ECOSSISTEMA - BIOCENOSE BIÓTOPO Conceitos = Biocenose: Equivalente a comunidade biótica, ou simplesmente comunidade, é a parte viva de uma biogeocenose (ecossistema), formada, portanto, pelo conjunto de organismos que ocorrem num determinado local. Compreende a fitocenose (produtores primários vegetais), a zoocenose (consumidores - animais) e a microbiocenose (organismos decompositores) (Allaby, 1998). = Biótopo ou ecotopo: - local onde ocorre a biocenose. - pode ser inorgânico, no caso de substrato inerte; - pode ser orgânico, no caso de um substrato vivo (ex.: mamífero, em relação a seus ectoparasitos, intestino em relação à comunidade de endoparasitos) - espaço geográfico contendo recursos relativamente uniformes e suficientes para assegurar a existência de uma biocenose. = Biótopo + biocenose = holocenose do ponto de vista estático (só existe em tese) = Holocenose do ponto de vista dinâmico (em funcionamento, isto é, considerando a atuação do fator tempo) = biogeocenose (ecossistema). = Biocenologia: estudo das comunidades de organismos (biocenoses) sob os seguintes aspectos: - composição taxonômica, - organização, - dinâmica, - extensão geográfica. = Ecologia: estudo das comunidades de organismos sob os seguintes aspectos: - interações entre grupos funcionais, - interações com o biótopo, - ciclagem de nutrientes, - fluxo de energia. = Bioma é a expressão espacial de um ecossistema regional. Como a delimitação espacial de qualquer fenômeno envolve a noção de escala, muita confusão existe ao se tentar definir bioma. Segundo Odum (1985), bioma é um grande biossistema regional ou subcontinental caracterizado por um tipo principal de vegetação, ou outro aspecto identificador da paisagem. Coutinho (2006), por sua vez, ao analisar a evolução do conceito e apoiado em Walter (1986), culmina por definir bioma como uma área do espaço geográfico, com dimensões de até mais de um milhão de quilômetros quadrados, que tem por características a uniformidade de um macroclima definido, de uma determinada fitofisionomia ou formação vegetal, de uma fauna e outros organismos vivos associados, e de outras condições ambientais, como a altitude, o solo, alagamentos, o fogo, a salinidade, entre outros. Estas características todas lhe conferem uma estrutura e uma funcionalidade peculiares, uma ecologia própria. Segundo este último conceito, portanto, considera-se que o bioma não necessariamente tenha dimensões regionais, mas o que vai delimitá-lo em ordem decrescente de
importância são as uniformidades macroclimática, fitofisionômica, faunística, edáfica. Assim, para ele, a Mata Atlântica, o Cerrado, a Caatinga, considerados por vários autores como um bioma, na verdade é constituído por vários biomas, cada um determinado, principalmente pela fitofisionomia, isto é, pela primeira impressão causada pela vegetação. Para a consolidação do conceito de bioma torna-se importante definir o que seja fitofisionomia ou formação vegetal. No Glossário de Ecologia de Watanabe (1997), uma formação vegetal, em seu sentido amplo, é um tipo de vegetação que ocupa extensa área geográfica, com composição definida de espécies dominantes, clima particular e reconhecida pela fisionomia. Ex. tundra, floresta boreal, cerrado, caatinga do nordeste, floresta amazônica e outras. = Interdependência nas biocenoses Os organismos que compõem uma biocenose não formam apenas um aglomerado de espécies de animais e de vegetais, como a primeira vista pode parecer, mas mantêm entre si e com o ambiente abiótico uma estreita relação de interdependência. Essas inter-relações vão determinar a composição de espécies da comunidade, a abundância das espécies e as adaptações das espécies. = Interdependência biótica Relação de dependência existente entre os seres vivos: - planta que depende de planta: parasita, epífito; - planta que depende de animais: alimentação (plantas carnívoras), polinização, dispersão; - animais que dependem de plantas: alimentação (herbívoros); - animais que dependem de outros animais: alimentação, abrigo. = Interdependência abiótica Relação de interdependência entre seres vivos e fatores abióticos. Envolve a influência dos diferentes elementos do meio abiótico sobre os organismos e destes sobre aquele. De maneira geral os vegetais, que determinam, em seu conjunto, a fisionomia da comunidade, estão em estreita dependência do clima e do solo. É difícil separar clima, solo e vegetação, visto que formam um trinômio estreita e interdependentemente relacionados. Os grandes biomas são determinados pelo clima, enquanto as associações são, em geral, conseqüência do solo (Troppmair, 2004). O clima (sucessão habitual do tempo em um determinado local) é o principal fator do meio a exercer influência sobre os organismos, o que é resultado da ação individual ou conjunta de seus elementos radiação, temperatura, pressão (vento), precipitação, umidade.
ECOLOGIA Ecologia conceituação = Ecologia e ambientalismo Ecologia (óikos: casa + logos: ciência): ciência que se ocupa em conhecer as interações entre os organismos e seus ambientes físicos, químicos e biológicos e quais as funções que os organismos desempenham na natureza. = Ambientalismo: estratégia social ou corrente de pensamento (pensamento ecológico) que busca a convivência sustentada entre o homem e seus recursos naturais e a manutenção ou melhoria da qualidade de vida do ser humano associadas à sobrevivência dos sistemas biológicos naturais. A busca desses objetivos está apoiada nos conhecimentos produzidos dentro da ecologia e de outras ciências e disciplinas. O ambientalismo é distinto do naturalismo, visto que este tem como objetivo a aproximação entre o indivíduo e a natureza. = Ambiente (meio ambiente): todo o conjunto de elementos, materiais ou não, com os quais um indivíduo, uma população ou uma comunidade está relacionada. O termo, portanto, está sempre associado a uma determinada categoria biótica. P. ex., o ambiente de um indivíduo envolve todos os indivíduos da sua espécie e os demais seres vivos com os quais está relacionado, além das condições do ambiente físico que interferem direta e indiretamente sobre ele. Todo o ambiente também é influenciado pelo indivíduo. = Indivíduo: cada um dos seres vivos. = População: conjunto de indivíduos da mesma espécie capazes de interagir, i. é, potencialmente apresentam possibilidade de trocar genes entre si. = Comunidade: conjunto de populações que ocorrem num determinado espaço num determinado tempo. = Natureza: é o mundo material onde o homem vive e que existe independentemente das atividades humanas (Hauaiss, 2001). = As estratégias sociais associadas ao ambientalismo envolvem ações diretas induzidas pelo pensamento ecológico dentro do que se convencionou chamar de movimento ambientalista e são desenvolvidas por diferentes segmentos da sociedade: Estado, setor produtivo e mesmo a população organizada; esta última sobretudo através de ONGs (Organizações Não Governamentais). Diversos são os enfoques das ações ambientalistas: a) preservacionismo: luta pela preservação rigorosa de determinada área ou recurso natural com interesse por: - manutenção da qualidade de vida (árvores urbanas, não poluição de rios e lagos...); - manutenção da biodiversidade (direito à vida por parte de outros organismos, equilíbrio dos ecossistemas...); - preservação de ecossistemas naturais ou partes dele (equilíbrio dos ecossistemas, proteção de espécies vegetais e/ou animais ameaçadas de extinção);
- preservação de monumentos naturais e antropológicos com interesse paisagístico e cultural (cavernas, pinturas rupestres, sítios arqueológicos...). b) conservacionismo: visando o manejo e a utilização sustentada dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida através de: - utilização adequada dos recursos naturais (solo, água, minerais, flora e fauna); - redução dos impactos resultantes da atividade humana (poluição do ar, da água e do solo, erosão do solo, destinação adequada dos resíduos urbanos...). c) conscientização popular: conscientização quanto à importância da convivência harmônica com a natureza e seus elementos, uma vez que o homem faz parte da natureza (Educação Ambiental). Este enfoque visa divulgar conhecimento e educar as pessoas em direção aos objetivos do ambientalismo. Recentemente, a sociedade tem dedicado muita atenção ao seu ambiente, tendo em vista sobretudo a deterioração da qualidade da vida humana na maior parte do planeta, seja pela escassez de recursos, seja pelo desperdício, dentre tantos motivos. Nesse processo de conscientização o pensamento ecológico (ver Agenda 21 www.mma.gov.br) tem fundamental importância, orientando no desenvolvimento de métodos de análise, de tecnologias e de gestão (administração) mais adequados para a melhoria do ambiente humano. Muitas são as disciplinas e profissionais que convergiram para essa linha de ação, gerando termos novos tão abrangentes quanto confusos como por exemplo, educação ambiental, análise ambiental, planejamento ambiental, gestão ambiental, perícia ambiental, entre tantos outros. O termo ambiente ou meio ambiente, justamente pela sua abrangência enorme e pelo apelo ao natural e ao sadio que desperta, tem tido sua utilização banalizada, o que retira dele um significado mais preciso. É necessário, portanto, ter muito cuidado no seu emprego. = Relação com outras ciências e subdivisão A ecologia busca identificar padrões funcionais e estruturais dos sistemas biológicos pertinentes (Figura 1). Por unir processos físicos e biológicos em sua análise, constituise numa disciplina integradora que, apesar de possuir uma abordagem própria, muitas vezes divide temas com várias outras disciplinas (Figura 2). Biogeografia e ecologia, por exemplo, muitas vezes têm seus objetos de estudo sobrepostos. A abordagem, entretanto, é diferente. Enquanto a biogeografia lança uma visão horizontal sobre o sistema biológico em análise, procurando definir e relacionar padrões de distribuição espacial com o meio, a ecologia aborda o mesmo sistema com uma visão vertical, isto é, buscando compreender o funcionamento e as propriedades particulares desses sistemas (Troppmair, 2004). A ecologia não está relacionada apenas com os sistemas biológicos na natureza, mas também com os ambientes feitos ou influenciados pelo homem (campos agrícolas, cidades, reservas naturais...) e com as conseqüências da influencia do homem sobre a natureza (poluição, aquecimento global, desmatamento...). Isto permite que a ecologia atue também como ponte entre as ciências naturais e sociais (Odum, 1985). Apesar das dificuldades e insatisfações decorrentes das tentativas de subdivisão, tal tarefa, como em qualquer outra ciência, também é útil em ecologia, pois facilita a análise e a compreensão e ainda sugere, dentro de cada campo, vias de especialização mais claras.
BIODIVERSIDADE Biodiversidade A biodiversidade ou diversidade biológica pode ser avaliada em três níveis: a) diversidade genética, que é a variação genética dentro das populações e entre várias populações de uma mesma espécie; b) diversidade de espécies, que é a quantidade de espécies existentes numa região e que pode ser medida de várias maneiras: Diversidade a (alfa): número de espécies de um habitat em um local ou de uma pequena área. Ex.: em 8 ha de uma floresta pluvial tropical perto de Puerto Maldonado (Peru) foram encontradas 275 espécies de formigas (Wilson, 1994. p. 166). A diversidade alfa é sensível à definição de habitat, à área e à intensidade de amostragem; Diversidade b (beta): número de espécies ocorrendo nos vários habitats próximos. Ex.: se o estudo de Puerto Maldonado abrangesse também trechos de floresta pantanosa, barrancos de rio e pradarias, a relação de formigas do exemplo acima certamente aumentaria para mais de 350 espécies (Wilson, 1994. p. 166); Diversidade g (gama): total de espécies em todos os habitats de uma extensa área. É conhecida também como diversidade regional. Ex.: a catalogação de todas as formigas do Peru, vale por vale e em todos os tributários do rio Amazonas, revelaria mais de 2.000 espécies (Wilson, 1994. p. 166). Quando as mesmas espécies ocorrem em todos os habitats de uma região, as diversidades local e regional são as mesmas; c) diversidade de ecossistemas: variedade de comunidades e de ecossistemas. Fonte: Matéria extraído das disciplinas Biogeografia e Ecologia do Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro