ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES EM FILMES ELETRODEPOSITADOS POR VOLTAMETRIA ANÓDICA.

Documentos relacionados
Palavras-chave: Porosidade, Revestimentos, Filmes finos, Eletroquímica.

CAPÍTULO 4. O raciocínio lógico leva você de A a B. A imaginação. leva você a qualquer lugar. Albert Einstein ( ), físico alemão

CAPÍTULO 7. Os homens nascem ignorantes, mas são necessários anos de. estudo para torná-los estúpidos.

Haroldo de Araújo Ponte*, Alexandre Michel Maul a, Evandro de Azevedo Alvarenga b

Estudo preliminar da deposição voltamétrica de estanho sobre aço em meio ácido

2 o CONGRESSO BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO e GÁS

ESTUDO DA CORROSÃO DO Al RECICLADO DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

CAPÍTULO 6. O cérebro é o aparato com o qual nós pensamos que pensamos. Ambrose Bierce ( ), escritor americano

CAPÍTULO 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

QUÍMICA. Transformações Químicas e Energia. Eletroquímica: Oxirredução, Potenciais Padrão de Redução, Pilha, Eletrólise e Leis de Faraday - Parte 10

OBTENÇÃO DE LIGAS AMORFAS A BASE DE Fe-Cr-Co-P ATRAVÉS DE ELETRODEPOSIÇÃO


02/10/2017 ELETRÓLISE AQUOSA

ESTUDO COMPARATIVO DA PERMEAÇÃO DO HIDROGÊNIO ATRAVÉS DE UMA PELÍCULA DE NÍQUEL OU PALÁDIO DEPOSITADAS SOBRE A LIGA API 5L X80

ALEXANDRE MICHEL MAUL

INFLUÊNCIA DA FOSFATIZAÇÃO NA PROTEÇÃO DO ALUMÍNIO 2024 POR FILMES DE POLIPIRROL

Erik Luís Sardinha Cecconello. Morfologia e Porosidade de Níquel Eletrodepositado em Cobre. ORIENTADOR: Prof. Drª. Vanessa Cunha de Freitas Lins

ESTUDO DO EFEITO DA TEMPERATURA DO BANHO NA ELETRODEPOSIÇÃO DA LIGA Fe-Mo

Estudo de um banho ácido não cianetado de deposição da liga Cu/Sn

1. Finalidades e Aplicações

CAPÍTULO 5. Materiais e Métodos 97. Errar é humano. Botar a culpa nos outros, também. Millôr Fernandes (76 anos), humorista brasileiro

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

ESTUDO ELETROANALÍTICO DO CARRAPATICIDA FIPRONIL PELA TÉCNICA DE VOLTAMETRIA CÍCLICA. Resumo 800

Índice. Agradecimentos... Prefácio da Edição Revisada... Prefácio...

ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES EM REVESTIMENTOS DE CROMO SOBRE AÇO

PMT CORROSÃO E PROTEÇÃO DOS MATERIAIS

APÊNDICE A FOTOGRAFIA DO REATOR UTILIZADO

ESTUDO DO EFEITO DA DENSIDADE DE CORRENTE NO PROCESSO DE ELETRODEPOSIÇÃO DA LIGA Fe-W

INVESTIGAÇÃO DA Ruellia asperula COMO INIBIDOR DE CORROSÃO DO AÇO-CARBONO EM MEIO ÁCIDO

Detalhes: Potenciostato Célula Eletroquímica Tipos de célula eletroquímica

1. Moroi, Y. Micelles theoretical and applied aspects Plenum Publishing Co., 1992.

Conferencia sobre Tecnologia de Equipamentos

AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS DENSIDADE DE CORRENTE E ph DO BANHO SOBRE AS PROPRIEDADES DA LIGA Mo-Co-Fe

APLICAÇÃO DE CELA DE HULL

Eletrólise Eletrólise de soluções aquosas

Trabalho 2º Bimestre Ciências dos Materiais

ELETRODEPOSIÇÃO DE FILMES DE POLIPIRROL EM MEIO ORGÂNICO CONTENDO ÁCIDO FOSFÓRICO. Rua Pedro Vicente, 625, , Canindé, São Paulo

RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE ELETRODEPÓSITOS Ni-Fe OBTIDOS A PARTIR DE ELETRÓLITOS DE WATTS MODIFICADOS.

PMT CORROSÃO E PROTEÇÃO DOS MATERIAIS

DÉBORA JIMENEZ MORILLAS APLICAÇÃO DE DISSOLUÇÃO ANÓDICA PARA AVALIAÇÃO DE DESCONTINUIDADES EM REVESTIMENTOS DE CROMO DURO

Polarização e cinética de eletrodo

CAPÍTULO 5 - COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO FERRO EM MEIOS COM SULFETOS -

Lista de Figuras. Figura 4.2. Figura 4.3.

SOLDAGEM. Engenharia Mecânica Prof. Luis Fernando Maffeis Martins

MONTAGEM E CARACTERIZAÇÃO DE UMA PILHA DE COMBUSTÍVEL DE BOROHIDRETO/PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO

AULA DE RECUPERAÇÃO PROF. NEIF NAGIB

EFEITO DO ÁCIDO FÓRMICO EM REVESTIMENTOS DE ZINCO OBTIDOS POR DEPOSIÇÃO GALVANOSTÁTICA

CAPÍTULO 1. Para cada problema complexo há uma resposta clara. simples e errada. Henry Louis Meneken ( ), jornalista americano

6 Determinação voltamétrica de Cu (II) utilizando eletrodo de filme de bismuto

ESTUDOS DA CORROSÃO DE ELETRODEPÓSITOS DE Zn -Ni, Zn-Fe E Zn-Co EM MEIO DE CLORETO E DE SULFATO

AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA, CORRENTE ELÉTRICA E CONCENTRAÇÃO DE FeSO 4 EM BANHO ELETROLÍTICO PARA FORMAÇÃO DE LIGAS DE TUNGSTÊNIO

21. Considere a seguinte expressão de constante de equilíbrio em termos de pressões parciais: K p =

PMT CORROSÃO E PROTEÇÃO DOS MATERIAIS

22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E DE CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX. Moisés Alves Marcelino Neto e Ana Vládia Cabral Sobral

INTRODUÇÃO À ELETROQUÍMICA Prof. Dr. Patricio R. Impinnisi Departamento de engenharia elétrica UFPR

e - Zinco ZnSO 4 Zn(s) Zn 2 Zn(s) Zn 2+ (aq) + 2 e - + 0,76 V Cu(s) Cu 2+ (aq) + 2 e - - 0,34 V

Células eletrolíticas são mecanismos que provocam uma reação não espontânea de oxi-redução pelo fornecimento de energia elétrica ELETRÓLISE ÍGNEA

E (V) Ag + e Ag 0,80 Zn + 2e Zn 0,76

CAPÍTULO 7 - RESULTADOS E DISCUSSÃO -

Química. Eletroquímica

INFLUÊNCIA DA SOLDA NA VIDA EM FADIGA DO AÇO SAE 1020

CORROSÃO PATOLOGIA E RECUPERAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES. Prof. Mazer AULA 05

Keywords: AISI 316 steel, Electrochemical corrosion, Electrochemical polarization spectroscopy

Estudo do Processo de Eletropolimento de Tubos de Aço Inoxidável AISI 348L

CORROSÃO ATMOSFÉRICA. É extremamente dependente das condições no local de exposição.

Soldagem arco submerso III

Aglailson Glêdson Cabral de Oliveira (1); Eudésio Oliveira Vilar (2)

PMT2423 FÍSICO-QUÍMICA PARA METALURGIA E MATERIAIS III. PMT Físico-Química para Metalurgia e Materiais III - Neusa Alonso-Falleiros

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DA MICRODUREZA DA LIGA Co-W-Fe UTILIZANDO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

6 Determinação voltamétrica de Cu (II) utilizando eletrodo de filme de bismuto

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

ALGUNS RESULTADOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE REVESTIMENTOS COMERCIAIS ALTERNATIVOS AO CÁDMIO. Luís Alexandre Sores da Silva COPPE/UFRJ

APLICAÇÃO DA TÉCNICA VOLTAMÉTRICA NO ESTUDO DO GRAU DE RECOBRIMENTO DO FILME DE CROMATIZAÇÃO SOBRE CHAPA ZINCADA

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES DE PbO 2 DEPOSITADOS SOBRE ANODOS TRIDIMENSIONAIS PARA DEGRADAÇÃO DE POLUENTES ORGÂNICOS RESUMO

Catálogo de produtos

Conferencia sobre Tecnologia de Equipamentos

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE REVESTIMENTO Ni METÁLICO EM MEMBRANAS DE QUITOSANA POR ELETRODEPOSIÇÃO

Processo de Soldagem Eletrodo Revestido

Guia de Defeito Zinco Alcalino sem Cianeto

Introdução Conteúdo que vai ser abordado:

ESTUDO VOLTAMÉTRICO DO CRESCIMENTO DE ÓXIDOS DE ZINCO EM CHAPAS ZINCADAS CONTENDO ANTIMÔNIO OU CHUMBO

TECNOLOGIA ALTERNATIVA PARA PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO DE LIGAS DE ALUMÍNIO

NANOCATALISADOR PARA CÉLULA A COMBUSTÍVEL OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO Rafael Dutra Ferrugem 1 Roberto Rauber Pereira 2 Ester Schmidt Rieder 3

CQ 049 FÍSICO QUÍMICA IV

QUÍMICA - 2 o ANO MÓDULO 29 ELETROQUÍMICA - EXERCÍCIOS

Guia Defeito Cobre Alcalino

Estudo e desenvolvimento de processo não convencional de conformação de junção

CORROSÃO E ELETRODEPOSIÇÃO

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS - UNISANTOS

PREPARO DE FILMES CONTENDO ACETILACETONATO DE ALUMÍNIO. PREPARATION OF FILMS CONTAINING ALUMINIUM ACETYLACETONATE.

REVESTIMENTO DUPLEX NA PROTEÇÃO DO ALUMÍNIO 2024 CONTRA A CORROSÃO. Rua Pedro Vicente, 625, , Canindé, São Paulo, SP

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Corrosão e degradação de materiais. Modificação aparência. Interação Comprometimento pp mecânicas

e.) Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersiva (EDS):

CARACTERIZAÇÃO ELETROQUÍMICA DE FILMES FINOS DE CeO 2 -SiO 2

Corrosão: Definições e implicações práticas Aspectos termodinâmicos Formas de controle

Transição ativo-passiva. Corrosão ativa. Fig.1 Curva de polarização anódica esquemática de um metal que é capaz de passivar-se em dado meio.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Escola de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais - PPGEM

Transcrição:

ANÁLISE DE DESCONTINUIDADES EM FILMES ELETRODEPOSITADOS POR VOLTAMETRIA ANÓDICA. Haroldo A. Ponte *, Ana Carolina Tedeschi Gomes, Alexandre Michel Maul * Laboratório de Eletroquímica Aplicada, Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19011, 81531-990, Curitiba - PR, Brasil. Grupo de Eletroquímica Aplicada - GEP RESUMO Buscando uma melhor compreensão da influência de parâmetros de eletrodeposição na continuidade de revestimentos, aplicou-se uma técnica de Dissolução Anódica Voltamétrica -DAV para a caracterização de poros e trincas do depósito, θ. Esta técnica está baseada na comparação entre as densidades de carga de passivação do substrato isento de revestimento e com revestimento. O sistema utilizado foi o níquel/cobre e os revestimentos foram obtidos utilizando banho de níquel tipo Watts sob condições galvanostáticas. Analisando a variação de θ com a densidade de carga fornecida (d q ) observa-se que, com o aumento da densidade de corrente, há um decaimento mais acentuado da curva até um mínimo para uma densidade de carga de 1200 mc/cm 2. Esta variação no valor das descontinuidades do revestimento com a densidade de carga de deposição indica que, para pequenas espessuras, as descontinuidades podem estar sendo causadas por falta de revestimento. Já para maiores espessuras, pode estar havendo uma significativa influência das tensões internas, que geram desagregação do revestimento e/ou trincas. Palavras-Chaves : 1) Porosidade de revestimentos, 2) trincas de revestimentos, 3) Descontinuidades de revestimentos CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44901

INTRODUÇÃO Um metal eletrodepositado normalmente está submetido a forças de tração ou de compressão. Isto ocorre devido ao desajuste entre os parâmetros de rede da estrutura do material eletrodepositado em relação ao do substrato. O dimensionamento do valor desta força tem apresentado considerável interesse industrialmente uma vez que esta pode causar o surgimento de trincas ou desagregação do revestimento com conseqüências negativas para as propriedades do revestimento produzido [1-3] Um dos principais efeitos de condições de eletrodeposição de alta densidade de corrente é a obtenção de revestimentos com estruturas características de dendritas ou pulverulenta. Esta morfologia está associada ao processo de eletrocristalização e a interações entre substrato e revestimento que, para o caso do sistema cobre/níquel, não apresentam efeitos significativos devido à proximidade entre seus parâmetros de rede e mesma estrutura cristalina (CFC). A principal causa de descontinuidades no sistema em estudo (Cu/Ni) torna-se, portanto, falhas de revestimento (porosidade) ou sua desagregação. Estas descontinuidades podem ser quantificadas através da utilização de técnicas eletroquímicas que medem porosidade tornando possível uma correlação entre tensão e descontinuidade (porosidade) [4-6]. O objetivo deste trabalho é o de relacionar condições de eletrodeposição, de baixa e alta densidade de corrente, relativas à densidade de corrente limite do processo, bem como de densidade de carga (espessura) à morfologia e à descontinuidades dos eletrodepósitos. Para tanto será utilizada técnica eletroquímica de voltametria anódica para avaliação das descontinuidades. EXPERIMENTAL A técnica eletroquímica utilizada no desenvolvimento deste trabalho foi de voltametria anódica, a qual consiste na polarização anódica do sistema substrato /revestimento e na medida da densidade de carga envolvida no processo de passivação do substrato. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44902

Para a aplicabilidade desta técnica é necessário que o substrato não sofra ataque químico na solução de dissolução/passivação, que o substrato passive quando polarizado anodicamente e que o revestimento permaneça inerte ou apresente uma taxa de reação pequena e quantificável na faixa de potencial em que ocorre a passivação do substrato [4,6-8]. Neste trabalho foi selecionado o revestimento de níquel sobre cobre. Os eletrodos de níquel e de cobre utilizados na definição das condições iniciais apresentavam grau de pureza de 99,9 %. O eletrodo de trabalho de níquel consistia de um pequeno cilindro de níquel embutido com resina de base epóxi, tipo Araldite em um tubo de vidro Pirex e soldado a um fio de cobre, o qual servia de contato elétrico. O eletrodo de cobre foi construído utilizando o mesmo procedimento que o do níquel. A área do eletrodo de níquel exposta ao eletrólito foi de 0,226 cm 2 e do eletrodo de cobre foi de 0,156 cm 2. O contraeletrodo utilizado foi um fio de platina de 1 mm de diâmetro na forma de uma espiral e como eletrodos de referência foram construídos eletrodos de Pt/Hg/Hg 2 Cl 2 /KCl (sat), com um potencial de +241,5 mv em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. Os equipamentos utilizados para a execução deste trabalho foram um potenciostato/galvanostato PAR modelo 273, acoplado a um computador com o programa M 270. A eletrodeposição do níquel foi feita de forma galvanostática com 3 densidades de correntes distintas (1-3-6 A/dm 2 ) e 5 intervalos de tempo (10-20-30-40-50 s) para cada densidade utilizada. O eletrólito utilizado para a deposição de níquel foi um banho tipo Watts sem aditivos orgânicos composto por sulfato de níquel (NiSO 4.6 H 2 O) 0,91 M, cloreto de níquel (NiCl 2.6 H 2 O) 0,19 M e ácido bórico (H 3 BO 3 ) 0,48 M. O eletrólito utilizado para o processo de polarização anódica voltamétrica foi uma solução de sulfito de sódio (Na 2 SO 3 ) 0,4 M. Todos os reagentes utilizados eram de grau analítico e a solução mantida à temperatura ambiente (25 C ± 3 C). A água utilizada para a preparação de soluções, lavagem de material, lavagem do eletrodo e durante todo o experimento foi água destilada. Para a preparação do eletrodo foi utilizada lixa com gramatura 600. A velocidade de varredura utilizada na dissolução anódica foi de 10 mv/s. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44903

A comparação entre as densidades de carga de passivação do substrato isento de eletrodepósito (densidade de carga padrão de passivação) e aquela envolvida na passivação do substrato revestido fornece a porosidade, conforme a expressão: Q pass θ = (1) Q 0 pass Onde: θ = porosidade, fração da área do substrato exposto ao meio; Q 0 pass = carga de dissolução/passivação do substrato isento de revestimento; Q pass = carga de dissolução/passivação do substrato revestido; RESULTADOS E DISCUSSÕES Para análise da porosidade (equação 1) foi necessário, inicialmente, fazer um estudo do comportamento voltamétrico do níquel e do cobre na solução de dissolução para verificar as regiões de reação anódica. Como comentado, a condição necessária é que o substrato seja passivado e que o revestimento se mantenha inerte durante o processo de passivação do substrato. Para o eletrodo de cobre, sem o revestimento de níquel, verifica-se que o início do processo de passivação ocorre num potencial de aproximadamente 0,43 V. O pico do processo está em cerca de 0,25 V, o que corresponde a uma densidade de corrente perto de 3400 µa/cm 2. Já para o caso do níquel, observa-se um início de reação anódica num potencial em torno de 0,50 V, porem, a densidade de carga envolvida neste processo inicial de dissolução do níquel é de 25 µa/cm 2. Desta forma, será considerada desprezível a influência da reação de dissolução do níquel. O potencial em que começa a haver reação de dissolução significativa é de cerca de + 0,15 V. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44904

passivação do Cu 3500 3000 2500 d i (µa/cm 2 ) 2000 1500 1000 500 0-500 -0,7-0,6-0,5-0,4-0,3-0,2-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 E (V) Figura 1. Voltamograma: eletrodo de cobre Na 2 SO 3, Velocidade de varredura de 10 mv/s. 80 passivação do Ni 70 60 50 d i (µa/cm 2 ) 40 30 20 10 0-10 -0,7-0,6-0,5-0,4-0,3-0,2-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 E (V) Figura 2. Voltamograma: eletrodo de níquel Na 2 SO 3, Velocidade de varredura de 10 mv/s. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44905

O depósito de níquel sobre o eletrodo de cobre foi realizado nas condições especificadas e cada condição foi repetida 3 vezes de modo a garantir a precisão dos resultados. Um voltamograma típico para o processo de dissolução do sistemas Ni/Cu, está apresentado na figura 3 onde observa-se a variação da densidade de carga envolvida no processo de passivação do cobre com a densidade de carga de deposição. 200 150 depósito com d i = 3 A/dm 2 t = 10 s t = 30 s t = 50 s d i (µa/cm 2 ) 100 50 0-0,6-0,4-0,2 0,0 0,2 0,4 E (V) Figura 3. Voltamograma: sistema Ni/Cu Na 2 SO 3, Velocidade de varredura de 10 mv/s. Para a análise das descontinuidades do revestimento, foi feito o cálculo da área da curva até o ponto de pico obtendo-se a densidade de carga, q, correspondente à metade processo de passivação. A porosidade do depósito (θ) foi obtida pela aplicação da equação (1). Os gráficos abaixo representam a variação da porosidade em relação ao tempo de deposição (densidade de carga), para cada densidade de corrente aplicada. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44906

5,0 i = 1 A/dm 2 4,5 4,0 3,5 θ 3,0 2,5 2,0 1,5 10 20 30 40 50 t (s) Figura 4 : porosidade do revestimento obtido com i = 1 A/dm 2 4,0 i = 3 A/dm 2 3,5 3,0 θ 2,5 2,0 1,5 10 20 30 40 50 t (s) Figura 5: porosidade do revestimento obtido com i = 3 A/dm 2 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44907

5,5 i = 6 A/dm 2 5,0 4,5 4,0 θ 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 10 20 30 40 50 t (s) Figura 6: porosidade do revestimento obtido com i = 6 A/dm 2 Utilizando-se a média das medidas de cada condição foi possível plotar um gráfico com as três curvas. θ 0,048 0,046 0,044 0,042 0,040 0,038 0,036 0,034 0,032 0,030 0,028 0,026 0,024 0,022 0,020 i = 1 A/dm 2 i = 3 A/dm 2 i = 6 A/dm 2 10 20 30 40 50 t (s) Figura 7: variação da porosidade em relação ao tempo de depósito CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44908

Analisando as curvas, percebe-se que as curvas correspondentes às densidades 3 e 6 µa/cm 2 possuem um mínimo. Isso significa que, a partir de um certo ponto, a porosidade do revestimento aumentou. Isso pode ser conseqüência de possíveis trincas formadas no revestimento, provenientes das tensões internas. Já para i = 1 µa/cm 2, não é possível prever tal comportamento, já que a variação da porosidade, a partir do depósito feito em 20 s, é pequena, quase constante. Para verificar a influência da espessura do revestimento na porosidade, plotou-se um gráfico relacionando a variação da porosidade com a densidade de carga utilizada para a deposição (q d ). Os resultados obtidos estão apresentados na figura 8. θ 4,8 4,6 4,4 4,2 4,0 3,8 3,6 3,4 3,2 3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 i = 1 A/dm 2 i = 3 A/dm 2 i = 6 A/dm 2 0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400 2700 3000 q (mc/cm 2 ) Figura 8: variação da porosidade em relação a densidade de carga do depósito O gráfico acima nos mostra que a suposta formação de trincas ocorre quando q d é maior que 1200 mc/cm 2, no caso das densidades de deposição iguais a 3 e 6 µa/cm 2. Este resultado indica que há uma correlação entre a espessura do revestimento e níveis de tensões que geram trincas. Para a curva correspondente à condição de menor densidade de corrente não se pôde chegar a conclusões, por falta de medidas suficientes. CONCLUSÃO CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44909

Observa-se que, para o caso estudado, com o aumento da densidade de carga aplicada na deposição, há um decréscimo da porosidade até um valor limite de 1200 mc/cm 2. Esta porosidade é conseqüente de falta de revestimento devido às irregularidades existentes na superfície do substrato e às condições de depósito, assim como ao procedimento utilizado para executá-lo. Após este valor limite, nota-se que a porosidade do revestimento volta a aumentar. Este comportamento pode estar sendo causado por tensões internas, que geram desagregação do revestimento e/ou trincas. REFERÊNCIAS [1] P Leisner,. E M e Benzon,. Trans. Inst. Metal Finishing, v. 75, n. 2, p. 88-92. 1997. [2] I M Notter, e D R Gabe, Corrosion Science, v. 34, n. 5, p. 851-870. 1993. [3] I M Notter, e D R Gabe, Trans. Inst. Metal Finishig, v. 68, p. 59-94. 1990. [4] H A Ponte, A M Maul, Análise por técnica eletroquímica as porosidade de revestimento sobre superfícies metálicas. In: XV Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica, COBEM 1999, Águas de Lindóia. [5] H A Ponte, A M Maul, Controle da porosidade de eletrodepósitos de níquel sobre cobre por técnica de dissolução anódica voltamétrica. In: Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materias - 13 CBECIMAT, 1998, Curitiba. [6]I.A. Carlos São Carlos, 1990. Tese (Doutoramento) - USP-IFQSC, DQFM, Universidade Federal de São Carlos. [7] H A Ponte, Tese de Doutoramento, São Carlos, UFSCar-DEMA. 1994. [8] H A Ponte, A M Maul, Interfinish Latino-Americano, EBRATS 97, São Paulo SP. 1997. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao apoio do CNPq e da CAPES, através da concessão de bolsa de iniciação científica e de mestrado, e aos Departamentos de Física, Química e Tecnologia Química da Universidade Federal do Paraná, os quais disponibilizaram os equipamentos necessários para a execução do projeto. Agradecemos também aos CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44910

integrantes do Grupo de Eletroquímica Aplicada GEA, desta mesma universidade, pelo apoio e fornecimento de informações. CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 14., 2000, São Pedro - SP. Anais 44911