Nota técnica sobre a IN 03

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Transcrição:

Nota técnica sobre a IN 03 Floresta Viva 26 de fevereiro de 2008 1. A Instrução Normativa 03/08...1 2. Entendimento e análise da IN 03...2 3. Leitura detalhada...4 4. A Instrução Normativa 03...7 1. A Instrução Normativa 03/08 A Instrução Normativa IN 003/08 normatiza o aproveitamento florestal para fins de auto-abastecimento de madeira de populações tradicionais, indígenas e pequenos produtores do Amazonas. A IN 003/08 foi assinada no día 26 de fevereiro pelo Secretário na presença dos representantes do GTA e CNS, e foi publicada no portal da SDS no mesmo dia. O Floresta Viva tomou conhecimento da formulação e publicação dessa IN 003/08 esse mesmo dia 26 de fevereiro de 2008. A IN 003/08 desobriga as populações tradicionais, indígenas e pequenos produtores do Amazonas de obter licenciamento ambiental para extrair madeira das suas áreas de propriedade ou posse com fim de auto-abastecimento dentro da sua propriedade ou comunidade para realizar obras individuais ou coletivas de interesse social. A IN é considerada como um ato de justiça ambiental e uma das ações mais marcantes do governo do Amazonas pelo presidente do Grupo de Trabalhos Amazônicos (GTA), Adilson Vieira, e como um mecanismo importante para combater a ilegalidade na retirada de madeira, segundo o representante da Confederação Nacional dos Seringueiros (CNS), Erivan Moraes, quem resume o impacto da medida de seguinte maneira : Agora os ribeirinhos vão poder trabalhar sem correr o risco da ilegalidade. O PFV foi solicitado para contribuir na difusão dessa norma. Essa nota analisa o significado da IN 003/08.

2. Entendimento e análise da IN 03 A IN 03 foi formulada e publicada no contexto seguinte : O Estado não consegue criar num curto prazo as condições de legalização fundiária e ambiental e assistencia técnica para difusão do manejo florestal em pequena escala O Estado tem um compromisso político de que os recursos gerados pela manutenção da floresta (CO2, outros...) beneficiem as populações tradicionais, bases das organizações do movimento social (GTA, CNS, organizações indígenas). O estado e a União estão injectando recursos financeiros nas comunidades das UC e assentamentos (Bolsa Floresta, crédito habitacional...). Varios prefeitos do interior estão dispostos a apoiar a construção de obras sociais nas comunidades de fora de UC... ainda mais em período de eleções municipais... As populações tradicionais do interior geralmente usam madeira para construção de obras de melhoria social O não acesso das populações tradicionais à legalidade ambiental para extração da madeira fragiliza os acordos e ações citadas acima O discurso dominante e redutor sobre desmatamento a nível nacional e internacional, que não diferencia os bons dos bandidos A IN 03 deveria ter um impacto positivo : Diferencia os bons dos bandidos Consolida o Programa de Mudanças Climáticas Possibilita legalmente o uso dos recursos financeiros externos (Bolsa Floresta/SDS, crédito habitação/incra, apoios sociais das prefeituras) para contrução de obras de interesse social com uso de materia prima madeireira A IN 03 terá um impacto positivo em situações fundiárias específicas, para uso específico, num ambito geográfico específico : A IN se aplica principalmente a moradores de comunidades de UC ou assentamentos (verificar?), e moradores de comunidades rurais fora de UC que tenham posse ou propriedade A IN restringe a desobrigação de LO ao auto-abastecimento de madeira para realização de infraestruturas sociais coletivas e individuais, e algumas atividades geradores de renda (beneficiamento da madeira, eco-turismo, artesanato) A IN restringe aos límites da da comunidade o transporte e venda de produtos e sub-produtos de madeira desobrigada de LO (com exceção do artesanato). A IN 03 possivelmente tem fraquezas na sua formulação : Não diz especificamente que se aplica a Unidades de Conservação de uso sustentável

Precisa-se verificar se os moradores de UC são considerados proprietários ou possuidores da floresta (ártigo 5) Não especifica o que deve-se entender por límite da comunidade A IN 03 apresenta riscos : Terá que ver como, na prática, os fiscais do IPAAM do IBAMA vão aplicar a IN quando encontrar uma carga de madeira Não se pode descartar a possibilidade de vazamento de madeira entre as cadeia de auto-abastecimento e cadeias de comercialização de madeira para as sedes municipais ou outros mercados Precisa-se fortalecer e esclarecer os mecanismos de fiscalização A IN 03 não legaliza as situações seguintes : As populações tradicionais e pequenos produtores que moram : o nas sedes municipais o em comunidades rurais situadas fora de UC e sem posse nem propriedade A atividade económica ligada às cadeias produtivas de abastecimento em madeira das sedes municipais Precisa-se continuar os esforços para agilizar os mecanismos de legalização do acesso a florestas e legalização ambiental para as situações citadas acima.

3. Leitura detalhada A quem se aplica a norma? (art.1, 7) [...] populações tradicionais, indígenas e pequenos produtores do Amazonas [...] Politicamente, o público álvo beneficiário da IN é claramente definido. Na prática : são considerados como população tradicional os extratores tradicionais de madeira que tiveram que migrar para a sede municipal? ou que foram assentados pelo INCRA? Deve-se cadastrar no IDAM para ser reconhecido como pequeno produtor? Onde podem extrair madeira? (art.5-8) [...] áreas de propriedade ou posse [...] A IN só se aplica para extração de madeira em áreas de propriedade ou posse. A IN não resolve a situação de ilegalidade dos moradores ou extratores tradicionais de madeira em áreas de florestas públicas sem definição fundiária... [...] que não estejam situadas dentro de unidades de conservação de proteção integral [...]. [...] Para as unidades de conservação federal e terras indígenas, o aproveitamento florestal deve ter prévia anuência do Instituto Chico Mendes Conversação da Biodiversidade e FUNAI, respectivamente. [...] A referencia às UC de proteção integral, UC federais e TI deixa entender que a IN pretende ser aplicada às UC estaduais de uso sustentável. Porém, isso não está explícito e o texto fala de áreas de propriedade ou posse. Teria que verificar se, legalmente, as áreas das Unidades de Conservação de Uso Sustentável (federais e estaduais) e as Terras Indígenas são consideradas de propriedade ou posse dos moradores das comunidades. [...] com mais de 90% de cobertura florestal [...] [...] Os produtores com menos de 90% de cobertura florestal devem obter licenciamento para produção de madeira, com base na legislação aplicável para planos de manejo em pequena escala, e outras formas previstas em lei ou regulamento. [...] O não cumprimento no disposto neste artigo sujeita os produtores às penalidades prevista em lei. [...]

A porcentagem de 90% é superior aos 80% legalmente obrigatórios por conceito de Area de Reserva Legal. O ártigo 8 confia ao produtor a responsabilidade de avaliar o respeito dos 90%. Na prática, fora das UCE de uso sustentável que deveriam se beneficiar de um sistema de monitoramento, como vai ser conferido o respeto desse critério ambiental? Onde pode ser transportada, beneficiada, vendida ou usada a madeira? (art. 7) [...] O disposto nesta Instrução Normativa não permite o transporte e a venda de madeira e seus sub-produtos, exceto artesanato, para fora dos limites da propriedade ou comunidade sob nenhuma forma ou pretexto [...] A IN limita a possibilidade de transportar e vender madeira desobrigada de licenciamento ambiental (e pelo tanto de DOF e de nota fiscal) a nível da comunidade. A movimentação e o faturamento nesses mercados microlocais, geralmente afastados e pouco monetarizados, representariam uma perda tributária pouco significativa e seriam de fato quase impossíveis de fiscalizar. Nesse sentido, a IN legaliza uma situação de fato. Na prática, o que são os límites da comunidade? a sede municipal é considerada uma grande comunidade? um assentamento deve ser considerado como uma ou varias comunidades? uma UC deve ser considerada como uma ou varias comunidade? A IN restringe o transporte e venda de madeira serrada à área da comunidade. Não legaliza pelo tanto as cadeias produtivas de madeira que abastecem as sedes municipais (construção civil, movelarias e serrarias). Assim, por exemplo, um pequeno produtor morando na sede municipal, dono de uma propriedade situada fora da sede municipal e com mais de 90% de cobertura florestal, não poderia extrair e transportar madeira da sua propriedade até a sede municipal para melhorar a sua habitação residencial. Assim mesmo, um morador de uma comunidade rural, possuidor de uma área com mais de 90% de cobertura florestal, não pode extrair e transportar madeira da sua área de posse até a sede municipal para vender a um cidadão que quer melhorar a sua habitação residencial. Nesses dois casos, o pequeno produtor da sede municipal e o morador da comunidade rural deverão elaborar um plano de manejo em pequena escala conforme IN 002/08. Assim, a IN não resolve a situação de ilegalidade dos extratores tradicionais de madeira que abastecem os mercados municipais (sejam eles moradores de comunidades ou das sedes municipais). [...] No caso de embarcações feitas com madeira de auto-abastecimento, fica proibida a sua venda. [...]

Talvez as embarcações poderiam ser vendidas dentro da comunidade? Qual é o destino e uso autorizado da madeira desobrigada de LO? (art. 1, 2, 3, 4) [...] o auto-abastecimento de madeira, para as seguintes atividades [...] [...] Melhoria das habitações residenciais [...] [...] Fabricação e manutenção de pequenas e médias embarcações [...] [...] Considera-se pequenas e médias embarcações aquelas com comprimento máximo de dezoito metros [...] 18 metros é um bom tamanho... Límite decidido com fundamentos legais? Construção de obras de infraestrutura coletivas social : [...] escolas [...] postos de saúde [...] centros sociais [...] redes de distribução de energia dentro de comunidades rurais [...] outras [...] [...] Pequenas unidades de beneficiamento da produção [...] [...] Considera-se pequenas unidades de beneficiamento da produção empreendimentos com até trezentos metros quadrados [...] 300 metros quadrados é um bom tamanho... Límite decidido com fundamentos legais? [...] Obras para o ecoturismo de pequena escala [...] [...] Considera-se ecoturismo de pequena escala empreendimentos com até trezentos metros quadrados [...] [...] Artesanato [...] Quais normas ambientais devem ser respeitadas na extração da madeira? (art.6) [...] A produção florestal para auto-abastecimento obriga o produtor a: 1) Manter pelo menos 90% da sua propriedade sem desmatamento, 2) Conservar as matas ciliares nas margens de igarapés, rios e lagos, 3) Evitar e combater incêndios florestais. Considerando que o volume de madeira é mínimo e que a extração de uma ou duas árvores da propriedade ou posse por ano representa um risco mínimo para a floresta (nada comparável com desmatamentos sistemáticos para criar gado...), a IN confia no significativo saber etnoecológico destas populações para a produção sustentável das florestas naturais do Amazonas e reduz as práticas de manejo ao mínimo.

4. A Instrução Normativa 03 Normatiza o aproveitamento florestal para fins de auto-abastecimento de madeira de populações tradicionais, indígenas e pequenos produtores do Amazonas. O Secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SDS, no uso das atribuições que lhe são conferidas e, CONSIDERANDO a necessidade de melhoria das habitações residenciais das populações tradicionais, indígenas e pequenos produtores do Amazonas. CONSIDERANDO a necessidade de melhoria da infra-estrutura social destas populações, especialmente aquilo relacionado com escolas, postos de saúde, centros sociais e pequenas unidades de beneficiamento da produção e eco turismo de pequena escala. CONSIDERANDO a existente base científica e tecnológica para a produção sustentável das florestas naturais do Amazonas. CONSIDERANDO o significativo saber etnoecológico destas populações para a produção sustentável das florestas naturais do Amazonas. CONSIDERANDO a dificuldade de acesso ao processo convencional de licenciamento ambiental para estas populações. CONSIDERANDO o disposto no artigo 6º. Da Constituição Federal, alterado pela emenda 26 de 2000. RESOLVE: Art. 1º - Ficam desobrigadas as populações tradicionais, indígenas e pequenos produtores do Amazonas de obter licença ambiental para o auto-abastecimento de madeira, para as seguintes atividades: I. Melhoria das habitações residenciais; II. Pequenas unidades de beneficiamento da produção; III. Pequenas e médias embarcações; IV. Obras para o ecoturismo de pequena escala; V. Artesanato; VI. Escolas; VII. Postos de saúde; VIII. Centros sociais; IX. rede de distribuição de energia dentro de comunidades rurais; X. Outras obras de infra-estrutura social.

Art. 2º - Considera-se ecoturismo de pequena escala empreendimentos com até trezentos metros quadrados. Art. 3º - Considera-se pequenas unidades de beneficiamento da produção empreendimentos com até trezentos metros quadrados. Art.4º - Considera-se pequenas e médias embarcações aquelas com comprimento máximo de dezoito metros. Art. 5º - O disposto no artigo I é aplicável apenas para as populações que tenham mais de 90% da sua propriedade ou posse com cobertura florestal e não estejam situadas dentro de unidades de conservação de proteção integral. Parágrafo Único - Para as unidades de conservação federal e terras indígenas, o aproveitamento florestal deve ter prévia anuência do Instituto Chico Mendes Conversação da Biodiversidade e FUNAI, respectivamente. Art. 6º - A produção florestal para auto-abastecimento obriga o produtor a: I. Manter pelo menos 90% da sua propriedade sem desmatamento. II. Conservar as matas ciliares nas margens de igarapés, rios e lagos. III. Evitar e combater incêndios florestais. Art. 7º - O disposto nesta Instrução Normativa não permite o transporte e a venda de madeira e seus sub-produtos, exceto artesanato, para fora dos limites da propriedade ou comunidade sob nenhuma forma ou pretexto. Parágrafo único - No caso de embarcações feitas com madeira de auto-abastecimento, fica proibida a sua venda. Art. 8º - Os produtores com menos de 90% de cobertura florestal devem obter licenciamento para produção de madeira, com base na legislação aplicável para planos de manejo em pequena escala, e outras formas previstas em lei ou regulamento. Parágrafo único O não cumprimento no disposto neste artigo sujeita os produtores às penalidades prevista em lei. Art. 9º - Esta Instrução Normativa entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas às disposições em contrário. Gabinete da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SDS, em Manaus, 25 de fevereiro de 2008. VIRGÍLIO MAURÍCIO VIANA Secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável NELITON MARQUES DA SILVA Presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas