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PORTFÓLIO VER-SUS POTIGUARAS: POR UM SUS COM MAIS AMOR E então, a noite do dia oito de janeiro de dois mil e dezesseis chegou! E com ela um novo sentimento iniciou seu crescimento dentro do meu coração. Me deparei com um novo mundo dentro da realidade em que vivia. Dentre tantas pessoas desconhecidas em um lugar ainda desconhecido, já era forte o semblante de mudança e luta por um SUS melhor. O local escolhido proporcionou um melhor contato com a natureza e coletividade, sendo ele a Escola de Formação do MST Patativa do Assaré. Mesmo ainda sem saber o que seria a tal da Mística, hoje sei que a primeira que participei foi a melhor de todas. O acolhimento que os facilitadores organizaram me fizeram sentir realmente parte daquele grupo, espaço e VER-SUS. Ainda nessa noite aconteceu a divisão do grande grupo em grupos menores os chamados Núcleos de Base NB, o qual tive mais contato durante a vivência. E não era só estudantes da saúde que se faziam presente, tinham de diversos cursos que aos poucos fui conhecendo. A cada dia, uma tarefa se fazia responsabilidade do NB para que juntos pudéssemos fazer valer a organização do local onde estávamos. Ao redor de uma fogueira Em noite de lua cheia Vi as estrelas brilharem com maior intensidade Em busca de uma vida com mais verdade Através de um SUS popular.

O dia iniciou ás 06h00 da manhã e fomos todos acordados com o NB responsável pela alvorada daquele dia. As músicas eram alegres e ecoavam entre os quartos como uma nova forma de despertar. Nesse dia ocorreu a criação e apresentação da identidade do NB onde através da primeira reunião surgiu o NB Primavera, ao qual fazia parte. Na apresentação dos NB s novos nomes surgiam cada um de sua maneira se apresentavam aos demais, conclui-se a primeira dinâmica com os NB s formados. Tínhamos então o NB 1 RESUSGIR, NB 2 PRIMAVERA, NB 3 URUCUM, NB 4 BICHO DE SETE CABEÇAS e NB 5 CLARA CAMARÃO. Em um segundo momento houve um espaço de formação relativo a análise da conjuntura do SUS, ministrado por Kell Medeiros. Através de dinâmicas foi possível entender as crises políticas e econômicas que marcaram o surgimento e desenvolvimento do Sistema único de saúde brasileiro. Além de entender como os movimentos populares influenciaram o nosso papel atual diante do SUS. Concluindo que devemos defender e fortalecer o SUS através da luta popular. No final do dia ocorreu uma dinâmica com o facilitador GERSON, ao qual deveríamos escrever em um papel o que trazíamos em nossas malas dentre bagagens, conhecimentos e experiências que de alguma forma contribuiriam com a nossa vivência. O despertar da alvorada surgiu como uma palavra De força eminente, naquele dia sorridente Que há tanto tempo nos aguardava Para juntos construirmos a estrada Que mudaria nossa vivência No resto de nossa existência Nesse mundo sem palavras. GRITO DE ORDEM NB RESUSGIR O SUS é nosso ninguém tira da gente! Direito conquistado não se compra e não se vende!

Bom dia! Abra a janela querida. Hoje o céu não está tão lindo. Mas essa canção é pra você é pra você é pra você é pra você!! E assim iniciou o terceiro dia de vivência. NB Primavera em meio a um dia chuvoso tinha a responsabilidade de acordar todos para mais um espaço de formação dessa vez com a presença de Ana Paula Adissi, professora, socióloga, vinda de Campina Grande PB, ministrante da oficina: Como funciona a Sociedade? Esse espaço possibilitou uma riqueza de aprendizados e reflexões acerca das formas de organização das sociedades que existem no mundo, das que existiram no Brasil e da que vivemos atualmente. A geração de capital talvez tenha causado grande confusão em meus poucos conhecimentos e julgamentos sobre o assunto. Entender que a força do trabalho é esquecida por muitos, e que além disso, colocamos o valor nos objetos passando então a esquecer quem o fez, gerou enorme reflexão do real valor que damos as coisas, inclusive a vida. Essa que por muitos passa a ser tratada apenas como objeto de consumo e fonte de capital, sendo esquecida como algo sensível aos determinantes sociais, fonte de dores e sentimentos e detentora da escolha de ser ou não ser parte dessa sociedade. A força de trabalho não pode continuar a não existir! Se continuarmos a pensar assim, quem seremos nós? Objetos ou Capital? Nesse mundo sem escolhas reais Estaremos nas mãos de animais Que não sabem nos conduzir e apelam para o fetiche material Diante dessa sociedade mais ligada no capital Que nos reais valores da vida desse animal Que desabafa em palavras aqui. PALAVRAS DE ORDEM NB PRIMAVERA Na primavera em que o povo Lutar... Florescerá um SUS popular!!

E mais um dia se inicia ao som de uma bela alvorada. Esse dia marcaria grandes emoções. Através da ministrante FLORIZA que trouxe uma fantástica discussão acerca do sistema político. Acredito que todos deveriam ter a oportunidade de conhecer o pouco que conheci sobre política. Conhecer a política vai além de estudar leis ou cargos (como eu pensava), conhecer a política é nos colocarmos no lugar de nossos representantes e nos sentirmos representados por eles, é lutarmos por uma saúde de qualidade através de armas populares. Mas, compreendendo o papel de cada um em meio as articulações que devem (deveriam) ocorrer entre o povo e os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). A cultura política deve existir para que ocorra um processo de transformação da política diante da sociedade e haja mudanças estruturais no sistema de poder. A partir de reflexões hoje eu reconheço a importância de uma Constituinte já! Como uma forma de necessidade, organização e união da força social em busca de um Projeto Popular para a Saúde do Brasil, para a nossa saúde e para o nosso SUS. PALAVRAS DE ORDEM Constituinte quando? JÁ! Constituinte quando? JÁ! Constituinte quando? JÁ! Não podemos ser os Joãos! Nem continuarmos colocando os vilões Para nos representar Devemos ser a justiça De raça mestiça que devemos honrar Através da luta verdadeira Que ocorre em cada fronteira Por meio de um Projeto Popular Onde lutaremos para ganhar A nossa força lá em cima Diante das ameaças da vida Mostraremos nosso lugar.

A alvorada chegou linda e bela para nos dar força para um dos dias mais fortes do VER-SUS potiguaras. Chegou a hora de discutir as opressões. No primeiro momento foi abordado o feminismo e um tal de Sistema patriarcal. Apesar de viver nele não tinha parado para entender qual a influência dele em minha vida, na sociedade e na saúde da população. Depois do espaço de formação ministrado por Ana Luz, Lissa Chrisnara e Kell Medeiros percebi o quanto somos vítimas do sistema que vivemos. O homem passa a ser soberano e a mulher submissa. Eles tornam-se superiores ainda que todo nós sejamos explorados pelo sistema capitalista. E o maior problema está em não enxergarmos que atos patriarcais prejudicam a saúde de muitas mulheres, gerando violências (doméstica, sexual, social, psicológica) e uma desigualdade sem fim. Desde muito cedo somos ensinadas a sermos mulheres e por que precisamos ser ensinadas a sermos nós mesmo? Todos devem compreender as peculiaridades das mulheres para que a saúde da mulher seja bem cuidada e fortalecida pelo SUS. Precisamos ser feministas SIM, para que unidas sejamos fortes e juntas lutemos contra esse sistema patriarcal que nos cerca por todos os lados e nos agride de todas as maneiras. A tarde houve mais um espaço de formação auto organizado, ministrado por José Lima. Fomos separados em heterossexuais e LGBT para melhor compreendermos o outro. Dentre frases preconceituosas que foram distribuídas foi possível me reconhecer em algumas delas, o que talvez tenha me causado um choque de realidade e preconceito, mas, também de reflexão. O que nos leva a praticarmos atos assim? Como as políticas de saúde existentes auxiliam as peculiaridades dos LGBT? Devemos ser um SUS livre de preconceitos e repleto de humanescência, integralidade, equidade e igualdade em nossos serviços prestados à população pois, o SUS é do povo o SUS é nosso o SUS é dos LGBT. Que culpa tenho eu se nasci mulher? Que culpa tenho eu se sou homem e gosto de rosa? Que culpa tenho eu de não ser branco? Que culpa tem você de não conseguir enxergar minha essência? Nesse mundo de aparências o difícil é ser diferente E o impossível é ser paciente Com tanta besteira na mente De gente como a gente que não entende o que se sente Dentro de corações valentes que aceitam a si como são E compartilham de opiniões diferentes do resto da gente. PALAVRA DE ORDEM NB CLARA CAMARÃO A força, a luta, também é união. Somos o NB Clara Camarão.

As possibilidades de vivências eram três: Assentamento Leonardo Silva, Comunidade Quilombola Capoeiras e Terreiro. Dentre as culturas e novas oportunidades de aprendizados que existiam tive o imenso prazer de vivenciar a realidade do Assentamento Leonardo Silva. A visita foi marcada por contradições internas que há todo momento me obrigavam a repensar opiniões, atitudes e até estigmas tragos daquele espaço. Através de uma breve apresentação do local por um companheiro do MST foi possível a identificação do território em que me encontrava e além disso dos problemas de saúde que aquele espaço social carregava. Como o SUS que é de todos não abraça os problemas daquelas pessoas? Indignada com muito que ouvi refleti sobre meu papel diante daquelas situações. Entender que o SUS é mais que uma política de saúde talvez ainda seja tarefa difícil de compreender. No entanto, o que não pode continuar a ocorrer é tornar impossível o cumprimento de seus deveres para com a sociedade que tem o direito de usufrui-lo. E não apenas como algo interligado na relação da saúde doença mas, perceber que os determinantes sociais daquelas pessoas são influentes na qualidade de vida que desejamos e queremos para os usuários desse sistema. E para contribuir com nosso aprendizado, tivemos um espaço de formação sobre os determinantes sociais ministrado pelos facilitadores Thiago, Lucas e Walesca. Em meio a discussões acerca do tema no decorrer do dia, ocorreu a Oficina de Fanzine ministrada por José Lima facilitador carismático que utilizou seus conhecimentos para que nós expressássemos nossas opiniões através de um Fanzine sobre: O que seria saúde para nós? E no assentamento me encantei por tanta coisa Mas em especial por uma pessoa Que feliz por sua conquista Me apresentou com imensa alegria Seu mimo de casa de artista Através de trabalho pensado, suado e esforçado Brotava no quintal de dona Maria Um horta de riqueza nutritiva infinita Que matava sua fome E também servia de sustento pros homens Que daquela terra tiram seu pão de cada dia. PALAVRA DE ORDEM NB URUCUM URUCUM!! A luta se espalha de um a um! URUCUM!! A luta se espalha de um a um! URUCUM!! A luta se espalha de um a um!

O primeiro espaço de formação do dia ocorreu com a participação de Victor e Élida apresentando aos viventes a Atenção Básica: um modelo contra hegemônico? A ansiedade praticamente me envolvia por inteiro, as opções de locais de vivencias no período da tarde eram tantas mas uma me cativava em especial tínhamos: NASF, Unidades Básicas, Unidades de Saúde da Família, Consultório de rua e Grupos de promoção a saúde. Tive a imensa felicidade de ir conhecer o NASF (Contei com a ajuda de meus facilitadores Lara e Gerson pois, tenho certeza que me deram uma forcinha na hora de dividir o NB). Minha curiosidade de conhecer essa importante ferramenta de saúde do SUS era tanto que poderia escrever páginas sobre minha pequena experiência como ouvinte no Núcleo de Apoio à Saúde da Família que funciona na Unidade Básica de Saúde do Bairro Nazaré, Natal RN. Ele atende a 7 estratégias de saúde da família divididas em duas Unidades Básicas de Saúde, sendo classificado em NASF 1. É tão interessante entendermos que seu papel está além de apenas apoiar as ESF. Foi possível através da Assistente Social e Farmacêutica do NASF, uma apresentação de uma nova forma de cuidar e de mostrar como SUS é grande e vai além de serviços de saúde. São realizados na unidade rodas de conversa com a população, há grupos de apoio a idosos hipertensos e diabéticos e algo muito interessante, há um curso de gestante que ocorre na unidade durante todo o ano onde são passadas as futuras mães da área de abrangência todas as informações pertinentes ao período gestacional e pós-gestacional. Foram tantas novidades relacionadas a saúde que meus olhos se enchiam de alegria ao passar por meus pensamentos que posso fazer parte daquele grupo e ser um agente transformador dentro daquela comunidade. Com brilho nos olhos ainda consigo enxergar O poder que tem a esperança popular Que um dia o SUS seja de todos O caminho hoje pode parecer um pouco torto Mas seguindo com luta conseguimos encontrar Pessoas que fazem a esperança voltar Diante de tanta injustiça, é como ver a conquista O nosso NASF funcionar. MÚSICA Se liga maninha preste atenção! O SUS é do povo não se iluda não. Povo brasileiro um dia lutou. E o sistema único então conquistou. ATENÇÃO PRIMÁRIA! X6 UBS!!

E os locais para as vivências de alta e média complexidade eram: UPA Unidade de Pronto Atendimento, CEO Centro de Especializações em Odontologia, HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes, Hospital Municipal de Natal, Maternidade e SAMU. Tinha muitas expectativas quanto a minha vivência no HUOL, local onde realizei a visita. No entanto, realmente pareceu uma visita. O HUOL tinha mais coisas a me mostrar do que foi dito no pouco tempo que tivemos na presença do responsável que nos acolheu. Porém, como em todos os dias, ao final do dia havia a socialização das visitas, já que o NB se dividia para todos terem vivências diferentes para compartilhar. E isso salvou meu dia. Foram tantas coisas maravilhosas que ouvi de meus companheiros de NB a respeito dos outros locais de visita. A UPA que era bem equipada com a farmácia mais organizada que tem (palavras ditas por Augusto futuro farmacêutico). O hospital Municipal com temática lúdica para as crianças. O SAMU e suas maravilhas ao redor de seu funcionamento e sistema de informatização, além de práticas de primeiros socorros. A estrutura do CEO e o pronto atendimento que realizou um raio X no momento da vivência em um companheiro que sentia incomodo no dente. E a maternidade? Modelo em estrutura, atendimento e parto humanizado. Enfim, ouvi muita coisa boa nesse dia no que diz respeito a realidade do SUS em unidades de atendimento à população referentes a alta e média complexidade. A ideia de sempre ter algo a dar para agradar É facilmente quebrada quando se recebe o que não se pede! O que seria de mim sem vocês? O que seria de vocês sem mim? A socialização fez meu dia não se perder No meio de tantas contradições Desse mundo apenas do viver Agradeço a primavera por esse dia preencher Das tantas bondades que ousaram me doar A maioria transbordará por onde passar Pois, saberes se constroem com o tempo Mas não se destroem com o vento Diante desse momento De vida de uma ainda leiga vivente.

O dia das vivências relacionadas a saúde mental chegou! E ele seria marcado de grandes emoções e choques com a realidade. Dentre os locais de possível vivencia tínhamos: CAPSI, CAPSAD, Hospital Psiquiátrico João Machado, Residência Terapêutica Oeste e Leste. Mesmo com uma carga de preconceitos e receios sendo carregadas por mim fui para a Residência Terapêutica Oeste. Ao me deparar com aquele modelo de promoção a saúde daquelas pessoas portadoras de problemas mentais me perguntei como não soube disso a mais tempo. É incrível entender que aqueles 7 residentes possuem o direito de conviver em sociedade e são ouvidos em seus pedidos mesmo simples mas, que fazem parte de uma vida de quem realmente vive em sociedade. Fomos recebidos por Jaqueline a atual gestora da residência terapêutica. A cada fala pronunciada uma carga de emoções vinham sobre meus pensamentos. A surpresa de um convívio familiar entre todos os residentes, me deixaram encantada com o modo de gerir a residência. Nesse local os moradores não são apenas pessoas com problemas mentais, lá eles são gente como a gente que ama, cuida, respeita e que também tem seus momentos de solidão. A quebra de todos os preconceitos tragos por mim diante daqueles moradores tão carismáticos com suas peculiaridades e diversidades, me tornou alguém mais compreensiva enquanto o direito que cada um de nós temos de nos expressar. E para reforçar todo o encantamento que tive em viver aquele momento naquele lugar aconchegante, Ana Karenina traz em seu espaço de formação um resgate a história da reforma psiquiátrica, alimentando mais ainda o desejo de olhar para essas pessoas como seres humanos passíveis de entendimento do prazer que é a vida e do prazer que é viver. E para concluir o dia João Paulo com sua extrema forma educada de educar ensinou a todos como produzir Estêncil através de uma Oficina. Entendi o Estêncil como uma nova forma de arte que ainda não conhecia no entanto que gerou enorme admiração na forma de produção dessa bela expressão popular. GRITO DE ORDEM NB BICHO DE SETE CABEÇAS Saúde não se vende! Loucura não se prende!

E a última visita seria então realizada. Fomos todos a comunidade Jacoca. Seguimos em caminhada através de uma pequena estrada que nos levou a mais conhecimentos. Fomos recebidos pelo responsável do local que em sua enorme gentileza nos apresentou ao espaço. Conhecemos a agricultura familiar de perto que serve de sustento e renda para as famílias que ali moram. Bem perto dali havia um rio, onde através dele vem a água que mata a sede daquelas pessoas. Haviam ali espaços de formação utilizados para reuniões entre a comunidade em questão. Ao chegamos da visita ao Jacoca fomos recebidos por um representante da CUT no conselho Nacional de saúde que nos trouxe informações importantes para a nossa formação quanto personagens principais na luta por um SUS melhor. No período da tarde tivemos uma excelente explanação e conceituação sobre a questão agrária de nosso país. Através de músicas as quais traziam mensagens além da melodia e que por muito tempo por mim passaram despercebidas, relatando a realidade que persisti em existir. Latifúndios que parecem não ter fim, impossibilitando a geração de renda de quem deseja produzir. A noite mais uma proveitosa discussão sobre a questão urbana com Bruna que trouxe o seguinte questionamento: Quem faz parte da cidade em que vivemos? O Brasil em sua infinita grandeza Dentre suas tantas belezas Faz de sua terra produtiva Um latifúndio de preguiça De seus donos forasteiros Que ao invés de gerar alimento Geram apenas sofrimento Entre aqueles que desejam produzir um sustento E colher um acalento Através de uma enxada que traz vida Mas ao mesmo tempo demonstra o descontentamento Na luta dos que buscam por uma terra viva. PALAVRA DE ORDEM Pátria Livre... Venceremos!

E o penúltimo dia de vivencia surgiu com um lindo nascer do sol. O dia nos aguardava grandes momentos de reflexão e surpresas. Gerson e João Paulo em nosso segundo da de vivencia haviam nos feito refletir a respeito do que trazíamos de bagagem para o VER-SUS potiguaras e hoje eles trouxeram a seguinte reflexão: O que levamos do VER-SUS para a nossa vida lá fora daquele espaço? Todos os viventes e facilitadores indicaram o que levariam de bagagem para suas vidas, dentre respeito e amor, encontrava-se a humanescência no cuidado ao próximo e até mesmo as amizades que na vivencia foram construídas. Um espaço de formação importante foi realizado ainda nesse dia, o debate com Arthur e Rosa sobre os movimentos sociais e estudantis iniciaram em mim o desejo de lutar, lutar por uma saúde melhor para todos nós. Saúde essa que seja capaz de abraçar todos os determinantes e condicionantes de saúde em prol de uma vida melhor. Dar o melhor de si para tornar alguém melhor É papel de todos e nós aprendemos aqui A respeitar o próximo e ama-lo tão logo tenhamos que partir A luta não acaba Nem tampouco se abala Diante da realidade da vida Que nos aguarda na saída Desse lugar de infinitas histórias bonitas Que são capazes até de nos nutrir A luta começa agora E devemos persisti por nosso lugar na história Por todo o povo que depende de nós Mesmo sem acreditar que somos capazes de conseguir O final feliz nos espera E a comemoração se rebela Ansiosa e esperançosa por mais lutas bravas e heroicas Que nosso povo há de construir.

O último dia de VER-SUS potiguaras chegou! E com ele uma tristeza que no início não existia mas que agora é forte dentro de mim. Olhar para trás e ver tudo que aconteceu, o quanto foi produtivo, proveitoso e maravilhoso esses onze dias vivendo em coletividade. Tivemos algumas tarefas a cumprir antes das malas arrumar. Tudo feito! Chegou a hora de descobrir o camarada clandestino. Sim! Não havia falado dela antes por que o afeto foi construído com o tempo. No começo da vivencia foram sorteados nomes, os quais todos tinham o papel de cuidar de uma pessoa naquele local durante toda a vivencia. Quando puxo o papel e vejo o nome: Élida Dias. Olho para trás e a vejo. Como eu ia cuidar de alguém que nem conheço? E pior, esconder que sou eu. Foi uma tarefa complicada, no entanto todos os dias tentei ser presente no cuidado. E o que essa brincadeira tem de importante? Tudo. Tudo tem um por que e para mim ele foi justificado a pouco tempo. Quando recebemos o dever de cuidar de alguém devemos tomar cuidado com o que falamos, pensamos e como vamos tratar essa pessoa. É um trabalho de formiguinha que vai sendo desenvolvido realmente com o tempo. Precisamos observar, entender e até compreender as atitudes de nosso camarada para que possamos ser bons cuidadores. Porém, entendi que esse cuidado não deveria ser exclusivo para minha camarada. Cuidar de alguém com carinho deve ser rotina na vida de todo profissional, seja ele da saúde ou não. O cuidado vai além de toque e afeto. O cuidado pode começar desde pequenas atitudes que tomamos para melhorar o dia das pessoas a nossa volta. Vim para o VER-SUS com muitas expectativas, mas nenhuma delas se encaixava no que aprendi aqui. Aprender no VER-SUS como cuidar! Quem diria. Mas eu aprendi sim! Aprendi também a amar mais, respeitar mais, ouvir mais, lutar mais, desejar mais, sorrir mais, cuidar mais, observar mais... E até mesmo abraçar mais! A intensidade do momento da mística final balançou todos os meus sentimentos. Perceber que todos ali tinham um proposito e desejavam algo em comum me fazem acreditar que mesmo que esse anel saia de meu dedo, o desejo de construir um mundo melhor para todos jamais sairá de meu coração. É por isso, que me comprometo com todos a lutar por um projeto popular para a saúde e para a vida. Obrigado VER-SUS. Obrigado NB s. Obrigado amigas do quarto Maria das Graças. Obrigado por todos os sorrisos e abraços. Obrigado a todos que construíram esse VER-SUS junto comigo. A única luta que se perde é aquela que se abandona Carlos Mariguella.