Disciplina: Antropologias Periféricas HS 091 Professor: Lorenzo Macagno 1º Semestre 2007 Horário: Quarta-feira, 18.30hs a 22.00hs. Sala: 613.

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1 Disciplina: Antropologias Periféricas HS 091 Professor: Lorenzo Macagno 1º Semestre 2007 Horário: Quarta-feira, 18.30hs a 22.00hs. Sala: 613. EMENTA: Discussão de estilos nacionais de Antropologia, especialmente em relação à construção da identidade nacional. Pressupostos epistemológicos e identitários da prática antropológica em função da relação dialética entre realidades locais e paradigmas internacionais. Apresentação: A história da antropologia, tal como tem sido divulgada em alguns manuais introdutórios consagrados, costuma ser apresentada sob a forma de tradições nacionais cada uma correspondendo, por sua vez, a tradições teóricas específicas. Assim, a antropologia norte-americana foi associada ao legado da antropologia cultural de Franz Boas, a antropologia francesa, ao legado da etnologia de Lévi-Strauss e, antes dele, à chamada Escola Sociológica Francesa - e, por último, a antropologia social britânica, ao legado malinowskiano, ainda que, na sua versão mais explicitamente sociológica, ao trabalho de Radcliffe Brown. O senso comum acadêmico ensejou que, em torno destas antropologias centrais, girassem outras antropologias (periféricas?) que dialogassem, ora de forma tensa, ora de forma cordial, com as correntes teóricas mencionadas. Nos últimos anos, esta visão centrípeta da antropologia (ou seja, um centro em volta do qual gira uma suposta periferia) vem sendo fortemente questionada, seja a favor de um maior cosmopolitismo na antropologia, seja a favor de um reconhecimento de outras antropologias nacionais que, de fato, têm dado uma importante contribuição à história do pensamento antropológico em geral. Este curso pretende ser sensível a esse movimento crítico e, sem desconhecer o legado dos pais fundadores busca, porém, adentrar em outros itinerários que, se podemos denominá-los de periféricos, é somente sob a condição de que o dito adjetivo apareça, sempre, entre aspas. O curso abordará, neste sentido, duas tradições nacionais, ainda que de uma forma não necessariamente naciocéntrica : o caso da antropologia sul-africana - na sua dupla perspectiva social e etnológica (neste último caso, associada ao chamado Volkendunde) e o caso da antropologia portuguesa, ainda que, neste caso, sob um registro mais amplo (o do diálogo com o lusotropicalismo de Gilberto Freyre). Em ambos os casos, dedicar-se-á especial atenção ao contexto sócio-político de produção das idéias e, inevitavelmente, ao papel que cada uma das

2 mencionadas antropologias teve em relação ao sistema segregacionista apartheid - no caso sul-africano e ao sistema colonial - supostamente assimilacionista - no caso Português. Como horizonte teórico metodológico buscaremos problematizar os tópicos mencionados sob algumas oposições sempre relativas- tais como: individualismo/holismo; sociedade/cultura; centro/periferia. Metodologia: Combinar-se-ão, ao longo do curso, aulas expositivas-teóricas, a cargo do professor com apresentações de seminários individuais e/ou de grupo, a cargo dos alunos. Avaliação: Serão aplicadas duas provas escritas (uma na metade e outra no final do semestre). O aluno será aprovado por média quando alcançar freqüência mínima de setenta e cinco por cento (75%) da carga horária e obtiver, no mínimo, grau numérico setenta (70) de média aritmética no conjunto de provas e outras tarefas como seminários- realizadas pela disciplina. PRIMERA PARTE: Alguns desafios iniciais: individuo/sociedade; sociedade/cultura; centro/periferia (três sessões) DUMONT, Louis (1985). Introdução. In: O individualismo. Uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco. DA MATTA, Roberto (2000). O social e o cultural. In: Relativizando. Uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco. CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto (1997). Por uma Etnografia das antropologias periféricas. In: Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Universitário. SEGUNDA PARTE: Individualismo/holismo na obra de Gilberto Freyre. Lusotropicalismo, antropologia e colonialismo português. - A invenção do lusotropicalismo (duas sessões):

3 FREYRE, Gilberto (1933 orig.) Casa Grande & Senzala. Lisboa: Edição Livros do Brasil (capítulos a selecionar). CASTELO, Cláudia (1998). Recepção em Portugal da doutrina de Gilberto Freyre In: O modo português de estar no mundo. O luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa ( ). Porto: Edições Afrontamento. - Antropologia e colonialismo português (duas sessões): FRY, Peter (2005) Culturas da diferença: seqüelas das políticas coloniais portuguesa e britânica na África Austral. In: A persistência da raça. Ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África austral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. FERREIRA, José Medeiros (1994). A descolonização: seu processo e conseqüências. In: José Mattosso (dir.) História de Portugal. Portugal em Transe ( ), Vol. 8, Editorial Estampa. BARRADAS, Ana (1997). O pensamento colonial de Jorge Dias. In: História, Ano XIX, Nº 30, Lisboa, pp Dilemas e desafios do pós-colonialismo (duas sessões): CAHEN, Michel (1999). Estado sem nação. Unicidade, unidade ou pluralismo do Estado em Moçambique e algures. In: La nationalisation du monde. Europe, Afrique. L identité dans la démocratie. Paris: L Harmattan, pp. 251 TERCEIRA PARTE : Antropologia social na África do Sul. Sociedade/Cultura no contexto do apartheid. - A construção do sistema segregacionista (duas sessões): CORNEVIN, Marianne (1979). O apartheid: poder e falsificação histórica. Lisboa: Edições 70.

4 DE JONGE, Klaas (1991). África do Sul. Apartheid e resistência. São Paulo: Cortez. RIBEIRO, Fernando Rosa (1995). A construção da nação na África do Sul: A Ideologia Individualista e o apartheid. In: Anuário Antropológico, Brasília, Vol. 94, p Os antropólogos e o apartheid (duas sessões): GORDON, Robert (1988). Apartheid s anthropologists: the genealogy of Afrikaner anthropology. In : American Ethnologist, 15-3 : SCHAPERA, Isaac (2001). O presente etnográfico: Adam Kuper entrevista Isaac Schapera. In: Mana. Estudos de Antropologia Social. Vol. 7 Nº1, pp GLUCKMAN, Max (1975). Anthropology and Apartheid: The Work of South African Anthropologists». In : Meyer Fortes and Sheila Patterson (eds.). Studies in African Social Anthropology. London-New York-San Francisco : Academic Press.pp GLUCKMAN, Max (1987). Uma situação social na Zululandia moderna. In: Bela Feldman-Bianco (org.) Antropologia das sociedades contemporâneas. São Paulo: Global Universitária. KUPER, Adam (2000). Colônias, metrópoles: um antropólogo e sua antropologia (entrevista). In: Mana. Estudos de Antropologia Social. Vol. 6, N 1, pp Dilemas e desafios do pós-apartheid (duas sessões): RIBEIRO, Fernando Rosa (1994). Eleições Na África do Sul: Uma Visão de Primeira Mão. In: Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, Vol. 26, p MALAN, Rian (1989). Coração traidor. O dramático reencontro de um jornalista sul-africano com seu país e sua consciência. São Paulo: Editora Best Seller. COMAROFF, Jean (1997). O retrato de um sul-africano desconhecido. A identidade na era global. In: Novos Estudos, CEBRAP, São Paulo.

5 A bibliografia deste programa está sujeita a eventuais modificações. Chefe do Departamento: