4. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO 78
4 - RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO A metodologia utilizada neste trabalho, possibilitou a quantificação do grau do dano de cada um dos edifícios estudados, possibilitando a analise da intensidade do dano encontrado, qual o dano de maior intensidade e realização de um comparativo entre as edificações estudadas quanto ao seu desgaste, em função da agressividade ambiental. As três Edificações Residenciais analisados são edificações classificadas pela Prefeitura da região em que estão situadas, como construção de alto padrão, com utilização de material de primeira qualidade. Os Edifícios Residenciais (ER's) aqui analisados - 1 e 3, utilizaram o mesmo escritório de cálculo estrutural. Nos três edifícios estudados, o foco da inspeção foi a área do subsolo, que segundo Andrade (1997) em sua dissertação de mestrado, realizando um estudo baseado no levantamento das manifestações patológicas no estado do Pernambuco considerou como a região nas edificações onde existe a maior incidência de lesões na estrutura. 4.1 --EDIFÍCIO RESIDENCIAL 1 (ER 1) 4.1.1- Descrição O Edifício Residencial 1 (ER 1) está classificado quanto a agressividade ambiental, segundo a NBR 6118/2003, como classe III, cuja agressividade é forte já que trata de zona marinha. Esta classificação determina um grande risco de deterioração da estrutura. 4.1.2 - Histórico O Edifício Residencial 1 denominado nesta dissertação como ER 1 com 23 anos de construído, conta com 20 pavimentos, sendo 18 pavimentos tipo, 1 pavimento de garagem e 1 de subsolo, constando no seu projeto estrutural que a resistência a compressão do concreto seja de 15 Mpa. Desde a conclusão da sua construção até a data desta análise, nunca realizou serviços de manutenção em sua estrutura, exceto serviços de pintura e/ou recuperação localizada, decorrentes de ações de cargas exteriores de pequena intensidade, como impactos leves de automóveis em pilares. 79
4.1.3 - Estado da Estrutura Em vistoria visual, verificou-se que as vigas do subsolo não apresentavam nenhum tipo de patologia aparente. Percebeu-se também que essas vigas estavam pintadas com tinta a óleo e, em consulta aos moradores, tomou-se conhecimento que esta proteção sempre foi mantida pelo condomínio desde sua inauguração. As tubulações de água e esgoto recebem uma manutenção preventiva a cada 4 anos e em caso de algum vazamento, existe um sistema de manutenção imediato, o que também evita o aparecimento de umidade na laje, observou-se porém, um vazamento no subsolo provocado por acúmulo de água pluvial no pavimento da garagem, supostamente um erro de projeto, favorecendo o desenvolvimento de fungos, como pode ser observado na Figura 4.1. Figura 4.1 - Fungos na viga do subsolo do ER 1 80
4.1.4 - Ensaios Realizados Foram realizados ensaios para verificação da profundidade de carbonatação, potencial de corrosão, ultra-som e esclerometria no Edifício Residencial ER 1, de forma a obter maiores informações sobre o estado atual do concreto das estruturas analisadas. 4.1.4.1 - Profundidade de carbonatação O subsolo do Edifício Residencial 1, é uma área de pouca ventilação, o que favorece o confinamento de gases de motores a combustão com provável presença de CO 2. Realizou-se a aplicação de fenolftaleína nos pilares desta edificação, para determinação da profundidade de carbonatação Tabela 4.1 - Profundidade de Carbonatação e Cobrimento das Armaduras (ER 1) PILAR PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO COBRIMENTO (cm) (cm) P16 1,2 1,0 P19 1,0 1,0 P22 1,0 1,0 Os 22 pilares estudados foram numerados de P 1 a P 22. Na análise dos resultados, verificou que apenas os pilares 16, 19 e 22 conforme a Tabela 4.1, apresentaram profundidade de carbonatação atingindo as armaduras, como mostra a Figura 4.2. Nos demais pilares estudados, a profundidade de carbonatação não ultrapassa 0,2 mm, sendo considerada superficial. 81
Figura 4.2 - Profundidade de carbonatação atingindo a armadura devido ao pouco recobrimento. 4.1.4.2 - Potencial de corrosão O Ensaio para verificação do potencial de corrosão foi realizado nos pilares que não evidenciavam corrosão das armaduras conforme os resultados da Tabela 4.2. Tabela 4.2 - Potencial de corrosão (Pilares ER 1) PILARES POTENCIAL DE CORROSÃO P12-247 P16-227 P4-210 P1-202 Segundo a classificação da ASTM C-876(1990), os pilares estudados demonstraram que a probabilidade de estarem em processo de corrosão é de 5%. Verificando visualmente o Pilar P 2 do ER 1, nota-se a presença de corrosão, sem perda de seção. conforme Figura 4.3. 82
Figura 4.3 - Armadura de pilar do ER 1 com corrosão, porém ainda sem perda de seção. 4.1.4.3 - Velocidade do pulso ultra-sônico A qualidade da pasta é a propriedade de maior influência na velocidade de propagação das ondas ultra-sônicas. Assim sendo, como não há registros da relação água/cimento utilizada no concreto deste ER, utilizamos o ultra-som para avaliar qualitativamente os Pilares P 2, P 4 e P 16 do ER 1, escolhidos aleatoriamente, com os resultados apresentados na Tabela 4.3 Tabela 4.3 - Velocidade do Pulso Ultra-Sônico (Pilares ER 1) PILARES V (m/s) P2 3700 P16 3100 P4 4150 Notou-se uma grande variação nas velocidades para diferentes elementos de pilar, porém, segundo classificação de Rincon et al (1998), o concreto de todos os pilares analisados apresentaram-se de boa qualidade. 83
4.1.4.4 - Ensaio de esclerometria O ensaio de esclerometria obedeceu ao método proposto pela NBR 7584/1982 que avalia a dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão. A direção do esclerômetro foi para todos os três estudos casos, mantidos na horizontal; a condição da superfície estudada foi lisa e realizada em temperatura ambiental. Foram realizadas 5 impactos em cada um dos Pilares, P 3, P 4, P 10 e P 12, conforme Tabela 4.4, escolhidos aleatoriamente e calculado a média aritmética dos resultados com descarte dos valores com variação de ± 5 unidades do valor médio das medições. Tabela 4.4 - Esclerometria (Pilares ER 1) PILAR INDICE ESCLEROMÉTRICO (Ie) P12 35 P3 38 P10 41 P4 42 Neste ensaio, por vezes a área determinada coincidiu com as armaduras dos pilares, o que resultou em falsa dureza, obrigando a desenhar nova área para realização do mesmo. Verificou-se neste ensaio a grande variabilidade da dureza superficial. 4.1.5 - Grau de Deterioração das Famílias 4.1.5.1 - Família de pilares - ER 1 A Tabela 4.5 resume os diferentes danos observados na avaliação dos 21 pilares do ER 01. Calculado o grau de dano desta família de elemento. O cálculo do Gde1, refere-se a expressão segundo Castro (1994), e Gde2, relacionada a expressão desenvolvida por Lopes (1998). Tabela 4.5 - Avaliação dos Danos e Grau de Deterioração do Elemento - "Pilares" (ER 1) Pilar Danos Fi Fp D m Gde1 Gde2 Eflorescência 2 5 4 P2 Esfoliação 3 8 32 3 36,00 40,00 Mancha 2 5 4 P3 Mancha 2 5 4 1 4,00 4,00 84
Tabela 4.5 - Avaliação dos Danos e Grau de Deterioração do Elemento - "Pilares" (ER 1) (Continuação) Pilar Danos Fi Fp D m Gde1 Gde2 P4 Infiltração na base 1 6 2,4 2 6,40 6,40 Esfoliação 2 8 6,4 P6 Desagregação 2 7 5,6 2 5,60 5,60 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 Infiltração na base 1 6 2,4 P7 Eflorescência 2 5 4 4 35,47 39,84 Esfoliação 3 8 32 Manchas 2 5 4 P10 Esfoliação 2 8 6,4 1 6,40 6,40 Eflorescência 2 5 4 P11 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 4 49,87 57,0 Fissuras 3 10 40 Manchas 3 5 20 P12 Manchas 2 5 4 1 4,0 4,0 Infiltração na Base 1 6 2,4 Eflorescência 2 5 4 P13 Esfoliação 2 8 6,4 6 9,84 11,06 Manchas de Corrosão 1 7 2,8 Fissuras 1 10 4 Manchas 2 5 4 Eflorescência 3 5 20 Esfoliação 3 8 32 P14 Desagregação 3 7 28 5 61,20 67,17 Cobrimento deficiente 2 6 4,8 Fissuras 3 10 40 Infiltração da base 1 6 2,4 Esfoliação 3 8 32 Desagregação 2 7 5,6 Cobrimento deficiente 1 6 2,4 P16 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 8 48,23 65,18 Fissuras 3 10 40 Carbonatação 2 7 5,6 Manchas 2 5 4 85
Tabela 4.5 - Avaliação dos Danos e Grau de Deterioração do Elemento - "Pilares" (ER 1) (Continuação) Eflorescência 2 5 4 Esfoliação 2 8 6,4 P17 Infiltração na Base 2 6 4,8 Cobrimento deficiente 2 6 4,8 6 13,12 13.24 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 Fissuras 2 10 8 Eflorescência 2 5 4 Esfoliação 2 8 6,4 Cobrimento deficiente 1 6 2,4 P18 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 6 44,48 54.4 Fissuras 3 10 40 Manchas 2 5 4 Eflorescência 1 5 2 Esfoliação 2 8 6,4 P19 Cobrimento deficiente 1 6 2,4 Fissuras 2 10 8 6 12,08 11.35 Carbonatação 2 7 5,6 Manchas 2 5 4 Esfoliação 2 8 6,4 P20 Cobrimento deficiente 1 6 2,4 4 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 44,80 50.58 Fissuras 3 10 40 Esfoliação 3 8 32 P21 Manchas de Corrosão 2 7 5,6 3 36,80 59.69 Manchas 2 5 4 Gdf(Grau de deterioração da família de elementos) Expressão Castro (1994) 44,56 Expressão Lopes (1998) 54,23 Expressão Boldo (2002) 123,94 Gde1 - Calculo do Gde pela expressão de Castro (1994) Gde2 - Cálculo do Gde pela expressão de Lopes (1998) 86
Na Figura 4.4, que representa o Pilar P 21, verificou-se a expansão do concreto causado provavelmente pela corrosão das armaduras. Figura 4.4 - Expansão do Concreto (ER 1) Analisando o estado dos pilares da Edificação 1, do total de 22 pilares estudados, 17 apresentavam algum tipo de dano e foi encontrado um total de 66 danos de dez diferentes tipos. O número de patologias encontradas por pilar foi variável, visto que 3 dos pilares estudados apresentaram 1 dano enquanto que o Pilar P16 apresentou 8 danos. A Figura 4.5 apresenta o percentual de danos na família pilar. 87
Esfoliação Manchas Fissuras Eflorescencia Manchas De Corrosão Cobrimento Deficiente Infiltração na Base Carbonatação Desagregação Segregação 0 5 10 15 20 % Figura 4.5 - Ocorrência de danos nos pilares da Edificação 1 Verificou-se que a mais freqüente das patologias encontradas neste ER, foi a esfoliação (20%) resultante provavelmente da corrosão da armadura devido alta porosidade do concreto. O grau de intensidade deste dano foi significativamente alto, apesar de não ter ultrapassado o nível 3, conforme Figura 4.6. 88
20% 18% Fi=1 Fi=2 Fi=3 62% Figura 4.6 - Ocorrência do danos em pilares por fator de intensidade 4.1.5.2 - Família das vigas e lajes (ER 1) Na inspeção visual, não foram evidenciados sinais de degradação da família de elemento viga e laje. 4.1.5.3 - Reservatório inferior Os diferentes danos observados estão listados na Tabela 4.6 evidenciando principalmente o fenômeno de eflorescência e de vazamentos, devido ao aparecimento de fissuras decorrentes da expansão do concreto, é provocada pela corrosão das armaduras. Esta corrosão provavelmente, devido ao cobrimento deficiente das paredes do reservatório inferior. 89
Tabela 4.6 Avaliação dos Danos e Grau do Deterioração do Reservatório Inferior (ER 1) Dano no reservatório inferior. Fi Fp D M Gde 1 Gde 2 Infiltração 4 8 12,8 Eflorescência 3 7 8,4 Manchas de Corrosão 4 9 14,4 4 24,26 24,08 Cobrimento Deficiente 3 7 8,4 Gdf(Grau de deterioração da família de elementos) Expressão Castro(1994) 24,26 Expressão Lopes(1998) 24,08 Expressão Boldo(2002) 24,08 Segundo as três expressões utilizadas neste trabalho para cálculo do grau de deterioração da família de elementos (Gdf), ambas concordam verificou-se a necessidade de uma intervenção a médio prazo com observação periódica. 4.1.6 - Grau de Deterioração da Estrutura A Tabela 4.7 resume o grau de deterioração de cada família de elementos com seu respectivo valor do fator de relevância estrutural, resultando no cálculo do grau de deterioração da estrutura do Edifício Residencial 1. O Gd, pela expressão de Castro (1994), é avaliado em 36,98, valor considerado médio com necessidade de observação periódica e intervenção a médio prazo no ER 1. Tabela 4.7 - Grau de Deterioração da Estrutura (ER 1) Família Gdf 1 Gdf 2 Gdf 3 Fr K Pilares 44,61 54,23 123,94 5,0 Vigas ----- ----- 2 Laje ----- ----- Reservatório Inferior 24,26 24,08 24,08 3,0 Gd (Grau de deterioração da estrutura) Castro (1994) 36,98 Gd (Grau de deterioração da estrutura) Lopes (1998) 42,92 Gd (Grau de deterioração da estrutura) Boldo (2002) 42,92 90