SINTAGMA ADJETIVAL E SINTAGMA PREPOSICIONADO

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Transcrição:

SINTAGMA ADJETIVAL E SINTAGMA PREPOSICIONADO META Descrever a estrutura e o funcionamento do sintagma adjetival. Analisar e descrever a organização e o emprego do sintagma preposicionado. OBJETIVOS Ao final da aula, o aluno deverá: descrever a estrutura do sintagma adjetivo; identificar as funções do sintagma adjetivo; descrever a estrutura do sintagma preposicionado; identificar as funções do sintagma preposicionado. PRÉ-REQUISITOS Língua Portuguesa I. (Fonte: dislexiaparatodos.blogspot.com).

Língua Portuguesa II INTRODUÇÃO Estamos na sexta etapa da nossa viagem no domínio da morfossintaxe. Cabe-nos inicialmente estudar a organização interna do sintagma adjetivo ou adjetival. Dessa forma, consideraremos tanto o sintagma adjetivo básico quanto o derivado. Descreveremos os contextos em que esses sintagmas exercem suas diferentes funções e estabeleceremos pontes na direção da análise tradicional. A seguir, será feito o estudo do sintagma preposicionado. Serão estudados os gramemas transpositores e os papéis sintáticos referentes ao sintagma preposicionado. (Fonte: http://www.gettyimages.com). 94

Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Dentre os postulados Saussureanos concernentes à organização da linguagem e à atitude do estudioso em relação à mesma linguagem, emergem sobremaneira as chamadas relações associativas (ou paradigmáticas) e as relações sintagmáticas. Segundo Saussure, conforme vocês viram em Linguística, relações depreendidas de termos igualmente presentes nas frases e/ou enunciadas são chamadas de relações sintagmáticas e relações entre termos ausentes dos enunciados e presentes na mente dos falantes, por apresentarem alguma zona comum, são as relações associativas. O estudo do sintagma pressupõe, assim, a ótica das relações sintagmáticas. Em sentido amplo, todo sintagma é a construção que resulta da articulação de pelo menos duas unidades linguísticas, em qualquer nível de análise. Esse conceito segue ainda o pioneirismo de Saussure, para quem sintagma é a combinação de formas mínimas em unidade linguisticamente superior. (SAUTCHUCK, 2004, p. 38) A morfossintaxe, de modo geral, restringe o conceito de sintagma a uma ótica mais funcional de uso da língua pelo falante. (SAUTCHUCK, 2004, p.38) Assim, ainda conforme Sautchuck, consideramos sintagma como toda construção sintática que constitua um bloco significativo ou funcional no eixo horizontal, formado a partir de uma ou mais de uma unidade linguística de nível imediatamente inferior. (SAUTCHUCK, 2004, p. 38) Os sintagmas se definem principalmente pelo seu núcleo, ou seja, pelo elemento que constitui a condução necessária e suficiente de sua existência. É possível a seguinte classificação dos sintagmas: Sintagma Nominal (SN), Sintagma Verbal (SV), Sintagma Adjetivo (SAdj), Sintagma Preposicionado (SPrep), Sintagma Adverbial (SAdv). O nosso propósito, nesta aula, é analisar e descrever os sintagmas adjetivo e preposicionado. Mário Perini Alberto Doutor pela University of Texas (1974). Atualmente leciona como professor voluntário da Universidade Federal de Minas Gerais. Foi professor da PUC de Minas, da UNICAMP e das universidades de Illinois e Mississipi. Sua atuação manifesta-se no campo da teoria e análise linguística. É autor das seguintes obras publicadas pela Parábola Editorial: A Língua do Brasil Amanhã e outros Mistérios (2008) e Princípios de Lingüística Descritiva. SINTAGMA ADJETIVO-FUNÇÕES Iniciemos o estudo do sintagma adjetivo ou adjetival com um possível conceito funcional: Podemos definir o SAdj como uma classe de constituintes que podem desempenhar a função de modificador (...) (PERINI, 1888, p. 112). Observemos o exemplo seguinte: Maria é uma menina inteligente. Nesse exemplo, inteligente modifica menina. Assim, o termo inteligente está incluído no SN uma menina inteligente. Esse SN apresenta a seguinte organização sintático-semântica: determinação núcleo modificação. Vejam vocês que a área de modificação está preenchida pelo SAdj inteligente, que funciona como modificador do núcleo do SN. Nesse sentido, podemos dizer que a 95

Língua Portuguesa II função do modificador é sempre preenchida por um SAdj; entretanto SAdjs podem exercer funções diferentes daquelas de modificador. De outra forma, algumas vezes a função de modificador vem preenchida por uma sequência de valor adjetivo iniciada por uma preposição. A organização interna da sequência corresponde, então, a um sintagma preposicionado (SPrep). Esse tipo de sintagma será analisado logo após o estudo do SAdj. Ver frase Gosto de doce de coco A sequência de coco tem a função de modificador em relação a doce, embora coco seja um substantivo. Nesse sentido, é um SAdj chamado de derivado, como veremos adiante. Convém ainda lembrar que SAdjs podem se expandir na forma de orações subordinadas adjetivas como no seguinte exemplo: Os livros que comprei são bons. A sequência que comprei é uma oração subordinada adjetiva. Nesse sentido, é também um sintagma adjetivo derivado. Continuemos a nossa reflexão acerca das funções do SAdj. Observemos então a frase seguinte: Maria está feliz. Nessa frase, o SAdj feliz se refere a Maria. A análise sintática tradicional o considera predicativo do sujeito. A perspectiva de análise adotada pelo Prof. Perini reconhece, entretanto, em feliz o complemento do predicado. A seguir, tomemos o exemplo: Nós a consideramos feliz. Nessa frase, o SAdj feliz se refere ao pronome a, que é o substituto de um nome feminino e singular. Essa referência é responsável pela função de predicativo atribuída a feliz. Assim, na perspectiva do Prof. Perini, o SAdj pode exercer três funções: modificador, complemento do predicado e predicativo. SINTAGMA ADJETIVO-ESTRUTURA INTERNA A dificuldade de descrever a estrutura interna do SAdj assim se expressa: A estrutura interna do SAdj encerra alguns mistérios, que estão ainda à espera de estudos aprofundados. (PERINI, 1998: 113). Mesmo assim, o Prof. Perini apresenta uma possibilidade de sistematização referente ao SAdj. É nessa direção que passamos a estudar a estrutura interna desse sintagma. 9

Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Atenção ao exemplo seguinte: Maria ficou satisfeita com a nota. Nessa frase, o sintagma adjetivo satisfeita com a nota apresenta dois componentes satisfeita e com a nota. Considerarmos satisfeita com a nota um sintagma adjetivo decorre da evidência de que satisfeita e com a nota constituem uma unidade, um bloco funcional e significativo, uma vez que tanto satisfeita quanto com a nota não aceitam a troca de suas posições. Essa troca afetaria a unidade do sintagma. É essa a razão da inaceitabilidade da sequencia seguinte: - Maria está com a nota satisfeita. Voltemos as nossas atenções ao núcleo do SAdj. Quanto ao NSA, podemos dizer que ele é preenchido por palavras únicas (e não sequência de preposição + SN), tradicionalmente classificados como adjetivos ou substantivos. (PERINI, 1998: 114). Vejam-se os exemplos: Gostavam de música clássica. No bosque, viu uma árvore fantasma. No primeiro exemplo, o núcleo do sintagma adjetivo é clássica (um adjetivo). No segundo exemplo, o NSA é fantasma (um nome de natureza substantivo). Quando um SAdj inclui uma sequência iniciada por preposição, essa sequência deve ocupar a última posição no sintagma. Em satisfeita com a nota, satisfeita é o NSA e com a nota, componente iniciado com preposição. Logo, esse componente ocupa a última posição no sintagma. Além do NSA e do CSA, pode ocorrer no SAdj, um outro elemento chamado de intensificador. Observemos o exemplo: Maria ficou satisfeita demais com a vida. Nessa frase, demais tem a função de intensificador na estrutura do SAdj. Há possibilidade de mais de um identificador na estrutura do SAdj, como ocorre na sequência a seguir: Maria está realmente sempre muito satisfeita com a vida. Nesse exemplo, o SAdj é realmente sempre muito satisfeita com a vida. Nesse sintagma, o NSA é precedido de três elementos, realmente sempre 97

Língua Portuguesa II muito. Segundo o Prof. Perini, resguardadas as devidas diferenças, estes três termos podem ser incluídos na categoria de intensificador. Cabe aqui lembrar a vocês que sintagmas adjetivos com tantos intensificadores não ocorrem com frequência em situações de comunicação. Convém ainda lembrar a vocês que o modificador é analisado tradicionalmente como adjunto adnominal. ATIVIDADES I. Completar as lacunas 1. O estudo dos sintagmas implica a ótica das relações. 2. Segundo Sautchuk, conceitue sintagma.. 3. Sintagmas adjetivais podem exercer ainda as funções de e. 4. SAdjs podem expandir-se na forma de subordinadas. 5. O NSA e o constituem um único bloco funcional. O NSA e o não admitem troca de.. O NSA é preenchido por ou por. 7. No SAdj, além do NSA e do CSA, podem ocorrer outros elementos pertencentes à categoria do. II. Sublinhe o CSA 1. Os meninos ficaram alegres com a notícia. 2. Naquele momento todos ficaram atentos ao sinal. 3. Todos estavam encantados com a criança. 4. Os familiares estavam ávidos de vingança. 5. A paciente continuava dominada pelo medo. III. Indique o SAdj com a função de complemento do predicado (predicativo do sujeito na análise tradicional). 1. Todos estavam alegres. 2. Encontraram-no sozinho. 3. As pessoas ficaram curiosas a respeito do desmaio. 4. As meninas estavam assustadas com a notícia. 5. Muitos a consideravam inoportuna. 98

Sintagma adjetival e sintagma preposicionado Passemos ao estudo do Sintagma preposicionado. SINTAGMA PREPOSICIONADO Antes de conceituarmos o sintagma preposicionado, necessário se torna a consideração dos conceitos de sintagma básico e de sintagma derivado. Chamam-se básicos os sintagmas formados por uma classe de palavras apta a constituir por si só respectivo sintagma. (AZEREDO, 2000, p. 152). Assim, são básicos os seguintes sintagmas: o SN formado de substantivo ou de palavra substantiva; o SAdj formado de adjetivo; o SAdv formado de advérbio. Observem os exemplos: A criança brinca. SN (básico) A criança está feliz. SAdj (básico) A menina chegou ontem. SAdv (básico) José Carlos de Azeredo Professor adjunto da UERJ, onde coordena o mestrado em língua portuguesa do Instituto de Letras, tendo lecionado por 2 anos na UFRJ. É autor de Iniciação à sintaxe do português (JORGE ZAHAR, 1990), reeditado sucessivamente. Já os sintagmas derivados são aqueles que são obtidos por transposição; a transposição é um processo gramatical que utiliza transpositores (gramemas independentes relatores) para obter um número infinito de construções a serviço dos utentes da língua. Convém atentar para a economia linguística conferida pela transposição: um conjunto finito de transpositores permite um número ilimitado de construções linguisticas. Dentre os transpositores estão as preposições, as conjunções, os pronomes relativos. A transposição se utiliza, por exemplo, do pronome relativo que para introduzir orações subordinadas adjetivas que ocupam a posição de um sintagma adjetivo, conforme vimos ao estudar o sintagma adjetivo. Os sintagmas preposicionados (SPreps) são sintagmas derivados cujos transpositores são preposições. Eles se formam regularmente na língua para as mesmas funções dos sintagmas adjetivais e dos sintagmas adverbiais. (AZEREDO, 2000, p. 152). Atenção ao seguinte exemplo: Era uma bela noite de lua. Nessa sequência, a expressão de lua é um sintagma preposicionado formado do transpositor de e do SN lua. Esse sintagma preposicionado tem o valor de um adjetivo. Inclusive o sintagma de lua pode ser substituído por enluarada. É nesse sentido que podemos dizer que de lua é um sintagma adjetivo derivado. Preposições servem também de 99

Língua Portuguesa II transpositores no sentido de organizar sintagmas preposicionados com o valor de advérbio, conforme o exemplo seguinte: Os dinossauros viviam neste planeta. Nessa frase, a sequência neste planeta é um sintagma preposicionado, pois o bloco se inicia com a preposição em (em + este = neste) e se segue do SN este planeta. Esse bloco pode ocupar a mesma posição ocupada por um sintagma adverbial, conforme a sequência seguinte: Os dinossauros viviam aqui. Aqui é advérbio; nesse sentido, o sintagma neste planeta é um sintagma adverbial. O sintagma preposicionado é constituído de preposição e sintagma nominal. (SAUTCHUK, 2004, p. 43). É essa organização que é encontrada nos complementos verbais chamados de objetos indiretos. No que respeita aos sintagmas preposicionados com a função de objeto indireto (OI), a sua preposição é vazia de qualquer noção semântica, o que pode ser observado no exemplo seguinte: Os japoneses resistem às provocações. Nessa sequência, as provocações têm a função de OI. Esse objeto indireto se constitui de um sintagma preposicionado formado da preposição a + o SN (as provocações). A preposição que introduz esse sintagma é desprovida de conteúdo nocional. É nesse sentido que muitos estudiosos a chamam de preposição vazia. Ela é apenas um elo sintático. Complementos nominais são também organizados na forma de sintagmas preposicionados, aliás todo CN será sempre representado por um sintagma preposicionado. (SAUTCHUCK, 2004, p. 8). Observemos as seguintes construções: Estavam ansiosos pelas férias. O menino estava perto de mim. A certeza da vitória sempre esteve presente. Os sintagmas preposicionados pelas férias, de mim e da vitória exercem a função de CN em relação a ansiosos, perto e certeza, respectivamente. É importante lembrar que as preposições dos sintagmas preposicionados que exercem a função de CN são, de maneira idêntica àquelas dos SPreps em função de OI, vazios de conteúdo nocional. 100

Sintagma adjetival e sintagma preposicionado SINTAGMAS PREPOSICIONADOS-FUNÇÕES SINTÁTICAS Funções construídas com a preposição 1. ADJUNTO ADNOMINAL Ele fuma cigarro DE PALHA. Tomava café COM LEITE. Máquina DE ESCREVER. 2. ADJUNTO ADVERBIAL Saiu DE MANHÃ. Saiu COM A IRMÃ. Morou EM BARCELONA. 3. OBJETO INDIRETO Ele obedece AO REGIME. Pensei muito EM VOCÊ. Gostas DE LEITE? 4. OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO Amar A DEUS. Viu A NÓS a tarde passada. Esperamos POR VOCÊ. 5. COMPLEMENTO NOMINAL Tens necessidade DE DINHEIRO? Morava perto DO RIO. Devemos ser úteis À PÁTRIA.. AGENTE DA PASSIVA A América foi descoberta POR COLOMBO. Ele é querido DE TODOS. O Brasil foi colonizado PELOS PORTUGUESES. 7. PREDICATIVO DO SUJEITO O doce é DE LEITE. Eles ficaram DE TANGA. 8. PREDICATIVO DO OBJETO DIRETO (*) Escolheram José PARA COORDENADOR. Elegeram-no COMO DE- PUTADO. Tenho-o POR HONESTO. 9. PREDICATIVO DO OBJETO INDIRETO (*) Chamei-lhe DE TOLO. 10. APOSTO O rio DAS MORTES. Cidade DE ARACAJU. A rua DO PRÍNCIPE. A rua DA AURORA. A rua DO SOL. (*) Estas duas funções podem ser construídas sem preposição. Vejamos: Elegeram-no DEPUTADO. Chamei-lhe TOLO. 101

Língua Portuguesa II CONCLUSÃO A estrutura sintagmática da língua portuguesa é tecida por meio dos seguintes sintagmas: sintagma nominal (SN), sintagma verbal (SV), sintagma adjetival (SAdj), sintagma preposicionado (SPrep) e sintagma adverbial (SAdv). A nossa atenção, nessa aula, dirigiu-se aos sintagmas adjetival e preposicionado. O primeiro desses sintagmas é responsável por funções de especificação, de qualificação ou de predicação. O segundo sintagma (SPrep) é responsável, inclusive, pela organização de diferentes funções envolvidas na formação das frases do português. Dessa forma, é inegável a importância do conhecimento da estrutura e do funcionamento tanto do sintagma adjetival quanto do sintagma preposicionado. Essa importância se potencializa, no que diz respeito a estudantes de Letras e a professores de língua portuguesa. RESUMO O sintagma adjetival é uma organização linguística cujo núcleo é um adjetivo. É próprio desse sintagma preencher a área lógico-semântica da modificação. É nesse sentido que se diz que modificadores exercem a função sintática de adjuntos adnominais dos nomes aos quais se referem. O sintagma adjetival pode concluir um complemento iniciado por preposição. Esse complemento (CSA) tem sempre a função sintática de complemento nominal em relação ao adjetivo núcleo do sintagma adjetival (NSA). A estrutura desse sintagma pode apresentar ainda elementos da categoria de intensificador. O intensificador sempre se refere ao NSA. Além da função de sintagma de adjunto adnominal, o sintagma adjetival exerce ainda as funções de predicativo e de complemento do predicado. Sintagmas preposicionados são formados de preposição e sintagma nominal. Sintagmas preposicionados exercem as funções de objeto indireto e de complemento nominal. As preposições introdutórias de objetos indiretos e de complementos nominais são vazias de conteúdo nocional. Os sintagmas preposicionados exercem dez funções sintáticas: adjunto adnominal, adjunto adverbial, objeto indireto, objeto direto preposicionado, complemento nominal, agente da passiva, predicativo do sujeito, predicativo do objeto indireto e aposto. 102

Sintagma adjetival e sintagma preposicionado ATIVIDADES I. Completar as lacunas 1. Sintagmas formados por determinada classe de palavra apta a formar por si próprio o sintagma são chamados de sintagmas 2. O sintagma adjetivo formado de é um sintagma básico. 3. Sintagmas são obtidos por transposições. 4. Conjunções, e pronomes relativos são gramemas ou. 5. Os dos sintagmas são preposições.. Sintagmas preposicionados podem exercer as funções de sintagmas e de sintagmas. 7. Objetos indiretos são sintagmas. 8. As preposições que introduzem objetos indiretos são de conteúdo. II. Estabeleça intersecção entre o objeto indireto e o complemento nominal no que respeita à preposição que os introduz. III. Sublinhe sintagmas preposicionados, cujas preposições são chamadas de vazias. 1. Não concordaram com a proposta. 2. Entregaram os doces às crianças. 3. Maria gostou do doce de leite. 4. Todos estamos atentos ao sinal. 5. A cadeira de balanço era confortável. REFERÊNCIAS AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos de gramática do português. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. PERINI, Mário Alberto. Gramática descritiva do português.são Paulo, 1998. SAUTCHUCK, Inez. Prática de morfossintaxe. Barueri SP: Manole, 2004. 103