HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRABALHO DE PARTO NATURAL

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Transcrição:

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRABALHO DE PARTO NATURAL Raylla Maria de Oliveira Dantas (1) ; Letícia de Sousa Eduardo (2) Angela Maria Moreira Barreto (3) ; Cícera Maria da Silva (4) ; Elenilda Medeiros de Freitas (5) 1. Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, campus Cajazeiras, PB-Brasil. E-mail: raylla-dantas010@outlook.com 2. Graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Campina Grande. Cajazeiras, Paraíba. Brasil. Voluntária do projeto de iniciação científica PIVIC/CNPQ. E-mail: leticialivesousa@gmail.com 3. Enfermeira. Especialista em Obstetrícia e Neonatologia pela Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, PB. E-mail: angelabarreto2009@hotmail.com 4. Enfermeira. Especialista em Obstetrícia e Neonatologia pela Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, PB. E-mail: cicinhafsm@gmail.com 5. Orientadora. Especialista. em Obstetrícia e Neonatologia pela Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, PB. E-mail: elenildamedeiros@hotmail.com Resumo: Objetiva-se sintetizar os conhecimentos científicos a respeito da humanização da assistência de enfermagem no parto natural. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada através da exploração bibliográfica nas bases de dados LILACS, SCIELO e BDENF, entre o período de 2010 a 2015. Empregou-se os seguintes descritores: assistência, enfermagem, trabalho de parto, humanização, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS). Após os critérios de inclusão e exclusão foram utilizados 10 artigos. A análise destes foi realizada através da categorização das temáticas encontradas nos artigos. Foram identificadas três categorias: parto natural humanizado; atribuições do enfermeiro obstétrico no parto natural e as principais dificuldades enfrentadas na assistência obstétrica a parturiente. O enfermeiro obstétrico desempenha uma importante no processo da humanização do parto natural. O pré- natal é abordado como um momento estratégico para realizar ações de sensibilizações, a fim de sanar todas as lacunas referentes ao parto natural, garantir confiança e segurança a parturiente. Sendo assim, a elaboração deste estudo possibilitou perceber a importância do enfermeiro obstétrica frente ao parto humanizado, visto que o mesmo ainda enfrenta dificuldades na realização da assistência. Palavras-chave: Enfermagem, trabalho de parto, parto humanizado.

INTRODUÇÃO O parto é uma experiência única, de significância psicológica que pode deixar marcas positivas ou negativas dependendo da experiência vivenciada pela mulher. Desse modo, ele é um processo que perpassa os processos fisiológicos, pois envolve uma gama de significados para a mulher, que por sua vez é a protagonista desse acontecimento. De acordo com a história da assistência ao parto, a responsabilidade nesse período era exclusivamente feminina, pois somente as parteiras realizavam essa prática. Sabe-se que as mesmas eram conhecidas na sociedade pelas suas experiências, embora não dominassem o conhecimento científico (VELHO; OLIVEIRA; SANTOS, 2010). Nos séculos XIX e XX, o parto passou a ser realizado em ambiente hospitalar, submetendo a mulher ao modelo biomédico em que o profissional vê o parto como processo patológico e utiliza a medicalização e outros procedimentos no parto de forma abusiva. Isso caracterizou a hospitalização e incentivou a criação das maternidades, no qual a mulher se distanciava cada vez mais de ser a protagonista do seu parto (SANTOS; OKAZAKI, 2012).. Os enfermeiros obstétricos realizam práticas que incluem o respeito ao processo fisiológico e à dinâmica de nascimento, nos quais as intervenções devem ser cuidadosas, evitando-se os excessos e utilizando-se criteriosamente os recursos tecnológicos disponíveis para assistência obstétrica, que vai desde o exercício e técnicas para proporcionar conforto e encorajamento para a mulher enfrentar esse processo de forma mais natural possível (NASCIMENTO, 2010). Segundo Chernicharo et al (2013), a humanização efetiva-se nas práticas em saúde, ou seja, da forma como os profissionais agem no cotidiano dos serviços. É no encontro entre estes sujeitos concretos, situados, que a política de humanização se constrói. Entende-se o parto humanizado como um parto respeitoso, em que o profissional da saúde reconhece o valor daquele momento para a mãe, o pai e o filho e se dispõe a ajudar, efetuando somente os procedimentos necessários, num ambiente agradável, onde a mulher esteja cercada de profissionais simpáticos e de uma pessoa de confiança. Diante do exposto questiona-se como a literatura nacional vem abordando a humanização da assistência de enfermagem no trabalho do parto natural? Diante destas considerações, propôs-se com esse estudo sintetizar o conhecimento produzido na literatura científica acerca da humanização da assistência de enfermagem no trabalho de parto natural.

METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Esse método permite que pesquisas anteriores sejam sumarizadas e conclusões sejam estabelecidas a partir da avaliação crítica de diferentes abordagens metodológicas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). As etapas que conduziram esta revisão integrativa foram: formulação do problema; coleta de dados; avaliação dos dados; análise e interpretação dos dados; apresentação dos resultados e conclusões (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Foi realizada busca de artigos publicados em periódicos nacionais, indexados nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Sciefic Eletronic Library Online (SCIELO) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF). Foram utilizados os seguintes descritores: assistência, enfermagem, trabalho de parto, humanização, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS). A busca dos artigos teve como critérios de inclusão: descritores no título do trabalho ou no resumo, ser original, completo e disponível nas bases de dados de forma gratuita e dispostos na íntegra para acesso. Foram incluídos ainda estudos feitos com seres humanos, apresentados em forma de artigo. Foram excluídos os artigos que se apresentaram em mais de uma base de dados. A análise dos artigos foi realizada através da categorização das temáticas encontradas nos artigos. Foram identificadas três categorias: parto natural humanizado; atribuições do enfermeiro obstétrico no parto natural e as principais dificuldades enfrentadas na assistência obstétrica a parturiente. A síntese dos achados foi colocada em tabela, e a análise e discussão foram feitas por meio das categorias supracitadas. Nesse contexto, foram encontrados 377 artigos, sendo que 56 estavam repetidos nas bases de dados. Realizou-se a análise de 231 estudos, constatando-se a elegibilidade de 18 artigos, que após os critérios de inclusão e exclusão e leitura na íntegra resultaram em 10 artigos conforme a figura 01.

Figura 01 PRISMA utilizado para descrever o fluxograma da busca de dados. Estudos identificados a partir de busca nas bases de dados: LILACS= 77 SCIELO= 242 BDENF =58 Total= 377 Artigos excluídos após leitura dos resumos: 231 Removidos por duplicidade nas bases de dados: 56 Artigos elegíveis: 18 Artigos excluídos após aplicação dos critérios de exclusão: 62 Artigos incluídos na revisão integrativa: 10 Motivos da exclusão: Não tratam da temática proposta pelo estudo Textos dissertativos e teses Não estão disponíveis gratuitamente RESULTADOS E DISCUSSÃO Quadro 01: Classificação dos artigos a respeito da humanização da assistência de enfermagem no trabalho de parto natural, segundo título do artigo, periódico, autoria, ideia principal e ano de publicação. Título e periódico Autor Ideia principal Ano Reflexões sobre a assistência de enfermagem prestada à parturiente Rev. bras. enferm. VELHO, M.B; OLIVEIRA, M. E. SANTOS, E.K. A. Analisar a atuação da enfermeira obstétrica no processo do nascimento. 2010

Tecnologias não invasivas de cuidado no parto realizadas por enfermeiras: a percepção de mulheres Esc. Anna Nery NASCIMENTO, N.M et al. Identificar as atitudes e práticas de enfermeiras obstétricas e discutir seus efeitos durante o trabalho de parto na percepção de mulheres, atendidas em uma casa de parto. 2010 Movimentação e dieta durante o trabalho de parto: a percepção de um grupo de puérperas. WEI, C.Y; GUALDA, D.M; JUNIOR, R.H.P.O.S; Conhecer a experiência e a percepção de um grupo de mulheres em relação à deambulação e à dieta durante o trabalho de parto 2011 Texto Contexto Enferm, Cuidado e conforto no parto: estudos na enfermagem brasileira Revista Baiana de Enfermagem FRELLO, A.T; CARRARO T. E; BERNARDI,M.C. Identificar os estudos na área de Enfermagem e Obstetrícia que abordam o tema de cuidado e conforto no processo do parto, 2012 O processo de parir assistido pela enfermeira obstétrica no contexto hospitalar: significados para as parturientes Esc. Anna Nery CAUS, E.C.M; SANTOS, E.K.A; NASSIF,A.A; MONTICELLI, M. Compreender o significado que a parturiente atribui ao processo de parir assistido pela enfermeira, à luz da Teoria Humanística, e identificar as contribuições deste processo para promover o cuidado humanístico. 2012 A atuação dos enfermeiros egressos do curso de especialização em obstetrícia no nordeste do Brasil da proposta à operacionalização Esc. Anna Nery COSTA; SCHIRMER; Detalhar a atuação de enfermeiros após especialização em Obstetrícia na Região Nordeste do Brasil e os benefícios dessa atuação consubstanciados em premiações para a instituição em que trabalhavam. 2012 Assistência de enfermagem ao parto humanizado Rev Enferm UNISA Santos, I.S; Okazaki, E.L.F.J. Descrever a assistência de enfermagem prestada durante o parto normal humanizado. 2012

Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres brasileiras de risco habitual Cad. Saúde Pública LEAL, M.C et al Avaliar o uso das boas práticas (alimentação, deambulação, uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor e de partograma) e de intervenções obstétricas na assistência ao trabalho de parto e parto de mulheres de risco obstétrico habitual. 2014 Humanização do parto normal: uma revisão de literatura Rev. Saúde em Foco FERREIRA, K. M., VIANA L. V. M., MESQUITA, M. A. S. B., Sintetizar as produções científicas acerca da temática da humanização do parto normal, buscando definir estratégias que favorecem a promoção de um parto saudável e sem procedimentos desnecessários. 2014 Humanização da assistência ao parto natural: uma revisão integrativa PORTO, A.A.S; COSTA, L.P; VELLOSO, N.A Analisar e refletir sobre a assistência dos profissionais da enfermagem à mulher em parto natural no contexto da humanização. 2015 Rev. Ciência e Tecnologia, Categoria 01- Parto natural humanizado De acordo com Ferreira; Viana e Mesquita (2014) o parto é momento muito importante na vida da mulher no qual ela espera ansiosamente pela chegada do seu filho. Sendo necessário que este evento seja momento tranquilo e prazeroso para a parturiente e que seja marcado positivamente em sua memória. No entanto, devido as rotinas hospitalares muitas vezes dificultam essa assistência, acaba impossibilitando que a parturiente decida sobre as condutas a serem realizadas durante o seu parto. A partir da década de 90, surgiram várias políticas a fim de regulamentar, efetivar e incentivar as práticas humanizadas na assistência e a inserção da enfermagem no campo obstétrico. As Portarias 2815 e 163 publicadas pelo Ministério da Saúde que permitem a assistência ao parto de baixo risco pelos enfermeiros obstétricos e cria o modelo de Laudo de Enfermagem para Emissão de Autorização de Internação Hospitalar AIH. A resolução MS/COFEN- 223/99 estabelece normas sobre a atuação dos enfermeiros na assistência a mulher no ciclo gravídico puerperal, tornando-a mais

emancipada. (ALMEIDA; GAMA; BAHIANA, 2015). A assistência de enfermagem nesse período busca justamente que seja descartado o uso indevido de procedimentos e medicações desnecessárias, que interferem no transcorrer natural do parto. A humanização da assistência ao parto inclui vários aspectos, alguns estão relacionados a uma mudança na cultura hospitalar, com a organização de uma assistência realmente voltada para as necessidades das mulheres e suas famílias. Mudanças na estrutura física, transformando o espaço hospitalar em um ambiente mais acolhedor e favorável à implantação de práticas humanizadoras. A humanização no parto implica principalmente, que a atuação do profissional respeite os aspectos fisiológicos, não intervenha desnecessariamente, reconheça os aspectos sociais e culturais do parto e nascimento, e ofereça o necessário suporte emocional a mulher e sua família, facilitando a formação dos laços afetivos familiares e o vínculo mãe-bebê, dando autonomia da mulher durante todo o processo (SANTOS; OKAZAKI 2012). Frello, et al (2011) & Porto et al (2015) aborda que a humanização da assistência ainda se configura um desafio para os profissionais de saúde. Entretanto, o que se observa é uma sobreposição dos significados de normal e natural, ambos significando a não intervenção. Categoria 02- Atribuições do enfermeiro obstétrico no parto natural No ano de 1986, foi implementada a Lei nº 7.498/86, que consolida a profissão do enfermeiro obstétrico e suas competências na assistência a parturiente, dentre elas, assistir ao parto e a parturiente, observar a intercorrência e aplicar anestesia local, se necessário (ALMEIDA; GAMA; BAHIANA, 2015). Diante disso a enfermagem passou a ser reconhecida pelo Ministério da Saúde e outros órgãos não governamentais como um profissional que possui formação holística. Contudo ocorreu a implantação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar lançado em 19 de Junho de 2001 a fim de promover a humanização e a capacitação dos profissionais para realizarem um atendimento solidário, com o objetivo de melhorar a qualidade e a eficácia dos pacientes atendidos pelo SUS. Esse profissional deve-se conscientizar da sua importância na assistência a parturiente e ao neonato durante todo o processo gravídico puerperal educando, promovendo a saúde, prevenindo e diagnosticando intercorrências na gravidez durante o pré-natal, a equipe de enfermagem deve ser parte integrante da equipe de saúde na assistência integral á mulher, usando seu conhecimento técnico científico em conjunto com seus preceitos éticos e de

compromisso com a profissão e com a vida humana, proporcionando uma assistência digna e com qualidade (SANTOS; OKAZAKI 2012). As atribuições dos enfermeiros neste processo é um tema que vem sendo amplamente discutido nos últimos anos. De acordo com Velho; Oliveira; Santos (2010) essas atribuições são vistas pelos profissionais de saúde e por boa parte da clientela, que as enfermeiras obstétricas como profissional comprometida e qualificada, que tem como atribuição resgatar o parto normal como evento fisiológico e proporcionar dignidade, segurança e autonomia. Uma profissional que reconhece os aspectos sociais e culturais envolvidos no processo de gestar e parir, que não realiza intervenções desnecessárias e garante os direitos de cidadania da mulher e sua família. Assistindo ao trabalho de parto baseada em um modelo humanístico e holístico de cuidar. A assistência humanizada, prestada por esse profissional propicia o empoderamento da mulher, ao percebê-la conectada com a mente e o ambiente. Caus et al (2012) assegura que as atribuições da enfermagem obstétrica nesse setor, ainda possui lacunas principalmente pela sobrecarga de funções, seja na assistência, burocrática ou educativa, diante disso o próprio profissional relata inúmeras dificuldades para exercer todas essas funções e relaciona a sobrecarga no serviço. Categoria 03- As principais dificuldades enfrentadas na assistência obstétrica a parturiente. Identificam-se como obstáculos para implantação do cuidado humanizado: o desconhecimento das mulheres e de seus familiares e de seus acompanhantes sobre os direitos reprodutivos na atenção ao parto e nascimento; a atividade da resignação das mulheres e de seus familiares; a falta de orientação e preparo do acompanhante; a relação assimétrica entre profissionais da saúde e parturiente; ainda inclui a insuficiência e negação da informação; as más condições estruturais que mesmo sendo modificadas para o parto humanizado ainda existe a falta de infraestrutura adequada. Os enfermeiros obstétricos afirmam que a chave da humanização do parto é o prénatal, pois neste período pode-se oferecer à mulher orientações adequadas para todo o processo da gestação ao puerpério (SANTOS; OKAZAKI 2012). As dificuldades vivenciadas pelas enfermeiras obstétricas, de acordo com Velho; Oliveira; Santos (2010) está relacionada as questões relativas à prática profissional e aos entraves consequentes ao desconhecimento sobre a regulamentação do exercício profissional, ficou evidenciado nesse estudo que as enfermeiras obstétricas demonstram insegurança na

assistência, principalmente em relação ao recém-nascido. Além disso, destaca-se também a deficiência do pessoal de enfermagem e a grande demanda de trabalho, pois distanciam as enfermeiras do cuidado, o que acaba revertendo em prejuízo para a assistência prestada à parturiente, recém-nascido e família, tornando as práticas mais verticais e tecnicistas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O papel desempenhado pelos enfermeiros neste processo é um tema que vem sendo amplamente discutido nos últimos anos. A elaboração deste estudo possibilitou perceber a importância da enfermagem obstétrica frente ao parto humanizado, visto que o mesmo ainda enfrenta dificuldades nessa assistência. Vale destacar que os enfermeiros obstétricos desempenham papel fundamental, permitindo resgatar o parto natural, conferindo segurança e autonomia. Além de oferecer um empoderamento feminino. Esses profissionais devem reconhecer os aspectos sociais e culturais envolvidos no processo de gestar e parir, reduzindo o número de intervenções desnecessárias e evitando danos físicos e psicológicos. Nesta pesquisa os enfermeiros obstétricos relatam que o momento estratégico para o enfermeiro realizar ações de humanização é durante o pré-natal, pois neste período pode-se oferecer à mulher orientações adequadas para todo o processo da gestação ao puerpério e deste modo faz com que a gestante se sensibilize acerca dos seus Direitos. Assim, pode-se vislumbrar a grande importância da equipe de enfermagem e de sua qualificação no que tange a assistência humanizada à gestante e ao recém-nascido, procurando o bem-estar da mãefilho, buscando o trabalho em equipe para amenizar as lacunas existentes nesse serviço.

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