CONTRAORDENAÇÕES
15. Contraordenações Em 2016, a ANACOM recebeu 792 notícias de infração, que se juntaram aos 585 processos transitados do ano anterior, elevando assim para 1377 o número de processos em análise. Foram analisados 542 processos, trabalho que resultou na instauração de 223 processos de contraordenação. 15.1. Processos de contraordenação instaurados Entre os processos instaurados em 2016, destacam se, pela sua dimensão e complexidade, aqueles em que existem indícios de violação de deveres de informação sobre períodos de fidelização e da deliberação da ANACOM sobre os procedimentos de cessação dos contratos, bem como de práticas comerciais desleais, baseados em reclamações que foram objeto de fiscalização e outras diligências levadas a cabo pela ANACOM. No domínio da proteção dos utilizadores, salienta se também o processo instaurado ao prestador do serviço postal universal por incumprimentos relativos à densidade da rede postal e às ofertas mínimas de serviço 80. Destacam se ainda, pela sua expressão numérica, os processos instaurados por violações ao regime de instalação de ITED (Decreto Lei n.º 123/2009) e por violações ao regime de livre circulação, colocação no mercado e colocação em serviço dos equipamentos de rádio e terminais de telecomunicações (Decreto Lei n.º 192/2000), com origem em ações de fiscalização. Processos de contraordenação instaurados Gráfico 54. LCE - Prestação de informação 1% 2% 3% 1% 0% 0% LCE Práticas comerciais desleais Serv. postais - Prestação de informação 7% 4% 33% RTTE ITED Comércio eletrónico 7% CB Radiocomunicações Livro de reclamações 20% SUV - Serv. Postais SVA - SMS/Audiotexto 22% Fonte: ANACOM. Unidade: Percentagem (%). Nota: Foram instaurados 223 processos. 15.2. Decisões em processos de contraordenação instaurados Durante 2016 foram proferidas 572 decisões que puseram termo a processos abertos ou instaurados com base em notícias de infração que chegaram ao conhecimento da ANACOM por diferentes vias. 80 Sobre esta matéria, foi também apresentada ao Estado proposta de aplicação de multas contratuais aos CTT, nos termos da cláusula 27.ª do contrato de concessão do serviço postal universal celebrado entre o Estado Português e aquela empresa, tendo a audiência prévia da interessada sido efetuada, a pedido do Governo, pela ANACOM (e concluída já em 2017). As multas foram aplicadas pelo Estado em 17.02.2017. 136
Decisões em processos de contraordenação instaurados Tabela 33. Decisões em processos de contraordenação 572 Notícias de infração que não levaram à instauração de processo de contraordenação autónomo 319 Arquivamento liminar 295 Integração em processos pendentes, participações criminais e remessa a outras entidades 24 Aplicação de coima, sanção acessória ou declaração de perda de equipamentos 168 Decisões finais em processos instaurados 253 Admoestação 30 Absolvição/arquivamento 37 Apensação na decisão, decisões em processos sumaríssimos aceites e pagamentos voluntários que puseram termo ao processo 18 Relativamente às decisões proferidas, destacam se as seguintes: Decisão de aplicação de coima no valor de 26 500 euros à NOS por práticas comerciais desleais baseadas na prestação de informação falsa para angariação de clientes e na prestação de informação falsa sobre a existência de períodos de fidelização em curso e sobre a obrigatoriedade de pagamento de penalidades que na realidade não existiam. O Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), por sentença transitada, reduziu aquela coima para 21 mil euros. Decisão de aplicação de coima no valor de 50 mil euros à MEO, por violação da decisão da ANACOM proferida a 14 de junho de 2012, que determinou a redução do preço de alguns circuitos na oferta de referência de circuitos alugados. Esta decisão foi impugnada, tendo o TCRS absolvido a arguida. A ANACOM recorreu da sentença. Decisão de aplicação de coima no valor de 50 mil euros à Cabovisão por violações ao disposto nos artigos 47.º e 48.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de fevereiro, relativas à informação disponibilizada no sítio e nos contratos sobre períodos de fidelização. O TCRS, por sentença que se tornou definitiva, reduziu a coima aplicada para 30 mil euros. Decisão de aplicação de coima no valor de 38 mil euros à MEO, pela não inclusão na extranet de informações corretas sobre condutas e infraestruturas associadas, em violação do n.º 4 do artigo 26.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de fevereiro. Esta decisão foi judicialmente impugnada e o TCRS reduziu a coima para 15 mil euros. A MEO e a ANACOM recorreram da sentença, tendo o Tribunal da Relação negado provimento aos recursos. Decisão de aplicação de coima no valor de 200 mil euros à MEO por incumprimento de obrigações que sobre ela impendem enquanto prestadora do SU de postos públicos. A decisão foi judicialmente impugnada, tendo o TCRS absolvido a arguida. A ANACOM e o Ministério Público recorreram para o Tribunal da Relação de Lisboa. Decisão de aplicação de coima no valor de 5 mil euros à Vodafone Portugal, por incumprimento, quanto a um assinante, da obrigação prevista no n.º 2 do artigo 52.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de fevereiro, relativa ao pré aviso de suspensão do serviço. Esta decisão foi judicialmente impugnada, tendo o TCRS, por sentença que se tornou definitiva, confirmado a decisão da ANACOM. Decisões de aplicação de três coimas de 15 mil euros, uma à Cabovisão e duas à NOS, bem como de uma coima de 5500 euros à Atena T e ainda de uma coima de 8500 euros à Mundio Mobile (Portugal), por incumprimento da obrigação de prestar informações à ANACOM. A Cabovisão impugnou a decisão da ANACOM e o TCRS, por sentença transitada em julgado, reduziu a coima aplicada para 8 mil euros. A NOS recorreu das decisões da ANACOM e o TCRS reduziu uma das coimas para 5 mil euros e suspendeu a execução de 2500 euros por dois anos. A ANACOM recorreu desta sentença e o Tribunal da Relação decidiu fixar a coima em 7500 euros. A outra coima foi reduzida pelo TCRS para 13 333 euros e suspendida a metade, por três anos. A ANACOM recorreu desta sentença. A decisão 137
de aplicação de coima à Atena T tornou se definitiva, por não ter sido impugnada. A Mundio Mobile impugnou a decisão da ANACOM, tendo o TCRS rejeitado o recurso por intempestividade. Decisão de aplicação de coima de 14 mil euros à Mundio Mobile (Portugal) por incumprimento de obrigações previstas no Regulamento de Portabilidade e de obrigações de prestar informações à ANACOM. Esta decisão foi impugnada e o TCRS confirmou a coima aplicada pela ANACOM. A arguida recorreu e o Tribunal da Relação negou provimento ao recurso. Decisão de aplicação de coima no valor de 7500 euros à Go4mobility por incumprimento da obrigação de envio de mensagem informativa completa prevista no artigo 9.º A n.º 1 e 2 Decreto-Lei n.º 177/99, de 21 de maio. Esta decisão foi impugnada. Duas decisões de aplicação de coimas por violação da obrigação de disponibilização imediata do livro de reclamações: uma coima de 25 mil euros à NOS e uma coima de 18 mil euros à Cabovisão. A NOS recorreu da decisão da ANACOM e o TCRS reduziu a coima para 22 mil euros. Apresentado recurso desta sentença, o Tribunal da Relação manteve a decisão recorrida. A Cabovisão impugnou a decisão e o TCRS, por sentença transitada em julgado, reduziu a coima aplicada para 8 mil euros. Duas decisões de aplicação de coimas por violação de obrigações previstas no regime jurídico aplicável à prestação de serviços de promoção, informação e apoio aos consumidores e utentes através de centros telefónicos de relacionamento (call centers) (Decreto Lei n.º 134/2009, de 2 de junho): uma no valor de 5500 euros à MEO; e uma de coima de 7250 euros à Vodafone Portugal. A MEO impugnou a decisão e o TCRS confirmou a coima aplicada pela ANACOM. A Vodafone Portugal impugnou a decisão e o mesmo TCRS mandou reformular a decisão proferida pela ANACOM. Em matéria de infraestruturas de telecomunicações em edifícios, foram aplicadas a empresas prestadoras de serviços de comunicações eletrónicas as seguintes coimas: n.º 4 do artigo 76.º do Decreto Lei n.º 123/2009, de 21 de maio, na redação que lhe foi dada pela Lei n.º 47/2013, de 10 de julho. A decisão de aplicação de coima à MEO foi impugnada, tendo o TCRS confirmado a decisão da ANACOM. A arguida recorreu para o Tribunal da Relação. A NOS AÇORES impugnou a decisão, mas o TCRS confirmou a decisão da ANACOM. A NOS impugnou a decisão. Coimas de 7 mil euros e de 11 500 euros à MEO e de 20 mil euros à Vodafone Portugal, por violações da obrigação de não dificultar ou impedir a utilização das ITED por parte de outras empresas de comunicações eletrónicas, prevista no n.º 4 do artigo 63.º do Decreto-Lei n.º 123/2009, de 21 de maio, na redação que lhe foi dada pela Lei n.º 47/2013, de 10 de julho. Em relação à coima de 7 mil euros, o TCRS confirmou a decisão da ANACOM e a arguida recorreu para o Tribunal da Relação. Relativamente à coima de 11 500 euros, o TCRS, por sentença transitada em julgado, absolveu a MEO. Quanto à multa à Vodafone Portugal, a arguida impugnou a decisão, tendo o TCRS confirmado a coima aplicada pela ANACOM. Relevam se ainda as 10 decisões que sancionaram o incumprimento de várias obrigações previstas no regime de livre circulação, colocação no mercado e colocação em serviço dos equipamentos de rádio e terminais de telecomunicações. Foram aplicadas à Worten várias coimas: 15 500 euros (confirmada por acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa transitado em julgado); 20 800 euros (reduzida pelo TCRS para 18 mil euros e pelo Tribunal da Relação para 9 mil euros); 10 600 euros (reduzida pelo TCRS para 5200 euros, tendo a ANACOM recorrido da sentença); e 14 150 euros (substituída por uma admoestação pelo TCRS, tendo a ANACOM recorrido da sentença). Foi ainda aplicada uma coima de 15 mil euros à Cofre do Mundo (tendo o TCRS julgado parcialmente procedente o recurso da arguida e aplicado, por sentença transitada em julgado, apenas uma admoestação e sanções acessórias); uma coima de 13 mil euros à Databox (que se tornou definitiva); duas coimas à Rádio Popular, uma de 17 mil euros (que se tornou definitiva) e outra de 12 500 euros (impugnada); uma coima de 22 400 euros à Beyond Fresh (o TCRS manteve a decisão da ANACOM e a arguida recorreu para o Tribunal da Relação); e uma coima de 12 175 euros à Niposom (impugnada). Coima de 7 mil euros à MEO, de 8500 euros à NOS Açores e de 8 mil euros à NOS, por violações da obrigação de apenas ligar as ITED às redes públicas de comunicações após a emissão do termo de responsabilidade de execução da instalação, prevista no 15.3. Coimas e custas aplicadas Em processos de contraordenação instaurados foram proferidas 253 decisões, nas quais foram aplicadas coimas no valor total de 965 703,51 euros. 138
Coimas e custas aplicadas Tabela 34. Coimas e custas aplicadas Coimas aplicadas 965 703,51 Custas aplicadas 48 437,90 Pagamentos voluntários pelo mínimo 38 042,68 15.4. Impugnação judicial de decisões da ANACOM Em 2016 foram interpostos 42 recursos de impugnação judicial de decisões da ANACOM e decididos 32. Em oito processos, as decisões foram mantidas na íntegra e em 17 processos apenas em parte. As sanções aplicadas pela ANACOM foram revogadas em cinco processos. 15.5. Processos pendentes No fim de 2016, estavam em análise e instrução na ANACOM, 805 processos em fase anterior à decisão administrativa e estavam pendentes 585 processos em fase posterior à decisão administrativa, o que totaliza uma pendência de 1390 processos. 139