Os Efeitos Orçamentários e Sociais da Legalização da Maconha no Brasil

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Transcrição:

Os Efeitos Orçamentários e Sociais da Augusto de A. Rochadel Orientador: Paulo Loureiro PET-Economia Universidade de Brasília 16 de Maio de 2011.

1 Introdução 2 3 4 5 6 7 8

O que é a Maconha? Histórico da Proibição. Artigo baseado principalmente em Miron[2005]. Existe atualmente na sociedade uma crescente discussão sobre legalização das drogas. Argumentos contra: aumento do abuso, aumento do comportamento violento, aumento de acidentes. Argumentos a favor: menos presidiários, aumento na saúde, diminuição na violência em geral. Pretensão de analisar a situação pós-legalização.

Legalizar a maconha levaria a vários tipos de efeitos arrecadatórios. 1 Impostos sobre o fumo de maconha. 2 Impostos sobre os demais produtos derivados da Cannabis. 3 Impostos sobre os instrumentos para auxiliar o consumo do fumo. 4 Impostos sobre máquinas e instalações para o plantio em larga escala de Cannabis.

Nessa seção, faz-se uma estimativa do aumento na arrecadação sobre o fumo de maconha em si. Para tal, multiplicamos a quantidade consumida anualmente depois da legalização (DLEG) pelo volume de impostos sobre o preço de venda DLEG. O que acontecerá com o Consumo após a legalização?

Arrecadação = Y P G [1 + (ξ θ)], onde: Y = Total consumido anualmente P = Preço após a legalização G = Porcentagem de impostos θ = Porcentagem de queda de preço ξ = Elasticidade preço da demanda Arrecadação = 1.263.000.000 gramas de maconha R$0, 2 0, 74 (1 + ( 0.5 0.6)) Arrecadação = R$243.001.200 a R$299.078.400 por ano

Como foi encontrado o total consumo? (1/Taxa de apreensão) Quantidade apreendida em 2008 Dados da UNODC e da Polícia Federal.

Diminuição de presos por vender e comprar erva leva a menos gastos judiciais, policiais e carcerários. Diminuição de usuários obrigados a assistirem cursos leva a menos gastos judiciais, policiais e carcerários.

Diminuição de preço causa aumento de consumo que causa prov. aumento do abuso. Isso levaria ceteris paribus a mais gasto. Aumento na pureza diminui o número de casos de emergências causados pelo consumo. Isso levaria ceteris paribus a menos gastos. Diminuição do efeito porta de entrada. Difícil dizer a diferença no orçamento da saúde DLEG, porém não parece ser substancial.

Legalização diminuirá receita de organizações traficantes (OT). Estima-se quanto nesta seção.

Cocaína 20.000.000 gramas 12 dólares por grama = 240.000.000 dólares Maconha 187.000.000 gramas 0.3 dólares por grama = 56.100.000 dólares Total = 296.100.000 dólares.

Percentual Cocaína 240.000.000/296.100.000 = 81% Percentual Maconha 56.100.000/296.100.000 = 19% Resultado consistente com o achado em SEFAZ-RJ NT 2008.35, de 17%. Com a diminuição do efeito porta de entrada, a queda pode ficar maior ainda. Com a queda de receita, diminui-se o poderio bélico e de corrupção, tornando-se relativamente mais fácil desmantelar as OT.

Análise consoante com o corpo de literatura científica sobre o assunto. Muitos recursos são gastos para manter esse regime, e nada parece melhorar. Proibição gera incentivos para jovens entrarem para o crime, policiais e políticos se corromperem. Maconha parece ser a droga mais mal enquadrada do sistema atual, pois é menos prejudicial à saúde que o tabaco e o álcool.

A análise não é completa, porém sugere que a legalização provavelmente seria superior ao sistema vigente.

CENTRO BRASILEIRO DE INFORMA ES SOBRE DROGAS PSICOTR PICAS - CEBRID II Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil: Estudo Envolvendo as 108 Maiores Cidades do País. 2005. Levitt, S. e Venkatesh, S. An Economic Analysis of a Drug-Selling Gang s Finances.. Journal of Economics. 115, pp. 755-89. 2000. Miron, J.A., Zwiebel, J. The Economic Case Against Drug Prohibition. The Journal of Economic Perspectives vol 9, no 4 175-192. 1995.

Miron, J.A. The Budgetary Implications of Marijuana Prohibition. 2005. Nutt, D.J., King, L.A., Phillips, L.D. Drug harms in the UK: a multicriteria decision analysis. The Lancet. 2010. UNODC World Drug Report 2009. United Nations Publication Sales No. E.09.XI.12. 2009. UNODC World Drug Report 2010. United Nations Publication, Sales No. E.10.XI.13. 2010.