O Polarímetro na determinação de concentrações de soluções



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Transcrição:

O Polarímetro na determinação de concentrações de soluções 1. O polarímetro Polarímetros são aparelhos que medem directamente a rotação de polarização, através da medição do ângulo de rotação de um analisador. Num polarímetro, além da fonte luminosa (normalmente luz monocromática que corresponde à risca D do sódio), existem dois obstáculos constituídos por substâncias polarizadoras da luz, situados, respectivamente, antes e depois da câmara onde é introduzido o tubo com a substância opticamente activa. O primeiro obstáculo é designado por polarizador e o segundo por analisador. Para calcular a concentração de solução ou de líquidos deve-se utilizar a(s) seguinte(s) formula(s): 20º C Para soluções [ ] α = 20º C Para líquidos [ ] D α = ld α D 100α l - passo óptico (comprimento do tubo de análise, em lc dm) c - concentração (g/100 ml de solução) α - ângulo de rotação medido no polarímetro d - densidade relativa D - comprimento da onda correspondente á risca de sódio (λ=5893 Aº ) Tabela 1.1: Fórmulas para calcular concentrações de soluções e de líquidos Na tabela 1.2 representa-se o esquema do polarímetro utilizado assim como as suas características.

Imagem do polarímetro Características Esquema de funcionamento Modelo: Polaris Tipo: Polarimetro de rotação Ângulo óptico do sistema: 20º Lâmpada: Sódio Intervalo medição: 0º-360º de Vernier: 20 divisões Resolução: 0,05 Tabela 1.2: Representação esquemática do polarímetro

Para medir o poder rotatório específico das soluções deve-se: Introduzir no tubo a solução de sacarose, opticamente activa, e coloca-lo na câmara. Olhar pela ocular tendo de rodar o analisador de um ângulo α correspondente ao desvio que a solução produziu no feixe de luz, polarizada pelo polarizador, para voltar a obter um máximo de intensidade luminosa. O ângulo α difere de composto para composto e depende do número de moléculas que a luz atravessa, isto é, varia com a concentração da solução, c, e do comprimento do tubo, l. O valor [ α ] 20º C D, rotatividade específica ou ângulo de rotação, ou ainda poder rotatório específico foi definido de modo a tornar-se independente dos parâmetros acima referidos. A rotatividade específica nas condições padrão é uma propriedade característica de uma substância, a uma determinada temperatura, e para um determinado comprimento de onda da radiação desviada. O comprimento de onda da radiação utilizada corresponde à linha D do sódio. A razão para esta necessidade é, que diferentes comprimentos de onda de luz polarizada sofrem diferentes rotações por um material opticamente activo. 2. A polarização da luz O polarímetro permite medir o desvio da luz polarizada e esta é uma das grandezas físicas que caracteriza a luz. A luz pode ser polarizada por: - reflexão e refracção - absorção - dupla refracção

Existem dois tipos de luz, cujas características constam da tabela 2.1: Tipo de luz: Luz natural (não polarizada) Os dois planos (eléctrico e magnético) rodam continuamente em torno da direcção de propagação. Luz polarizada Os planos (eléctrico e magnético) de vibração não mudam de direcção por rotação, no sentido da propagação da luz. Tabela 2.1: Caracterização do tipo de luz No polarimetro de rotação a polarização da luz ocorre por dupla refracção. Sendo o polarizador e o analisador constituídos por quartzo. Índice de refracção:

Vácuo: 1,000 Quartzo: 1,644 Tabela 2.2: Polarizador e analisador 3. Refracção da luz A refracção da luz ocorre quando um feixe luminoso incide obliquamente na superfície de dois meios (transparentes e homogéneos) com características diferentes como por exemplo, o ar e o quartzo, observa-se que parte do feixe incidente é reflectido continuando a propagar-se no primeiro meio, enquanto outra parte penetra no segundo meio e altera a sua direcção de propagação originando um feixe refractado. Representação esquemática: PI - Raio incidente; IR Raio reflectido; IT - Raio refractado; I - Ponto de incidência; NI - Normal à superfície de separação dos dois meios no ponto de incidência; i - Ângulo de incidência; r Ângulo de reflexão r - Ângulo de refracção Tabela 3.1.: Representação esquemática do fenómeno de refracção

A mudança de direcção sofrida por um feixe luminoso quando passa de um meio transparente para outro, deve-se ao facto da luz apresentar diferentes velocidades de propagação em diferentes meios. A luz propaga-se no ar e no vácuo à velocidade de 3x10 8 m/s. Porém a velocidade de propagação é diferente noutros meios ópticos. Por exemplo, no quartzo, na água e no vidro a velocidade de propagação da luz é menor que no ar. Para comparar diferentes meios ópticos utiliza-se uma grandeza física chamada índice de refracção, n. O índice de refracção de um meio óptico é a razão entre a velocidade da luz no vácuo, c, e a velocidade da luz nesse meio, v. c n = v Leis da refracção da luz: 1. O raio incidente (PI), a normal à superfície de separação dos dois meios no ponto de incidência (NI) e o raio refractado (IT) estão no mesmo plano; 2. Os ângulos de incidência (i) e de refracção (r) estão relacionados por: sen( i) v 1 = sen( r ) v 2 onde v 1 e v 2 são, respectivamente as velocidades de propagação da luz nos meios 1 e 2. A equação anterior pode ser escrita em termos dos índices de refracção dos meios 1 e 2, respectivamente n 1 e n 2 como: n 1 sen(i) = n 2 sem(r ) Lei de Snell

o ângulo de refracção depende do ângulo de incidência e do índice de refracção do material utilizado. 4. Aparelhos "ponto - final" Todos os polarímetros estão equipados com um aparelho óptico que divide o campo em duas ou mais partes adjacentes de modo a que, quando o ponto final é alcançado as secções do campo tomam a mesma intensidade (figura 4.1). Figura 4.1.: Inversão do aspecto do campo Uma das falhas óbvias no polarímetro utilizado é a dificuldade em determinar o ponto final preciso, ou ponto de máxima iluminação. Apesar de o olho humano ser um mau juiz de intensidade absoluta, ele é capaz de comparar as intensidades de dois campos diferentes e vistos simultaneamente com grande precisão. Por esta razão, o ponto final pode ainda ser chamado de "zero óptico". Uma rotação muito pequena do analisador irá tornar uma das partes do campo escura e a outra clara. Este aparelho permite uma precisão de ± 0,01' enquanto que a falta dele permite apenas uma precisão de ± 4 ou 5'.