Dos ODM aos ODS com uma lente de CPD? Mónica Ferro, mferro@iscsp.ulisboa.pt; mferro@psd.parlamento.pt
Dos ODM aos ODS, à Agenda Pós-2015 O que é a Coerência A Coerência e a Agenda Pós-2015 Desafios atuais e futuros
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio Onde? Como? Porquê? Até quando? Inovação metodológica / revolução programática
Balanço A mais mobilizadora narrativa em prol do desenvolvimento Discurso e prática focadas no Desenvolvimento Humano e não apenas no Crescimento Económico Abordagem programática / com objetivos concretos, mensuráveis com recurso a metas e indicadores Objetivos mensuráveis e monitorizáveis Definição do que ser desenvolvido significa
Porém. Método de identificação dos ODM Objetivos universais sem metas nacionais Ausências Abordagem sectorial Financiamento Perceção ou não da sua obrigatoriedade
Definição da Agenda Pós-2015 / o mundo que queremos? Agenda inclusiva, participada Uma agenda universal, com metas nacionais Centrada nas três dimensões do desenvolvimento sustentável: social, económica e ambiental Com uma abordagem holística
Relatório do Painel de Alto Nível (30 maio 2013) 1.Erradicar a Pobreza; 2. Empoderamento das Raparigas e Mulheres e alcançar a igualdade de género; 3. Garantir educação de qualidade e educação ao longo da vida; 4. Garantir vidas saudáveis; 5. Garantir segurança alimentar e boa nutrição; 6. Alcançar o acesso universal à água e saneamento; 7. Assegurar a sustentabilidade energética; 8. Criar empregos, modos de vida sustentáveis e crescimento equitativo; 9. Gerir a sustentabilidade dos recursos naturais; 10. Garantir a boa governação e a eficácia das instituições; 11. Construir sociedades estáveis e pacíficas; 12. Criar um ambiente global propício ao desenvolvimento e catalisar o financiamento de longo prazo.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (17 objetivos, 169 metas) 1. Acabar com a pobreza 2. Acabar com a fome, garantindo a segurança humana e uma nutrição adequada para todo/as e promover a agricultura sustentável 3. Garantir uma vida saudável para todo/as em qualquer idade 4. Garantir educação inclusiva e equitativa e garantir oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todo/as 5. Alcançar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas
6. Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água e do saneamento para todo/as 7. Garantir o acesso a energia de confiança, sustentável e moderna e a preços acessíveis para todo/as 8. Promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todo/as 9. Construir infraestruturas resilientes, promover uma industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação
10. Reduzir as desigualdades dentro e entre estados 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis 12. Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis 13. Adotar medidas urgentes de combate às alterações climáticas e os seus impactos 14. Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos visando um desenvolvimento sustentável
15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, e fazer cessar e reverter a deterioração dos solos e deter a perda de biodiversidade 16.Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, garantir o acesso de todo/as à justiça e construir instituições que sejam efetivas, responsabilizáveis e inclusivas em todos os níveis de governação
17. Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável Temas sistémicos/coerência política e institucional 17.13: fortalecer a estabilidade macroeconómica global inclusive através de coordenação e coerência das políticas 17.14: reforçar a coerência das políticas para o desenvolvimento sustentável 17.15: respeitar o espaço e as lideranças políticas de cada país para que possam estabelecer e implementar políticas de erradicação da pobreza e desenvolvimento sustentável
Coerência na UE e na OCDE A CPD faz parte dos objetivos da cooperação europeia há mais de 20 anos Tratado de Lisboa artigo 188D Parlamento europeu tem um relator sobre CPD (2010) Mecanismos institucionais de CPD na União A OCDE tem um mandato político claro na definição das discussões europeias e internacionais sobre CPD Unidade temática de CPD no Secretariado Geral
Resolução do Parlamento Europeu, 13 de Março de 2014 Considera a CPD como uma obrigação, um instrumento de política global e um processo (C), reconhece que todas as políticas da União têm um impacto externo (D), que a CPD deve basear-se no reconhecimento do direito de qualquer país ou região de definir democraticamente as suas próprias políticas, prioridades e estratégias (E), que a União deve assumir uma liderança efetiva na promoção da CPD (F), que no quadro do pós-2015 a CPD deve apoiar-se numa ação centrada em responsabilidades comuns mas diferenciadas, propícia a um diálogo político inclusivo (i)
Incluir no pós-2015 um objetivo referente à CPD desenvolver indicadores fiáveis de medição dos progressos das entidades financiadoras e dos países parceiros e de avaliação do impacto das diferentes políticas no desenvolvimento Aplicando uma lente CPD a questões como crescimento demográfico, segurança alimentar, fluxos financeiros ilícitos, migração, clima e o crescimento verde. É necessária uma verdadeira pedagogia sobre como integrar a CPD nos diferentes domínios da ação política Ano Europeu para o Desenvolvimento.
Coerência em Portugal Resolução do CM n. 82/2010 A promoção do desenvolvimento, em particular nos países que nos são mais próximos, será favorecida se houver uma estreita coordenação entre as diversas políticas públicas que concorrem para este objetivo, como a política comercial, o combate às alterações climáticas ou a apolítica migratória.
Coerência.pt (cont.) Assim, a maior coerência entre políticas nacionais que afetem os países em desenvolvimento e a política de cooperação para o desenvolvimento representa um elemento fundamental para a racionalidade, eficiência e eficácia da cooperação portuguesa. Permite, também, a concretização e a operacionalização, no plano nacional, dos compromissos assumidos pelo Estado português a nível internacional, no quadro das conclusões do Conselho de Ministros da União Europeia (UE) sobre coerência das políticas para o desenvolvimento, doravante designada CPD. A descoordenação e a incoerência de políticas têm custos económicos elevados, quer para as populações dos países em desenvolvimento, quer para os próprios contribuintes nacionais [ ].
coerência.pt A presente resolução visa assim reconhecer a coerência das políticas para o desenvolvimento como um instrumento essencial para a melhoria da eficácia da política externa portuguesa, bem como estabelecer mecanismos formais de coordenação e reforço do diálogo interministerial nesta área.
Conceito Estratégico da Cooperação Portuguesa Reconhece -se ainda, no Conceito Estratégico, a necessidade de reforçar a coerência das políticas para o desenvolvimento, o que se procura alcançar através do funcionamento regular da Comissão Interministerial para a Cooperação, do desenvolvimento de mecanismos efetivos de coordenação e divulgação ao nível das estratégias e prioridades setoriais e promovendo o cumprimento do princípio fundamental de pronúncia prévia do Camões Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. (Camões, I.P.), conforme legalmente estabelecido.
CECP 2014-2020 O compromisso reforçado com a coerência das políticas para o desenvolvimento, designadamente no domínio das políticas públicas que afetam os países parceiros, complementa os esforços acima enunciados, necessários para o sucesso em alcançar os objetivos e resultados da política de cooperação portuguesa. São particularmente relevantes as políticas nas áreas do comércio, finanças, alterações climáticas, mar, segurança alimentar, migrações e segurança, alvo de compromisso por parte dos Estados -membros da UE.
CPD é um instrumento que facilita a acção colectiva para criar ambientes propícios ao Desenvolvimento. A CPD e a agenda pós-2015 de desenvolvimento global: Factores Facilitadores: Sistema de comércio mundial livre e justo Financiamento adequado do Desenvolvimento Sistema financeiro estável Acesso a tecnologia e conhecimento, a custos comportáveis Energia sustentável para todos Políticas macroeconómicas coerentes e que apoiem um crescimento inclusivo e ambientalmente responsável Factores Facilitadores: Segurança nutricional e alimentar Acesso universal a cuidados de saúde de qualidade Acesso universal a educação de qualidade Sistemas inclusivos de protecção social Gestão das dinâmicas demográficas Regras justas de gestão das migrações Desenvolvimento económico inclusivo Erradicação da pobreza extrema e da fome Redução das desigualdades Assegurar trabalho digno e emprego produtivo Sustentabilidade ambiental Protecção da biodiversidade Clima estável Resiliência a catástrofes naturais Direitos Humanos Igualdade Sustentabilida de Desenvolvimento social inclusivo Nutrição adequada para todos Educação de qualidade para todos Mortalidade reduzida Igualdade de Género Acesso a água potável e saneamento Paz e Segurança Vida livre da violência, do conflito e dos abusos Acesso a recursos naturais sem conflitos Factores Facilitadores: Utilização sustentável dos recursos naturais (clima, oceanos, florestas, biodiversidade) e gestão do desperdício Gestão do riscos de catástrofes e melhoria da resposta Factores Facilitadores: Mecanismos de governação global democráticos e coerentes Práticas de boa governação, baseadas no Estado de Direito Mediação e prevenção de conflitos Protecção dos Direitos Humanos Empoderamento das mulheres Fontes: UN System Task Team on the Post-2015 UN Development Agenda (2012), Realizing the Future We Want For All: report to the Secretary General.
Questões finais (sem resposta) Coerência Eficácia Desenvolvimento, um triângulo virtuoso? APD ou CPD? Ou caminhos complementares? CPD na atual arquitetura internacional de cooperação? Academia e CPD, há aqui material de pesquisa?