SAZONALIDADE DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO SOBRE O NORDESTE DO BRASIL

Documentos relacionados
PADRÕES DE VARIABILIDADES ESPACIAIS E TEMPORAIS DE NDVI NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL USANDO ANÁLISE FATORIAL

VEGETATION RESPONSE TO PRECIPITATION IN HOMOGENOUS REGIONS OF BAHIA STATE (BRAZIL)

Variabilidade temporal de índice de vegetação NDVI e sua conexão com o clima: Biomas Caatinga Brasileira e Savana Africana

Monitoramento da Vegetação do Estado da Paraíba nos Anos 2008 e 2009

ANÁLISE DA VARIAÇÃO DA RESPOSTA ESPECTRAL DA VEGETAÇÃO DO BIOMA PAMPA, FRENTE ÀS VARIAÇÕES DA FENOLOGIA

MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL DE ÁREAS DE GRANDE EXTENSÃO ATRAVÉS DE MOSAICOS DE IMAGENS DO NOAA-AVHRR

Figuras 3 e 4-Chuva Média e observada para o mês de fevereiro, respectivamente

MINIMIZAÇÃO DOS EFEITOS DA FUMAÇA SOBRE O CÁLCULO DO NDVI

Estudo da Variação Temporal da Água Precipitável para a Região Tropical da América do Sul

Subtração de imagens para detecção de mudanças na cobertura vegetal da bacia hidrográfica do Rio Alegre Alegre/ES

ANÁLISE DE NDVI NO NORDESTE BRASILEIRO POR COMPONENTES PRINCIPAIS: RESULTADOS PRELIMINARES

ESTUDO DE CASO: ÍNDICE DE UMIDADE DO SOLO UTILIZANDO IMAGENS DO SENSOR MODIS PARA O MUNICÍPIO DE BELEM DO SÃO FRANCISCO, PE

MODIFICAÇÕES NO CLIMA DA PARAIBA E RIO GRANDE DO NORTE

Veracel Celulose S/A Programa de Monitoramento Hidrológico em Microbacias Período: 2006 a 2009 RESUMO EXECUTIVO

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS METEOROLÓGICOS NAS ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS E CONVENCIONAIS DO INMET EM BRASÍLIA DF.

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA TAXA DE OCUPAÇÃO HOTELEIRA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

NOVO MAPA NO BRASIL?

Anexo III Metas Fiscais III.8 Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos Benefícios Assistenciais da Lei Orgânica de Assistência Social LOAS

VARIABILIDADE DA LARGURA E INTENSIDADE DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL ATLÂNTICA: ASPECTOS OBSERVACIONAIS

Impacto de desmatamento na mudança climática regional via satélites

ABIH-RJ FECOMÉRCIO- RJ

CONCEITOS DE CARTOGRAFIA ENG. CARTÓGRAFA ANNA CAROLINA CAVALHEIRO

Características dos Sensores. Aula 3 Professor Waterloo Pereira Filho Docentes orientados: Daniela Barbieri Felipe Correa

BALANÇO HÍDRICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA CIDADE DE POMBAL PB, BRASIL

Universidade Federal do Ceará 2ª ETAPA PROVA ESPECÍFICA DE GEOGRAFIA PROVA ESPECÍFICA DE GEOGRAFIA. Data: Duração: 04 horas CORRETOR 1

DINÂMICA DOS PRINCIPAIS DOMÍNIOS FITOGEOGRÁFICOS DO NORDESTE BRASILEIRO E SUAS CONEXÕES COM A PRECIPITAÇÃO

ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO SOB CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PARAÍBA E RIO GRANDE DO NORTE

ZONEAMENTO CLIMÁTICO DO CEDRO AUSTRALIANO (Toona ciliata) PARA O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

MONITORAMENTO DE FOCOS DE INCÊNDIO E ÁREAS QUEIMADAS COM A UTILIZAÇÃO DE IMAGENS DE SENSORIAMENTO REMOTO

ANÁLISE DE QUATRO ANOS DO BANCO DE IMAGENS NOAA14-AVHRR DO ESTADO DE SÃO PAULO J ANSLE VIEIRA ROCHA RUBENS LAMPARELLI

Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências da Terra

VARIABILIDADE ESPAÇO TEMPORAL DO IVDN NO MUNICIPIO DE ÁGUAS BELAS-PE COM BASE EM IMAGENS TM LANDSAT 5

Análise espacial do prêmio médio do seguro de automóvel em Minas Gerais

Sondagem do Setor de Serviços

AQUECIMENTO GLOBAL NA PB? : MITO, FATO OU UMA REALIDADE CADA VEZ MAIS PRÓXIMA.

USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO XIDARINI NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM.

MONITORAMENTO DA SECA OCORRIDA EM 2012 NO NORDESTE BRASILEIRO A PARTIR DOS DADOS DO SPOT-VEGETATION E TRMM

Estudo sobre a dependência espacial da dengue em Salvador no ano de 2002: Uma aplicação do Índice de Moran

CARTOGRAFIA DE RISCO

LEVANTAMENTO DO USO DAS TERRAS DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DO CARIRI-PB COM BASE EM IMAGENS DO TM/LANDSAT 5

Satélite TERRA. EOS (Earth Observing System) PROGRAMAS LIDERADOS PELA NASA. Observações contínuas das mudanças globais

O comportamento recente da taxa real de juros no Brasil: existe espaço para uma queda maior da taxa de juros?

Indicador Trimestral de PIB do Espírito Santo

ESTUDO DA EXPANSÃO DO DESMATAMENTO DO BIOMA CERRADO A PARTIR DE CENAS AMOSTRAIS DOS SATÉLITES LANDSAT

ANEXO 6 Análise de Antropismo nas Unidades de Manejo Florestal

Atmosfera e o Clima. Clique Professor. Ensino Médio

Resumo. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (janeiro de 2015) SAD

RESULTADOS GLOBAIS PRELIMINARES Milhões de Euros

Análise da Variabilidade Espacial e Temporal do NDVI sobre o Brasil

3 - Bacias Hidrográficas

044.ASR.SRE.16 - Princípios Físicos do Sensoriamento Remoto

PESQUISA DO MERCADO IMOBILIÁRIO EM BELO HORIZONTE: ALUGUÉIS

Histórico da Quantificação do Desmatamento no Estado do Amapá e busca de novas tecnologias

IMAGENS DIGITAIS APLICADAS PARA DETERMINAÇÃO DE ÁREAS AGRÍCOLAS ATRAVÉS DO CLASSIFICADOR BAYES

IMAGENS DE SATÉLITE PROF. MAURO NORMANDO M. BARROS FILHO

SAZONALIDADE DA VEGETAÇÃO EM CLASSES CLIMATOLÓGICAS DE PRECIPITAÇÃO NO BIOMA CAATINGA A PARTIR DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO MELHORADO

O ENVELHECIMENTO NAS DIFERENTES REGIÕES DO BRASIL: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DO CENSO DEMOGRÁFICO 2010 Simone C. T. Mafra UFV sctmafra@ufv.br Emília P.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA. Prof. Pablo Santos

VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DAS ESTAÇÕES NO ESTADO DE SÃO PAULO PARA AS VARIAVEIS TEMPERATURA E PRECIPITAÇÃO

Estado. Observado. Estrutura strutura da Salinidade alinidade dos Oceanosceanos. Médio

Tabela 1 Taxa de Crescimento do Produto Interno Bruto no Brasil e em Goiás: (%)

DETERMINAÇÃO DE FREQUÊNCIAS DE EVENTOS EXTREMOS DE CHUVA NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

Comparação entre Variáveis Meteorológicas das Cidades de Fortaleza (CE) e Patos (PB)

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

INCORPORAÇÃO DE IMAGENS AVHRR NO MODELO ITPP5.0 PARA CLASSIFICAÇÃO DE PADRÕES DE NEBULOSIDADE

Incidência de infecções pelos vírus v Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde. Coletiva

Sensoriamento Remoto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS UEA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLIMA E AMBIENTE

Nº 009 Setembro/

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

VARIAÇÃO CLIMÁTICA EM GILBUÉS-PI, BRASIL EM ATUAÇÃO AO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA PLUVIAIS

DESCARGAS ATMOSFÉRICAS E INTERRUPÇÕES DE ENERGIA ELÉTRICA NA ÁREA DA. wfarias@dge.inpe.br magaly@dca.ufcg.edu.br

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO INSTITUCIONAL PLANO DE TRABALHO DETALHADO

MAURÍCIO DERENNE 1,, ALBERTO SETZER 2, HELENA FRANÇA 2

LT 500kV MARIMBONDO - ASSIS MEMORIAL DO PROJETO BÁSICO DE FUNDAÇÕES

TABELA PRÁTICA PARA CÁLCULO DOS JUROS DE MORA ICMS ANEXA AO COMUNICADO DA-87/12

Mudanças Climáticas e Desertificação: Implicações para o Nordeste. Antonio R. Magalhães Agosto 2007

Resumo. Abstract. 1. Introdução

MINUTA INSTRUÇÃO NORMATIVA LICENCIAMENTO PARA CONCESSÃO FLORESTAL. Versão - 15 junho 2007 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Índice de vegetação em clone de seringueira após a desfolha anual Vegetation Index in rubber clone after the annual defoliation

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS E AS FORMAÇÕES VEGETAIS DO BRASIL. Módulo 46 Livro 2 páginas 211 a 216

ANÁLISE DA TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM NA REGIÃO DE MACHADO (MG) POR MEIO DE COMPOSIÇÕES COLORIDAS MULTITEMPORAIS

PRIMEIROS RESULTADOS DA ANÁLISE DA LINHA DE BASE DA PESQUISA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Detecção de mudança de vegetação de caatinga através de geotecnologias. Detection of a change in vegetation of caatinga through of geotechnology

SISTEMA DE MONITORAMENTO E PREVISÃO CLIMÁTICA PARA O RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL (RIF) NO PARANÁ

FACULDADE SANTA TEREZINHA - CEST COORDENAÇÃO DO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL PLANO DE ENSINO

TRATAMENTO DE ÁGUA: SISTEMA FILTRO LENTO ACOPLADO A UM CANAL DE GARAFFAS PET

Estudo do comportamento da Dengue na cidade de Araguari- MG por meio de séries temporais.

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA. PLANO DE AUDITORIA DE LONGO PRAZO a 2017

INDÍCIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS A PARTIR DO BALANÇO HÍDRICO EM JOÃO PESSOA PARAÍBA

A profundidade do oceano é de 3794 m (em média), mais de cinco vezes a altura média dos continentes.

A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS FISIOGRÁFICAS NO LESTE DO NORDESTE DO BRASIL UTILIZANDO O MODELO RAMS

MAPEAMENTO DE CLASSES INTRAURBANAS NO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA (SP) UTILIZANDO IMAGENS LANDSAT-5 TM E IMAGEM NDBI

Manual SAGe Versão 1.2

ANÁLISE MULTITEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO TARUMÃ AÇU/MIRIM, MANAUS, AMAZONAS, BRASIL

Relação entre a Precipitação Acumulada Mensal e Radiação de Onda Longa no Estado do Pará. (Dezembro/2009 a Abril/2010)

ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NDVI E EVI, IAF E FPAR DA CANOLA A PARTIR DE IMAGENS DO SATÉLITE MODIS.

Transcrição:

SAZONALIDADE DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO SOBRE O NORDESTE DO BRASIL Célia Campos Braga José Ivaldo Barbosa de Brito Universidade Federal da Paraíba UFPB Av. Aprígio Veloso, 882, Campina Grande PB, 5810970 e-mail:celia@dca.ufpb Clóvis Angeli Sansigolo Instituto de Pesquisas Espaciais INPE Av. dos Astronautas, 1758, S.J. dos Campos- SP, 1220170 e-mail:sansigol@met.inpe.br RESUMO Na presente pesquisa objetivou-se estudar a variabilidade sazonal do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) na Região Nordeste do Brasil. Foram utilizadas séries temporais mensais do NDVI derivadas a partir dos sistemas de sensores de alta resolução (AVHRR) instalados a abordo de satélites meteorológicos da série NOAA. Empregou-se o método da análise fatorial em componentes principais para calcular os fatores comuns temporais dos índices de vegetação na região Nordeste. A distribuição dos três primeiros fatores comuns temporais, que explicam 96,9% da variância das médias mensais, mostram que a variabilidade sazonal do NDVI está diretamente associando com os principais sistemas meteorológicos que atuam no Nordeste do Brasil. INTRODUÇÃO A maior parte da Região Nordeste do Brasil é caracterizada como semi-árida, apresentando na parte central temperatura média elevada que varia de 24 a 28 o C, com grande variabilidade espacial e temporal da precipitação e elevada taxa de evaporação. A região é freqüentemente submetido aos efeitos de secas severas, estando as áreas mais atingidas no chamado Polígono das Secas, cuja precipitação média anual é inferior a 800 mm, chegando a valores extremos inferiores a 400 mm, na parte central da Paraíba e Pernambuco, assim como próximo a Petrolina no vale do São Francisco. Por outro lado, observa-se em algumas regiões da faixa litorânea leste e oeste do Maranhão totais médios anuais que variam de 1200 a 1700mm, chegando a mais 2000 mm no sul da Bahia e norte do Maranhão (Strang 1972). A cobertura vegetal da Região Nordeste do Brasil é caracterizada por diversos padrões morfológicos que dependem da localização geográfica e das condições climáticas. A porção mais semiárida se destaca pela presença de caatinga arbustiva, densa ou aberta, que perde sua folhagem no período de estiagem, tornando a florescer no período chuvoso. Além dessa vegetação, destacam-se ainda a Mata Atlântica, a vegetação de praias, dunas e restingas, os cerrados, as matas ribeirinhas, vegetação de mangues, vegetação rupestre, etc. (IBGE, 1985). Nos últimos anos, o avanço da tecnologia levou os pesquisadores de todo o mundo a desenvolver sensores de alta resolução capazes de fazer o monitoramento do comportamento espectral da vegetação que ocupa uma determinada área geográfica. O comportamento espectral dos sensores na banda do visível (VIS) e infravermelho próximo (IV) instalados a bordo dos satélites meteorológicos informa sobre a reflectância das superfícies vegetadas, o que possibilita delinear áreas de cobertura vegetada em todo o globo. A combinação da radiação refletida no infravermelho próximo e no visível, assim como o contraste em relação a outros alvos de superfície é o centro da teoria que define o mapeamento da

vegetação, a partir de dados do sistema de sensores AVHRR (Advance Very High Resolution Radiometer) dos satélites da série NOAA (National Oceanic and Atmosphere Administration). Devido a sua pigmentação, a cor verde da vegetação sadia reflete mais no infravermelho próximo e menos no canal do visível, o que ocasiona altos valores para o NDVI (Índice de Vegetação por Diferenças Normalizada). Quando a folha começa a secar ela perde a sua pigmentação verde, aumentando um pouco a reflectância no visível e dimuindo no infravermelho próximo, produzindo valores menores de NDVI. Entretanto, esses valores ainda são maiores do que para os alvos da superfície, isto ajuda a distinguir a vegetação verde e seca e demais alvos da superfície (Parkinson, 1997). Séries multitemporais de valores do NDVI do sistema de sensores AVHRR, tem sido utilizado por vários pesquisadores em todo o mundo para identificação e classificação de vegetação terrestre, estimativas da produção primária da vegetação, caracterização da dinâmica da vegetação, estimativa da precipitação, alerta de secas e modelos climáticos de previsão. Destacam-se os trabalhos de Nicholson & Farrar (1994) para regiões semi-árida da África, Huete et al. (1997), Gutman & Ignatov (1998) para diferentes tipos de vegetação do globo, Almeida (1997) para o cerrado brasileiro, Barbosa (1998) e Braga (2000) para a região Nordeste, os quais encontraram correlações entre o NDVI e a precipitação. O objetivo deste trabalho visa definir padrões de variabilidades sazonal do NDVI na região Nordeste, utilizando técnicas de Análise Fatorial em Componentes Principais. DADOS E METODOLOGIA Os dados de NDVI utilizados neste estudo são composições temporais mensais selecionadas para áreas do Nordeste do Brasil para período de agosto de 1981 a junho de 1991, as quais foram extraídas das imagens do NDVI dos dados AVHRR/NOAA, com resolução espacial de (7,6 x 7,6) km 2 padrão Global Area Coverage (GAC) do arquivo GIMMS. Os dados GAC digitais são previamente examinados para verificação de ocorrências de nuvens usando técnicas limiar de temperaturas (canal 5). Os níveis de cinza dos canais 1 e 2 do sensor AVHRR são convertidos em unidades de reflectância, usando a calibração pre-vôo fornecida pela NOAA (Batista et al. 1993). Para minimizar os efeitos atmosféricos tais como: nuvens, vapor d água, aerossóis que reduzem o contraste entre as reflectância visível e infravermelho próximo, são utilizadas as imagens mosaico, cujo o máximo valor do NDVI é observado para o período de mês (Gutman, 1991). Assim, o produto final contém o valor máximo mensal, obtido a partir dos dados diários do NDVI. Neste estudo os valores médios de NDVI foram analisados para uma resolução espacial de 100 km x 100 km, elaborados a partir das quadrículas de 7,6km x 7,6km, corrigidos devido a degradação do sensor sugerida por Kaufaman e Holben (1993).

-1 Latitude A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 E14 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 F14 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 G11 G12 G13 G14 H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 H13 H14 I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11 I12 I13 J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8 J9 J10 J11 J12 J13 K1 K2 K3 K4 K5 K6 K7 K8 K9 K10 K11 L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4 Figura 1 Distribuição espacial dos pontos de NDVI reduzidos de 100x100km 2 no Nordeste do Brasil. A partir das médias mensais de 11anos de NDVI para operíodo de 19811 calculadas para 185 pontos de grade distribuído na região Nordeste do Brasil. Organizou-se um arquivo disposto sob forma de uma matriz M (185 x12). Em seguida foi empregada a técnica estatística da Análise Fatorial por Componentes Principais (CP) (Wilk, 1995; Richaman 1986) para a obtenção dos fatores comuns temporais do NDVI na região, objetivando definir os padrões de variabilidade espaço-temporal do NDVI associando-os com os regimes pluviométricos que atuam na região Nordeste (Strang, 1972; Kousky, 1979). RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir são mostrados os resultados concernentes aos padrões de variabilidade temporal e espacial de NDVI sobre a região Nordeste do Brasil. Estudos preliminares indicam que os valores do NDVI para áreas vegetadas variam de 0,1 a 0,8, valores estes que dependem da arquitetura, densidade e umidade da vegetação. Rochas e solos sem vegetação apresentam valores próximos de zero e água valores negativos. Os maiores valores encontrados estão associados a cobertura muito densas. Segundo Parkinson ( 1997 ) valores típicos de NDVI para florestas úmidas tropicais são da ordem de 0,6, para o deserto 0,05 e para nuvens que não precipitam -0,3. Os valores de NDVI s encontrados para a região Nordeste no período de 19811 oscilaram entre 0,15 e 0,62. O primeiro fator comum temporal rotacionado do NDVI, que explica 52,8% da variância total da série, apresenta correlações altamente significativa, superiores a 0,8 nos meses de junho a setembro, e ainda significativas, superiores a 0,6 nos meses de maio e outubro (Figura 2). A distribuição espacial correspondente a este fator tem cargas fatoriais (escores) positivas maiores que 1 no litoral leste, norte e noroeste do Maranhão. Na parte central, verifica-se um núcleo bem definido, onde as contribuições são inferiores a -1, ou seja, existe um contraste destes índices, nos meses de junho a setembro entre interior e costa leste e noroeste da região (Figura 3a).

O segundo fator explicando 28,4% da variância, tem correlações positivas superiores 0,8 nos meses de novembro, dezembro e janeiro, e superiores a 0,6 em fevereiro e outubro. A configuração espacial associada a este segundo fator, evidencia um importante contraste entre regiões. Na Bahia verificam-se contribuições maiores que 1, enquanto que, na porção mais semi-árida (central-nordeste) do Nordeste essas contribuições são inferiores a -1 (Figura 3b). Este padrão espacial de NDVI pode estar associado às precipitações provenientes de sistemas frontais que ocorrem de outubro a fevereiro no sul da Bahia (Kousky 1979). Finalmente o terceiro fator é complexo, apresentando altas correlações superiores a 0,8 dominantes apenas nos meses de março e abril, porém com correlações significativas entre 0,6 e 0,8 em fevereiro e maio. A configuração espacial deste fator apresenta grande variabilidade espacial com contribuições menores que -1 no sudoeste da Bahia (além do S. Francisco), extremo norte do Maranhão e litoral leste do Rio Grande do Norte prolongando-se até as proximidades de Salvador. Na porção central do Maranhão, centro norte (cariris) do Nordeste e algumas regiões (paralelas a oeste) nas proximidades do S. Francisco, as contribuições são positivas e superiores a 1, (Figura 3 c). Este terceiro fator pode estar relacionado com as precipitações oriundas da ZCIT, nos meses de março, abril, maio na parte central da região. 1.0 0.8 Correlações 0.6 0.4 0.2 0.0-0.2 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fator 1 Meses Fator 2 Fator 3 Figura 2. Cargas fatoriais (correlações ) para os 3 primeiros fatores comuns temporais de NDVI que explicam 96,9 total ( 52,8% + 28,4%+15,6% ) na região Nordeste do Brasil (19810 ).

Latitude -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4-1 Figura 3a e 3b). Padrões espaciais dos dois primeiros fatores comuns temporais de NDVI na região Nordeste do Brasil (19811). Latitude 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4 c)

Latitude -1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9 8 7 6 5 4 Figura 3c. Padrão espacial do terceiro fator comum temporal de NDVI na região Nordeste do Brasil (19811). CONCLUSÕES Os três principais fatores comuns temporais de NDVI explicam 96,9 % da variância das médias mensais de NDVI na região Nordeste do Brasil. O primeiro predomina nos meses de junho a setembro, nas regiões do litoral leste e está associado aos sistemas ondulatório de leste e frontais. O segundo é importante nos meses de outubro a dezembro no sudoeste da Bahia e está relacionado aos sistemas frontais que penetram na região nesta época. O terceiro é bem definido nos meses de março e abril no Maranhão e região central do Nordeste e está associado com a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE, 1985. ATLAS NACIONAL DO BRASIL (REGIÃO NORDESTE) Rio de Janeiro, 1985. (sem paginação) ALMEIDA, S. A. O. Determinação de redução de umidade superficial na região dos cerrados com imagens AVHRR/NOAA e precipitação pluviométrica. Brasília, 1997. 316p. Tese de Doutorado em Ecologia. Universidade de Brasília. BARBOSA, A.H. Análise espaço-temporal de índice de vegetação normalizadoavhrr / NOAA e precipitação na região nordeste de Brasil em 198285. Dissertação de mestrado. INPE, 163. 1998. BATISTA,G.T; SHIMABUKURO,Y.E e LARENCE, W. T. Monitoramento da cobertura florestal através de índice de vegetação do NOAA-AVHRR. In. Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 7. Curitiba, maio 10, 1993. São José Campos INPE. Anais, 2: 307, 1993.

BRAGA,C.C. Inter-Relações entre Padrões de Índice de Vegetação e de Pluviometria no Nordeste no Brasil. Campina Grande, 2000.124p. Tese (Doutorado em Recursos Naturais) Universidade Federal da Paraíba. CEBALLOS, J.C. e BRAGA, C.C. Missing data assessement in a solarimetric network. International Journal of Climatology, 15: 32540, 1995. GUTMAN,G. G. Vegetation Indices from AVHRR: Update and Future Prospects. Remote Sens. Environ. 35: 1216,1991. GUTMAN, G. and IGNATOV, A. The derivation of the green vegetation fraction from NOAA/AVHRR data for use in numerical weather prediction models. Int. J. Remote Sensing, 19: No. 8, 153343, 1998. HUETE,A.R.; LIU, H.Q.; BATCHILY, K. and van LEEUWEN. A comparison of vegetation indice over a global set of TM images for EOS-MODIS. Remote Sens.Environ. 59:44051, 1997. KAUFMAN, Y.J. and HOLBEN, N.B. Calibration of the AVHRR visible and near-ir by atmospheric KOUSKY, V. E. Frontal influences on Northeast Brasil. Monthly Weather Review, v.107, n.9, p.1140-1153, 1979. scattering, ocean glint and desert reflection. Int. J. Remote Sensing, 14(1), 212, 1993. NICHOLSON, S.E and FARRAR, T.J. The Influence of Soil Type or the Relationhips Between NDVII, Rainfall and Soil Moisture in Semiarid Bostswana. Remote Sens. Environmet. 50: 1070.1994 PARKINSON, C. L. Earth from above. University Sciences Books, Sansalito. Land vegetation, 1071, 1997. RICHAMAN, M. B. Review article ratation of principal components. Journal of climatology. 6: 29335. 1986 STRANG, D.M.G. Análise climatológica pluviométrica do Nordeste brasileiro. Relatório IAE-M-02/72, Centro Técnico Aeroespacial. São José dos Campos, 29p. 1972. KOUSKY, V. E. Frontal influences on Northeast Brasil. Monthly Weather Review, v.107, n.9, p.1140-1153, 1979. WILKS, S.D. Statistical methods in the atmospheric Sciences. London, Academic Press. 464p. 1995.