CLITLGI D NEVEI N EPT DE GUUL (1969-1997) Edson Cabral Doutorando em Geografia Física FFLC/UP estre em Climatologia Urbana - FFLC/UP bservador eteorológico INFE e-mail: edsoncab@usp.br BTCT This paper analysis the climatological parameter fog at Guarulhos International irport of visualizing a period of almost thirty years (1969-1997) and discusses the genesis, variability and importance of the fenomenal to aeronautical operations and safety flight. I INTDUÇÃ nevoeiro é um fenômeno meteorológico vinculado, via de regra, à estabilidade atmosférica e obstrui a visibilidade horizontal a menos de 1. m, sendo composto por pequenas gotículas de água suspensas próximas à superfície. No caso específico de aeroportos, o nevoeiro apresenta caráter singular, tendo em vista restringir sobremaneira as operações de pouso e decolagem e afetar a segurança das aeronaves e de seus passageiros. Cabe lembrar, por exemplo, do acidente ocorrido com o Boeing 737 da VP (Prefixo PP-E) no eroporto de Guarulhos (ão Paulo) em 28 de janeiro de 1986, que teve como causa direta a ocorrência desse fenômeno. Pesquisas levadas a cabo por PILLIÉ et alli (1975), ILL (1988), UCKLING and ITCELL (1988), CBL (199), CTEN DE L CUET y TINEZ (1993), CWE and KEPKE e VILLEL (1997), entre outros, estudaram o fenômeno utilizando registros meteorológicos de aeroportos. Este trabalho tem como escopo analisar alguns aspectos climatológicos das ocorrências de nevoeiro verificadas na área do eroporto Internacional de ão Paulo/Guarulhos, tomando por base o período de quase três décadas (1969-1997). II - ÁE DE ETUD eroporto de Guarulhos situa-se na latitude de 23 o 26 6 e na longitude de 46 o 28 22 W, a uma altitude média de 75 m e está localizado a NE do município de ão Paulo, em sua egião etropolitana, distando cerca de 25 km da Praça da é e ocupando uma área de aproximadamente 14 km 2. sítio em questão se encontra em uma planície alveolar no vale do io Baquirivu-Guaçu, afluente da margem direita do alto-tietê. s colinas que delimitam essa planície tem altitudes em torno de 8 m e limitam-se a norte com as escarpas das serras alinhadas nas direções E-W e ENE- WW que apresentam altitudes freqüentemente acima de 1. m. Para fins comparativos, foram também utilizados registros climatológicos do eroporto de Congonhas, situado na área urbana do unicípio de ão Paulo, em uma latitude de 23 o 37 32 e na longitude de 46 o 39 21 W e posicionado, segundo B BE (1975), em uma esplanada tabular suavizada do nível mais elevado das colinas pliocênicas (79-81 m), a W do bairro do abaquara, 1 km ao sul da Praça da é.
2 III TEII Para a realização deste trabalho foram utilizados registros mensais e anuais de número de dias e de horas de nevoeiro das Estações eteorológicas da Base érea de Cumbica (1969-1984) e do eroporto de Guarulhos (1985-1997), bem como dados do número de horas mensais e anuais de nevoeiro da Estação eteorológica de Congonhas (1972-1997), tomada como estação de apoio. Foram levantados também registros de médias de temperaturas mínimas dos dois aeroportos em questão, em termos de seus totais mensais e anuais para o período de 1961-1997, além de dados mensais e anuais de horas de restrição meteorológica do eroporto de Guarulhos (1985-1996), referentes aos períodos em que o mesmo apresentou condição de operação abaixo dos mínimos de IL CT II (visibilidade de V abaixo de 4 m e/ou teto menor que 1 ft). IV - EULTD E DICUÃ gráfico 1 mostra a distribuição anual de horas de ocorrência de nevoeiro cobrindo o período de 1969 a 1997, com uma divisão abrangendo três períodos distintos: 1969/1979 valores da Base érea de Cumbica; 198/1984 valores abrangendo o período de construção do aeroporto e, 1985 em diante - período após a construção do aeroporto. pesar da grande variabilidade anual do fenômeno, fica evidente a significativa tendência decrescente nos totais de horas de nevoeiro em todo o período de análise, com forte diminuição de seus valores quando da construção do aeroporto, particularmente de 1982 a 1984 e após sua inauguração, quando comparado com o primeiro período de dados. ano de 1997, o mais recente da série estudada, apresentou somente cerca de 17 horas do fenômeno, o menor valor de toda a série temporal. gráfico 2 evidencia um quadro comparativo da distribuição anual de horas de nevoeiro dos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, revelando valores bem mais elevados para Guarulhos, embora com registros decrescentes para as duas séries. ustamente no início da construção do eroporto de Guarulhos - início dos anos 8 os totais de horas de nevoeiro em Congonhas se elevaram e os dados de Guarulhos sofrem queda abrupta, mostrando certamente a influência da pavimentação e da retirada de vegetação da área no que tange à ocorrência do fenômeno. GÁFIC 1 - NUI DE NEVEI D ETÇÕE DE CUBIC (1969-1984) E GUUL (1985-1997) 6 55 5 45 4 35 3 25 2 15 1 5 7 72 74 76 78 8 82 84 86 88 9 92 94 96 N
3 6 GÁFIC 2 - CPTIV DE DE NEVEI - GUUL X CNGN (1972-1997) 55 5 45 4 35 3 25 GUUL CNGN 2 15 1 5 72 73 74 75 76 77 78 79 8 81 82 83 84 85 86 87 88 89 9 91 92 93 94 95 96 97 N freqüência de dias de nevoeiro de Guarulhos, referentes ao período de 1969-1997, é mostrada no gráfico 3, onde pode-se verificar a grande concordância com os resultados mostrados no gráfico 1. Gráfico3 - FEQUÊNCI DE DI NUI DE NEVEI D BE ÉE DE CUBIC(1969-1984) E EPT DE GUUL (1985-1997) 15 14 13 12 D 11 1 I 9 8 7 6 5 4 3 2 1 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 N Com relação à distribuição de freqüência mensal de horas de nevoeiro dos dois aeroportos, mostrada no gráfico 4, pode-se afirmar que o fenômeno ocorre preferencialmente no outono e inverno, quando se verifica maior estabilidade atmosférica, com menores temperaturas, menor cobertura de nuvens e, conseqüentemente maior resfriamento noturno devido à perda pela superfície de radiação de ondas longas. s nevoeiros nos dois aeroportos se configuram, portanto, basicamente como nevoeiros de radiação, estando associados geralmente a sistemas atmosféricos anticiclônicos. penetração da brisa marítima sobre o Planalto Paulistano contribui decisivamente para fomentar inúmeros episódios de nevoeiro, tendo em vista que a mesma transporta núcleos higroscópios (sal marinho e material particulado) e alto conteúdo de umidade oriunda da ascenção forçada do ar sobre a erra do ar. Localmente, os nevoeiros em Guarulhos surgem invariavelmente pelo setor leste, pelo lado da cabeceira da pista 27 e se espalhando por toda a área do aeródromo. s ocorrências de nevoeiro em Guarulhos têm seu máximo, em termos médios, no mês de junho, com pouco mais de 4 horas e Congonhas apresenta seus maiores valores em julho e junho, respectivamente.
4 GÁFIC 4 - FEQÜÊNCI ÉDI ENI DE DE NEVEI D EPT DE GUUL E CNGN (198-1997) 43 38 33 28 24 19 14 ão Paulo Guarulhos 9 F 4 N D F Ê N D Foram também analisadas as médias de temperaturas mínimas anuais para os dois aeroportos (gráfico 5), se verificando valores crescentes nos dois casos e com maiores incrementos térmicos em Guarulhos quando da construção de seu aeroporto. Em termos de taxas de aquecimento em relação às temperaturas mínimas, Guarulhos apresentou cerca de 3,5 C de aumento de temperatura e Congonhas aproximadamente 1,5 C para o período compreendido entre 1961/1997, evidenciando um efeito de urbanização presente nos sítios dos dois aeroportos, porém, mais recentemente, de maneira mais efetiva no caso de Guarulhos. GÁFIC 5 - CPTIV DE ÉDI DE TEPETU ÍNI DE GUUL E CNGN (1961-1997) 18 y =,422x + 15,151 2 =,529 17 16 T E 15 P E 14 T U 13 y =,968x + 12,576 2 =,7595 GUUL Ã PUL 12 11 1 61 62 63 64 65 66 67 68 69 7 71 72 73 74 75 76 77 78 79 8 81 82 83 84 85 86 87 88 89 9 91 92 93 94 95 96 N Para finalizar, foi confeccionado o gráfico 6, que revela a forte redução do número de horas de restrição meteorológica no eroporto de Guarulhos, no período de 1985 a 1996, devido particularmente à desintensificação dos nevoeiros naquela área, o que tem gerado uma grande melhoria das condições de segurança e na economia dos vôos, pois tem evitado que as aeronaves que tenham aquele aeroporto como destino, alternem em outros aeroportos (Campinas e Galeão, preferencialmente), com gastos de combustível, deslocamento de passageiros, tripulantes e pessoal de terra, alimentação, dentre outros.
5 GÁFIC 6 - NUI DE ETIÇÃ ETELÓGIC D EPT DE GUUL (BIX D ÍNI IL CT II*) - 1985/1996 16 14 12 1 8 6 4 2 85 86 87 88 89 9 91 92 93 94 95 96 N V - CNIDEÇÕE FINI s nevoeiros de Guarulhos tem sua origem ligada a fatores locais, de localização de seu sítio (acúmulo de ar frio na bacia, fontes de umidade lagoas e vegetação no entorno) e conjugado aos sistemas meteorológicos atuantes na região, o mesmo podendo se inferir com relação ao fenômeno para o aeroporto de Congonhas. Pode-se destacar ainda que o fator urbanização tem contribuído sensivelmente nas alterações climáticas verificadas nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas nas últimas décadas e para um maior grau de operacionalidade dos mesmos, ou seja, há o papel preponderante do homem atuando decisivamente à seu favor, afetando positivamente os aspectos de segurança com relação a passageiros, tripulantes e população vizinha e também nos custos envolvidos nas operações das aeronaves. EFEÊNCI BIBLIGÁFIC B BE,.N. estrutura metropolitana e o novo eroporto de ão Paulo. érie Geografia e Planejamento 18. UP - IG, 1975, 19p. CBL, E. spectos climatológicos da ocorrência de nevoeiro na área do eroporto Internacional de ão Paulo/Guarulhos. 199. nais do 8º Encontro Nacional de Geógrafos e VI Congresso Brasileiro de eteorologia, alvador/b. CTEN DE L CUET, F. y TINEZ, C.G-L. Predición de nieblas - plicación particular al eropuerto de adrid - Barajas. 1993. PT, adrid, 89 p. ILL, G.E. Fog effect of the Great alt Lake. 1988. ournal of pplied eteorology, 27, p. 778-783. PILLIÉ,.. et alli. The life cycle of Valley fog. 1975. ournal of pplied eteorology, 14, p. 347-374. CWE,. and KEPKE, P. adiation fog and urban climate. 1995. Geophysical esearch Letters, v. 22, n. 9, p. 173-176. E,. Climatologia do Brasil 14. Nevoeiro e orvalho. 1978. Boletim Geográfico, n. 36, p. 118-139. UCKLING, P.W. and ITCELL,.D. Fog climatology of the acramento urban area. 1988. The Professional Geographer, 4, p. 186-194. VILLEL,.. s meses de nevoeiro. 1997. eromagazine, ano 3, n.35, p.48-5.