Manual do Revisor Oficial de Contas. Recomendação Técnica n.º 3

Documentos relacionados
ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO ECONÓMICO DE 2008

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO ECONÓMICO DE 2009

Directriz de Revisão/Auditoria RELATÓRIO DE REVISÃO/AUDITORIA INTRODUÇÃO

Imobilizaçoes corpóreas: Edificios e outras construções

GUIA DE APLICAÇÃO TÉCNICA Nº 1 APLICAÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS DE AUDITORIA (ISA)

BNC - BANCO NACIONAL DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO, S.A.

RELATÓRIO DE AUDITORIA

Demonstrações Financeiras

Demonstrações Financeiras

FIBEIRA FUNDOS SOCIEDADE GESTORA DE FUNDOS DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO, SA ANEXO ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2006

COMUNICADO DE FACTO RELEVANTE IMPACTO DA TRANSIÇÃO PARA AS NORMAS INTERNACIONAIS DE RELATO FINANCEIRO (IFRS)

Resultados Consolidados de 2017

SONAECOM DIVULGA RESULTADOS CONSOLIDADOS AUDITADOS PARA 2002 DE ACORDO COM AS NORMAS CONTABILÍSTICAS INTERNACIONAIS (IAS).

8 - NOTAS AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

ANEXO AO BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS. 31 de Dezembro de 2013

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2008

CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS E RELATÓRIO DE AUDITORIA ELABORADO POR AUDITOR REGISTADO NA CMVM SOBRE A INFORMAÇÃO FINANCEIRA CONSOLIDADA

Balanço. Valores em Euros EXERCICIOS. ACTIVO NÃO CORRENTE: Ativos fixos tangíveis: Terrenos e Recursos Naturais. Ferramentas e Utensilios

GESTÃO FINANCEIRA PARA NÃO FINANCEIROS

IAS 34 Relato Financeiro Intercalar (RFI)

Portanto, nesta apresentação não se vai abordar um assunto ou conhecimento novos.

Centro de Bem Estar Social de Foros de Salvaterra. Anexo ao balanço de demonstração de resultados de 2017

INFORMAÇÃO TRIMESTRAL INDIVIDUAL/CONSOLIDADA

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO ANO 2014

Sociedade de Garantia Mútua, S.A. RELATÓRIO E CONTAS

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO ANO 2015

7. RELATÓRIOS, PARECERES E DECLARAÇÃO EM CONFORMIDADE DO CONSELHO FISCAL RELATÓRIO E PARECER DO CONSELHO FISCAL SOBRE O MG - AM E A CEMG


Relatório de contas Centro de Infância Arte e Qualidade

1 Introdução. 2 Actividades de Fiscalização

AGÊNCIA DE CÂMBIOS J. R. PEIXE REI & CA LDA. (SUCRS)

Certificação Legal das Contas Introdução 1 Examinámos as demonstrações financeiras do Fundo de pensões aberto Zurich Vida Empresas, as quais compreend

SOCIEDADE ABERTA Sede: Lavradio - Barreiro Matriculada na C.R.C. de Barreiro sob o nº 441 Capital Social Pessoa Colectiva nº

ANEXO AO BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS CONSOLIDADOS

Para efeitos de complemento de informação sobre a Autarquia, anexa-se o mapa Caracterização da Entidade.

ANEXO ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2011 (Montantes expressos em Euros)

ANEXO AO BALANÇO CONSOLIDADO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS CONSOLIDADOS

Relatório de atividades e contas Anexo Demonstrações Financeiras 2016

9. Anexo Demonstrações Financeiras Anexo - Demonstrações Financeiras 2017

8.2. Notas ao Balanço e à Demonstração de Resultados

Escrito por Administrator Sexta, 21 Novembro :25 - Actualizado em Sexta, 28 Novembro :56

MESTRADO EM GESTÃO DE EMPRESAS

NOTAS AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS CONSOLIDADOS

ANEXO AO BALANÇO CONSOLIDADO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS CONSOLIDADOS

Amável Calhau, Ribeiro da Cunha & Associados Sociedade de Revisores Oficiais de Contas

ANEXO AO BALANÇO CONSOLIDADO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS CONSOLIDADOS

ANEXO AO BALANÇO CONSOLIDADO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS CONSOLIDADOS

AGÊNCIA DE CÂMBIOS J. R. PEIXE REI & CA LDA. (SUCRS)

Demonstrações Financeiras Período findo em 2015

CENTRO SOCIAL E PAROQUIAL DA MEADELA

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE TRIBUNAL ADMINISTRATIVO Contadoria de Contas e Auditorias RELATÓRIO FINAL DA AUDITORIA DE REGULARIDADE AO

TRANSIÇÃO PARA OS IAS/ IFRS

8.ANEXOS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 8.2 NOTAS AO BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR NATUREZA

ALTRI, S.G.P.S., S.A. (SOCIEDADE ABERTA)

NORMA INTERNACIONAL DE AUDITORIA 510 TRABALHOS DE AUDITORIA INICIAIS SALDOS DE ABERTURA ÍNDICE

AGÊNCIA DE CÂMBIOS CENTRAL, LIMITADA. R E L A T Ó R I O E C O N T A S

8.ANEXOS ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 8.2 NOTAS AO BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR NATUREZA

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 3 ADOPÇÃO PELA PRIMEIRA VEZ DAS NORMAS CONTABILISTICAS E DE RELATO FINANCEIRO (NCRF)

CONTAS INDIVIDUAIS 2015

Casa do Povo de Vide, IPSS

ANEXO AO BALANÇO E ÀS DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS

IRC - ELEMENTOS CONTABILÍSTICOS E FISCAIS

Código das Contas Activo Bruto. Activo Líquido. Activo Líquido


ANEXO PE, EXERCÍCIO ECONÓMICO DE 2011

BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2015 E 2014

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 800

Escrito por Administrator Quarta, 26 Novembro :27 - Actualizado em Sexta, 28 Novembro :31

A aplicação da Normalização Contabilística para as Microentidades - NCM

Demonstração dos resultados (por funções)

Instituição de Utilidade Pública Desportiva. Anexo I. Demonstrações Financeiras

RELATO FINANCEIRO DOS FUNDOS DE PENSÕES

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

3. BASES DE APRESENTAÇÃO E PRINCIPAIS CRITÉRIOS VALORIMÉTRICOS

BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2012 E 2011

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS INTERPRETAÇÃO TÉCNICA ICPC 12. Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos Similares

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS (Decreto-Lei nº74/98, de 27 de Março) EM 31 DE DEZEMBRO DE 2009

BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 E 2012 DEPÓSITOS ,801. Depósitos à ordem. Depósitos a prazo OPERAÇÕES CAMBIAIS

RELATÓRIO SOBRE AS CONTAS

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 510 ÍNDICE


DIRECTRIZ DE REVISÃO / AUDITORIA 702 RELATÓRIOS A ELABORAR POR AUDITOR REGISTADO NA CMVM SOBRE INFORMAÇÃO INTERCALAR

Demonstrações Financeiras Período findo em 2012

SOLUÇÃO ARRENDAMENTO - FUNDO DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO FECHADO PARÁ ARRENDAMENTO HABITACIONAL RELATÓRIO DE AUDITORIA. Introdução

TRANSPOSIÇÃO PARA AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE (IAS/IFRS)

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, o n. o 2, alínea g), do seu artigo 44. o,

I - Memória descritiva e pressupostos utilizados na preparação das Demonstrações financeiras consolidadas pró-forma da REN

ANEXO ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DO PERÍODO FINDO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2010

Anexo ao Balanço e Demonstração de Resultados Consolidados

I B c OPORTUNIDADE - FUNDO ESPECIAL DE INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO FECHADO RELATÓRIO DE AUDITORIA. Introdução

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO

SERVIÇOS MUNICIPALIZADOS DE ÁGUA E SANEAMENTO DE VISEU Rua Conselheiro Afonso de Melo VISEU N.º de Identificação Fiscal

TEORIA DA CONTABILIDADE I LGE202

4.2 Notas ao Balanço e à Demonstração de Resultados

AGÊNCIA DE CÂMBIOS CENTRAL, LIMITADA. R e l a t ó r i o e C o n t a s

4.2 Notas ao Balanço e à Demonstração de Resultados

RECEITAS QUOTIZAÇÕES , ,80

RELATÓRIO DE AUDITORIA FINANCEIRA AO PROJECTO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, REFERENTE AO PERIODO DE 01 DE

PT Jornal Oficial da União Europeia

Transcrição:

Recomendação Técnica n.º 3 Fevereiro de 1987 Verificação da Aplicação do Princípio Contabilístico da Consistência Índice Parágrafos Introdução 1 Definição 2-3 Justificação 4-5 Objectivos 6-7 Recomendação 8-10 Apêndice nº 1 - Certificação Legal das Contas Apêndice nº 2 - Certificação Legal das Contas 1

Introdução 1. De acordo com a alínea a) do artigo 36º das Normas Técnicas, um dos procedimentos mínimos a cumprir pelo Revisor Oficial de Contas consiste na verificação de que foram normalmente aplicados os princípios contabilísticos. De entre estes, e conforme contemplado expressamente na alínea m) do mesmo artigo, destaca-se o da consistência. Definição 2. No Plano Oficial de Contabilidade (alínea b) do nº 1 do capítulo XII) aquele princípio é tomado como o pressuposto "segundo o qual a empresa não altera os seus princípios de valorimetria ao longo dos exercícios". Por seu lado a Norma Internacional de Contabilidade 1 "Divulgação de Políticas Contabilísticas" considera como um dos princípios fundamentais o da consistência segundo o qual se pressupõe que as políticas contabilísticas não variam de período para período. 3. O objectivo deste princípio é o de permitir, através da uniformidade na aplicação de políticas contabilísticas, a comparabilidade da informação financeira apresentada pela empresa ao longo dos diversos períodos. Idêntico objectivo, mas visando a comparabilidade da informação financeira entre as diversas empresas, é prosseguido por via da normalização contabilística e do relato financeiro. Justificação 4. O princípio contabilístico da consistência não obriga a que as políticas contabilísticas permaneçam imutáveis. Situações há em que a empresa decide alterar uma política contabilística que vinha sendo seguida, umas vezes sem qualquer justificação, outras vezes por motivos aceitáveis. Neste último caso inclui-se, por exemplo, a alteração de estimativas com base na experiência adquirida ou em estudos técnicos fundamentados. 5. De entre as políticas contabilísticas mais susceptíveis de poderem ser modificadas ao longo dos exercícios, destacam-se: 1) métodos de custeio das saídas de existências; 2) critério de valorimetria das existências finais; 3) métodos e/ou taxas de reintegração e de amortização do imobilizado; 4) métodos de reconhecimento de proveitos; 5) critérios relativos à imobilização (capitalização) de determinadas despesas; 6) critérios relativos ao deferimento de determinadas despesas; 7) distinções entre activo corrente e activo não corrente, passivo corrente e passivo não corrente, proveitos e ganhos, custos e perdas; 8) alterações ao conceito de custo (de aquisição e/ou de produção). Objectivos 6. O revisor de contas deve verificar se há ou não consistência na aplicação das políticas 2

contabilísticas. 7. A alteração das políticas contabilísticas, além de afectar o princípio da consistência, pode também afectar a imagem verdadeira e apropriada que as demonstrações financeiras devem dar. Cabe ao revisor oficial de contas distinguir estas situações e tratar de forma adequada as consequentes reservas. Recomendação 8. Sempre que o respectivo efeito seja materialmente relevante no contexto das demonstrações financeiras, as alterações nas políticas contabilísticas devem ser divulgados e quantificadas em parágrafo intermédio da certificação legal das contas dando origem a uma reserva no parágrafo da opinião. 9. Quando o revisor oficial de contas concorde com a alteração introduzida, a reserva deve ser só referida na parte final do parágrafo da opinião e tal concordância deve ser expressa. 10. Quando o revisor oficial de contas não concorde com a alteração introduzida a reserva deve ser também referida no início do parágrafo da opinião. 3

Apêndice n.º 1 Certificação Legal das Contas Examinámos as contas... (parágrafo do âmbito do exame)... Neste exercício verificou-se que: 1. A empresa procedeu a um estudo técnico da vida útil remanescente do seu equipamento básico, de onde resultou uma redução significativa nas taxas de amortização que vinham a ser praticadas; se tivessem sido praticadas as taxas anteriores, os resultados do exercício e o valor líquido das imobilizações corpóreas teriam diminuído em x contos. 2. Foi mantido o critério valorimétrico das existências, apesar de se ter registado uma quebra sensível nos preços de mercado do final do exercício; se a empresa tivesse ajustado as suas existências finais em função do valor de mercado, os resultados do exercício e as existências teriam sido reduzidas em y contos. Excepto quanto à reserva citada no nº 2 acima, é nossa convicção que os citados documentos de prestação de contas apresentam de forma verdadeira e apropriada a situação financeira da empresa em... bem como os resultados das suas operações referentes ao exercício findo naquela data, de acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites, os quais foram aplicados de uma forma consistente em relação ao exercício anterior, excepto no tocante às alterações referidas nos n.os 1 e 2 acima, com a primeira das quais concordamos. 4

Apêndice n.º 2 Certificação Legal das Contas Examinámos as contas... (parágrafo do âmbito do exame)... Neste exercício verificou-se que: 1. Foram reduzidas a metade, sem adequada fundamentação, as taxas de reintegração usualmente praticadas, o que se traduziu numa sobreavaliação dos resultados do exercício e do valor líquido das imobilizações corpóreas em X contos. 2. Foi alterada a forma de cálculo do custo de produção deixando de neste se incluir custos de distribuição e de administração geral, o que resultou na redução dos resultados dos exercícios e do valor líquido das existências em y contos. Excepto quanto à reserva citada no nº 1 acima, é nossa convicção que os citados documentos de prestação de contas apresentam de forma verdadeira e apropriada a situação financeira da empresa em... bem como os resultados das suas operações referentes ao exercício findo naquela data, de acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites, os quais foram aplicados de uma forma consistente em relação ao exercício anterior, excepto no tocante às alterações referidas nos números 1 e 2 acima, com a última das quais concordamos. 5