248, parágrafo único do Estatuto, prevê que, para o caso de erro de cálculo ou redução contra a Fazenda Estadual, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de repreensão e, na reincidência, a de sus- pensão. Aí já fica implícito que, quando houver má-fé, a pena poderá ser mais severa (demissão, por exemplo). A forma de reparação, nos casos de indenização à Fazenda Estadual, varia de acordo com a espécie de dano (arts. 247 e 248):

Direito Administrativo 385 Espécie de dano Alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar recolhimento ou entrada nos prazos legais Demais danos Reposição de uma só vez Forma de reparação Desconto do vencimento ou remuneração, sem exceder 10% ATENÇÃO! Quando o legislador estabelece que o desconto não poderá ultrapassar 10% do vencimento ou remuneração do servidor, não está prevendo que o servidor cará exonerado de pagar o que exceder esse percentual. Nesses casos, o servidor terá uma importância descontada mês a mês de seu contra-cheque, no limite de 10%, até que esses descontos mensais sejam suficientes para cobrir o prejuízo causado. Nesse sentido, tem-se o disposto no artigo 111 do Estatuto, que expressamente menciona parcelas mensais não excedentes da décima parte do vencimento ou remuneração. Nos parágrafos do artigo 250, que foram introduzidos no Esta- tuto pela Lei Complementar 942/2003, depois de estabelecer que a responsabilidade administrativa é independente da civil e da criminal ( 1º), o legislador implementa disposições que dizem respeito especificamente à responsabilidade administrativa disciplinar ( 2º e 3º). Primeiramente, será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito em julgado de decisão que negue a existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão (Lei 10.261/68, art. 250, 2º). O mesmo não vai ocorrer em outras hipóteses, como de absolvição por insuficiência de provas, haja vista a independência entre as esferas administrativa e penal, como amplamente reconhecido na jurisprudência (TJSP Apelação / Reexame Necessário 0160661-12 2ª Câmara de Direito Público Rel. Des. Samuel Júnior Julg. 09/11/2010) e demonstrado no quadro abaixo: Fundamento da absolvição criminal Decisão que negue a existência de sua autoria ou do fato que deu origem à sua demissão Insuficiência de provas e outras hipóteses Reintegração Sim Não Na mesma linha da independência entre as esferas administrativa e penal, o processo administrativo poderá ser sobrestado para aguardar decisão judicial por despacho motivado da autoridade competente para aplicar a pena (Lei 10.261/68, art. 250, 3º). Das Penas disciplinares Na sistemática do Estatuto paulista, são penas disciplinares: I repreensão; II suspensão; III multa; IV demissão; V demissão a bem do serviço público; e VI cassação de aposentadoria ou disponibilidade (Lei 10.261/68, art. 251). Na aplicação dessas penas serão consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço público (Lei 10.261/68, art. 252).

386 Revisão Final TJ/SP ATENÇÃO! Deverão constar do assentamento individual do funcionário todas as penas que lhe forem impostas (Lei 10.261/68, art. 263 Como se vê, a rigor, as penas disciplinares estão graduadas na Lei 10.261/68, segundo a gravidade de cada infração, partindo de mera repreensão e podendo chegar a demissão a bem do serviço público ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade. Essa gradação legal encontra-se consolidada no quadro abaixo: Penalidade Repreensão Suspensão até 90 dias Multa Demissão Demissão a bem do serviço público Cassação de aposentadoria ou disponibilidade Infrações indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência conversão de suspensão em multa ou na forma e nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento I abandono de cargo; II procedimento irregular, de natureza grave; III ineficiência no serviço; IV aplicação indevida de dinheiros públicos; e V ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano (art. 256). Funcionário que: I for convencido de incontinência pública e escandalosa e de vício de jogos proibidos; II praticar ato definido como crime contra a administração pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis relativas à segurança e à defesa nacional; III revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o Estado ou particulares; IV praticar insubordinação grave; V praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários ou particulares, salvo se em legítima defesa; VI lesar o patrimônio ou os cofres públicos; VII receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou vantagens de qualquer espécie, diretamente ou por intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções mas em razão delas; VIII pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na repartição, ou estejam sujeitos à sua fiscalização; IX exercer advocacia administrativa; X apresentar com dolo declaração falsa em matéria de salário-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de procedimento criminal que no caso couber; XI praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; XII praticar ato definido como crime contra o Sistema Financeiro ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores; XIII praticar ato definido em lei como de improbidade (art. 257). Inativo que: I praticou, quando em atividade, falta grave para a qual é cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do serviço público; II aceitou ilegalmente cargo ou função pública; III aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia autorização do Presidente da República; e IV praticou a usura em qualquer de suas formas (art. 259). Repreensão: será aplicada por escrito, nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres (art. 253). Suspensão: não excederá 90 (noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reincidência (art. 254). O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do cargo (art. 254, 1º). Conversão de suspensão em multa: a autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cinquenta por cento)

Direito Administrativo 387 por dia de vencimento ou remuneração, sendo o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer em serviço (art. 254, 2º). Multa: será aplicada na forma e nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento (art. 255). Abandono de cargo: considera-se abandono de cargo o não comparecimento do funcionário por mais de (30) dias consecutivos ex vi do art. 63 (art. 256, 1º), isto é, salvo os casos previstos nesta lei, o funcionário que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias consecutivos cará sujeito à pena de demissão por abandono de cargo. Inassiduidade: considera-se inassiduidade a ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano (Lei 10.261/68, art. 256, V). Demissão por ineficiência no serviço: só será aplicada quando verificada a impossibilidade de readaptação (art. 256, 2º), ou seja, após intentada a investidura do servidor em cargo mais com- patível com a sua capacidade, sempre de acordo com inspeção médica necessária. Demissão X demissão a bem do serviço público: cabe aqui trazer a distinção entre as duas figuras, atualmente regida pelo artigo 307 do Estatuto e concernente ao prazo pelo qual, em decorrência do ato demissional, o servidor cará incompatível para nova investidura em cargo, função ou emprego público, conforme demonstrado no quadro abaixo: Penalidade Demissão Demissão a bem do serviço público Prazo de incompatibilidade para nova investidura em cargo, função ou emprego 5 anos 10 anos ATENÇÃO! Nos termos do artigo 258 do Estatuto, o ato que demitir o funcionário mencionará sempre a disposição legal em que se fundamenta. O funcionário que, sem justa causa, deixar de atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja marcado prazo certo terá suspenso o pagamento de seu vencimento ou remuneração até que satisfaça essa exigência, medida que também se aplica aos aposentados ou em disponibilidade o disposto neste artigo (art. 262). Para aplicação das penalidades disciplinares são competentes: I o Governador; II os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e os Superintendentes de Autarquia; III os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; IV os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60 (sessenta) dias; e V os Diretores de Departamento e Divisão, até a de suspensão limitada a 30 (trinta) dias (Lei 10.261/68, art. 260). Se houver mais de um infrator e diversidade de sanções, a competência será da autoridade responsável pela imposição da penalidade mais grave (art. 260, parágrafo único).

388 Revisão Final TJ/SP Por outro lado, extingue-se a punibilidade pela prescrição, cujos prazos variam segundo a penalidade a ser aplicada, previstos no artigo 261 do Estatuto, quais sejam: Pena a que se sujeita a falta cometida repreensão, suspensão ou multa demissão, de demissão a bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade falta prevista em lei como infração penal 2 (dois) anos 5 (cinco) anos Prazo de prescrição no prazo em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) anos Importante também destacar as regras de contagem, interrupção e impedimento ou suspensão da prescrição, estabelecidas nos 1º, 2º e 3º do artigo 261 do Estatuto. No que diz respeito à contagem, a prescrição começa a correr: do dia em que a falta for cometida, e não de seu conhecimento (art. 261, 1º, 1); no caso de faltas continuadas ou permanentes, a prescrição começa a ser contada do dia em que tiver cessado a continuação ou permanência (art. 261, 1º, 2). Quanto à interrupção, a portaria que instaura sindicância e a que instaura o processo administrativo é que interrompem a prescrição (art. 261, 2º). E, finalmente, é norma que a prescrição não corre ou seja, tem seu início impedido ou sua contagem já iniciada sofre suspensão nas seguintes situações: 1) enquanto sobrestado o processo administrativo para aguardar decisão judicial, na forma do 3º do artigo 250 (vide capítulo 7); 2) enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser restabelecido (art. 261, 4º). Na hipótese de desclassificação da infração, o prazo de prescrição corresponde ao da pena efetivamente aplicada (art. 261, 3º, primeira parte), ou seja, segue a pena em concreto. Por outro lado, na hipótese de mitigação ou atenuação, o prazo de prescrição permanece o da pena em tese cabível, seguindo, portanto, a penalidade em abstrato (art. 261, 3º, in fine). Desclassificação da infração Mitigação ou atenuação Pena efetivamente aplicada Pena em tese cabível Providências Preliminares (Apuração Preliminar e outras Providências): A autoridade que, por qualquer meio, tiver conhecimento de irregularidade praticada por servidor, é obrigada a adotar providências visando à sua imediata apuração, sem prejuízo das medidas urgentes que o caso exigir (Lei 10.261/68, art. 264). Nesse caso, quando a infração não estiver suficientemente caracterizada ou definida a autoria, caberá à autoridade realizar Apuração Preliminar, que terá natureza simplesmente investigativa (Lei 10.261/68, art. 265).

Direito Administrativo 389 A princípio, essa apuração deverá ser concluída no prazo de 30 (trinta) dias (art. 265, 1º). Mas, caso não concluída nesse prazo, a autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete relatório das diligências realizadas e definir o tempo necessário para o término dos trabalhos (art. 265, 2º). Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela instauração de sindicância ou de processo administrativo (art. 265, 3º). Determinada a instauração de sindicância ou processo administrativo, ou, no seu curso, havendo conveniência para a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências: I afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar a moralidade administrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; II designação do servidor acusado para o exercício de atividades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedimento; III recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e algemas; IV proibição do porte de armas; V comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do procedimento (Lei 10.261/68, art. 266). ATENÇÃO! O período de afastamento preventivo computa-se como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de suspensão eventualmente aplicada. A autoridade que determinar a instauração ou presidir sindicância ou processo administrativo poderá representar ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das medidas previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração (art. 266, 1º). E o Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medidas previstas neste artigo (art. 266, 2º). 3) Do procedimento disciplinar - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de São Paulo, Lei 10.261/68, Título VIII, Capítulos I, II, III, IV, V e VI, artigos. 268 a 321. Decidindo-se, após a apuração preliminar, pela instauração do procedimento administrativo disciplinar, o Estatuto Paulista, seguindo o critério da penalidade potencialmente aplicável à infração, estabelece duas possibilidades: 1ª) Sindicância: será instaurada quando a falta disciplinar, por sua natureza, puder determinar as penas de repreensão, sus- pensão ou multa (art. 269); 2ª) Processo Administrativo Disciplinar - PAD: obrigatório quando a falta disciplinar, por sua natureza, puder determinar as penas de demissão, demissão a bem do serviço público e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade (art. 270).

390 Revisão Final TJ/SP Para melhor fixação, veja o quadro abaixo: Apuração preliminar Sindicância Arquivamento Processo disciplinar Faltas disciplinares determinantes de repreensão, suspensão ou multa quando não forem apuradas provas da infração ou de sua autoria, ou sua ocorrência ficar afastada faltas disciplinares determinantes de demissão, de demissão a bem do serviço público e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade Sindicância: São competentes para determinar a instauração de sindicância as autoridades enumeradas no artigo 260, ou seja, todas as autoridades que têm competência para aplicação de penalidades, desde o Governador até os Diretores de Departamento ou Divisão (Lei 10.261/68, art. 272). A sindicância segue os mesmos trâmites do PAD, com as diferenças previstas no artigo 273 do Estatuto. O procedimento completo do PAD será estudado na sequência deste capítulo. Porém, para adiantar a compreensão da matéria, vale traçar um comparativo relativo aos diferenciais entre os dois procedimentos, conforme abaixo apresentado: Quantidade de testemunhas Prazo de conclusão Momento da decisão Sindicância até 3 (três) pela autoridade sindicante e cada acusado 60 (sessenta) dias, contados da data da instauração decisão da autoridade competente será logo após o relatório PAD até 5 (cinco) pela autoridade sindicante e cada acusado 90 (noventa) dias contados da citação do acusado após receber o relatório, a autoridade competente poderá proferir o julgamento ou determinar a realização de diligência Processo Administrativo Disciplinar - PAD: São competentes para determinar a instauração de Processo Administrativo as autoridades enumeradas no artigo 260, até o inciso IV, inclusive (Lei10.261/68, art.274). Significa dizer que todas as autoridades que têm competência para aplicação de penalidades, exceto os Diretores de Departamento e Divisão, também são competentes para a instauração de processo administrativo disciplinar. Nos termos do artigo 275 do Estatuto, são impedidas de atuar, como encarregado da apuração ou secretário, as pessoas que tiverem os seguintes vínculos com o denunciante ou acusado: amigo íntimo ou inimigo; parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau inclusive;