DISTRIBUIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS LINEARES DE PERNAS E PÉS DOS TOUROS LEITEIROS TESTADOS DAS RAÇAS HOLANDÊS E JERSEY DISPONIBILIZADOS NO BRASIL

Documentos relacionados
DISTRIBUIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS LINEARES DE ÚBERE EM TOUROS LEITEIROS TESTADOS DAS RAÇAS HOLANDÊS E JERSEY DISPONIBILIZADOS NO BRASIL

DISTRIBUIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DE MANEJO DOS TOUROS LEITEIROS TESTADOS DAS RAÇAS HOLANDÊS E JERSEY DISPONIBILIZADOS NO BRASIL

DISTRIBUIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DE TOUROS LEITEIROS TESTADOS DAS RAÇAS HOLANDÊS E JERSEY DISPONIBILIZADOS NO BRASIL

Entendendo os Resultados

"A escolha do touro como ferramenta para lucratividade em rebanhos leiteiros",

Palavras-chave: dairy cattle milk, genetic improvement, mammary system

AGENTE DE INSEMINAÇÃO: UM TÉCNICO AO SERVIÇO DO MELHORAMENTO

Análise das correlações fenotípicas entre características lineares e de produção do rebanho leiteiro do IFMG- campus Bambuí

ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE PARÂMETROS DA CURVA DE CRESCIMENTO E DURAÇÃO DA VIDA ÚTIL DE VACAS DA RAÇA HOLANDESA

Seleção. Teste da progênie e seleção de sêmen. Resposta à seleção. Intensidade de seleção. Diferencial de seleção (s) Diferencial de seleção (s)

PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS DE CONFORMAÇÃO DE APRUMOS E DISTÚRBIOS PODAIS DE VACAS LEITEIRAS

EFEITOS NÃO GENÉTICOS SOBRE CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E REPRODUTIVAS EM REBANHOS NELORE CRIADOS NA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Interpretação dos Sumários de Avaliação de Touros

EFEITOS FIXOS SOBRE DESEMPENHO PONDERAL EM BOVINOS NELORE NO ACRE

MORFOMETRIA E PRODUÇÃO DE LEITE DE VACAS JERSEY E HOLANDÊS NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

CAUSAS DE DESCARTE EM VACAS DA RAÇA HOLANDESA

Pecuária Bovina na Alemanha

ACASALAMENTO DE REBANHOS LEITEIROS. Apresentadores: Ismael Cavazini Sofia Bonilla de Souza Leal

VACA HOLSTEIN FRÍSIA VS. VACA PROCROSS: COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS PRODUTIVOS X CONGRESSO IBÉRICO SOBRE RECURSOS GENÉTICOS ANIMAIS

FATORES AMBIENTAIS SOBRE A LONGEVIDADE PRODUTIVA EM VACAS DA RAÇA HOLANDESA

PRODUÇÃO DE LEITE POR DIA DE INTERVALO DE PARTOS EM UM REBANHO MESTIÇO EUROPEU X ZEBU EM SÃO CARLOS, SP

CURVA DE LACTAÇÃO DE VACAS PRIMIPARAS E MULTÍPARAS DA RAÇA HOLANDESA 1

CORRELACÕES FENOTÍPICAS PARA O PESO MÉDIO DA LEITEGADA AO NASCIMENTO E A DURAÇÃO DA GESTAÇÃO EM UMA BASE DE DADOS DE MATRIZES SUÍNAS.

Avaliação da produção de leite e da porcentagem de gordura em um rebanho Gir leiteiro

CURVAS DE PRODUÇÃO DE OVOS EM CODORNAS DE CORTE 1. INTRODUÇÃO

TENDÊNCIA GENÉTICA PARA CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO EM TOUROS NELORE PARTICIPANTES DE TESTES DE DESEMPENHO

PERGUNTAS & RESPOSTAS MUDANÇAS NOS ÍNDICES ABRIL 2018

MELHORAMENTO DE BOVINOS DE LEITE. Profa. Dra. Sandra Aidar de Queiroz Departamento de Zootecnia FCAV - UNESP

AVALIAÇÃO DE PROVAS DE GANHO DE PESO E CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E REPRODUTIVAS DE BOVINOS DAS RAÇAS NELORE E TABAPUÃ

Programa Analítico de Disciplina ZOO436 Produção de Bovinos de Leite

COMPARAÇÃO DE MODELOS PARA ANÁLISE GENÉTICA DE PESO AO NASCIMENTO EM BOVINOS DA RAÇA NELORE

CURVA DE LACTAÇÃO DAS VACAS DA RAÇA HOLANDESA E JERSEY 1 LACTATION CURVE OF THE DUTCH COWS AND JERSEY

Efeito da idade da vaca sobre o peso ao nascimento e peso à desmama de bovinos da raça Aberdeen Angus

CORRELAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL COM CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO EM ANIMAIS DA RAÇA NELORE

MELHORAMENTO GENÉTICO E CRUZAMENTOS DE OVINOS

ESTIMATIVAS DE HERDABILIDADES PARA ESCORE VISUAL DE ÚBERE E PESO À DESMAMA EM BOVINOS DA RAÇA NELORE

EFICIÊNCIA E LONGEVIDADE EM VACAS DE ALTA PRODUÇÃO LEITEIRA

Foram avaliadas as produções quinzenais de leite nas primeiras e segundas lactações de vacas da raça Holandesa, entre 5 a 305 dias de lactação,

Departamento de Zootecnia, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC/Chapecó, Santa Catarina, Brasil.

CAPÍTULO 3 Estudo de definição alternativa da. stayability na raça Nelore

Hereford e Braford Brasileiros Raças Tipo Exportação

CORRELAÇÕES ENTRE AS CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS E A PRODUÇÃO LEITEIRA EM MATRIZES DA RAÇA GIR LEITEIRO

RAÇA HOLANDESA MODERNIZA E ATUALIZA SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONFORMAÇÃO DAS VACAS (Classificação para Tipo )

Aprumos Corretos (vistos de lado)

MEDIDAS LINEARES, PELAGEM E TEMPERAMENTO EM FÊMEAS MESTIÇAS F 1

Como buscar a Vaca Ideal baseando-se em um índice na prova de um touro?

CORRELAÇÃO ENTRE MEDIDAS TESTICULARES E CARCAÇA DE CODORNAS JAPONESAS

Melhoramento gené.co de bovinos leiteiros: estratégias para u.lização de vacas F1

Avaliação da Endogamia e suas implicações no ganho genético e limite de seleção em diferentes populações simuladas de bovinos 1

Estimativas de tendência genética e fenotípica para pesos pré e pós desmama de um rebanho de bovinos Nelore criados no Mato Grosso

MANUAL CLASSIFICAÇÃO MORFOLOGICA

ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DE BOVINOS INDUBRASIL E SINDI: RESULTADOS PRELIMINARES

JÁ IMAGINOU UMA SOLUÇÃO COM 100% DE MELHORAMENTO GENÉTICO PRONTA PARA ACELERAR O FUTURO DO SEU REBANHO?

Aplicação da análise descritiva e espacial em dados de capacidade de troca de cátions

INTRODUÇÃO AO MELHORAMENTO ANIMAL

ESTIMATIVAS DE PARÂMETROS GENÉTICOS EM CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DA RAÇA HOLANDESA

SUMÁRIO TOP HOLANDÊS 01/2018

CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DO CAVALO PURO SANGUE LUSITANO NO BRASIL

TENDÊNCIAS GENÉTICAS PARA CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO, ESCORE DE MUSCULATURA E PERÍMETRO ESCROTAL EM UM REBANHO DA RAÇA ANGUS 1

Estudo genético de diferentes populações de bovinos utilizando dados simulados 1

Interação genótipo-ambiente

EFICIÊNCIA PRODUTIVA E REPRODUTIVA DE VACAS DE CORTE DE DIFERENTES GENÓTIPOS CRIADAS NO SUL DO BRASIL

O escore de condição corporal (BCS) refere-se à quantidade relativa de gordura subcutânea corporal ou reserva de energia na vaca.

INFLUÊNCIA DOS MESES DO ANO SOBRE A MOTILIDADE DO SÊMEN BOVINO FRESCO NO CERRADO MINEIRO

ROBERTA POLYANA ARAÚJO DA SILVA INFLUÊNCIA DE CARACTERÍSTICAS DE TIPO SOBRE O INTERVALO DE PARTOS EM VACAS DA RAÇA HOLANDESA NO SUL DO BRASIL

PERFORMANCE E BEM-ESTAR DE VACAS LEITEIRAS EM UM SISTEMA DE INSTALAÇÃO ALTERNATIVO DE MINNESOTA

REBANHO E TAXA DE NATALIDADE DE BUBALINOS EM SANTARÉM, MOJUÍ DOS CAMPOS, BELTERRA, MONTE ALEGRE E ALENQUER PA

ESTIMAÇÃO DE PARÂMEROS GENÉTICOS PARA O PESO AO NASCIMENTO E A DESMAMA EM BOVINOS DA RAÇA HOLANDESA

Avaliação genética. Os pais não transmitem o seu genótipo aos descendentes e sim uma amostra aleatória de genes.

Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais. Teste de Progênie

Correlações genéticas e fenotípicas entre características de tipo e produção de leite em bovinos da raça Holandesa

INOVAÇÕES NAS PROVAS DE ABRIL DE Valores Genéticos Exclusivos da CRV. MELHORANDO SEU REBANHO E SUA VIDA (16) I crvlagoa.com.

Curvas de crescimento de bovinos com coeficientes aleatórios para peso à maturidade

CRUZAMENTO ENTRE RAÇAS

Uso de marcadores moleculares na produção animal

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Curso Online: Índices Zootécnicos: como calcular, interpretar, agir

PRODUÇÃO DE SÊMEN DE TOUROS MESTIÇOS Bos taurus/bos indicus 4. REPETIBILIDADE E CORRELAÇÕES FENOTÍPICAS ENTRE AS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS 1

INTERAÇÃO GENÓTIPO x AMBIENTE EFEITO DO AMBIENTE

ESTIMATIVA DO ÍNDICE DE CONSERVAÇÃO GENÉTICA EM POPULAÇÃO DE PERDIZES (Rhynchotus rufescens)

TENDÊNCIAS FENOTÍPICAS EM PESOS CORPORAIS AOS 21 E 42 DIAS EM CODORNAS DE CORTE

VACAS DE ALTA PRODUÇÃO: DESAFIOS E POTENCIALIDADES

Criação de Novilhas Leiteiras

1 2 1 Introdução 2 Material e métodos

Organização e gestão da pecuária bovina da Epamig

Melhoramento Genético de Gado de Leite no Brasil

PESO À MATURIDADE, TAXA DE MATURAÇÃO E EFICIÊNCIA PRODUTIVA EM FÊMEAS DE BOVINOS DA RAÇA CANCHIM 1

CARACTERÍSTICAS SEMINAIS E PERÍMETRO ESCROTAL DE TOUROS NELORE E TABAPUÃ CRIADOS NA REGIÃO NORTE DO PARANÁ

AVALIAÇÃO REPRODUTIVA EM BOVINOS DE LEITE NO MUNICÍPIO DE CAMPO MAIOR PI

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Programa Analítico de Disciplina ZOO483 Nutrição e Alimentação de Bovinos de Leite

EFEITOS DA ESTAÇÃO DO ANO NA PRODUÇÃO DE VACAS HOLANDESAS

O EQUILIBRISTA. Ou, por que não consegue interpretar a informação?

EFEITO DA CATEGORIA DA MÃE AO PARTO E MÊS DE NASCIMENTO SOBRE O DESEMPENHO PRÉ DESMAME DE BEZERROS DA RAÇA NELORE MOCHA

Anderson Buchar 2. Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ; Aluno bolsista PIBEX do Projeto de Extensão.

INTRODUÇÃO. Sombrio. Sombrio. Sombrio.

A DEP é expressa na unidade da característica avaliada, sempre com sinal positivo ou negativo:

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

Anais do IV Simpósio Nacional de Melhoramento Animal, 2002 REPRODUÇÃO PROGRAMADA COMO ACELERADOR DO PROGRESSO GENÉTICO NOS REBANHOS DO NELORE BRASIL

Transcrição:

DISTRIBUIÇÃO DE CARACTERÍSTICAS LINEARES DE PERNAS E PÉS DOS TOUROS LEITEIROS TESTADOS DAS RAÇAS HOLANDÊS E JERSEY DISPONIBILIZADOS NO BRASIL Gregori Alberto Rovadoscki 1, Marcio Pereira Soares 2, Leila de Genova Gaya 3, Leandro Homrich Lorentz 4, Fernanda Batistel 5, Simone Fernanda Nedel Pértile 5 1. Acadêmico do curso de Zootecnia, Grupo de Pesquisa em Estatística e Melhoramento Genético Aplicados à Produção Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), CEP 89802-200, Chapecó, Santa Catarina, Brasil - E-mail: gregori_ro@yahoo.com.br (autor correspondente) 2. Médico Veterinário, MSc, Professor do curso de Zootecnia, Universidade do Estado de Santa Catarina 3. Médica Veterinária, MSc, PhD, Professora do curso de Engenharia de Biossistemas, Universidade Federal de São João del-rei 4. Engenheiro Agrônomo, MSc, PhD, Professor do curso de Zootecnia, Universidade do Estado de Santa Catarina 5. Acadêmica do curso de Zootecnia, Universidade do Estado de Santa Catarina PALAVRAS CHAVE: bovinos de leite, inseminação artificial, melhoramento genético, provas de touros, teste de progênie. ABSTRACT ANALYSIS OF FOOT AND LEG LINEAR TYPE TRAITS OF HOLSTEIN AND JERSEY DAIRY BULLS AVAILABLE IN BRAZIL This study investigates the scoring distribution of foot and leg linear type traits, rear legs (side and rear view), and foot angle of Holstein and Jersey dairy bulls provided by semen companies in Brazil. Registers of 392 Holstein and 92 Jersey bulls were found in the websites of these companies, and their proofs were located in the summary Dairy Bulls, in the American April 2008 database. Descriptive statistics for all traits and the test of normality were carried out. Mean scores for foot and leg traits as well as rear legs - rear view measurements were biologically favorable, unlike those of rear legs - side view and foot angles. Therefore, caution is needed when selecting bulls for reproduction as regards these characteristics. The animals available during the research period fit the standard recommendations for foot and leg scores and rear legs - rear view, which would contribute to 830

longevity of daughters of progeny-tested bulls. This indicates that the monitoring of bull proofs is important in order to avoid the use of sperm with genetic defects. KEYWORDS: Animal breeding, artificial insemination, bull proofs, dairy cattle, progeny test. INTRODUÇÃO A inseminação artificial tem papel fundamental no melhoramento genético de bovinos leiteiros, pois com ela é possível um melhor aproveitamento dos reprodutores, tornando-se essencial, contudo, a avaliação da qualidade destes touros e das melhorias que eles podem proporcionar a um rebanho. Desta forma, faz-se necessária a utilização de touros testados (ou provados), que são aqueles submetidos a um teste de progênie (SANTOS & CORRÊA, 2000). Estas provas são realizadas pelo Comitê Internacional Interbull, o qual foi criado a partir da idéia de se ter provas unificadas dos touros oriundos de diversos países, disponíveis no website Dairy Bulls (DAIRY BULLS, 2008). Entre as características presentes nestas provas estão as de classificação linear, que têm como objetivo selecionar animais que demonstrem através de seu fenótipo sua capacidade para produção e reprodução (CROCE, 2007). Dentre estas, destacam-se as relacionadas a pernas e pés, as quais estão fortemente relacionadas à qualidade óssea e à sustentação dos animais, tendo importante influência em sua longevidade (ESTEVES et al., 2004). Assim, este estudo teve como objetivo a análise da distribuição das características lineares escore de pernas e pés, pernas vista lateral, pernas vista posterior e ângulo de cascos dos touros das raças Holandês e Jersey disponibilizados pelas empresas comercializadoras de sêmen no Brasil. MATERIAL E MÉTODOS Os registros dos touros com sêmen disponível no Brasil foram localizados nos websites das empresas comercializadoras de sêmen de bovinos leiteiros no país. No mês de abril de 2008, foram encontrados 484 touros, sendo 392 da raça Holandês e 92 da raça Jersey. As provas dos touros foram localizadas no website Dairy Bulls (DAIRY BULLS, 2008), 831

utilizando-se a base genética americana de abril de 2008, e tabuladas. As características lineares estudadas para bovinos leiteiros da raça Holandês foram escore de pernas e pés, pernas vista lateral, pernas vista posterior e ângulo de cascos. Para a raça Jersey, foram analisadas apenas as características pernas vista posterior e ângulo de cascos, pois as demais não são avaliadas para os touros desta raça. Para a característica escore de pernas e pés (EPP), pontuações acima de zero representam pernas paralelas e jarretes limpos (CROCE, 2007). Para pernas vista lateral (PVL), pontuações acima de zero indicam pernas muito curvas e abaixo de zero, pernas retas, portanto, pontuações iguais a zero representam pernas que, na altura do jarrete, apresentam uma ligeira curvatura, não muito acentuada (SANTOS & CORRÊA, 2000; CROCE, 2007). Para pernas vista posterior (PVP), pontuações acima de zero indicam pernas paralelas (CROCE, 2007) e em relação à característica ângulo de casco (AC), os cascos com talões fortes e ângulo de 45º nas pinças possuem pontuação igual a zero (CROCE, 2007). A estatística descritiva de número de observações, média e mediana, bem como o teste de normalidade de Shapiro-Wilk (P-valor>0,05) para as características estudadas foram calculados por intermédio do pacote estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 1999), utilizando-se o procedimento PROC UNIVARIATE. Os registros de touros repetidos e sem informação para as características avaliadas foram removidos previamente às análises. RESULTADOS E DISCUSSÃO A característica EPP esteve presente somente nas provas de touros Holandês, cuja pontuação média encontrada foi de 0,98 ponto, indicando que os touros avaliados, em sua média, tendem a transmitir escores favoráveis para suas filhas, pois pontuações mais altas indicam que os animais possuem um andar suave, sem forçar, não comprometendo suas articulações (SANTOS & CORRÊA, 2000). Para esta característica foram utilizadas informações de 380 provas de touros Holandês. Para PVL, outra característica presente somente na prova de touros Holandês, a média obtida foi de -0,49 ponto, tendendo os touros a terem filhas com pernas retas, o que não é favorável, pois este problema pode diminuir a vida útil dos animais. Tanto pernas muito curvas como muito retas tendem a ser prejudiciais aos animais (CROCE, 2007). Entretanto, 832

mais prejudiciais são as pernas curvas em demasia, ou seja, pontuações positivas, que desgastam o talão dos cascos rapidamente, causando muita dor nas articulações e fazendo com que as vacas produzam menos (SANTOS & CORRÊA, 2000). Para esta característica foram utilizados dados de 385 provas de touros Holandês. Para os touros das raças Holandês e Jersey, PVP apresentou, em média, pontuação positiva. Esta pontuação, contudo, foi maior para a os touros Holandês (1,24 pontos), em comparação aos touros Jersey (0,01 pontos), os quais tiveram sua média muito próxima a zero. Ou seja, em média, os touros Holandês possuíram maior facilidade para incrementar esta característica em suas filhas em relação aos touros Jersey avaliados, uma vez que o ideal é que esta pontuação seja positiva, indicando que as pernas, em vista posterior, sejam abertas e paralelas, favoráveis ao desenvolvimento do úbere (SANTOS & CORRÊA, 2007). Foram utilizados para esta característica dados de 385 provas de touros Holandês e 85 provas de touros Jersey. Para os touros Holandês e Jersey, a pontuação média para AC foi positiva, de 0,95 e 0,42 ponto respectivamente, acima da pontuação ideal, igual a zero, (CROCE, 2007). Ou seja, suas filhas tendem a apresentar, em média, maiores ângulos de cascos, consequentemente podendo causar prejuízos à longevidade dos animais do rebanho. Para esta características foram utilizadas informações de 384 provas de touros Holandês e 84 provas de touros Jersey. As medianas para ECC, na raça Holandês (1,00 ponto) e PVP, para a raça Holandês (1,23 ponto) e a raça Jersey (0,10 ponto), foram positivas e favoráveis, indicando que ao menos metade dos touros possuíram pontuação desejável para estas características. Já em relação às medianas para PVL, nos touros da raça Holandês (-0,45 ponto), e para AC, nas raças Holandês (0,94 ponto) e Jersey (0,45 ponto), as medianas obtidas foram desfavoráveis, uma vez que ao menos metade dos animais apresentou pontuação inferior à desejável para pernas vista lateral e superior à desejável para ângulo de cascos e procuram-se animais com pontuações iguais ou muito próximas a zero para estas características (SANTOS & CORRÊA, 2000; CROCE, 2007). Foram encontrados animais com pontuações indesejáveis para todas as características estudadas, devendo-se analisar com rigor as provas dos touros a serem utilizados, de acordo 833

com os objetivos de seleção pretendidos, evitando-se assim prejuízos para características importantes relacionadas à produção e à longevidade dos animais. Todas as características avaliadas apresentaram distribuição normal em ambas as raças. Nos touros Holandês, para o teste de normalidade de Shapiro-Wilk os valores encontrados foram, para ECC, de 0,97, para PVL, de 0,46, para PVP, de 0,18 e para AC de 0,90, enquanto para touros Jersey obtiveram-se os valores para PVP de 0,26 e para AC de 0,32. Seus valores estiveram, portanto, simetricamente concentrados em torno da média, validando testes estatísticos baseados neste tipo de distribuição para estas características em ambas as raças. CONCLUSÃO Os touros disponibilizados no Brasil, da raça Jersey e Holandês, no período estudado, em sua média, foram capazes de atender aos padrões recomendados para as características lineares de escore de pernas e pés e pernas vista posterior, ou seja, através de sua utilização pode haver o incremento de produção e longevidade de suas filhas associado a estas características. Deve-se ter cautela quanto à escolha do touro para as características pernas vista lateral e ângulo de cascos. Faz-se necessário o monitoramento das provas dos touros leiteiros disponibilizados no Brasil para que se tenha a otimização do ganho genético do rebanho nacional, evitando-se que animais de valor genético desfavorável sejam utilizados, o que pode vir a prejudicar sua produtividade. REFERÊNCIAS CROCE, E. D. A escolha do touro como ferramenta para lucratividade em rebanhos leiteiros. 2008. Disponível em: <http://www.rehagro.com.br/siterehagro/publicacao.do/ cdnoticia=1540>. Acesso em: nov. 2008. 834

DAIRY BULLS. Dairy Bulls: the internet source for genetic information. 2008. Disponível em: <http://www.dairybulls.com/breeds.asp>. Acesso em: jun. 2008. ESTEVES, A. M. C.; BERGMANN, J. A. G.; DURÃES, M. C.; et al. Correlações genéticas e fenotípicas entre características de tipo e produção de leite em bovinos da raça Holandesa. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 56, n. 4, p. 529-535, 2004. SANTOS, R.; CORRÊA, A. B. Como são feitos os testes de progênie (provas de touros). In: III SIMPÓSIO NACIONAL DE MELHORAMENTO ANIMAL, 2000, Belo Horizonte. Anais eletrônicos... Disponível em: <http://www.lana.ufba.br/bovinos/melhoramentobovinos _arquivos/testprog.pdf>. Acesso em: set. 2008. SAS INSTITUTE. Statistical analysis systems user s guide. Version 8. Cary: SAS Institute Inc., 1999. 1464p. 835