GESTAÇÃO E CÁRIE INTRODUÇÃO

Documentos relacionados
ANÁLISE DOS DADOS DE PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTAL NA CIDADE DE BARRETOS, SP, BRASIL, DEPOIS DE DEZ ANOS DE FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO

ANÁLISE DOS DADOS DE PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTAL NA CIDADE DE CAMPINAS, SP, BRASIL, DEPOIS DE DEZ ANOS DE FLUORAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO

Avaliação da prevalência de cárie dentária em escolares de localidade urbana da região Sudeste do Brasil

ATENDIMENTO DENTÁRIO DE CRIANÇAS DE OITO A DOZE ANOS DE IDADE, NOS GRUPOS ESCOLARES ESTADUAIS DA CAPITAL DE SÃO PAULO

ORIENTAÇÃO PARA APLICAÇÃO DE SAIS DE FERRO, EM GESTANTES, SEGUNDO O USO DE CURVA OPERACIONAL DE HEMOGLOBINA ("CURVA DE UMA GRAMA") *

PESO AO NASCER DE FILHOS DE UM GRUPO DE MULHERES NORMAIS

APLICAÇÃO DE UMA CURVA DE GANHO DE PESO PARA GESTANTES

ESTUDO COMPARATIVO DE INDICADORES BIOQUÍMICOS DE CONCENTRAÇÃO DE FERRO, EM DUAS POPULAÇÕES DE GESTANTES, COM E SEM ATENDIMENTO PRÉ-NATAL

EVOLUÇÃO DA GRAVIDEZ EM ADOLESCENTES MATRICULADAS NO SERVIÇO PRÉ-NATAL DO CENTRO DE SAÚDE GERALDO DE PAULA SOUZA, SÃO PAULO (BRASIL)

A UTILIZAÇÃO DE UMA CURVA PONDERAL DE GESTANTES NORMAIS NO DIAGNÓSTICO DE DESNUTRIÇÃO INTRA-UTERINA

O ESTADO DE NUTRIÇÃO DE CRIANÇAS INTERNADAS POR TÔDAS AS CAUSAS EM HOSPITAL ASSISTENCIAL DO MUNICÍPIO DE S. PAULO

COMPARAÇÃO ENTRE VALORES HEMATOLÓGICOS (HEMOGLOBINA, HEMATÓCRITO E FERRO SÉRICO) DA PARTURIENTE E DO RECÉM-NASCIDO

ANÁLISES DA PRECIPITAÇÃO OBSERVADA DURANTE OS MESES DE JANEIRO A JULHO NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE NO PERÍODO ENTRE

Luiz Roberto Augusto Noro Angelo Giuseppe Roncalli Francisco Ivan Rodrigues Mendes Júnior Kenio Costa Lima

PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM BRASÍLIA, BRASIL (1)

Duziene Denardini Pereira ANÁLISE DA ADAPTAÇÃO MARGINAL DE FACETAS LAMINADAS CONFECCIONADAS PELA TECNOLOGIA CAD/CAM: ESTUDO IN VITRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA NÍVEL MESTRADO

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO/SMS/ RJ

por apresentarem contração paradoxal do AP no primeiro atendimento fisioterapêutico; duas gestantes, por parto prematuro; duas, pela ocorrência

V. Resultados 2012 FIGURA 3- DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA SEGUNDO O TIPO DE EXTRAÇÃO

MORTALIDADE NA ADOLESCÊNCIA COM ESPECIAL REFERÊNCIA À MORTALIDADE MATERNA, BRASIL, 1980

PREVALÊNCIA DA CÁRIE DENTAL EM BRANCOS E NÃO BRANCOS (1)

EFEITOS DA ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA EM ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA CIDADE DE QUIXADÁ

ÍNDICES DE ATAQUE DE CÁRIE

Algumas alterações fisiológicas ou normais durante a gestação:

Carie dentaria entre crianças de creches publicas na faixa etária de 0 a 5 anos

RELAÇÃO ENTRE PESO AO NASCER, SEXO DO RECÉM-NASCIDO E TIPO DE PARTO

A INCIDÊNCIA DE DOR LOMBAR EM PUÉRPERAS DE PARTO NORMAL E CESÁREA

ODONTOLOGIA PREVENTIVA. Saúde Bucal. Periodontite. Sua saúde começa pela boca!

Textos para Discussão nº

Saiba os principais cuidados que uma gestante deve ter com a saúde bucal

no tratamento ...~... LUV em equipe multidisciplinar.

* Departamento de Diagnóstico e Cirurgia - Faculdade de Odontologia - UNESP São José dos Campos-SP. 19: ,1990.

PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DE 7 A 12 ANOS DE IDADE, NA CIDADE DE ARARAQUARA, SP (BRASIL), 1979 *

ANEMIA FERROPRIVA EM POPULAÇÕES DA REGIÃO SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO*

PRÉ- NATAL ODONTOLÓGICO PROTOCOLO DE ATENDIMENTO GRUPO QS- RS MARÇO 2016

DEFEITOS DE DESENVOLVIMENTO DE ESMALTE EM DENTES DECÍDUOS E SUA RELAÇÃO COM CONDIÇÕES PERINATAIS, ESTADO NUTRICIONAL E DE SAÚDE NA INFÂNCIA

Odontopediatras e Médicos Pediatras: os benefícios dessa Integração

ALTURA MATERNA E PESO DA CRIANÇA AO NASCER

Palavras-chave: Hepatite viral humana; Vigilância epidemiológica; Sistemas de informação; Saúde pública.

SIMPLIFICAÇÃO DO ÍNDICE CPO DOS 18 AOS 25 ANOS

Assistência odontológica no país: perspectivas 2

UTILIZAÇÃO DE UMA CURVA DE CRESCIMENTO INTRA-UTERINO CORRIGIDO PARA PESO E ALTURA MATERNOS

RELATÓRIO ESTATISTICO DOS DADOS RECOLHIDOS NA CAMPANHA MÊS DA SAÚDE ORAL DA COLGATE E SPEMD EDIÇÃO 2011

ÉPOCA DE COLHEITA DO MILHO, PARA ESTUDO DOS NUTRIENTES NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO, EM EN SAIOS EM CASA DE VEGETAÇÃO ( 1 ). HERMANO GARGANTINI e

PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLARES DE 6 A 10 ANOS DE UMA CIDADE SEM FLUORETAÇÃO NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO

O EPI-INFO NA SAÚDE BUCAL *

ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO A GESTANTES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Título do projeto: ESTUDO DA SAÚDE BUCAL DE PACIENTES COM SÍDROME DE PRADER-WILLI

GESTAÇÃO E SAÚDE BUCAL

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROBLEMA DA RUBÉOLA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (1)

RELATÓRIO. O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral está incluído no Plano Nacional de Saúde e tem como objectivos:

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DO RISCO GRAVÍDICO PRÉ-NATAL E INTERCONCEPCIONAL

A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM 1 MOLAR DE CRIANÇAS DE 6 A 12 ANOS: uma abordagem no Novo Jockey, Campos dos Goytacazes, RJ

RECURSOS EXISTENTES DE PESSOAL MÉDICO E PARA-MÉDICO NA REGIÃO DO GRANDE SÃO PAULO EM 1966

AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E PRÁTICAS EM SAÚDE BUCAL DE RESPONSÁVEIS POR CRIANÇAS ACOMPANHADAS NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA PELOTAS\RS

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde. Ricardo Antonio Nunes Neto

MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE SAÚDE DA MARINHA CENTRO MÉDICO ASSISTENCIAL DA MARINHA ODONTOCLÍNICA CENTRAL DA MARINHA

ALGUNS ASPECTOS DA MORTALIDADE DE CRIANÇAS EM OSASCO, S.P., BRASIL*

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

ESCALA DE EXPOSITORES

13. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Deficiência mental Síndroma de Down Tipos ou classes de Síndroma de Down Etiologia 9

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

TRATAMENTO DA TINEA PEDIS COM MICONAZOLE EM PACIENTES DE AMBULATÓRIO

1.11 Equipe Executora Número de Docentes Número de Discentes Número de Técnicos Pessoal Externo

EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA CÁRIE DENTÁRIA. Prof.: Urubatan Medeiros Carolina Borges

ANEMIA FERROPRIVA EM PARTURIENTES E RECÉM-NASCIDOS

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS DE HÁBITOS ORAIS COM AS MALOCLUSÃO DE ANGLE E

de Odontologia da Universidade do Grande Rio UNIGRANRIO, Campus Duque de Caxias Rio de Janeiro e do Pró-Saúde/UNIGRANRIO.

UTILIZAÇÃO DAS FICHAS DE REGISTRO DE VACINAÇÕES PELOS CENTROS DE SAÚDE NA DIVISÃO REGIONAL DE SAÚDE DE CAMPINAS ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL *

INCIDÊNCIA E FATORES DE RISCO PARA A SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DA PARAÍBA

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: ESTUDO COMPARATIVO

Exposição a Fluoretos com Origem na Pasta Dentífrica em Crianças em Idade Pré-escolar. Índice

IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS FATORES CLÍNICOS DA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO *

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

o PROGRAMA DE SAÚDE BUCAL PARA CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES EM ARARAQUARA-SP - O DESEMPENHO EM 1988

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE SERVIÇOS DE PRÉ-NATAL

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES BUCAIS REALIZADAS EM ALUNOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EM PONTA GROSSA, PARANÁ, DURANTE O ANO DE 2015.

A PROMOÇÃO DE AÇÕES ODONTOLÓGICAS PREVENTIVAS COMO CONSEQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO EM ESCOLARES DE PALMAS TO¹

INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO TÉTANO NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO PROGRAMA DE PRÉ-NATAL NA UBS VILA MUNICIPAL EM PELOTAS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA CÁRIE DENTÁRIA NO BRASIL, PERÍODO DE 1986 A RESUMO

A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ADOLESCENTES DE 12 ANOS NO BRASIL

PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ

Distribuição espacial de casos suspeitos de microcefalia em Pernambuco ago / 15 a fev / 2016

ATIVIDADES DE ASSISTÊNCIA DIRETA DO AUXILIAR DE ENFERMAGEM E ANOTAÇÃO IMEDIATA OU TARDIA

PLANEJAMENTO FAMILIAR

PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO FACE A FACE FRENTE A ANSIEDADE E DOR EM JOVENS SUBMETIDOS À EXODONTIA DE TERCEIRO MOLAR SUPERIOR

A Depressão no Processo de Maternidade


Modelagem de Processos para Gestão do Conhecimento: O Caso dos Salões da UFRGS

Conceituação tradicional

Instituição Educacional: Universidade de São Paulo USP Ribeirão Preto

ESCALA DE EXPOSITORES

INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS DAS ALTERAÇÕES DA COROA DENTAL

Sorria, mostre o que você tem de melhor!

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA CRIANÇAS CARENTES EM PONTA GROSSA

Promoções Janeiro Março 2017

Transcrição:

GESTAÇÃO E CÁRIE DENTAL Yvette VIEGAS (1) VIEGAS, Y. Gestação e cárie dental. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 4:71-77, jun. 1970. RESUMO O objetivo desta pesquisa foi o de verificar se a incidência de cárie aumenta durante a gestação. Foram incluídas neste estudo 82 gestantes e 40 não gestantes nas quais se observou a incidência de superfícies atacadas pela cárie durante um período de 6 meses. À análise dos dados constatamos que não ocorreu diferença estatìsticamente significante entre os dois grupos quanto à incidência de cárie. INTRODUÇÃO O aspecto quiçá mais importante, a fim de elucidar se existe ou não uma relação entre gestação e cárie dental, traduzida por um aumento do ataque de cárie durante a gravidez, está na elaboração de estudos de incidência comparando gestantes e não gestantes. Poucos são os estudos realizados em que foi empregada essa metodologia, sendo que em nosso meio até a presente data não existe nenhum trabalho nêsse sentido. O objetivo de nosso estudo foi o de verificar a incidência de cárie em mulheres durante o período de gestação, realizando-se concomitantemente a mesma observação em mulheres não gestantes, a fim de compará-las e verificar se a incidência era maior, menor ou igual entre os dois grupos em estudo. MATERIAL As mulheres gestantes e não gestantes incluídas nêste estudo estavam matriculadas no Centro de Saúde "Geraldo de Paula Souza" da Faculdade de Saúde Pública da USP. Examinamos 132 mulheres no início de gestação, mas destas, em apenas 82 pudemos concluir nossas observações. Em relação às não gestantes houve também uma perda similar, pois que das 65 nas quais procedemos o exame inicial, apenas em 40 pudemos realizar o segundo exame. Tal fato se deve às dificuldades inerentes ao trabalho com o elemento humano. Assim é que tivemos perdas de pacientes devidas ao problema da gestação em si (abortos, por exemplo) e pelo abandona por parte da gestante à assistência da Seção de Higiene Materna do Centro de Saúde. Por essa razão nossa investigação exigiu um período de tempo igual a 2 anos e 2 meses. A idade das gestantes variou de 17 a 40 anos, tendo uma idade média de 25,88, e a das não gestantes, de 21 a 40, tendo uma idade média de 28,37. Recebido para publicação em 10-3-1970. (1) Da Disciplina de Odontologia Sanitária do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP, São Paulo, S.P., Brasil.

MÉTODOS O método empregado para a verificação do ataque de cárie foi o índice CPOS. O exame foi feito sob luz artificial empregando-se espelho plano e sonda exploradora n. 5. Os critérios seguidos para a classificação do ataque de cárie das superfícies dos dentes foram os empregados pela Cadeira de Odontologia Sanitária 4 (1967). Os dados foram anotados numa ficha individual cujos itens classificadores eram idade e número de gestações. Em ambos os grupos foram realizados dois exames em cada mulher. O primeiro, nas gestantes, foi feito imediatamente após a constatação da gestação, e o segundo foi executado no final da gestação. Para as não gestantes, estipulou-se um intervalo de tempo que correspondesse aproximadamente ao das gestantes. Quanto ao tratamento estatístico dos dados foi feita a distribuição de freqüência, a obtenção da média, desvio padrão e êrro padrão da média, bem como o teste de diferença de médias. RESULTADOS Ocorreu nêste estudo uma perda no grupo das gestantes de 37,88%, e no das não gestantes, de 38,46%. Êsse fato pode ser considerado normal pois ocorre em todos os estudos longitudinais, e no presente caso êsse evento foi similar para os dois grupos. O resultado das observações, inicial e final, feitas nas 82 gestantes encontra-se na Tabela l onde se pode verificar o CPOS inicial e final, correspondentes ao primeiro e segundo exames, e sua incidência. Nessa tabela também podemos

constatar o período de observação, o número de gestações correspondentes a cada gestante e a idade. Na Tabela 2 podem ser verificados os mesmos dados em relação ao grupo de não gestantes. Ao se analisar os dados dos dois grupos nota-se que as médias do período de observação são praticamente iguais em ambos, equivalendo a 6 meses aproximadamente. Verifica-se ainda que as médias de superfícies atacadas pela cárie não são muito diferentes, sendo ligeiramente maior no grupo das não gestantes (68,75 61,10). Isto é explicável porque a média de idade nas não gestantes também é maior

(28,37 25,88). Observa-se mais que as médias de incidência de superfícies atacadas pela cárie são similares (2,00 1,85). Feito o teste de diferença de médias, pôde-se concluir que tal diferença não é estatìsticamente significante. DISCUSSÃO Nossos resultados evidenciaram que a diferença de incidência de superfícies cariadas entre gestantes e não gestantes não é estatisticamente significante. Isto demonstra que o ataque de cárie se processa independentemente de qualquer efeito metabólico. LOGAR ¹ (1961) na Yugoslavia, ao observar a incidência de cárie em gestantes e não gestantes, tendo subdividido as primeiras em dois grupos, um que englobava as que tinham tido duas ou mais gestações, e o outro que incluia as primíparas, verificou que as gestantes de ambos os grupos tinham tido uma menor incidência, a qual classificou como ligeiramente menor que a das não gestantes. Aventou o autor a hipótese de que possìvelmente essa diferença tenha ocorrido porque o grupo das gestantes houvesse recebido tratamento anterior e porque se recomendasse às mesmas com freqüência a importância da perfeita higiene oral. Sabe-se que o tratamento não exerce influência sôbre a incidência de cárie, e que a escovação não constitui um método de prevenção da mesma. Por essas razões, parece-nos que a menor incidência ocorrida nas gestantes é puramente casual. RAURAMO 3 (1962), ao estudar êsse mesmo problema, verificou também que a incidência de cárie não é aumentada durante a gestação. Observou ainda a evolução das cáries do esmalte, tendo notado que as cáries das gestantes pareciam progredir mais rapidamente do que as das não gestantes. Verificou este fato através da mensuração das lesões, tendo concluído que as diferenças não eram estatìsticamente diferentes. Nosso estudo confirma plenamente, quanto à incidência, a observação destes dois pesquisadores. O fato de que LOGAR 1 (1961) tenha observado uma incidência ligeiramente maior nas mulheres com mais de uma gestação do que nas com apenas uma gestação é compreensível, pois, como demonstrou ZISKIN 6 (1926), e MULL, BILL & KINNEY 2 (1934), o ataque de cárie aumenta tanto com o aumento de número de gestações, como com o aumento da idade. Este evento foi também verificado através de nossas observações. Ao se analisar a Tabela 3, nota-se que a incidência de cárie tende a aumentar com o crescente número das gestações. Os menores valores observados em relação a 4

e 6 gestações são casuais e são devidos ao pequeno número de gestantes observadas. Quanto à idade, pudemos constatar, como se pode observar na Tabela 4, que a incidência de cárie aumenta à medida que a idade progride, e as discrepâncias observadas nas classes de maior idade cremos ser apenas motivadas pelo menor número de observações nelas incluídas. Êste evento fica evidente se dividirmos as gestantes em apenas duas classes de idade, pois dêsse modo o tamanho das observações possibilita de modo nítido a verificação desse fato, como se pode ver na Tabela 5, o que ocorre também nas não gestantes, Tabela 6. Em conclusão, nossa pesquisa demonstrou que não há diferença quanto à incidência de superfícies atacadas pela cárie entre gestantes e não gestantes. VIEGAS, Y. [Pregnancy and dental caries]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 4: 71-77, jun. 1970. SUMMARY The purpose of this investigation was to verify if the incidence of dental decay increases during pregnancy. In this study 82 pregnant and 40 nonpregnant women were included. In both groups the incidence of attacked surfaces was studied in a period of six months. The observed incidence of dental caries between the groups was not statistically significant. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. LOGAR, A. Increase in the incidence of dental caries during pregnancy, Zobozdrav. Vest., 16:109-17,. Dec. 1961. 2. MULL, J. W.; BILL, A. H.,& KINNEY, F. M. Variations of serum calcium and phosphorus during pregnancy. II. The effect on the occurrence of dental caries. Amer. J. Obstet. Gynec., 27:679-83, 1934. 3. RAURAMO, L. Incidence of caries during pregnancy. Odont. Tskr., 70:435-43, Oct. 1962. 4. SAO PAULO (estado). Faculdade de Higiene e Saúde Pública. Cadeira de Odontologia Sanitária. Manual de levantamento de cárie dental. São Paulo, 1967. [Mimeografado]. 5. ZISKIN, D. E. The incidence of dental caries in pregnant women. Amer. J. Obstet. Gynec., 12:710-19. Nov. 1926.