1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA DEAN Disciplina: HS-731 Teoria Antropológica II Semestre: 2 o sem / 2009 Curso: Mestrado em Antropologia Social Carga Horária total: 60h Professor: Paulo Guérios Ementa A construção do conhecimento antropológico com análise de literatura contemporânea. Objetivo Este curso dá continuidade à formação teórica em Antropologia Social do PPGAS UFPR, iniciada com a disciplina de Teoria Antropológica I. Serão abordados aqui os principais autores que, a partir dos anos 1950, lograram impor-se como referência obrigatória no campo da disciplina. Sendo impossível realizar um mapeamento exaustivo do campo, trata-se aqui de: apresentar as principais correntes de reflexão que surgiram neste período; compreender as suas condições de emergência e os fundamentos da diversidade de orientações dentro da disciplina; realizar uma análise interna e uma análise externa das diferentes propostas de produção de conhecimento na área; refletir criticamente sobre seu valor explicativo e compreensivo na tentativa de emprestar legibilidade aos mundos sociais que enfocam; e exercitar o potencial heurístico da disciplina na descrição e análise dos fenômenos etnográficos. Espera-se dos alunos abertura para o entendimento de diferentes perspectivas de construção de conhecimento propostas pelos autores abordados. A reflexão sobre o corpus de textos propostos é condição essencial para nortear sua futura produção como antropólogos. Avaliação Trabalho final com tema a ser definido pelo docente. Programa Sessão 1. Apresentação do curso Sessão 2. A Antropologia Estrutural de Lévi-Strauss Levi-Strauss, C. [1945] - "Análise estrutural em linguística e antropologia". In Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 45-70. Levi-Strauss, C.- [1952] - "A noção de estrutura em etnologia". In Antropologia Estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 313-30.
2 Lévi-Strauss, C. [1958] - A gesta de Asdiwal. In Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro : Tempo Brasileiro, 1987, pp. 152-205. Lévi-Strauss, C. [1962] A ciência do concreto, In. O Pensamento Selvagem. São Paulo: Papirus, 2005, 5 a. ed., pp.19-55. Lévi-Strauss, C. 1966 A família. In: Shapiro, H. (org.) Homem, Cultura e Sociedade, pp. 304-332, Rio de Janeiro: Fundo de Cultura. Deliège, R. 2001 Introduction à l'anthropologie structurale, Lévi-Strauss aujourd'hui, Paris: Seuil. Jakobson, Roman & Halle, Morris - "A fonologia em relação com a fonética". In Os Pensadores, vol. 49- Ed. Abril.(pp.60-95). Levi-Strauss, C. [1947] As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes, 1976, pp. 41-107 e pp. 522-537. Levi-Strauss, C. [1962] Totemismo hoje. Petrópolis: Vozes, 1975. Mauss, M. 1974 Ensaio Sobre a Dádiva, in:. Sociologia e Antropologia. São Paulo : EPU/Edusp. Morgan, L. H. "Introduction", in. Systems of consanguinity and affinity in the human family, pp. 3-9. Texto disponível na internet em http://www.questia.com/pm.qst?a=o&d=96312663. Acesso em agosto de 2007. Radcliffe-Brown, A.R. 1973 [1924] - "O irmão da mãe na África do Sul". In: Estrutura e função na sociedade primitiva. Rio de Janeiro: Vozes. pp.27-45. Saussure, F. 2006 - A natureza do signo linguístico ; Imutabilidade e mutabilidade do signo ; Linguística estática e linguística evolutiva. In:. Curso de Lingüística Geral. 27ª ed. São Paulo: Cultrix, pp.79-116. Sessão 3. Bourdieu e a teoria da prática Bourdieu, P. 1980 - "Objetiver l objectivation", "Structures, habitus, pratiques", "L'action du temps". In :. Le sens pratique, Paris, Minuit, pp. 51-70, 87-109, 167-190. Bourdieu, P. 1996 [1982] A linguagem autorizada. As condições sociais da eficácia do discurso ritual e Os ritos de instituição. In:. A economia das trocas lingüísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: EDUSP, 1996, pp. 85-106. Bourdieu, P. 1997 - "Compreender." In: Bourdieu, Pierre (coord.). A miséria do mundo. Petrópolis, Vozes, 1997, p.693-713.
3 Bourdieu, P. 1962 Célibat et condition paysanne. In: Études Rurales, 5-6, pp. 32-135. Wacquant, L. 1992 - Toward a Social Praxeology: The Structure and the Logic of Bourdieu s Sociology. In: Pierre Bourdieu & Loic Wacquant. An Invitation to Reflexive Sociology. Chicago: The University of Chicago Press, pp. 1-59. Sessão 4. Identidade e ação Brubaker, R. e Cooper, F. (2000) "Beyond Identity," Theory and Society, 29: 1-47. [Republicado sob o título Au-delà de l' identité em Actes de la recherche en sciences sociales. 2001, No. 139, pp. 66-85] Leach, E. 1996 Sistemas Políticos da Alta Birmânia. São Paulo: EDUSP. Caps. 1, 2, 3, 4, 6, 9, 10. Poutignat, P. e Streiff-Fenart, J. 1998 - Teorias da etnicidade. São Paulo: Ed. da Unesp. Sigaud, L. 1996 Apresentação, in Leach, E. Sistemas Políticos da Alta Birmânia. São Paulo: EDUSP, pp. 11-45. Sessão 5. O interacionismo simbólico Becker, H. 2008 - Outsiders, A cultura de um grupo desviante: o músico de casa noturna e A teoria da rotulação reconsiderada. Em: Outsiders. Estudos de sociologia do desvio. RJ: Zahar, 2008:15-30,89-110, 179-207 Becker, H. 1977 Mundos artísticos e tipos sociais. In Velho, G. Arte e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, pp. 09-25. Goffman, E. 1975 - Prefácio, Introdução e Conclusão. In. A Representação do Eu na Vida cotidiana. Petrópolis: Vozes. Velho, G. 2008 Goffman, mal-entendidos e os riscos interacionais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 23 (68), pp.145-148. Becker, H. 1996 - A Escola de Chicago, In Mana. Estudos de Antropologia Social, 2 (2), pp. 177-188. Berghozi, P. G. 1990 Compte-rendu de Becker, H. S. Les Mondes de l art. In: Revue Française de Sociologie, 31 (1), pp. 133-139.
4 Blumer, H. 1969 The methodological position of symbolic interactionism e Society as symbolic interaction, In:. Symbolic interactionism. Perspective and method. Berkeley: Un. of California Press, pp. 1-60 e 78-89. Joas, H. 1999 Interacionismo simbólico. In: Giddens, A. e Turner, J. (eds.), Teoria Social hoje. São Paulo: Ed. UNESP, pp. 127-174. Sessão 6. Norbert Elias: Configuração social e redes de interdependência ELIAS, N. 1980 Modelos de jogos e Características universais da sociedade humana, in. Introdução à Sociologia. Lisboa: Edições 70, pp.77-145. ELIAS, N. e SCOTSON, J. L. 2000 Introdução e Observações sobre a fofoca. In:. Os Estabelecidos e os Outsiders: Sociologia das Relações de Poder a partir de uma Pequena Comunidade. Rio de Janeiro : Jorge Zahar. Elias, N. - 1994 - Mozart. Sociologia de um gênio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Elias, N. 2001 Norbert Elias por ele mesmo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Neiburg, F. e Waizbort, L. (Org.) 2000 - Dossiê Norbert Elias. São Paulo: EDUSP. Sessão 7. Louis Dumont: individualismo e holismo Dumont, L. 1992 Prefácio ; Introdução ; Sociedade hierárquica e sociedade igualitária ; Conclusão ; Posfácio para a edição Tel, In:. Homo Hierarchicus: o sistema de castas e suas implicações. São Paulo: Edusp, 1992, p. 41-45, 49-67; 293-299; 369-375. Dumont, L. 2000 - Introdução. In: O individualismo : uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro : Rocco. Lardinois, R. 1995 - Louis Dumont et la Science Indigène. In: Actes de la Recherche en Sciences Sociales, 106/107, pp. 11-26. Assayag, J. 1998 La construction de l objet en anthropologie: l indianisme et le comparatisme de Louis Dumont, in: L Homme, 146, pp.165-189. Da Matta, R - 1979 - Carnavais, malandros e herois : para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores. Elias, N. 1994 A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
5 Goldman, M. 1985 "A construção ritual da pessoa: a possessão no candomblé", in Religião e Sociedade, 12 (1), 1985. Mauss, Marcel. 2003 "Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção de eu". In:. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac&Naify, pp. 367-397. Michel-Jones, F. 2000 "A noção de pessoa". in Augé, M. A construção do mundo (religião, representações, ideologia). Lisboa: Edições 70, pp 54-62. Sessão 8. O interpretativismo cultural Geertz, C. 1989 Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da Cultura e Um jogo absorvente: notas sobre a briga de galos balinesa. In:. A interpretação das Culturas. RJ: Guanabara, 1989:13-44, 278-321. Geertz, C. 1997 - Do ponto de vista dos nativos : A natureza do entendimento antropológico. In:. O Saber Local: Novos Ensaios em Antropologia Interpretativa. Petrópolis: Vozes,1997:85-107. Geertz, C. 1991 Negara: o Estado teatro no século XIX. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. Cap. 4. Geertz, C. 1988 Anti anti-relativismo, In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, 8(3), pp. 5-19. Geertz, C. 2004 O selvagem cerebral: sobre a obra de Claude Lévi-Strauss. In: Cadernos de Campo, n.12, ano 13. São Paulo, 2004. Kuper, A. 2002 Clifford Geertz: cultura como religião e como grande ópera, in. Cultura. A visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, pp. 105-160. Sessão 9. Cultura e Parentesco, Estrutura e História Sahlins, Marshall 2008 [1981] Metáforas históricas e realidades míticas. Rio de Janeiro: Zahar Editores. Sahlins, Marshall 1985 Ilhas de história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Cap. 5. Schneider, D. 1972 - What is Kinship all about? In: Priscilla Reining (org.), Kinship Studies in the Morgan Centennial Year, Washington, The Anthropological Society of Washington., 1972, pp. 32-63. Borofsky, R. 1997 - Cook, Lono, Obeyesekere and Sahlins, in Current Anthropology, 38 (2), pp. 255-282.
6 Collard, C. 2000 Kinship studies au tournant du siècle, In: L Homme, 154-155, pp. 635-658. Kuper, A. 2002 Marshall Sahlins: história como cultura, in. Cultura. A visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, pp. 207-258. Obeyesekere, G. 1991 - The Apotheosis Of Captain Cook : European Mythmaking In The Pacific. Princeton: Princeton Un. Press. Sessão 10. Pós-modernos nos EUA Clifford, James. Introduction: Partial Truths. Em: Clifford, J. & Marcus, G. E. (eds.). Writing Culture: The Poetics and Politics of Ethnography. California, The University of California Press, 1986:1-26.. A autoridade etnográfica.em: Clifford, J. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ. 1998:17-62. Rabinow, P. 1999 - Representações são fatos sociais: modernidade e pósmodernidade na Antropologia. In:. Antropologia da Razão. Rio de Janeiro: Relume Dumará, pp. 71-107. Bourdieu, P. 2003 L objectivation participante, in Actes de la recherché en sciences sociales, 150, pp 43-58. [Versão em inglês: Bourdieu, P. 2003 Participant observation, in The Journal of the Royal Anthropological Institut, 9 (2), pp. 281-294.] DaMatta, Roberto - Relativizando o interpretativismo. In: CORRÊA, Mariza & LARAIA, Roque (orgs.) - Roberto Cardoso de Oliveira: Uma Homenagem. Campinas, Unicamp/IFCH, 1992. Kuper, A. 2002 Admirável mundo novo, in. Cultura. A visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, pp. 259-286. Marcus, G. e Cushman, D. 1982 Ethnographies as texts, In: Annual Review of Anthropology, 11, pp. 25-69. Trajano Filho, Wilson 1988 Que barulho é esse; o dos pós-modernos? In: Anuário Antropológico/86, Brasília, UnB,1988. Sessão 11. Críticas e contra-críticas ao conceito de cultura Barth, F. 2000 [1989] A análise da cultura nas sociedades complexas. In Lask, T. (org) O Guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa, pp. 107-119.
7 Barth, F. 2000 [1969] Os grupos étnicos e suas fronteiras. In:LASK, T.(Org.). O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa, pp. 25-67. Kuper, A. 2002 Introdução: guerras culturais e Cultura, diferença, identidade, in. Cultura. A visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, pp. 21-42, 287-311. Sahlins, M. 1996 The Sadness of Sweetness: The Native Anthropology of Western Cosmology. In: Current Anthropology, 37 (3), pp.395-415.. 1997 - O Pessimismo Sentimental e a Experiência Etnográfica: Por que a Cultura Não é um Objeto em Via de Extinção. Mana. Estudos de Antropologia Social 3 (1): 41-73; Mana. Estudos de Antropologia Social 3 (2): 103-150.. 2004 - Esperando Foucault, ainda. São Paulo: Cosac & Naify. Sessão 12. O conceito de Sociedade Ingold, T. e Strathern, M. 1996 General introduction e "The concept of society is theoretically obsolete". In: Ingold, T. (org.). Key Debates in Anthropology. Londres: Routledge, pp. 1-14 e 55-98. Wolf, E. 2003 Inventando a sociedade. Em: Antropologia e Poder. Contribuições de Eric R. Wolf. Brasília, São Paulo: UnB, Unicamp, pp. 307-324. Barth, F. 2000 Por um maior naturalismo na conceptualização das sociedades. Em: O guru e o iniciador e outras variações antropológicas. RJ: Contra Capa, pp.167-186. Viveiros de Castro, E. 1996 Society. In: Encyclopedic Dictionary of Social and Cultural Anthropology. London: Routledge. Sessões 13 e 14. Textos e autores a decidir de acordo com o andamento do curso. Sessão 15. Tentativas de sínteses Bensa, Alban. [1996] 1998. Da micro-história a uma antropologia crítica. In Revel, Jacques (org.) Jogos de Escalas: A experiência da micro-análise. Rio de Janeiro: FGV. Pp. 39-76. Ortner, Sherry B. 1984. Theory in Anthropology Since the Sixties. Comparative Studies in Society and History 26 (1): 126-66.
8 Ardener, Edwin 1985. Social Anthropology and the Decline of Modernism. In: Joanna Overing (org.), Reason and Morality. London: Tavistock (A.S.A. Monographs 24). pp. 47-70. Kuper, Adam 1992. Introduction. In Kuper, Adam. Conceptualizing society. London: Routledge. [pp. 1-14]. Kuper, Adam 1999. Cultura a visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, 2002 [Introdução: guerras culturais (pp. 21-44); Cap. 7 (pp 287-311)]. Bourdieu, P. s.d. Remarques en marge de l article de Sherry B. Ortner sur Theory in Anthropology since the sixties. ms.