Viagem aos seios de Duília. Roteiro e direção: Sandro Aliprandini

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Transcrição:

Viagem aos seios de Duília Roteiro e direção: Sandro Aliprandini

Storyline: José Maria viaja em busca de seu primeiro amor, mas quando o encontra percebe que nada está como sonhara. 1 INT. ESCRITÓRIO DIA 8 COLEGAS DE TRABALHO estão reunidos ao redor da mesa bebendo champagne. Há flores sobre a mesa. ADÉLIA está com um decote largo. Todos se despedem de. ADÉLIA José, foi muito bom ter você conosco todo esse tempo. Pode ter certeza que vai deixar saudades... JOSÉ fica hipnotizado pelo decote de Adélia. VIAGEM AOS SEIOS DE aparece na tela. 2 INT. SALA DA CASA MEIO-DIA José está deitado no sofá lendo um jornal. Já é hora do almoço., a empregada, estranha a situação e se aproxima. Seu José Maria, desculpe interromper, mas acho que o senhor está atrasado para o trabalho. Já botei o almoço faz tempo. Não sabes que me aposentei? Ué... Sim, Floripes. Me aposentei. E o que vai fazer agora, patrão? Sei lá, Floripes... Sei lá Mas o almoço será sempre servido à mesma hora,

pois não? Tanto faz. Pode servido às nove e meia, onze, meio-dia ou quando você quiser. Minha vida de hoje em diante vai ser um domingão sem fim... Debruçado à janela, José olha a vista para a cidade e acha a vida triste. Floripes volta para a cozinha. E o que é que eu vou fazer da vida a partir de agora? O que está a me dizer, patrão? Nada, Floripes. Para si veja! Estou livre agora, livre!... Mas livre para quê? José Maria continua a olhar pela janela. Decide aproveitar a vida. 3 INT. QUARTO ENTARDECER José está se arrumando na frente do espelho para sair. Veste roupas mais modernas. Passa por Floripes apressado. Floripes, vou desfrutar dos prazeres da vida! Até mais! 4 EXT. RUA ENTARDECER/NOITE José Maria caminha pelas ruas. Bebe um café e olha vitrines. Quando anoitece, vai à uma festa com muitas pessoas e bebe um pouco. Volta para casa um pouco embriagado. 5 INT. QUARTO - NOITE José Maria entra no seu quarto e deita na cama tonto. Sonha com o dia da procissão.

6 EXT. RUA (POCISSÃO) NOITE (década de 80) Uma multidão caminha na procissão. Há pessoas de joelho e outras de pés descalços. Todos seguram uma vela. Uma senhora, na frente de todos, carrega uma santa. Dúilia (jovem) chama José (jovem) para irem atrás de uma árvore. Vem aqui. Duília desabotoa a camisa e tira o sutiã. Duília beija José Maria. Cena volta para José dormindo. 7 INT. QUARTO - DIA José Maria acorda desnorteado. Começa a arrumar as malas correndo. Chama Floripes. Floripes fica espantada. Floripes, tome conta do apartamento. Eu vou viajar. Meu procurador te dará dinheiro para as despesas. Se quiseres, pode trazer para cá tua filha e o netinho. Será que o patrão vai-se embora? Vou, Floripes. Para não voltar mais? Não sei, Floripes E se chegar alguma carta, para onde devo mandar? Não haverá cartas para mim. Ninguém me escreve...

E se alguém telefonar? Oh, Floripes, por favor... Floripes sai. José pega um mapa na gaveta e aponta um local perto de uma cordilheira no centro sul. 8 INT. ONIBUS DIA Aqui! José Maria está na rodoviária e entra no ônibus. 9 EXT. RUA DIA José Maria desce do ônibus e caminha por pouso triste em busca de informações. Encontra uma pensão. Entra. Encontra uma velha mau humorada. Com licença, eu preciso de uma informação. A senhora já ouviu falar em uma Duília? É provável que ela trabalhe com crianças... VELHA Duília... Ah sim, uma viúva! Ela é professora numa escola aqui perto. O senhor é parente? Não, não... Trago-lhe umas encomendas... Deixou passar alguns instantes. Perguntou por perguntar: Sabe dizer se tem filhos? Filhos? Um horror de netos!... Que Deus me perdoe, o marido era uma peste. A mulher dá mais algumas informações à José. (sem som) 10 EXT. RUA DIA

José Maria vê, na rua, um letreiro escrito ESCOLA RURAL, uma casinha muito modesta. Ele entra, a sala de espera estava limpa, com gravuras de santos enfeitando e flores de papel. As carteiras escolares estavam quebradas. Uma senhora, muito pálida, veio atendê-lo em chinelos. Eu queria falar com Duília... Dona Duília... corrigiu A senhora fê-lo entrar e sentar-se. Pediu licença e deixou a sala. Momentos depois, voltou mais arrumada. Seus cabelos eram grisalhos, a voz meio rouca, o sorriso agradável, apesar dos dentes cariados. Ainda não tinha sessenta anos, e aparentava mais. A senhora também é professora? Duas crianças gritaram da porta: - Dona Dudu! Dona Dudu! Vão brincar lá fora. Não se pode ficar sossegada um minuto... Esses meninos acabam com a gente. José Maria sentiu como que uma pancada na nuca. Baixou as pálpebras. Saiu e voltou com um copo de água. Está se sentindo mal? Não foi nada. O cansaço da viagem. Já passou Veio a passeio, não é? Não propriamente a passeio. Lembra-se de um rapazinho, há muitos anos, que a viu numa procissão. A mulher abriu os olhos. Nós tínhamos parados debaixo de uma árvore... Lembra-se?

A câmera mostra o estado deplorável da escola. Vim à procura de meu passado. Viajar tão longe para se encontrar com uma sombra... Veja a que fiquei Reduzida. Tudo aqui envelheceu tanto... Não devia ter feito isso. O que? DUILIA Voltar ao lugar das primeiras ilusões. José sentiu falta de ar. Súbita raiva transfigurou-lhe as feições. Teve ímpeto de espancá-la, destruir aquele corpo que ousara ter sido o de Duília. Deu-lhe um tapa no rosto. Sentou-se de novo; fechou o rosto com as mãos. Achou-se ridículo, pediu desculpas. Duília, compassiva, tomou-lhe a mão. O homem não se coneve. Ergueuse precipitadamente e saiu correndo. A professora tentou correr atrás dele. Flashes contrapõem-se entre ela jovem e velha. Duília grita desesperada José Maria! FIM