Avaliação dos efluentes das estações de tratamento de esgoto doméstico de Petrolina-PE para reuso na agricultura irrigada

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Transcrição:

Avaliação dos efluentes das estações de tratamento de esgoto doméstico de Petrolina-PE para reuso na agricultura irrigada Kellison Lima Cavalcante 1, Silva 3 2, Hélida Karla Philippini da 1 Graduando em Engenharia Agrícola e Ambiental (UNIVASF), Juazeiro-BA, e-mail: kellisoncavalcante@hotmail.com; 2 Doutor em Agronomia, Embrapa Semiárido, Petrolina-PE, e-mail: magnus.deon@embrapa.br; 3Doutora em Oceanografia, Instituto Senai de Tecnologias, Recife-PE, e-mail: helidaphilippini@gmail.com. Introdução A demanda crescente por água na agricultura irrigada tem feito do reuso de água um tema relevante. De acordo com Hespanhol (2003) os efluentes possuem concentrações de poluentes que se não forem tratados podem irrigação podem comprometer o desenvolvimento da cultura e provocar impactos ambientais ao sistema. Por isso que os estudos sobre os efluentes de estações de tratamento de esgotos são de fundamental importância para o seu uso no setor agrícola. Como instrumento efetivo na gestão dos recursos hídricos, Nobre et al. (2010) destacam que o uso de efluentes tratados na produção agrícola visa promover a sustentabilidade da agricultura irrigada, economizando águas superficiais não poluídas, mantendo a qualidade ambiental e servindo como fonte nutritiva às plantas. Verificacontendo esgoto sanitário, poderá não haver falta de nutrientes, possibilitando boa produtividade agrícola, sem gastos com fertilizantes (Telles, 2011). Dantas & Sales (2009) destacam como vantagens a preservação dos recursos subterrâneos, a conservação do solo e o aumento da produção agrícola, constituindo método que minimiza a produção de efluentes e o consumo de água. Pode-se dizer que do ponto de vista agronômico e ambiental, estabelecendo-se um manejo adequado, os esgotos tratados podem substituir eficientemente a água de irrigação (Piveli et al., 2008). Dessa forma, este trabalho teve como objetivo a caracterização química dos efluentes das estações de tratamento de esgoto de Petrolina-PE para a potencialidade de reuso na agricultura irrigada, como medida mitigadora de impactos ambientais e alternativa para a disponibilidade hídrica para o setor agrícola do Submédio do Vale do Rio São Francisco. Material e Métodos O estudo abrangeu coletas e avaliações qualitativas dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto (EETE) de Petrolina-PE (Latitude 09 23' 55" Sul e Longitude 40 30' 03" Oeste), que apresenta condições favoráveis para o fortalecimento da agricultura irrigada. As amostras foram avaliadas no Laboratório Agroambiental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido). 400

Foram coletados e avaliados mensalmente, no período de janeiro a dezembro, os efluentes de quatro estações de tratamento de esgoto (ETE) na zona urbana de Petrolina-PE. As análises realizadas estão listadas no quadro 1. Quadro 1. Métodos para análise química do efluente Variáveis Determinação Referências CE e ph ST DQO NTK NH4 + NO3 - NO2 - Cl - Potenciometria Gravimetria, com as amostras submetidas a evaporação e secagem da oxidação com K2Cr2O7 Kjeldahl (destilação por arraste de vapor do N presente na solução ácida) do método do indofenol, com solução de nitruprussiato-fenol Espectrofotometria de absorção atômica através da leitura em UV da reação com sulfanilamida e dicloreto de N-1(1- Naftil)-etilenodiamina Volumetria por titulação com solução de AgNO3 American Public Health Association (2012) Extrator Mehlich 1 e espectrofotometria de P absorção molecular por meio da leitura de complexo fosfomolíbdico K + e Na + Espectrofotometria de emissão em chama Extrator KCl 1 e espectrofotometria de absorção Silva (2009) Ca 2+, Mg 2+ e S atômica após reação com solução de La2O3 Extrator Mehlich 1 e medição direta por B, Cu 2+, Fe 2+, Mn 2+ espectrofotometria de absorção atômica em e Zn 2+ chama Fonte: elaborado pelo autor de acordo com American Public Health Association (2012) e Silva (2009). O risco de sodicidade foi estimado através do teor de sódio em relação aos teores de cálcio e magnésio, em mmol.l -1, estimando-se a razão de adsorção de sódio (RAS), conforme Equação 1. RAS = (Na + ) / [(Ca 2+ + Mg 2+ ) / 2] 1/2 (1) Os testes estatísticos foram realizados através do software estatístico SPSS for Windows Evaluation Edition 14.0, considerando a probabilidade de erro (p) Resultados e Discussão Os principais indicadores da qualidade dos EETE de Petrolina-PE que são de relevância para a prática de reuso na agricultura irrigada estão distribuídos na tabela 1. 401

Tabela 1. Características químicas dos efluentes das estações de tratamento de esgoto de Petrolina-PE (média ± desvio padrão) Estações de tratamento de esgoto Característica Manoel dos Arroz (MA) João de Deus (JD) Rio Corrente (RC) Cohab VI (C6) -----------------------------------------(mg.l -1 )--------------------------------------- P 30,9 ± 0,07 33,1 ± 0,06 17,7 ± 0,06 29,6 ± 0,07 K + 30,0 ± 0,27 56,0 ± 0,67 20,7 ± 0,26 27,3 ± 1,47 Ca 2+ 263,6 ± 0,22 185,5 ± 0,08 150,0 ± 0,00 173,6 ± 0,08 Mg 2+ 155,5 ± 0,08 112,7 ± 0,02 100,0 ± 0,01 87,3 ± 0,02 S 262,7 ± 0,07 271,8 ± 0,07 250,0 ± 0,01 210,0 ± 0,06 B 1,05 ± 0,06 1,25 ± 0,27 0,80 ± 0,10 1,03 ± 0,18 Cu 2+ 0,58 ± 0,04 0,59 ± 0,05 0,40 ± 0,20 0,52 ± 0,10 Fe 2+ 7,87 ± 3,29 5,60 ± 1,89 5,67 ± 3,11 5,36 ± 1,37 Mn 2+ 5,70 ± 1,60 6,60 ± 2,04 7,23 ± 0,11 5,87 ± 1,64 Zn 2+ 1,41 ± 0,30 1,44 ± 0,29 1,08 ± 0,10 1,25 ± 0,17 Na + 182,17 ± 24,12 202,52 ± 34,03 209,42 ± 22,62 144,72 ± 28,12 Cl - 228,03 ± 26,37 185,05 ± 27,10 168,40 ± 5,91 160,08 ± 25,49 DQO 122,18 ± 45,75 137,46 ± 28,48 91,59 ± 10,28 89,34 ± 20,24 ST 486,90 ± 65,72 491,40 ± 59,45 472,97 ± 129,92 444,49 ± 76,51 NH4 + 0,28 ± 0,14 0,32 ± 0,15 0,04 ± 0,002 0,20 ± 0,15 NO2-0,16 ± 0,10 0,20 ± 0,10 0,30 ± 0,004 0,23 ± 0,06 NO3-3,79 ± 0,73 6,66 ± 0,95 4,11 ± 0,18 3,85 ± 0,28 NTK (mmol.l -1 ) 7,64 ± 2,45 8,73 ± 2,64 6,00 ± 0,00 7,27 ± 2,58 ph 7,26 ± 0,28 7,31 ± 0,28 7,01 ± 0,06 7,27 ± 0,24 CE (ds.m -1 ) 1,00 ± 0,10 1,05 ± 0,09 0,94 ± 0,04 0,98 ± 0,08 RAS (mmol.l -1 ) 3,68 ± 1,06 6,01 ± 3,30 4,63 ± 0,67 3,31 ± 0,75 Fonte: dados da pesquisa. Os teores de ST e de DQO encontram-se dentro da média mundial de 400-1200 e 30-160 mg.l -1, respectivamente, de acordo com estudo de Bouwer & Chaney (1974). Fonseca et al. (2007) encontraram valores de ST e DQO próximos de 571,0 e 180,5 mg.l -1, respectivamente, observando-se teores mais elevados do que os encontrado em Petrolina-PE. Com relação aos nutrientes, os efluentes apresentam concentrações de N, P e K + consideradas muito altas por Feigin et al. (1991), evidenciando o potencial de uso dos efluentes como fonte de água e de nutrientes, porém, indicando-se cuidados no manejo nutricional para não desequilibrar as necessidades nutricionais das culturas. Os teores de Ca 2+ e Mg 2+, considerados altos pelos mesmos autores, são benéficos para o balanço de nutrientes no sistema e para o balanceamento dos efeitos de Na no solo, resultando em uma menor RAS. Em relação aos micronutrientes Cu 2+, Fe 2+, Mn 2+ e Zn 2+, as concentrações médias estão acima das recomendadas por Feigin et al. (1991), sendo indicadas para solos com baixa disponibilidade ou deficiência desses elementos. Essas concentrações foram acima das encontradas por Deon (2010) (0,012; 0,024; 0,036 402

e 0,01 mg.l -1, respectivamente), porém a concentração de Fe 2+ foi próxima a encontrada por Fonseca et al. (2007) (5,18 mg.l -1 ). Dessa forma, ao serem utilizados, serão necessárias práticas específicas de manejo de água e solo. Para tanto é necessário o cálculo da necessidade de lixiviação (NL) do sistema, devendo ser utilizados na irrigação de culturas tolerantes. Conclusões Os Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto (EETE) de Petrolina-PE, nas condições deste estudo, podem fornecer quantidades satisfatórias de N, P, K +, Ca 2+, Mg 2+, S, B, Cu 2+, Fe 2+, Mn 2+, Zn 2+ e Na +. Referências American Public Health Association. 2012. Standard methods for the examination of water and wasterwater, 22. ed. APHA, Washington, EUA. 1268p. Bouwer, H.; Chaney, R. L. 1974. Land treatment of wastewater. Advances in Agronomy, 26: 133-176. Dantas, D. L., Sales, A. W. C. 2009. Aspectos ambientais, sociais e jurídicos do reuso da água. Revista de Gestão Social e Ambiental, 3: 4-19. Deon, M. D. 2010. Reciclagem de água e nutrientes pela irrigação da cana-deaçúcar com efluente de estação de tratamento de esgoto. 89 f. Tese (Doutorado em Ciências) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, Piracicaba, Brasil. Feigin, A., Ravina, I., Shalhevet, J. 1991. Irrigation with treated sewage effluent: management for environmental protection. Springer-Verlag, Berlin, Alemanha. 224p. Fonseca, A. F., Melfi, A. J., Monteiro, F. A., Montes, C. R., Herpin, U. 2007. Treated sewage effluent as a source of water and nitrogen for Tifton 85 bermudagrass. Agricultural Water Management, 87:131-142. Hespanhol, I. 2003. Potencial de reuso de água no Brasil: agricultura, indústria, municípios, recarga de aquíferos. Bahia Análise e Dados, 13:411-437. Nobre, R. G., Gheyi, H. R., Soares, F. A. L., Andrade, L. O. 2010. Produção do girassol sob diferentes lâminas com efluentes domésticos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 14:747-754. Piveli, R. P., Melfi, A. J., Montes, C. R., Gomes, T. M. 2008. Reflexão sobre a qualidade e uso de esgoto tratado por lagoas de estabilização na agricultura. Revista DAE, 177:63-70. Silva, F. C. 2009. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. 2. ed. Embrapa Informação Tecnológica, Embrapa Solos. Brasília (DF), Rio de Janeiro, Brasil. 627p. 403

sanitário na irrigação de culturas agrícolas. In: Nuvolari, A. (Coord.). Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola. 2. ed., Blucher, São Paulo, Brasil. 507-528p. 404