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Comunicado Técnico On line 119 ISSN 1676-767 Sobral, Ce Dezembro, 2010 Prática e Processo Agroindustrial Processamento de queijo caprino probiótico tipo coalho adicionado de Lactobacillus acidophilus Karina Maria Olbrich dos Santos 2 Antônio Diogo da Silva Vieira Selene Daiha Benevides Flávia Carolina Alonso Buriti Antônio Sílvio do Egito 6 Luís Eduardo Laguna 4 1 Introdução Os probióticos são microrganismos vivos que, Nos últimos anos, a produção e a produtividade do quando consumidos regularmente e em quantidades rebanho leiteiro caprino têm apresentado um adequadas, conferem benefícios à saúde (FAO, crescimento relevante no Brasil. O leite de cabra vem 2001). Estudos indicam que os queijos são veículos conquistando mercado em função de seu valor adequados para bactérias probióticas, por nutricional, como fonte de proteínas de alto valor apresentarem baixa acidez e uma matriz sólida, que biológico e baixo potencial alergênico, bem como de pode proteger essas bactérias, contribuindo para que minerais e vitaminas. No entanto, o consumo de se mantenham vivas durante a estocagem e a produtos lácteos caprinos ainda é incipiente no país. passagem pelo trato gastrintestinal humano (KASIMOĞLU et al., 2004; SONGISEPP et al., O desenvolvimento de tecnologias para a fabricação 2004). A maioria das bactérias consideradas de queijos caprinos pode contribuir para a probióticas pertence a dois gêneros, Lactobacillus e disponibilização de novos produtos que possam Bifidobacterium, normalmente encontrados no ampliar o consumo e alterar esse quadro. Os queijos intestino delgado e grosso de pessoas saudáveis, de cabra são produtos de elevado valor nutricional, respectivamente. particularmente devido ao seu alto teor protéico quando comparado às suas quantidades de energia e Para um alimento ser considerado probiótico, a lipídeos. A incorporação de culturas probióticas é uma Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 8 estratégia interessante para incrementar os benefícios preconiza que deve conter, no mínimo, entre 10 e 9 à saúde oferecidos por esses produtos, aumentando 10 UFC (unidades formadoras de colônias) de um seu valor agregado (KALAVROUZIOTI et al., 200). microrganismo comprovadamente probiótico na 1 Eng. Alimentos, D. Sc. Pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos, Fazenda Três Lagoas, Estrada Sobral- Groaíras, Km 04, Caixa Postal 14, CEP- 62010-970, Sobral/CE. E mail: karina@cnpc.embrapa.br 2 Graduando em Tecnologia de Alimentos - IFCE, estagiário da Embrapa Caprinos e Ovinos. E mail: antdiogo_vieira@hotmail.com Eng. Alimentos, D. Sc. Pesquisadora da Embrapa Caprinos. E mail: selene@cnpc.embrapa.br 4 Nutricionista, D. Sc. Bolsista DCR/CNPq-FUNCAP. Email: flaviaca@cnpc.embrapa.br Méd. Vet., Farmacêutico, D. Sc., Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos. E-mail: egito@cnpc.embrapa.br 6 Méd. Vet., M. Sc. Pesquisador da Embrapa Caprinos. E mail: laguna@cnpc.embrapa.br

2 Processamento de queijo... porção diária recomendada (ANVISA, 2008). Essa quantidade de microrganismos viáveis deve ser ingerida diariamente para obtenção dos efeitos benéficos. A alegação de benefícios à saúde permitida para produtos probióticos no Brasil, referese apenas à contribuição do microrganismo para o equilíbrio da microbiota intestinal, devendo ser destacado no rótulo que o consumo do produto deve estar associado à alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis (ANVISA, 2008). Para a produção de um queijo probiótico, portanto, deve-se garantir que as bactérias probióticas introduzidas se mantenham viáveis durante o processamento, maturação e armazenamento do queijo. Nesse sentido, a forma e o momento de adição do fermento probiótico e os parâmetros de processamento e estocagem são fatores importantes para a sobrevivência desses microrganismos (SANTOS et al., 2008). O queijo de coalho é um queijo tipicamente nordestino, de massa semicozida ou cozida, consumido fresco ou maturado. Produzido há mais de 10 anos, em vários estados da Região Nordeste do Brasil, e considerado o produto lácteo mais difundido no Estado do Ceará, é facilmente encontrado em todo o comércio, devido a sua popularidade (BENEVIDES et al., 2000). Tradicionalmente fabricado com leite bovino, o queijo de coalho teve sua tecnologia de processamento adaptada ao leite de cabra por pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos, gerando um produto com sabor diferenciado (EGITO; LAGUNA, 1999). Com base na tecnologia de fabricação do queijo de coalho de leite de cabra, e utilizando uma cultura comercial de Lactobacillus acidophilus reconhecidamente probiótica, foi desenvolvido um processo para a produção agroindustrial de queijo caprino probiótico em pequena escala. A segurança e os efeitos probióticos de diversas cepas de L. acidophilus são bastante estudados e amplamente reconhecidos (HOLZAPFEL; SCHILLINGER, 2002). Principais etapas do processo de fabricação As principais etapas de processamento do queijo de coalho caprino adicionado de L. acidophilus (Figura 1) são descritas a seguir, pressupondo-se o emprego de condições higiênico-sanitárias adequadas em todo o processo, de acordo com as Boas Práticas de Fabricação (BENEVIDES; EGITO, 2007). Pasteurização do leite Adição dos fermentos Adição de cloreto de cálcio Adição de coalho Corte da coalhada Mexeduras Aquecimento da massa Dessoragem e salga Enformagem e prensagem Embalagem e maturação Fig. 1. Fluxograma do processamento de queijo de coalho caprino probiótico. Os equipamentos e utensílios empregados devem ser de material adequado, como aço inoxidável, e de fácil higienização. Além de garantir que o produto final seja seguro para o consumidor, o atendimento às BPFs é imprescindível para reduzir o risco de contaminação por microrganismos deterioradores e para a manutenção da viabilidade da cultura probiótica durante a maturação e o armazenamento do produto. Pasteurização do leite O leite de cabra utilizado como matéria-prima deve ser proveniente de ordenha higiênica e mantido congelado ou sob refrigeração a 4ºC até o momento do processamento. A primeira etapa consiste em submeter o leite á pasteurização lenta (62 a 6ºC/0 minutos) e, em seguida, resfriá-lo até -7ºC. Adição dos fermentos O fermento lático mesofílico R-704 (Christian Hansen), composto por Lactococcus lactis subsp. cremoris e Lactococcus lactis subsp. lactis, é responsável por uma leve acidificação do leite e, em grande parte, pelo aroma e sabor do queijo produzido

Processamento de queijo... a partir de leite pasteurizado. Recomenda-se o uso de fermento liofilizado, em pó, que pode ser adicionado diretamente ao leite à temperatura de -7ºC, na concentração de 0,1g para cada 10 litros de leite. Em seguida, deve ser adicionado o fermento probiótico de L. acidophilus LA- (Christian Hansen), também comercializado na forma liofilizada, na concentração de 1g para cada 10 litros de leite. Logo após a adição dos fermentos, é importante agitar o leite até sua completa dissolução. e, em seguida, a massa é deixada em repouso por cerca de três minutos. A segunda mexedura é realizada alternadamente com períodos de repouso, até o momento em que os grãos de massa se depositem facilmente no fundo do tanque, o que ocorre em torno de a 10 minutos. Adição de cloreto de cálcio A adição de cloreto de cálcio tem a finalidade de auxiliar na coagulação do leite, corrigindo a insolubilidade de sais de cálcio decorrentes da pasteurização. Geralmente adiciona-se 1,0 a 2,g de cloreto de cálcio para cada 10 litros de leite. O produto também pode ser adquirido no mercado, na forma liquida em solução já preparada, devendo nesse caso ser utilizado na quantidade recomendada pelo fabricante. Antes da adição ao leite, o cloreto de cálcio, tanto na forma líquida como em pó, deve ser diluído em água filtrada. Adição de coalho O coalho comercial consiste de uma solução de enzimas capazes de promover a coagulação do leite. Pode ser adquirido em pó ou liquido e ambas as formas devem ser diluídas em água filtrada, de acordo com as recomendações do fabricante. Após a adição do coalho, o leite deve ser agitado lentamente por alguns segundos e deixado em repouso até o momento de coagulação, que deve ocorrer entre 40 e 0 minutos. É importante frisar que o coalho sempre deverá ser o último ingrediente a ser adicionado ao leite antes da coagulação. Corte da coalhada A etapa de corte tem a finalidade de promover a saída do soro, resultando na massa do queijo. O ponto para o corte pode ser identificado no momento em que, ao perfurar a coalhada com uma faca, esta apresentar-se limpa, sem resíduos de leite ou grumos. O corte pode ser realizado com faca ou com liras de aço inoxidável, no sentido vertical e horizontal. É importante que o corte resulte, na medida do possível, em cubos de tamanho uniforme, com arestas em torno de 1, cm. Mexeduras As mexeduras são efetuadas com o objetivo de auxiliar a saída do soro dos cubos de massa. A primeira mexedura após o corte da coalhada deve ser realizada lentamente, para evitar a quebra excessiva dos cubos, que ainda estão frágeis (Figura 2). O tempo de mexedura é de aproximadamente minutos Fig. 2. Aparência dos cubos de massa após o corte, no início da primeira mexedura. Aquecimento da massa O aquecimento da massa tem por objetivo promover a saída de soro dos grãos, resultando em queijos mais firmes e com menor teor de umidade. Para esse aquecimento, cerca de 0% do soro devem ser removidos, aquecidos a 7ºC e devolvidos ao recipiente com a massa, de forma a elevar sua temperatura até 0-ºC. Em seguida, realiza-se uma mexedura mais rápida por cerca de minutos e a massa é deixada em descanso por mais 10 minutos, para continuidade do processo de cozimento. Dessoragem e salga A salga do queijo é feita na massa, após a retirada de cerca de 90% do soro. Recomenda-se a adição de 90g de sal para cada 10 litros de leite, diluído em cerca de 1 litro de soro, e filtrado. A solução de sal é adicionada à massa e, após um período de 10 a 1 minutos, a quase totalidade do soro é retirada. Enformagem e prensagem Após a salga e separação do soro (Figura ), a massa é colocada em formas com dessoradores e pressionada suavemente para que fique distribuída uniformemente nas formas.

4 Processamento de queijo... Considerações finais Considerando que a porção de queijo usualmente consumida é de 0g (equivalente a uma fatia), a concentração de bactérias viáveis estipulada pela 7 ANVISA nesse produto equivaleria a 10 UFC/g. Nessas condições, um queijo contendo a cultura probiótica L. acidophilus LA- pode ser autorizado a utilizar a declaração de propriedade funcional em sua rotulagem. Referências BENEVIDES, S. D.; TELLES, F. J. S.; GUIMARÃES, A. C. L.; FREITAS, A. N. M. de. Aspectos físico- químicos e microbiológicos de queijo de coalho produzido com leite cru e pasteurizado no estado do Ceará. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos, Curitiba, v. 19, n. 1, p. 19-1, 2000. Fig.. Aparência da massa após retirada do soro para enformagem. A prensagem dá continuidade à retirada do soro da massa, reduzindo a quantidade de água presente no queijo e, consequentemente, contribuindo para sua conservação. Neste processo, a prensagem foi realizada em prensa hidráulica, a 0, libra/10 kg de massa, durante um período de 16 horas. Embalagem e maturação Depois da prensagem, os queijos são retirados das formas cuidadosamente, evitando que sejam danificados, e são mantidos sob refrigeração a 4ºC para perderem um pouco da umidade superficial. Em seguida, os queijos são embalados a vácuo em sacos de polietileno e estão prontos para consumo como produto fresco ou podem ser maturados a 10ºC por até 60 dias. ANVISA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Comissões Tecnocientíficas de Assessoramento em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos. Alimentos com alegações de propriedades funcionais e ou de saúde, novos alimentos/ingredientes, substâncias bioativas e probióticos: lista das alegações aprovadas. Atualizada em julho / 2008. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno _lista_alega.htm. Acesso em: 20 jun. 2009. BENEVIDES, S. D.; EGITO, A. S. do. Orientações sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF) para unidades processadoras de leite de cabra. Sobral: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2007. 4 p. (Embrapa Caprinos e Ovinos. Comunicado Técnico, 76). EGITO, A. S. do; LAGUNA, L. E. Fabricação de queijo de coalho com leite de cabra. Sobral: Embrapa Caprinos, 1999. 1p. (Embrapa Caprinos. Circular Técnica, 16). FAO. Evaluation of health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria: report of a Joint FAO/WHO Expert Consultation, Córdoba, Argentina, 2001. Rome: FAO: World Health Organization, 4p. Disponível em: ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/meeting/009/y698e.pdf. Acesso em: 4 dez. 2009. HOLZAPFEL, W. H.; SCHILLINGER, U. Introduction to pre-and probiotics. Food Research International, v., n., p.109-116, 2002. Fig. 4. Prensagem dos queijos

Processamento de queijo... KALAVROUZIOTI, I.; HATZIKAMARI, M.; LITOPOULOU-TZANETAKI, E.; TZANETAKIS, N. Production of hard cheese from caprine milk by the use of two types of probiotic cultures as adjuncts. International Journal of Dairy Technology, v. 8, n. 1, p. 0-8, 200. KASIMOGLU, A.; GÖNCÜOGLU, M.; AKGÜN, S. Probiotic white cheese with Lactobacillus acidophilus. International Dairy Journal, v. 14, p. 1067-107, 2004. Agradecimentos Os autores agradecem a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) pelo apoio financeiro ao trabalho, e aos laboratoristas João Batista Paula Ibiapina, José dos Santos Tabosa e Jorge Silvestre, do Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos (LBCTA) da Embrapa Caprinos e Ovinos pela colaboração na elaboração dos queijos. SANTOS, K. M. O. dos; EGITO, A. S. do; BOMFIM, M. A. D.; BENEVIDES, S. D. Produção de queijos probióticos para agregação de valor ao leite de cabra. Sobral: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2008. 19 p. (Embrapa Caprinos e Ovinos. Comunicado Técnico, 8). SONGISEPP, E.; KULLISAAR, T.; HÜTT, P.; ELIAS, P.; BRILENE, T.; ZILMER, M.; MIKELSAAR, M. A new probiotic cheese with antioxidative and antimicrobial activity. Journal of Dairy Science, v. 87, p. 2017-202, 2004. Comunicado Técnico, 119 On line Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Caprinos e Ovinos Endereço: Estrada Sobral/Groaíras, Km 04 - Caixa Postal 14 - CEP: 62010-970 - Sobral-CE Fone: (0xx88) 112-7400 Fax: (0xx88) 112-74 Home page: www.cnpc.embrapa.br SAC: http://www.cnpc.embrapa.br/sac.htm 1ª edição On line (Dezembro/2010) Comitê de publicações Expediente Presidente: Marco Aurélio Deolmondes Bomfim Secretário-Executivo: Alexandre César Silva Marinho Membros: Carlos José Mendes Vasconcelos, Tânia Maria Chaves Campelo, Luciana Cristine Vasques Villela, Antônio Cézar Rocha Cavalcante, Sérgio Cobel da Silva, Adriana Brandão Nascimento Machado, Manoel Everardo Pereira Mendes e Geny Rodrigues Cunha de Queiroz (suplente) Supervisão editorial: Alexandre César Silva Marinho. Revisão de texto: Carlos José Mendes Vasconcelos. Normalização bibliográfica: Tânia Maria Chaves Campelo. Editoração eletrônica: Fábio Fernandes