Estelionato. - Segundo o STF, a vantagem tem que ser necessariamente econômica, considerando que está entre os crimes contra o patrimônio.

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Transcrição:

Estelionato Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Pena - reclusão de 1 a 5 anos, e multa. - Elementos do tipo - Difere-se dos demais crimes contra o patrimônio pelo emprego de fraude, para manter ou induzir a vítima em erro convencendo-a a entregar espontaneamente seus pertences. Ex. Venda de lotes irregulares. - Obter vantagem ilícita benefício ou lucro. - Segundo o STF, a vantagem tem que ser necessariamente econômica, considerando que está entre os crimes contra o patrimônio. - Se o agente utiliza fraude para praticar atentado violento ao pudor, incide nas penas do art. 216 do Código Penal. - Para si ou para outrem elemento subjetivo específico do tipo. - Induzindo alguém em erro Provocar o equívoco da vítima. Ex. Vender bilhete premiado. - Mantendo alguém em erro Permanecer ou conservar a pessoa em erro. Ex. Pessoa que finge ser outra para manter o carteiro em erro. - Portanto, é possível tanto que o autor do estelionato provoque a situação de engano ou apenas dela se aproveita. - Mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento artifício e ardil fazem parte do gênero fraude. - Artifício é a utilização de algum aparato material para enganar. Ex. Vestir-se de pai de santo para receber dinheiro. - Ardil é a conversa enganosa. Ex. Vender um rádio como se fosse MP7. - Qualquer outro meio fraudulento é aquele apto a enganar a vítima. Ex. reticência maliciosa daquele que compra uma peça valiosa a um pessoa que desconhece o seu valor. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.

- Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, desde que determinada. Não se pode denunciar por estelionato quando as vítimas são indeterminadas. Em casos tais, pode se caracterizar crime contra a economia popular. Ex.: adulteração de balança. - A vítima é a pessoa enganada que sofre o prejuízo material. Pode haver mais de uma (a que é enganada e a que sofre o prejuízo). - Elemento subjetivo: É o dolo. - O dolo tem que ser anterior à posse da coisa, caso contrário, será crime apropriação indébita. - Elemento subjetivo do tipo específico: é a vontade de obter lucro indevido em prejuízo alheio. - Objeto Jurídico: É o patrimônio. - Objeto Material: É a vantagem obtida, bem como a pessoa que incide em erro. - Classificação: Comum, de dano e material. - O estelionato é crime instantâneo. Segundo o STF, o fraude contra o INSS para receber benefícios não caracteriza o crime como permanente, mas apenas como instantâneo de efeitos permanentes. - Momento Consumativo: O estelionato tem duplo resultado (prejuízo para a vítima e obtenção de vantagem pelo agente). O crime é material, só se consuma com a efetiva obtenção da vantagem ilícita (não há a expressão com o fim de, típica dos crimes formais). Se a vítima sofre o prejuízo, mas o agente não obtém a vantagem, o crime é tentado. - Tentativa: - É possível. Mas, se a fraude é meio inidôneo para enganar a vítima, o crime é impossível (por absoluta ineficácia do meio). A inidoneidade do meio deve ser analisada de acordo com as circunstâncias pessoais da vítima. Se o meio é idôneo, mas, acidentalmente, se mostrou ineficaz, há tentativa. - Causa de diminuição de pena: - 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, 2º.

- Ao contrário do furto, o pequeno valor refere-se ao prejuízo e não à coisa. - Destaques: Há divergência quanto à responsabilização de quem falsifica documento para cometer estelionato : Segundo o STJ há concurso material entre falsificação de documento e estelionato, exceto: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido (Súmula n. 17 do STJ). Ex.: se o agente falsifica um RG e o usa junto com o cheque da vítima, a potencialidade lesiva do falso persiste, pois o agente, após entregar o cheque (cometendo estelionato art. 171, 2.º, VI, do CP), continua com o RG da vítima, podendo vir a praticar outros crimes não há absorção, o agente responderá pelos dois delitos. Para o STF, ambos os crimes coexistem, mas em concurso formal. Caso utilize o agente preste serviços de cartomancia, bruxaria, macumba, entre outros, para obter vantagem econômica, pode configurar estelionato. Há fraude bilateral quando a vítima também age de má-fé. Ex. Prostitutas, pagamento de assassino profissional, venda de máquinas de fazer dinheiro No caso de fraude bilateral existe estelionato por parte de quem ficou com o lucro? R.: A doutrina se divide: Segundo Nelson Hungria não há crime, pois a lei não pode amparar a má-fé da vítima. Se no cível a pessoa não pode pedir a reparação do dano, então também não há ilícito penal (art. 883 do Código Civil). Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Na visão de Nucci, Mirabete e Damásio de Jesus existe estelionato, pois: a lei não pode ignorar a má-fé do agente com a qual obteve uma vantagem ilegal (a boa-fé da vítima não é elementar do tipo). O Direito Penal visa tutelar o interesse de toda a coletividade e não apenas o interesse particular da vítima. Quem compra um bilhete de uma pessoa que diz que ganhou na loteria não age de má-fé. A esperteza nas atividades comerciais não configuram estelionato, podendo ser resolvida a questão na esfera civil.

A falsificação de moeda é crime previsto no Código Penal de competência da Justiça Federal (art. 289). Se a falsificação de moeda for grosseira, mas possível de enganar alguém, caracteriza estelionato. Súmula 73 do STJ A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual. Caso a falsificação seja tão grosseira a ponto de ser incapaz de enganar qualquer pessoa de inteligência normal, caracteriza crime impossível por absoluta impropriedade do meio (art. 17 do CP). A alteração no medidor de energia configura estelionato e não furto de energia. Modalidades Especiais de Estelionato. A fraude é o elemento comum de todas as subespécies de Estelionato. Disposição de Coisa Alheia Como Própria Art. 171, 2.º, I, do CP I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Ex. venda de carro emprestado. O dolo de obter vantagem indevida tem que ser anterior à posse do bem, senão será apropriação indébita. Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria Art. 171, 2.º, II, do CP II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Ex. Venda de imóvel inalienável por testamento. Ao contrário do inciso anterior, a coisa é própria e não alheia. A inalienabilidade pode ser legal, convencional ou testamentária. A simples promessa de venda não configura o delito. Defraudação de Penhor Art. 171, 2.º, III, do CP III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;

Ex. venda de jóias dadas em garantia através de penhor. O sujeito ativo é somente o devedor do contrato de penhor. Consiste em defraudar o objeto material que constitui a garantia pignoratícia. O agente defrauda o bem quando o aliena. Fraude na Entrega de Coisa IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Ex. troca de pneus do carro alienado. O sujeito ativo é aquele que tem a obrigação de entregar a coisa a alguém. A ação incide sobre a qualidade ou a quantidade da substância. Consuma-se com a tradição do objeto material. Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro Art. 171, 2.º, V, do CP V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; São duas condutas: uma cujo objeto material é coisa própria; outra o próprio corpo ou saúde. O sujeito ativo é o segurado, o sujeito passivo, o segurador. Trata-se de crime próprio. Se a intenção for apenas de se autoflagelar, não há crime. É o única modalidade de estelionato que é crime formal, basta que se realize a conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida. Não é necessário que o autor do fato seja o beneficiário do contrato de seguro, pode ser que terceiro venha a receber o valor da indenização. - Fraude no Pagamento por Meio de Cheque Art. 171, 2. º, VI, do CP VI emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento Elementos objetivos do crime

Emitir cheque sem suficiente provisão de fundos. - é preencher, assinar e colocar em circulação (entregar a alguém). Súmula n. 246 do STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheques sem fundos. O desconto do cheque fora do prazo para apresentação descaracteriza o delito. Ex. Quem emite cheque imaginando que existe provisão de fundos em sua conta corrente. Frustrar o pagamento do cheque é o segundo núcleo do crime. Caracteriza-se pela existência de fundos no momento da emissão e o posterior impedimento do recebimento do valor, p. ex., sustação de cheque, saque da garantia antes da apresentação do cheque etc. O pagamento com cheque roubado ou falsificado caracteriza estelionato simples. Elemento Subjetivo Trata-se de crime doloso, não admite a modalidade culposa. Elemento subjetivo do tipo específico: é a vontade de obter lucro indevido em prejuízo alheio. Consumação Quando o banco sacado se recusa a efetuar o pagamento basta uma única recusa. Súmula n. 521 do STF: O foro competente para o processo e o julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. No caso de o agente emitir dolosamente um cheque sem fundos, mas, antes da consumação, se arrepender e depositar o valor, ocorre o arrependimento eficaz que exclui o crime. Situação diversa é a crime de estelionato praticado mediante falsificação de cheque, que se consuma com a obtenção de vantagem indevida, já que se trata de um estelionato previsto no caput do art. 171. Súmula n. 48 do STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar o crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.

Tentativa A tentativa é possível. Arrependimento Posterior Súmula n. 554 do STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. O entendimento era no seguinte sentido: se o pagamento efetuado após a denúncia não obstava a ação penal, o pagamento efetuado antes da denúncia, impedia a ação penal. Com a reforma penal de 1984, surgiu o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP), que impõe a redução da pena para a hipótese. Na prática, porém, por questão de política criminal, a súmula continua sendo aplicada, inclusive pelo STF. A reparação do dano feita após o recebimento da denúncia é mera atenuante genérica. Destaques Não há crime quando o prejuízo preexiste em relação à emissão do cheque (ex.: empréstimo e posterior pagamento com cheque sem fundos). Pela mesma razão, não há crime quando o cheque é entregue em substituição a outro título de crédito anteriormente emitido. Se o agente encerra sua conta corrente, mas continua emitindo cheques que manteve em seu poder, configura o crime (art. 171, caput, do CP). É o estelionato do caput porque a fraude preexiste em relação à emissão do cheque. Inexiste crime quando o cheque é emitido para pagamento de dívida de conduta ilícita (Ex. jogo ou prostituta). A natureza jurídica do cheque é de ordem de pagamento à vista. Qualquer atitude que desconfigure essa natureza afasta o delito em análise. Ex.: cheque pré-datado, cheque dado como garantia etc. Quem endossa um cheque de terceiro para outrem, sabendo que não possui provisão de fundos responde pelo estelionato do caput do art. 171. Art. 171, 3. º, do CP Causa de aumento de pena

Aumenta-se a pena em 1/3: Se o estelionato é praticado contra entidade de direito público. A Súmula n. 24 do STF estipula: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do 3.º do art. 171 do Código Penal. Se é praticado contra entidade assistencial, beneficente ou contra instituto de economia popular (ex. cooperativas). Porque o prejuízo não atinge apenas as entidades, mas todos os seus beneficiários.