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Transcrição:

Comunicado 102 Técnico ISSN 9192-0099 Brasília, DF Setembro, 2003 O GERMOPLASMA DE EUCALYPTUS CLOEZIANA F. MUELL. NO BRASIL Vicente Pongitory Gifoni Moura 1 INTRODUÇÃO Eucalyptus cloeziana F. Muell. ocorre naturalmente em áreas disjuntas (Figura 1) na parte leste do estado de Queensland (Qld), Austrália, principalmente próximo à costa, em altitudes variando de 70 a 380 m no sul e próximo a 900 m nas chapadas de Atherton, no norte. A principal área de ocorrência é no distrito de Gympie, no sudeste do estado, em torno de 26º de latitude, onde a espécie apresenta seu melhor desenvolvimento, com indivíduos atingindo até 55 m de altura e diâmetro à altura do peito (DAP) até dois metros e uma excelente forma. Entretanto, o mesmo não acontece em outros locais de sua distribuição natural, onde ocorrem pequenas arvores tortuosas com menos de 10 m de altura até árvores com 20-35 m, de forma variável (Hall et al., 1975.) A madeira desta espécie tem coloração castanho-amarelada, é forte, dura e extremamente durável. Estas qualidades a colocam como espécie potencial em programas de florestamentos e reflorestamento. No sul da África é considerada uma das mais importantes espécies para reflorestamento, principalmente nas regiões de chuvas de verão, onde é utilizada para postes telefônicos e de transmissão de energia, devido principalmente à retidão de seu fuste. 1 Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e-mail: vmoura@cenargen.embrapa.br

É plantada com sucesso no Congo, Quênia, Malavi, Nigéria, África do Sul, Zimbábue, Uganda, Zâmbia, principalmente em áreas com precipitação anual de 1000 a 1500 mm e uma estação seca de 4 a 5 meses (FAO, 1974). Em Zimbábue, esta espécie é considerada como a de fuste mais reto, com bom crescimento, produzindo mais de 30 m3/ha/ano e usada principalmente para postes telefônicos e em linhas de transmissão de energia elétrica (Bleakley & Cant, 1985) Em Zâmbia, a espécie produz madeira de boa qualidade para postes de eletricidade devido a sua boa forma. Sua madeira é dura e tem densidade mais alta do que Eucalyptus grandis (Mubita & Mwanza, 1985). Em Uganda, E. cloeziana está listada entre as dez melhores espécies para reflorestamento nas áreas de savana e em área de florestas de baixa e alta altitude, sendo utilizada para energia, poste e madeira serrada (Muzoke, 1985). Em Suazilândia, E. cloeziana é utilizado para postes, escoramento de mina e energia (Dlamini, 1985). GERMOPLASMA INTRODUZIDO NO BRASIL No Brasil, E. cloeziana é uma espécie considerada de introdução recente, iniciando-se há cerca de 30 anos atrás (Golfari et al., 1978) e até o momento, muitas introduções foram feitas por órgãos públicos, universidades e companhias privada. As primeiras coletas foram feitas sem a preocupação de separar as sementes por matrizes, porém as coletas mais recentes, foram obtidas de indivíduos selecionados em sua região de ocorrência, e introduzidas na forma de progênies, para avaliação genética da descendência dessas matrizes.. No SIBRAGEN (Sistema Brasileiro de Informação de Recursos Genéticos) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, estão cadastrados, 46 acessos, na forma de procedências (Tabela 2). Estas procedências estão sendo caracterizadas e avaliadas quanto a sua potencialidade de crescimento, forma e qualidade da madeiras. Embora muitas destas procedências estejam sendo testadas em diferentes regiões do país (Golfari et al., 1978), a maioria dos testes é de espécies/procedências (Kise, 1977; Gomes et al., 1977; Moura et al., 1980; Moura & Costa, 1985), onde apenas um pequeno número de procedências foi testado por local. RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO E. cloeziana tem demonstrado bom desempenho, tanto em regiões de mata como de Cerrado (Savana). A espécie tem demonstrado variações genéticas sensíveis em relação aos parâmetros altura e diâmetro, variando de acordo com as características físicas de solo e do déficit hídrico dos locais de teste.(souza et al, 1992). As procedências de Duaringa, Kennedy, Atherton, Cardwell, Monto e Ravenshoe (Qld), foram entre outras as de melhor desempenho (Moura et al., 1980; Moura et al., 1993; Golfari, 1982; Timoni et al., 1983; Aguiar et al., 1988). Em condições de Cerrado (Savana) a procedência de Kennedy, Queensland, foi a mais produtiva, com incremento em volume de 35,00 m 3 /ha/ano (Moura & Guimarães, 1988). Nos chapadões do alto Vale do Jequitinhonha, MG, E. cloeziana supera todas as demais espécies de Eucalyptus testadas. Nesta e em outras áreas, a espécie tem demonstrado variações genéticas sensíveis em relação aos parâmetros

altura e diâmetro, destacando-se as procedências de Duaringa, Kennedy e de Atherton (Qld) (Moura et al., 1980; Golfari, 1982; Timoni et al., 1983). Na região Nordeste esta espécie também se mostrou com potencial para a região subúmida úmida costeira onde a procedência de Paluma e de Gympie, Queensland, apresentaram bom desenvolvimento (Pires et al., 1981; Fonseca et al., 1986; Golfari & Caser, 1977; Ferreira, 1986). Nos experimentos onde um maior número de procedências foi testado, poucos são os relatados na literatura, destacando-se os realizados em Planaltina, DF, e na região de Ribeirão Preto, São Paulo. Em Planaltina, DF, as procedências apresentaram variação genética alta, em relação aos parâmetros estudados, destacando-se entre outras, as procedências de Coominglah, Kennedy/Cardwell e Gympie como as mais produtivas (Moura et al, 1993). Em Ribeirão Preto (SP). Mais precisamente no Município de Santa Rita do Passa Quatro, procedências também apresentaram bastante variação nos aspectos de crescimento. As procedências de Cardwell, Monto e Ravenshoe foram as que apresentaram o melhor crescimento em altura, enquanto a procedência de Theodore, cresceu menos em diâmetro.. As procedências de Fairview e Eugella, tiveram apenas crescimento satisfatório, enquanto as de Gympie e Petford, foram as que apresentaram menor desenvolvimento.(aguiar et al., 1988). Além do bom crescimento de algumas procedências, estas também apresentam fuste reto, livre de galhos e madeira de coloração castanhoamarelada, forte, dura e extremamente durável, apta para serraria, postes, dormentes e carvão. E. cloeziana produz grandes quantidades de sementes porém sua germinação é baixa e de difícil trato em viveiros. Na costa das regiões nordeste e sudeste, a E.cloeziana é afetada pela ferrugem do eucalipto, causado por Puccinia. psidii Winter (Ferreira, 1989), com várias procedências. apresentando alta susceptibilidade a esse fungo (Carvalho et al., 1998). Uma das características desta espécie é o seu crescimento lento até os três anos, após o qual, se torna relativamente rápido. Diferentemente, enquanto outras espécies de Eucalyptus apresentaram alta susceptibilidade ao cancro do eucalipto causado pelo fungo Cryphonectria cubensis, E. cloeziana de Paluma (Qld), foi a que apresentou maior resistência (Ferreira et al, 1978). Esporadicamente esta espécie é afetada por lepidóptero desfolhador (Thyrintheina arnobia), (Moura, 2001), em solos arenosos e de baixa fertilidade.. A densidade da madeira de E. cloeziana é superior a de outras espécies plantadas, tais como E. urophylla e E. grandis e algumas procedências de E. camaldulensis (Albino & Tomazello Filho, 1985; Moura et al., 1993). Essa superioridade em densidade em relação a outras espécies de Eucalyptus é refletida na produção de carvão mais denso, porém altamente friável, causando altas perdas, quando o mesmo é manuseado e transportado (Moura, 1986) ASPECTOS DO MELHORAMENTO DA ESPÉCIE No que concerne ao melhoramento da espécie, um total de 110 famílias de polinização aberta, de cinco procedências de E. cloeziana, foram

avaliadas em sete locais, e os resultados preliminares (36 meses de idade) permitiram concluir que o comportamento das procedências estudadas variou em função das características físicas dos solos e do déficit hídrico onde foram testadas e que os parâmetros genéticos e fenotípicos revelaram excelentes possibilidades para efetiva seleção nesse material (Souza et al., 1992). Quanto à produtividade de volume e massa foram observadas diferenças entre as espécies nas localidades estudadas, destacando-se Viçosa e a seguir Uberaba e Paraopeba. BIBLIOGRAFIA AGUIAR, I. B. de; CORRADINI, L.; VALERI, S. V.; RUBINO, M. Comportamento de procedências de Eucalyptus cloeziana F. Muell. na região de Ribeirão Preto (SP) ate a idade de cinco anos e oito meses. Revista Arvore, v. 12, n. 1, p. 12-24, 1988. ALBINO, J. C.; TOMAZELLO FILHO, M. Variação da densidade básica de madeira e produtividade de Eucalyptus spp. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1985. 43p. (EMBRAPA-CPAC. Boletim de Pesquisa, 26). BLEAKLEY, S; CANT, R. T. Australian species in Zimbabwe: existing role and potential. In: WORKSHOP PN SEED HANDLING AND EUCALYPT TAXONOMY, 1984, Harare. Proceedings... Harare: [s.n.], 1985. p. 246-252. CARVALHO, A. de O.; ALFENAS, A. C.; MAFFIA, L. A.; CARMO, M. G. F. do. Resistência de espécies, progênies e procedências de Eucalyptus à ferrugem, causada por Puccinia psidii Winter. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 33, n. 2, p. 139-147, 1998. DLAMINI, G. M. Australian tree species in Swaziland plantations. In: WORKSHOP PN SEED HANDLING AND EUCALYPT TAXONOMY, 1984, Harare. Proceedings... Harare: [s.n.], 1985. p. 218-20. FAO. Tree planting practices in African savannas. Rome, 1974. FERREIRA, F. A. Enfermidades do eucalipto. Informe Agropecuário, v. 12, n. 141, p. 59-70, 1986. FERREIRA, F. A. Patologia florestal: principais doenças florestais do Brasil. Viçosa: Sociedade de Investigações Florestais, 1989. FERREIRA, F. A.; ALFENAS, A. C.; FREITAS, A. P. de. Determinação da resistência de 16 procedências de Eucalyptus ao cancro causado por Diaporthe cubensis Bruner, no Vale do Rio Doce. Revista Árvore, v. 2, n. 1, p. 119-129, 1978. FONSECA, A. G. da; SILVA, I. B. da; GALVÃO, M. A. S.; MOURA, E. R. Teste de espécies e procedências de eucalipto em Nísia Floresta, Estado do Rio Grande do Norte. Silvicultura, v. 11, n. 41, p. 114, 1986. GOLFARI, L. Estado atual dos plantios e resultados das introduções de espécies e origem de eucaliptos no estado de Minas Gerais. Viçosa: Ed. da UFV, 1982. 20p. (Boletim Técnico 1). GOLFARI, L.; CASER, R. L. Zoneamento ecológico da região do Nordeste para experimentação florestal. Brasília: PRODEPEF: PNUD/FAO/IBDF/BRA-45, 1977. 116p. (Série Técnica, 10). GOLFARI, L.; CASER, R. L.; MOURA, V. P. G. Zoneamento ecológico

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Figura 2 Locais e regiões de coletas de procedências de Eucalyptus cloeziana introduzidas no Brasil e registradas no Sistema Brasileiro de Informação de Recursos Genéticos SIBRAGEN.

Tabela 2 Lista de acessos de E. cloeziana, introduzidos a partir de 1971 e registrados no Sistema Brasileiro de Informação de Recursos Genéticos (SIBRAGEN) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. REGIÃO Nº Procedência Estado Latitude longitude altitude 1 12196 Helenvale QLD 15 44 145 15 170 1 12945 6 km ao Sul de Helenvale QLD 15º 44 145º 15 170 1 10956 Sul de Helenvale QLD 15º 45 145º 15 52 1 10957 Helenvale QLD 15º 45 145º 15 180 1 11666 Sul de Cooktown QLD 15º 45 145º 14 75 1 13609 18 km ao Sul de Helenvale QLD 15º 45 145º 16 500 1 14209 2 5-12 km ao Sul de Helenvale QLD 15º 45 145º 15 500 2 9184 Oeste de Lappa QLD 17 22 144 52 200 2 31,32 Sul de Barron (SF149) QLD 17º 20 145º 30 802 2 32 Sul de Barron SF 194 QLD 17º 20 145º 30 802 2 14236 3 10-25 km a oeste de Herberton QLD 17º 20 145º 00 800 2 11015 Mount Cottel QLD 17º 22 144º 52 630 2 11949 Oeste de Herberton QLD 17º 22 145º 17 900 2 12208 10 km ao Sul de Ravenshoe QLD 17º 42 145º 29 940 3 13278 Cardwell QLD 18 17 145 55 70 3 9785 Sudoeste de Kennedy QLD 18º 17 145º 55 122 3 13565 Cardwell QLD 18º 17 145º 58 90 3 28 Sul de Cardwell (SF461) QLD 18 17` 145º 58 305 3 14422 4 12 km a Sudoeste de Cardwell QLD 18º 22 146º 01 30 4 21 Sul de Atherton QLD 18º 58 146º 12 610 4 12202 Paluma QLD 19º 01 146º 17 330 4 10270 Paluma QLD 19º 05 146º 20 270 5 23 Eugella,. Distrito de Mackay QLD 21º 10 148º 20 610 5 12201 16.6 km de Eugella QLD 21º 13 148º 24 740 5 11013 Oeste de Mackay QLD 21º 14 148º 27 650 14427 5 Sul de stony Creek Road, Black Down QLD 23º 48 149º 01 750 6 Tableland 6 11012 Sudoeste de Rockhampton QLD 23º 52 149º 01 750 6 9771 Sudoeste de Duaringa QLD 23º 55 149º 15 240 6 11964 Sul de Theodore QLD 24º 20 148º 40 305 6 11641 Sul de Fairview. QLD 24º 21 147º 05 400 7 11008 Coominglah QLD 24º 55 151º 01 450 7 13543 26 km a Sudeste de Monto QLD 24º 55 151º 01 480 7 13034 Sudoeste de Monto e Coominglah QLD 24º 56 151º 00 560 7 12769 Norte de Taron QLD 25º 13 149º 59 400 8 12796 19 km ao Nordeste de Gympie QLD 26º 03 152º 42 198 8 26 Sul de Gympie (SF502) QLD 26º 07 152º 42 152 8 33 Distrito de Gympie QLD 26º 07 152º 42 1075 8 12192 Veterans de Gympie QLD 26º 07 152º 43 190 8 10691 Nordeste de Gympie QLD 26º 07 152º 42 135 8 24 Sul de Gympie (SF 627) QLD 26º 08 152º 46 152 8 25 Sul de Gympie (SF627) QLD 26º 08 152º 46 152 8 7489 Gympie QLD 26º 11 152º 40 12 8 10180 Gympie QLD 26º 11 152º 40 25 8 10692 Sudeste de Gympie QLD 26º 18 152º 46 75 8 14425 6 Sul de Gympie (SF 393) QLD 26º 18 152º 48 100 QLD= Queensland; SF = Floresta Estadual. 2 Famílias de 90 a 99 e de 101 a 106; 3 Famílias de 208 a 232; 4 Famílias de 312 a 336 5 Famílias de 637 a 661 6 Família de 393 a 396 e de 401 a 436)

Comunicado Técnico, 102 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Exemplares desta edição podem ser adquiridos na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Serviço de Atendimento ao Cidadão Parque Estação Biológica, Av. W/5 Norte (Final) Brasília, DF CEP 70770-900 Caixa Postal 02372 PABX: (61) 448-4600 Fax: (61) 340-3624 http://www.cenargen.embrapa.br e.mail:sac@cenargen.embrapa.br 1ª edição 1ª impressão (2003): 150 unidades Comitê de Publicações Expediente Presidente: José Manuel Cabral de Sousa Dias Secretário-Executivo: Maria José de Oliveira Duarte Membros: Maurício Machaim Franco Regina Maria Dechechi G. Carneiro Luciano Lourenço Nass Sueli Correa Marques de Mello Vera Tavares Campos Carneiro Supervisor editorial: Maria José de Oliveira Duarte Normalização Bibliográfica: Maria Alice Bianchi Editoração eletrônica: Giscard Matos de Queiroz