Adequação de metodologia amostral de madeira de Eucalyptus Saligna e Eucalyptus Globulus para determinação do teor de cinzas.

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Transcrição:

34º Congresso Anual de Celulose e Papel 34 th Annual Pulp and Paper Meetig 22 a 25 de Outubro de 2001 / October 22 nd 25 th, 2001 ABTCP 2001 Adequação de metodologia amostral de madeira de Eucalyptus Saligna e Eucalyptus Globulus para determinação do teor de cinzas. Sampling procedure development for ash content determination using the woods of Eucalyptus Saligna and Eucalyptus Globulus. Gabriel Valim Cardoso Cláudia Adriana Broglio da Rosa Andréia lores Guarienti Cristiane Pedrazzi Márcia Catarina Holkem de Souza Sonia Maria Bitencourt rizzo Celso Edmundo Bochetti oelkel (Universidade ederal de Santa Maria) Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel Rua Ximbó,165 Aclimação CEP 04108-040 - São Paulo / SP Brasil one: (11) 5574-0166 - ax: (11) 5571-6485 / 5549-1844 E-mail: expo@abtcp.com.br

ADEQUAÇÃO DE METODOLOGIA AMOSTRAL DE MADEIRA DE EUCALYPTUS SALIGNA E EUCALYPTUS GLOBULUS PARA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE CINZAS Gabriel Valim Cardoso Claudia Adriana Broglio da Rosa Andréia lores Guarienti Cristiane Pedrazzi Márcia Catarina Holkem de Souza Sonia Maria Bitencourt rizzo Celso Edmundo Bochetti oelkel Universidade ederal de Santa Maria Santa Maria, RS BRASIL Resumo Este estudo constou na determinação de procedimentos para amostrar e analisar, de forma representativa, a madeira de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus em relação a sua composição mineral (cinzas). oram amostradas 2 árvores, sendo 1 de cada espécie, tendo sido coletados e amostrados, com base na orientação cardeal da árvore, 2 discos da base, 25%, 50%, 75% e 100% da altura comercial. Realizou-se a comparação entre a variação do teor de cinzas frente às 4 diferentes orientações cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste). Determinou-se o número mínimo de repetições a adotar para um determinado intervalo de confiança, para ter-se um resultado médio mais confiável e capaz de permitir decisões mais seguras nos programas de melhoramento florestal e otimizações industriais. Não foram encontradas variações estatísticas significativas entre as 4 faces de exposição cardeal das árvores, portanto cunhas amostradas aleatoriamente ao longo da altura podem representar o teor de cinzas da árvore, sendo necessárias 3 a 4 repetições nos ensaios para E. globulus e 5 repetições para E. saligna para se ter confiabilidade nos resultados das determinações. Palavras-chave: amostragem, cinzas, madeira, Eucalyptus saligna, Eucalyptus globulus Summary SAMPLING PROCEDURE DEVELOPMENT OR ASH CONTENT DETERMINATION USING THE WOODS O EUCALYPTUS SALIGNA AND EUCALYPTUS GLOBULUS This study evaluated sampling procedures to measure ash content in Eucalyptus saligna and E. globulus woods. One tree for species was sampled and disks were taken along the tree height, according to pre-established methodology. One of the objectives was to understand whether or not the results would vary in relation to the cardinal orientation of the trees ( North, South, East, West). No differences were found among the cardinal orientation, leading to the conclusion that slices of transversal disks may be randomly sampled along the tree height for ash content determination. The number of replications in the ash analysis to guarantee more reliable results was found to be 3 4 to E. globulus and 5 to E. saligna woods. Keywords: sampling, ash content, wood, Eucalyptus saligna, Eucalyptus globulus 1

1. INTRODUÇÃO O teor de cinzas indica o conteúdo de minerais presentes na madeira em suas mais diferentes formas. Segundo REDDO (1997), os principais íons minerais normalmente encontrados em cinzas de madeira são potássio, cálcio, magnésio, pequenas quantidades de sódio, manganês, ferro, alumínio, além de radicais como carbonatos, silicatos, cloretos, sulfatos. Existem também traços de outros elementos como zinco, cobre e cromo, dentre outros. Nas árvores, a quantidade destes elementos varia com a espécie, a disponibilidade no solo, a necessidade individual e a época do ano. Para a indústria de celulose são desejáveis madeiras com baixos teores de minerais, porque estes podem se constituir em contaminantes e, quando se acumulam no processo, são causadores de problemas como corrosão, erosão e entupimentos, levando a redução da vida útil dos materiais e perdas de produção, principalmente em fábricas com ciclo de água mais fechado. Segundo OELKEL & ASSIS (1995), uma boa alternativa para redução dos teores de cinzas seria a sua inclusão em programas de melhoramento genético. Há estudos que mostram a existência de variabilidade na quantidade de íons presentes nas madeiras de clones de Eucalyptus saligna, indicando a possibilidade de redução dos teores de cinzas mediante seleção clonal. A amostragem da madeira para análises químicas é de grande importância e se constitui num problema devido à heterogeneidade e variabilidade dessa matéria-prima. Dentro de uma mesma árvore, a composição química varia em todos os sentidos e entre madeira primaveril e madeira outonal. Acima de tudo, a amostra deverá ser representativa do lote ou da população (LORES et al. 2000). Em geral, as quantidades amostrais são muito pequenas, na ordem de uma ou de poucas gramas. Por isso, os cuidados para que esses materiais realmente representem a população que se quer amostrar deveriam ser muito mais criteriosos do que hoje são na prática analítica. Por exemplo, são reduzidas as informações na literatura sobre as diferenças nos resultados decorrentes das variabilidades dos métodos de análise e também da variabilidade devido às amostragens. Por outro lado, nesse universo de incertezas e de erros, pesquisadores e empresas de papel e celulose necessitam analisar as madeiras quanto aos seus teores de lignina, celulose, hemiceluloses, extrativos, cinzas. Para isso, precisam estar seguros sobre os tipos de amostragens a serem utilizados (ONSECA et al., 1996). Na maioria das vezes, os resultados encontrados dão suporte a decisões de melhoramento florestais ou operacionais que envolvem grandes somas econômicas e que só serão percebidos a médio ou longo prazo. De acordo com LORES (1999), foram encontradas variações significativas entre árvores clonais para algumas das propriedades. Por isso, deve-se atentar tanto para o tamanho como para o número de amostras nas avaliações de cunho tecnológico. São variados também os resultados encontrados para uma única amostra, quando se repetem as determinações analíticas por diversas vezes. Optou-se assim, pela realização desse trabalho, onde se estudaram procedimentos para amostrar e analisar de forma representativa a madeira em relação a sua composição de minerais (cinzas). Tendo em vista a importância do gênero Eucalyptus para a indústria de celulose brasileira e frente ao fato de se dispor no Rio Grande do Sul de espécies com quantidades distintas de cinzas, como o Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus, desenvolveu-se metodologia amostral de madeira para essas duas espécies. 2.1. Amostragem 2. MATERIAL E MÉTODOS As amostras de madeira foram coletadas em árvores de duas espécies, Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus, com 7 anos de idade e provenientes de hortos florestais da empresa KLABIN RIOCELL S/A, localizada em Guaíba, RS. oi abatida uma árvore representativa para cada espécie, já que o objetivo desse estudo foi definir o procedimento de amostragem e não o tamanho da amostra (número de árvores a amostrar). De cada árvore foram coletados dois discos (na mesma orientação cardeal) para cada uma das seguintes alturas: base, 25% H, 50% H, 75% H e 100% H, sendo H a altura comercial da árvore. Os discos foram selecionados para não conterem nós, podridões, ou quaisquer outras anormalidades, tendo 25 + ou - 1 mm de espessura. O número total de discos para cada árvore/espécie foi de 10. Destes, um 2

disco por altura foi guardado em ambiente climatizado como reserva. O outro disco foi submetido aos ensaios, sendo que a preparação das amostras foi realizada da seguinte forma: - cada disco foi segmentado em 4 partes de mesmo ângulo em relação à medula, a partir da orientação cardeal, as quais foram numeradas em função da espécie, altura e orientação cardeal; - de cada segmento foram tiradas duas fatias com mesmo ângulo de segmentação (5º) em relação à medula, uma de cada lado do segmento. Consequentemente, para cada altura existiram 4 amostras de madeira, na forma de 2 fatias por amostra, (8 fatias a cada altura amostrada da árvore); - as amostras de micro-fatias correspondentes à mesma espécie e nas posições dos pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste), representavam as amostras por árvore ou espécie. oram misturadas as micro-fatias tomadas dos discos nas diferentes alturas, correspondentes a cada espécie e a cada ponto cardeal. Consequentemente, cada árvore teve 4 amostras que foram representativas da mesma, da base até o topo: N(norte), S(sul), L(leste) e O (oeste). - as 4 amostras de madeira por árvore foram individualmente reduzidas a mini-palitos que foram totalmente transformados em serragem, utilizando-se moinho Wiley, para produção da fração 40 mesh (ração 40 é toda fração que atravessa a peneira de 40 mesh); - as serragens individualizadas por tratamento (2 espécies x 4 pontos cardeais = 8 tratamentos) foram secas ao ar livre e posteriormente armazenadas em frascos hermeticamente fechados, para posteriores determinações. 2.2. Métodos de Análise As amostras foram preparadas de acordo com (TAPPI 257 cm-85). Cada fração foi analisada em relação ao teor de cinzas, de acordo com (TAPPI 211 om-93 adaptada), sendo que para a realização desta análise obteve-se anteriormente o teor de umidade da madeira de acordo com (TAPPI 264 cm-97). 2.3. Procedimentos estatísticos Os resultados foram avaliados quanto à sua variabilidade por parâmetros estatísticos de medida de dispersão (média aritmética, desvio padrão, coeficiente de variação). As diferenças entre tratamentos foram testadas por análise de variância ANOVA, valendo-se do teste de significância. Adotou-se o nível de 5% de significância para as comparações. Para a determinação do número de repetições a adotar, foi utilizada a fórmula adaptada a partir de GUENTHER (1965) e REESE (1967) e expressa por: n = [(t 1-á/2. DP) (IC 2)] 2 onde: n = número de repetições a adotar; t = valor estatístico t de Student, considerando a amostra de n análises realizadas a título de préteste; DP = desvio padrão; IC = Amplitude do intervalo de confiança ou amplitude máxima para que a média verdadeira esteja contida na mesma para o nível de significância adotado (ou seja, o erro máximo que se quer cometer). Para o teor de cinzas preestabeleceu-se IC = 0,20 % para Eucalyptus globulus e IC= 0,15 % para Eucalyptus saligna, frente às diferenças encontradas nas médias dos teores de cinzas para essas espécies. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Resultados gerais Os teores de cinzas das madeiras de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus, para as posições correspondentes às faces de exposição cardeais Norte, Sul, Leste e Oeste, estão relatadas na Tabela 1, com respectivos valores médios, desvio padrão e coeficiente de variação. O número de repetições para cada amostra foi de 8. Nesse quadro também estão apresentados os números mínimos 3

de repetições para que a média verdadeira da árvore esteja contida dentro do intervalo de confiança (IC) preestabelecido em relação à média amostral, com 95% de probabilidades. TABELA 1: Teores de cinzas das madeiras de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus Espécies ace de exposição cardeal Média % Desvio Padrão Coeficiente de Variação % Número mínimo de repetições E.saligna IC= 0,15% Norte 0,32 0,0828 25,87 7 Sul 0,39 0,0818 20,97 7 Leste 0,31 0,0667 21,52 5 Oeste 0,37 0,0652 17,62 5 Média geral 0,35 0,0784 22,40 5 E. globulus IC= 0,20% Norte 0,55 0,1 18,18 6 Sul 0,58 0,078 13,45 4 Leste 0,54 0,096 17,78 6 Oeste 0,58 0,0514 8,86 2 Média geral 0,56 0,0818 14,61 3 Os resultados para teores de cinzas totais correspondentes às médias de quadrantes opostos e à média geral da árvore estão apresentados no Tabela 2. TABELA 2: Teores médios de cinzas para quadrantes opostos dos discos das madeiras de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus Espécies Quadrantes Cinzas % E. saligna Norte + Sul 0,36 Leste + Oeste 0,34 Média geral 0,35 E. globulus Norte + Sul 0,56 Leste + Oeste 0,56 Média geral 0,56 3.2. Comparações estatísticas 3.2.1. Comparação do teor de cinzas de Eucalyptus saligna com o teor de cinzas de Eucalyptus globulus TABELA 3: Análise de Variância E. saligna x E globulus onte de variação Graus de liberdade Soma de quadrado Quadrado médio calculado Tabelado 5% Tratamento 1 0,7353 0,7353 114,53 3,99 Erro 62 0,3982 0,00642 Total 63 1,1335 4

Como se pode verificar na Tabela 3, a análise de variância entre as 32 determinações de cinzas (4 faces de exposição e 8 repetições) de E. saligna e as 32 determinações de E. globulus apresentou um calculado (114,53) maior que o tabelado (3,99), ou seja, que existe diferença significativa entre o teor de cinzas das espécies a um nível de 5% de significância. Esse fato confirma dados de REDDO (1997) e REPETTI (1992), apesar de ser apenas uma indicação, já que se amostrou apenas uma árvore por espécie. 3.2.2. Comparações do teor de cinzas da madeira conforme a face de exposição cardeal da árvore, dentro da espécie E. saligna TABELA 4: Análise de Variância (N x S x L x O): E. saligna onte de variação Graus de liberdade Soma de quadrado Quadrado médio calculado Tabelado 5% Tratamento 3 0,0349 0,0116 2,08 2,95 Erro 28 0,1559 0,,0056 Total 31 0,1908 Como se pode verificar na Tabela 4, a análise de variância apresentou um calculado (2,08) menor que o tabelado (2,95), ou seja, não existe diferença significativa para o teor de cinzas entre as quatro faces de exposição cardeal para E. saligna, a um nível de 5% de significância. 3.2.3. Comparações do teor de cinzas da madeira conforme a face de exposição cardeal da árvore, dentro da espécie E. globulus TABELA 5: Análise de Variância (N x S x L x O): E. globulus onte de variação Graus de liberdade Soma de quadrado Quadrado médio calculado Tabelado 5% Tratamento 3 0,0117 0,0039 0,56 2,95 Erro 28 0,196 0,007 Total 31 0,2077 Como se pode verificar na Tabela 5, a análise de variância apresentou um calculado (0,56) menor que o tabelado (2,95), ou seja, não existe diferença significativa para o teor de cinzas entre as quatro faces de exposição cardeal para E. globulus, a um nível de 5% de significância. 3.2.4. Comparações entre o teor de cinzas de Eucalyptus saligna para amostragens de quadrantes opostos dos discos conforme a face de exposição cardeal: (N+S) x (L+O) x Média geral da árvore calculado = 0,242 (não significativo) crítico (5% nível de significância) (2 GL tratamento e 21GL resíduo) = 3,47 3.2.5. Comparações entre o teor de cinzas de Eucalyptus globulus para amostragens de quadrantes opostos dos discos conforme a face de exposição cardeal: (N+S) x (L+O) x Média geral da árvore calculado = 0,014 (não significativo) crítico (5% nível de significância) (2 GL tratamento e 21 GL resíduo) = 3,47 O número de repetições utilizados para cada amostra foi de 8, sendo que para Eucalyptus saligna a média do teor de cinzas na madeira foi de 0,35%, com um coeficiente de variação de 22,40%, enquanto para Eucalyptus globulus a média foi de 0,56% com um coeficiente de variação de 14,61%. 5

REDDO (1997), utilizando maior número de amostras por espécie, encontrou teores de cinzas de 0,65% para Eucalyptus globulus e de 0,41% para Eucalyptus saligna. A análise estatística mostrou que os teores de cinzas das madeiras de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus diferem entre si e que nas comparações entre as médias, conforme a face de exposição cardeal da árvore (N x S x L x O), tanto para Eucalyptus saligna, como para Eucalyptus globulus não existe diferença significativa em um nível de 5% de significância. O objetivo fundamental desse trabalho não foi o de comparar as espécies, mas adequar a metodologia de amostragem e análise. As diferenças encontradas entre as espécies foram mais importantes para analisar a sensibilidade metodológica e avaliar a variabilidade do teor de cinzas da madeira e sugerir uma metodologia de amostragem das árvores do que realmente comparar as espécies. Nesse caso, a observação mais relevante que pode ser comprovada foi a de que não foram encontradas variações entre as quatro faces de exposição cardeal das árvores. 4. CONCLUSÕES As seguintes conclusões podem ser tiradas pela realização dessa pesquisa: - existe variação importante nos resultados das determinações dos teores de cinzas da madeira de uma única árvore tanto para Eucalyptus saligna como para Eucalyptus globulus; - cunhas cuidadosamente amostradas aleatoriamente ao longo da altura podem representar a árvore; - as cunhas devem ter mesmo ângulo em relação à medula e os discos mesmas espessuras; - a fração de serragem de 40 mesh deve representar de forma proporcional toda a árvore em sua altura e em seus diâmetros nas alturas de onde se coletaram os discos; - para ter-se um resultado médio mais confiável e capaz de permitir decisões mais seguras nos programas de melhoramento florestal e otimizações industriais, observou-se que pelo menos 3 a 4 repetições da análise de cinzas para Eucalyptus globulus são necessárias e 5 repetições para Eucalyptus saligna. Deve-se enfatizar que as análises somente com repetições em duplicata conduzem a intervalos de confiança muito amplos e a média verdadeira para a amostra poderá ser diferente do valor médio encontrado para as duas análises. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a KLABIN RIOCELL S/A, `a APERGS, ao PIBIC-CNPq e à Universidade ederal de Santa Maria por criarem as condições para a execução e elaboração desse trabalho de pesquisa. BIBLIOGRAIA LORES, D.M.M. Variação das características dendrométricas, da qualidade da madeira e da celulose entre árvores de um clone de Eucalyptus saligna SMITH. Santa Maria: USM, 1999. 88 p. Dissertação. (Mestrado em Engenharia lorestal) Universidade ederal de Santa Maria, 1999. LORES, D.M.M., CARDOSO, G.V., OELKEL, C.E.B., RIZZO, S.M.B. Amostragem de árvores para estudos tecnológicos da madeira para produção de celulose: tamanho da amostra, número mínimo de repetições e variabilidade das propriedades para um clone de Eucalyptus saligna SMITH. O Papel, São Paulo, v. 61, n. 3, p.44-55, 2000. OELKEL, C.E.B., ASSIS, T..de New pulping technology and Eucalyptus wood: the role of soil fertility, plant nutrition and wood ion content. In: CRC OR TEMPERATE HARDWOOD ORESTRY, 1995, Hobart. Anais Hobart: CRC, 1995. 487 p, p. 10-14. ONSECA, S.M., OLIVEIRA, R.C., SILVEIRA, P.N. Seleção da árvore industrial: procedimentos, riscos e benefícios. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 20, n. 1, p. 69-85, 1996. 6

REDDO, A. Elementos minerais em madeira de eucaliptos e acácia negra e sua influência na indústria de celulose kraft branqueada. Santa Maria: USM, 1997. 69 p. Dissertação. (Mestrado em Engenharia lorestal) Universidade ederal de Santa Maria, 1997. REESE,. Elementary statistical methods for foresters. Washington: Department of Agriculture orest Service, 1967. 87 p. GUENTHER, W.C. Concepts of statistical inference. New York: McGraw-Hill Book, 1965. 353 p. REPETTI, R. Aptitude tecnologica de los Eucaliptos: Eucalypus globulus, Eucalyptus viminalis, Eucalyptus saligna y Eucalyptus grandis para su utilizaccion en la elaboracion de pastas kraft. In: Palestra Os Eucaliptos na Argentina e sua potencialidade para produção de celulose e papel. 1992. Paginação irregular. Material impresso. TECHNICAL ASSOCIATION O PULP AND PAPER INDUSTRY. Ash in wood, pulp, paper and paperboard: combustion at 525 0 C. Atlanta, 1998/1999 (T 211 om-93 adaptada)..preparation of wood for chemical analysis. Atlanta, 1998/1999 (T264 cm-97)..sampling and preparing wood for analysis. Atlanta, 1998/1999 (T 257 cm-85). 7