A INFLUÊNCIA DO RELEVO PARA A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE AFASTAMENTO DE ESGOTO DA CIDADE DE MARÍLIA-SP

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Transcrição:

A INFLUÊNCIA DO RELEVO PARA A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE AFASTAMENTO DE ESGOTO DA CIDADE DE MARÍLIA-SP Caio Augusto Marques dos Santos, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus de Presidente Prudente-SP. kiomarques@hotmail.com. João Osvaldo Rodrigues Nunes, Professor Doutor do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Campus de Presidente Prudente-SP. joaosvaldo@fct.unesp.br. Resumo Para a concepção e projeção do sistema de afastamento de esgotos da cidade de Marília, o relevo foi um dos pontos de importância fundamental para se traçar e dimensionar os condutos. A partir de sua análise e, em combinação com os outros elementos técnicos, econômicos e ambientais, chegouse a construção de três subsistemas de afastamento e tratamento a partir das seis bacias de esgotamento em que a cidade é dividida: Barbosa, Palmital e Pombo. O primeiro subsistema será responsável pelo tratamento dos esgotos provenientes da bacia do Ribeirão Cascatinha e de sua própria bacia (Córrego Barbosa); o segundo tratará os esgotos provenientes da bacia do Ribeirão dos Índios, da bacia do Córrego Cascata e de sua própria bacia (Córrego Palmital); e o terceiro tratará os esgotos provenientes unicamente de sua bacia (Córrego do Pombo). De acordo com essas características, o subsistema Barbosa contará com a instalação de três estações elevatórias, com o objetivo de, através de conjuntos moto-bombas, fazer a transposição de esgotos de uma bacia para outra. No subsistema Palmital, por tratar esgotos oriundos de outras duas bacias, contará com seis estações elevatórias. No subsistema Pombo não haverá transposição de esgotos. Dessa forma, o objetivo do trabalho é analisar a influência que o relevo teve para a constituição do sistema de afastamento de esgoto da cidade, dando ênfase ao dimensionamento hidráulico dos conjuntos elevatórios. Os resultados foram obtidos a partir da análise da rede coletora pré-existente, do mapa geomorfológico da cidade, dos mapas clinográfico e hipsométrico do município e perfis topográficos dos emissários por recalque. Palavras-chave: Marília-SP Geomorfologia Esgoto. 1. Introdução Geomorfologicamente, a cidade se localiza na morfoestrutura da Bacia Sedimentar do Paraná e na morfoescultura do Planalto Ocidental Paulista, mais precisamente no Planalto Residual de Marília. Apresenta uma morfologia típica de relevos tabuliformes de centro de bacia, sendo caracterizada por camadas sedimentares horizontais ou sub-horizontais que correspondem a chapadas, chapadões e tabuleiros que lembram a presença de mesa, uma extensão de mesa ou tabuleiros mantidos por camadas basálticas ou sedimentos mais resistentes (CASSETI, 2001). Seu processo de evolução está relacionado com as alternâncias climáticas ocorridas durante o período geológico Quaternário. Foi essa configuração do relevo que condicionou a concepção do sistema de afastamento e tratamento de esgoto. Tendo como base as seis bacias hidrográficas em que Marília é dividida, e na inviabilidade de se utilizar uma única estação de tratamento que centralizasse todo o tratamento de esgoto da cidade, buscou-se a formulação de alternativas através da transposição de divisores de água, promovendo a reversão dos esgotos de bacias contíguas mediante estações elevatórias e linhas de recalque, com a finalidade de reduzir o número de estações de tratamento.

Assim, o objetivo principal é evidenciar a influência que o relevo teve para a constituição do sistema de afastamento de esgoto, dando ênfase ao dimensionamento hidráulico dos conjuntos elevatórios (estação elevatória e emissário por recalque). 2. Materiais e Métodos A análise da influência do relevo para a constituição do sistema de afastamento de esgoto, partiu de sua caracterização geral, para posteriormente analisar os subsistemas individualmente, dando ênfase aos conjuntos elevatórios. Os resultados e discussões enfocam as influências do relevo para a constituição do sistema de afastamento de esgoto e dimensionamento hidraulico dos conjuntos elevatórios. 3. Resultados e Discussões O projeto do sistema de afastamento e tratamento de esgoto da cidade de Marília-SP convergiu para a construção de três unidades: Subsistema Barbosa: compreende a instalação de uma estação de tratamento na bacia 2, que receberá os esgotos dessa bacia e da bacia 1; Subsistema Pombo: compreende a instalação de uma estação de tratamento na bacia 3, que receberá esgotos dessa única bacia; Subsistema Palmital: compreende a instalação de uma estação de tratamento na bacia 5, que receberá esgotos dessa bacia e das bacias 4 e 6. No que diz respeito ao dimensionamento hidráulico dos emissários, alguns fatores são levados em consideração: vazão de transporte, declividade do terreno, diferenças altimétricas, desníveis topográficos e extensões. Em conjuntos elevatórios, além dos elementos acima citados, há também os fatores potência de bombas, linha de recalque e altura manométrica. Esse último representa, de acordo com ARAÙJO (2003), o trabalho total a ser realizado para conduzir uma vazão desejada de uma cota altimétrica menor a uma superior. 3.1. Subsistema Barbosa O subsistema Barbosa será responsável por afastar e tratar os esgotos provenientes da bacia do Córrego Barbosa e da bacia do Córrego Cascatinha, o que corresponde a 37,38% dos esgotos da cidade. Ele contará com 18 emissários e três estações elevatórias, duas das quais localizadas na bacia do Córrego Cascatinha com a função de, através de recalque, fazer com que os esgotos transponham o divisor de águas e chegue à bacia do Córrego Barbosa, onde, por gravidade alcançará a estação de tratamento.

O comprimento total aproximado dos emissários é de 24,5 km, dos quais, 22 km são por gravidade, ou seja, obedecendo ao escoamento natural da superfície do terreno. Os outros 2,5 km são emissários por recalque. Na bacia do Córrego Cascatinha, onde existirão duas estações elevatórias, o comprimento aproximado de emissários por recalque é de 1,8 km, o que supera em extensão os emissários por gravidade, que terão, aproximadamente, 1,2 km. Já na bacia do Córrego do Barbosa, onde haverá uma única estação, o comprimento dos emissários por gravidade é de aproximadamente 20,8 km e por recalque de 690 metros. Os conjuntos elevatórios que compõem o subsistema Barbosa e suas características estão presentes no quadro 1. Quadro 1: Características dos conjuntos elevatórios do Subsistema Barbosa. E.E 1.1 E.E 1.2 E.E 2.1 Altura Manométrica (m) 29,1 79,2 61,7 Linha de Recalque (m) 440 1.385 946 Diâmetro dos Tubos (mm) 150 400 150 Potência da Bomba (CV) 17,4 159,1 40,4 Vazão de Recalque (l/s) 26,5 119 28,5 Diferença Altimétrica (m) 9,025 64,457 19,226 O que se verifica a partir das análises das características dos conjuntos elevatórios, é que não há uma regra de proporcionalidade entres os fatores analisados quando comparados entre si. Os cálculos realizados para cada conjunto elevatório observaram as especificidades de cada caso. Comprova-se esse fato quando se compara as estações 1.1 e 2.1. Percebe-se que o fato de seus emissários serem do mesmo diâmetro não guarda relações: a- com suas extensões, pois o emissário da estação 2.1 possui 500 metros a mais; b- com as alturas manométricas, pois a estação 2.1 possui o triplo do valor; c- com as vazões, ainda que semelhantes; d- com a potência das bombas, mesmo a da estação 2.1 ser superior em duas vezes. O que explica os maiores valores desses fatores, mantendo-se os mesmos diâmetros dos emissários, é a diferença altimétrica de quase 20 metros em sua linha de recalque, 10 metros a mais que a estação 1.1, pois pequenos diâmetros favorecem ganhos de velocidade.

No que diz respeito a potência das bombas, elas estão mais ligadas a extensão da linha de recalque e a diferença altimétrica do que a vazão a ser bombeada. Nota-se isso pela potência de 159 CV da estação 1.2 para um comprimento de 1385 metros. Enquanto que nas outras duas, mesmo tendo vazões semelhantes, as potências são distintas devido ao comprimento dos condutos. Ao analisar os fatores diferença altimétrica e altura manométrica das estações 1.2 e 2.1, observa-se que o primeiro fator da estação 1.2 é aproximadamente três vezes superior, não havendo correspondência proporcional no segundo, sendo somente 18 metros maior. De comum entre as três estações é o fato de todos os condutos serem de ferro dúctil, material resistente capaz de suportar a pressão atingida pelo esgoto ao ser bombeado. 3.2. Subsistema Palmital O subsistema Palmital será responsável por afastar e tratar os esgotos provenientes de sua própria bacia (Córrego Palmital), da bacia do Ribeirão dos Índios e da bacia do Córrego Cascata, todas localizadas na região oeste de Marília. Contará com 15 emissários, responsáveis em transportar e tratar 43,82% dos esgotos da cidade. Terá seis estações elevatórias, das quais três se localizarão na bacia do Ribeirão dos Índios, uma na bacia do Córrego Palmital e duas na bacia do Córrego Cascata. A bacia Palmital, intermediária, receberá os esgotos por recalque provenientes da bacia do Ribeirão dos Índios, mais ao norte, e da bacia do Cascata, mais ao sul. O comprimento total aproximado dos emissários será de 33,6 km, sendo que 5,9 km são por recalque. Na bacia do Córrego do Ribeirão dos Índios, onde existirão três estações elevatórias, o comprimento dos emissários por recalque será de 2,6 km; na bacia do Palmital, será de 300 metros e na bacia do Cascata de 2,9 km. Percebe-se que nas bacias onde não haverá estações de tratamento necessita-se de maiores comprimentos de emissários por recalque, já que o esgoto terá que transpor os divisores de água. Os conjuntos elevatórios aqui analisados são: 4.1, 4.2, 4.3 e 6,2 (quadro 7). Quadro 7: Características dos conjuntos elevatórios do Subsistema Palmital. E.E. 4.1 E.E. 4.2 E.E. 4.3 E.E. 6.2 Altura Manométrica(m) 29,1 26,35 79 48 Linha de Recalque (m) 473 633 1.539 1.356 Diâmetro dos Tubos (mm) 150 200 350 150 Potência das bombas (CV) 18,5 28,25 180 30

Vazão de Recalque (l/s) 23,2 50 117 15 Diferença Altimétrica(m) 7,4 35,3 36,6 23,9 Comparando as estações elevatórias 4.1 e 4.2, verifica-se que, apesar de possuírem alturas manométricas semelhantes, o fator diferença altimétrica não influi com tanto significado no seu cálculo. O que torna o valor da estação 4.1 maior que o da 4.2, apesar da primeira apresentar uma diferença altimétrica de apenas 7 metros, e a segunda 35,3 metros, é o fato do ponto de chegada do recalque não ser o de máxima elevação. Ao observar as diferenças altimétricas das estações 4.2 e 4.3, nota-se que a diferença entre elas é de apenas um metro, no entanto a altura manométrica da 4.3 é aproximadamente três vezes maior. Percebe-se, portanto, que o que vai influenciar com maior peso são os fatores vazão e linha de recalque e, consequentemente, na potências das bombas e diâmetro dos emissários. Os materiais de que são feitos os emissários, assim como no subsistema Barbosa, são todos de ferro dúctil, material resistente capaz de suportar as pressões adquiridas pelos líquidos no processo de recalque. 4. Considerações Finais A geomorfologia ganha importância nos estudos de projeto de rede de afastamento, quando se torna fundamental identificar topos, vertentes e fundos de vale com o objetivo de delimitar a área a ser esgotada, traçando-se os limites das bacias e identificar os pontos baixos da área, tendo em vista o traçado do emissário. Estudos técnicos para concepção de sistemas de esgotos sanitários buscam uma combinação de máxima eficiência no tratamento dos efluentes com economia de recursos. Dessa forma, para implantação do sistema de afastamento de Marília, devido a extensão, em comprimento, dos emissários por gravidade ser muito superior aos por recalque, percebe-se que se tentou aproveitar ao máximo o sentido natural de escoamento do terreno. Marília, por seu relevo, apresenta possibilidades de economia de recursos, pois apresenta diminuição de altitude a partir do centro da cidade (topo principal) em direção as escarpas, fato que contribui para o escoamento em gravidade. No entanto, diante da impossibilidade orçamentária de se construir uma estação de tratamento por bacia hidrográfica, e se chegar a concepção final de três ETEs, projetou-se construções de conjuntos elevatórios para fazer a transposição de esgotos. Ao se analisar as três estações elevatórias e respectivos emissários por recalque do subsistema Barbosa e quatro das seis estações do subsistema Palmital, conclui-se que a geomorfologia tem

importância primordial em dois aspectos: locação dos condutos e dimensionamento hidráulico do conjunto elevatório. Quanto ao dimensionamento hidráulico, a contribuição do relevo é a diferença altimétrica. Esse elemento é levado em consideração no cálculo da altura manométrica, que é o trabalho total realizado pela estação para subir o esgoto de uma cota mais baixa para uma mais alta. 5. Referências Bibliográficas ARAÚJO, R. As unidades do sistema. In: NUVOLARI, A. Esgoto Sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola. São Paulo: Edgard Blucher, 2003, p. 43-85. CASSETI, V. Elementos de geomorfologia. Goiânia: Editora da UFG, 2001.