CONTAGEM DE BACTÉRIAS ÁCIDO-LÁCTICAS TOTAIS EM IOGURTES PROBIÓTICOS PRODUZIDOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO.

Documentos relacionados
ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS POTENCIALMENTE PROBIÓTICAS PRODUZIDAS A PARTIR DO APROVEITAMENTO DA CASCA DA JABUTICABA.

PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS

VIABILIDADE DE BACTÉRIAS LÁTICAS EM LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE MONTES CLAROS, MG.

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE IOGURTES COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE MICRORGANISMOS EM DERIVADOS LÁCTEOS PROBIÓTICOS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE CURRAIS NOVOS/RN

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG.

5º Congresso de Pesquisa

Por que consumir alimentos Probióticos e prebióticos?

PROPRIEDADES REOLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DE IOGURTE E BEBIDA LÁCTEA DA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO

II Seminário dos Estudantes de Pós-graduação

DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE VIDA DE PRATELEIRA DE IOGURTE COM DE POLPA DE FRUTA POR MEIO DA POPULAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁTICAS TOTAIS

Profª Drª Maria Luiza Poiatti Unesp - Campus de Dracena

ACEROLA (MALPIGHIA, SSP.)

Autores Tais Helena Martins Lacerda Ivana Cristina Spolidorio Macknight Izael Gressoni Junior Valmir Eduardo Alcarde. Apoio Financeiro Fap

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

Bebida Fermentada de Soja

Graduação em Biotecnologia Disciplina de Biotecnologia Microbiana II. Probióticos. Por que devemos consumí-los diariamente?

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE CULTURAS PROBIÓTICAS NA FERMENTAÇÃO DE UMA BEBIDA DE SOJA

VII Semana Acadêmica da UEPA Marabá

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO SALAME TIPO MILANO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SALAME

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE BEBIDAS LÁCTEAS ADQUIRIDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA DO SUL DE MINAS GERAIS 1

Avaliação de Alegações Propriedades Funcionais e ou de Saúde e Registro de Produtos com Alegações

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE ALMÔNDEGA

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE GRÃOS DE KEFIR ARTESANAL. Palavras-chave: contagens microbianas; simbiose; microbiota; probióticos.

APROVEITAMENTO DE SORO DE LEITE NA ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA ADICIONADA DE COQUINHO AZEDO (Butia capitata)

ANEXO III REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE EMPANADOS

Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos. Brasília: Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1997.

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE FIAMBRE

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LEITE ACIDÓFILO SABOR MANGA.

Brazilian Applied Science Review

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 30, DE

EFEITO DA ADIÇÃO DE SORO DE QUEIJO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS SABOR UVA

Consumo x Alimentos x Nutrientes. Profª Ms.Sílvia Maria Marinho Storti

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

PRÓBIÓTICOS-PREBIÓTICOS E MICROBIOTA

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE APRESUNTADO

Formulação de bebida láctea fermentada sabor pêssego utilizando substratos alternativos e cultura probiótica

ROTULAGEM NUTRICIONAL DO QUEIJO DE COALHO DE COMERCIALIZADO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. Apresentação: Pôster

IDENTIDADE E QUALIDADE DA CASEÍNA ALIMENTAR

PORTARIA Nº 32, DE 14 DE MARÇO DE 2014.

INTRODUÇÃO. Leites Fermentados LEITES FERMENTADOS. Leites Fermentados. Leites Fermentados 30/07/2014

Probióticos Definição e critérios de seleção

10º ENTEC Encontro de Tecnologia: 28 de novembro a 3 de dezembro de 2016 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUA MINERAL DO TRIANGULO MINEIRO

Programa Analítico de Disciplina TAL453 Tecnologia de Produtos Lácteos Fermentados

Bactérias láticas como ferramenta para a produção de alimentos para indivíduos com intolerância e/ou alergia alimentar

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANAS DO LEITE CRU REFRIGERADO CAPTADO EM TRÊS LATICÍNIOS DA REGIÃO DA ZONA DA MATA (MG)

COMPARAÇÃO DOS PROCESSOS FERMENTATIVOS DA POLPA DE COCO VERDE E DO LEITE POR BACTÉRIAS LÁCTICAS. Karina Fernandes Pimentel 1 ; Eliana Paula Ribeiro 2

Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE QUEIJO AZUL

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

ESTUDO DO CRESCIMENTO DE BACTÉRIAS PSICROTRÓFICAS E MESÓFILAS EM IOGURTE ENRIQUECIDO COM GRÃOS

Processamento artesanal do leite e seus derivados

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE KIBE

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

Consumo de Probióticos entre os alunos do IFMT/BelaVista

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

AVALIAÇÃO DE RÓTULOS DE DIFERENTES MARCAS DE LEITE EM PÓ INTEGRAL COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE GARANHUNS - PE. Apresentação: Pôster

A enumeração e atividade antagonista... 7º SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ACADÊMICA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

LACTOBACILLUS CASEI. 10 bilhões/g. Descrição

ANEXO I REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PALETA COZIDA

Programa Analítico de Disciplina MBI130 Microbiologia dos Alimentos

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 17, DE 19 DE JUNHO DE 2013

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE COPA.

ANÁLISES DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM PRODUTOS DERIVADOS LACTEOS E SORVETES

Análises de bactérias ácidos láticas, de ph e acidez em amostras de leites fermentados comercializados no município de Sete Lagoas-MG

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

ELABORAÇÃO DE RICOTA FERMENTADA EM PASTA POTENCIALMENTE SIMBIÓTICA

IOGURTE ADICIONADO DE WPC OU SORO EM PÓ: QUAL A MELHOR OPÇÃO SENSORIAL? Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Colegiado de Farmácia/ Cascavel-PR

mhtml:file://f:\isa\in Aves Temperadas.mht

ANEXO IV REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PRESUNTO TIPO SERRANO

SUPLEMENTOS ALIMENTARES: STATUS DA REGULAMENTAÇÃO NO BRASIL E PERSPECTIVAS FUTURAS

Portfólio de Produtos Lácteos

Programa Analítico de Disciplina TAL414 Microbiologia do Leite e Derivados

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÁCIDO LÁCTICO E DO CRESCIMENTO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DURANTE DESENVOLVIMENTO DE IOGURTE

TÍTULO: FERMENTAÇÃO DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA VERDE POR BACTÉRIAS PROBIÓTICAS

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ANIMAIS INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Tópicos Especiais em Química. Legislações e Normas. Giselle Nobre

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 30 DE AGOSTO DE 2012

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SORO DE LEITE FERMENTADO COM Lactobacillus acidophilus NCFM

IOGURTE BIFÁSICO DE ABACAXI COM BETERRABA OBTIDO A PARTIR DE LEITE DE BÚFALAS MURRAH, ORIUNDAS DA ILHA DO MARAJÓ-PA

ELABORAÇÃO DE SORVETE DE MORANGO COM CARACTERÍSTICAS PROBIÓTICAS E PREBIÓTICAS

MONITORAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DA QUALIDADE DO LEITE PASTEURIZADO INTEGRAL NO MUNICÍPIO DE LINS/SP EM OUTUBRO DE 2010

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE PATÊ.

AGROINDUSTRIALIZAÇÃO PRODUTOS DERIVADOS DO LEITE

BENEFÍCIOS DO KEFIR DE LEITE

Contagem de bactérias lácticas em iogurtes comerciais

SORO DO LEITE: REAPROVEITAMENTO E PROPOSTA DE APLICAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR DO MUNICÍPIO DE AÇAILÂNDIA MA.

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA ADICIONADA DE POLPA DE UMBU (Spondias tuberosa) E SUPLEMENTADA COM FERRO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA

POTENCIAL PROBIÓTICO IN VITRO DE BACTÉRIAS E LEVEDURAS ISOLADAS DE BEBIDA ÁLCOOL-ÁCIDA DE MURICI FERMENTADA COM GRÃOS KEFIR

O papel das fibras nos alimentos. Mestrando: Joel Pimentel de Abreu

TEORES DE GORDURA E PROTEÍNA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

Grupo: Andressa, Carla e Thalita. Sequência lógica de aplicação do sistemas de APPCC

SEGURANÇA DE ALIMENTOS

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

Transcrição:

CONTAGEM DE BACTÉRIAS ÁCIDO-LÁCTICAS TOTAIS EM IOGURTES PROBIÓTICOS PRODUZIDOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO. G.N. da Cruz Ximenes 1, N.K.S. Shinohara 2, M.M. Santos 3, J.M. Campos 4, N.M.S. Cortez 5 1 Departamento de Engenharia Química Centro de Tecnologia e Geociência Universidade Federal de (81)2126.8717. E-Mail: (gracilianeximenes@uol.com.br). 2 Departamento de Tecnologia Rural Curso de Gastronomia Universidade Federal Rural de Pernambuco Rua Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife/PE, Brasil. CEP: 52.171-900. Fone: (81)3320.6284 E- Mail: (shinoharanks@yahoo.com.br). 3 - Departamento de Engenharia Química Centro de Tecnologia e Geociência Universidade Federal de (81)2126.8717. E-Mail: (marcia_quimic@ig.com.br). 4 - Departamento de Engenharia Química Centro de Tecnologia e Geociência Universidade Federal de (81)2126.8717. E-Mail: (jenyffermcampos@gmail.com). 5 - Departamento de Engenharia Química Centro de Tecnologia e Geociência Universidade Federal de (81)2126.8717. E-Mail: (neilacortez@yahoo.com.br). RESUMO O objetivo deste trabalho foi quantificar a população de bactérias ácido-lácticas totais, em amostras de iogurtes probióticos comercializados no estado de Pernambuco. Os ensaios foram realizados em 36 amostras de iogurtes na Universidade Federal de Pernambuco utilizando a metodologia preconizada pela American Public Health Association. Os resultados não corresponderam, na sua maioria (78% das amostras), à exigência da norma FIL 117A: 1988, citada na IN 46/2007 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, somente 4% apresentaram valor dentro do determinado do padrão de identidade. A pesquisa aponta uma despadronização dos iogurtes comercializados, além de conferir uma redução do valor nutricional do fermentado com a contagem abaixo do permitido. ABSTRACT The objective of this study was to quantify the population of total lactic acid bacteria in samples of probiotic yoghurts marketed in the state of Pernambuco. The tests were performed on 36 samples of yogurt at the Federal University of Pernambuco using the methodology recommended by the American Public Health Association. The results did not match, mostly (78 % of samples), the requirement of standard FIL 117A : 1988, cited in IN 46/2007 of the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply, only 4 % had value within the standard of identity determined. The research points to a non-compliance of yoghurts marketed besides giving a reduction in the nutritional value of the fermented with the count below the allowed. PALAVRAS-CHAVE: Controle de qualidade, produtos lácteos, iogurte, alimentos funcionais. KEYWORDS: quality control, dairy products, yogurt, functional foods.

1. INTRODUÇÃO O iogurte é um produto lácteo, obtido pela fermentação do leite com cultivos pró-simbióticos das bactérias Streptococcus termophilus e Lactobacillus bulgaricus. Podem-se acompanhar de forma complementar, outras bactérias ácido-lácticas (BAL) que, por sua atividade, contribuem para a determinação das características do produto final. As BAL devem ser viáveis, ativas e abundantes no produto final, durante seu prazo de validade. No caso de iogurte o esse valor deve ser de 10 7 UFC\ ml (Brasil, 2007). O iogurte é fonte de proteínas, cálcio, fósforo, vitaminas e carboidratos. Seu consumo relaciona-se à imagem positiva de alimento saudável e nutritivo, juntamente às suas qualidades sensoriais. Destaque também por suas características probióticas e nutricionais (Teixeira et al., 2000). Esse alimento, que hoje faz parte do cotidiano da maioria das pessoas, rapidamente se difundiu, conquistando uma posição privilegiada nas dietas alimentares dos mais diversos povos e agrega benefícios funcionais. Destaca-se como importante alimento com alta digestibilidade e características de aroma e sabor agradáveis (Ciribelli; Castro, 2011). As bactérias ácido-lácticas recebem essa denominação devido à sua capacidade de converter carboidratos em ácido láctico. São caracterizadas como microrganismos gram-positivos, não esporulantes, anaeróbios facultativos e ácidos tolerantes. São largamente utilizadas industrialmente, principalmente como culturas iniciadoras em alimentos fermentados. Elas têm a capacidade de hidrolisar proteínas, açúcares e lipídeos, além de possuírem grande influência sobre o perfil sensorial do produto final, resultando em melhora da textura, do sabor e do aroma (Pescuma et al., 2008). Probióticos são definidos como microrganismos viáveis que afetam beneficamente a saúde do hospedeiro por promoverem balanço da microbiota intestinal, sendo Lactobacillus e Bifidobacterium as espécies mais utilizadas como probióticos (Fuller, 1989). Segundo o Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde, entendem-se por probióticos os microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo (Brasil, 2002). Para receber a nomenclatura de alimento probiótico, os leites fermentados e iogurtes devem conter no mínimo 10 7 células viáveis por grama ou ml do produto. Por outro lado, a dose terapêutica mínima exigida é de 10 5 células viáveis por grama ou ml do produto (Stanton, 2001). Produtos probióticos possuem influência benéfica sobre a microbiota intestinal humana, como efeitos antagônicos, competição e efeitos imunológicos, resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Assim, a utilização de culturas bacterianas probióticas estimula a multiplicação de bactérias benéficas, em detrimento à proliferação de bactérias potencialmente prejudiciais, reforçando os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro (Oliveira et al., 2002). A indústria de laticínios tem papel fundamental no mercado de alimentos funcionais, por apresentar variados produtos que utilizam culturas probióticas, como os leites fermentados e queijos e o consumo deste alimento tem tido aumentos consideráveis, pois o consumidor busca cada vez mais uma alimentação mais saudável (Sacarro, 2008). O segmento de probióticos no mercado foi dominado por produtos lácteos, porque os consumidores já estão familiarizados com o fato de que os leites fermentados contêm microrganismos viáveis, e os reconhecem como benéficos para a saúde, facilitando a recomendação da sua ingestão para o consumo de probióticos (Ballus et al., 2010). Admite-se que os parâmetros relacionados à qualidade do alimento conferem identidade, confiabilidade e são de grande expressão para o público consumidor, assim como para a referência da marca do produto. Sendo assim, o controle da contagem das bactérias ácido láticas em iogurtes é de importância não somente para garantir o processamento correto do produto, como também confere ao mesmo, padronização, conforme as normas de identidade e qualidade do produto (Brasil, 2007). Consumidores e resultados científicos devem dar suporte às exigências para que um ingrediente ou alimento seja regulamentado. Autoridades ligadas à saúde em colaboração com a indústria de alimentos e a universidade têm a responsabilidade de realizar procedimentos para

autorização das atribuições. Desse modo o objetivo desse estudo foi realizar a contagem das BAL dos iogurtes probióticos comercializados no estado de Pernambuco. 2. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa consistiu em analisar iogurtes produzidos pelas empresas laticinistas. Foram disponibilizadas 36 amostras de iogurtes probióticos. As mesmas foram recebidas sob a condição de refrigeração na Universidade Federal de Pernambuco para as análises. A metodologia realizada no trabalho foi preconizada pela American Public Health Association (2001). Foi utilizado o meio de cultura seletivo MRSA (Agar Man Rogosa & Sharpe), adotada a técnica de plaqueamento em profundidade com sobrecamada e incubação em Jarra GasPak, em condições de microaerofilia, sob temperatura controlada de 37 C ± 1 C/ 48h ± 3h, recomendada para contagem de termodúricos. (Silva et al., 2007). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das amostras analisadas foram encontradas quatro amostras (11%) com contagem 10 UFC/g, que corresponde à ausência de crescimento, considerando o limite do método; três amostras (8%) apresentaram contagem com ordem de grandeza de 10 7 UFC/g, dentro do mínimo exigido e apenas uma amostra (3%) acima do mínimo preconizado com ordem de grandeza 10 8 UFC/g. Sendo as amostras restantes, aproximadamente 78%, em desacordo com a norma vigente. A Média das amostras encontra-se dentro do padrão de identidade e qualidade valor de 3,6 x 10 7 UFC\mL (Tabela 1). Tabela 1: Contagem de Bactérias Ácido Lácticas em Iogurtes produzidos no Estado de Pernambuco Marca Nº de Amostra Contagem BAL (UFC/g) Marca Nº de Amostra Contagem BAL (UFC/g) B 01 2,3 x 10 6 E 19 1,5 x 10 5 A 02 5,6 x 10 6 E 20 10 A 03 8,7 x 10 6 E 21 10 A 04 1,7 x 10 6 D 22 3,6 x 10 6 A 05 3,5 x 10 6 D 23 6,4 x 10 7 B 06 7,1 x 10 6 D 24 3,9 x 10 8 A 07 1,8 x 10 6 F 25 3,7 x 10 6 A 08 8,3 x 10 6 F 26 2,2 x 10 6 C 09 7,3 x 10 5 D 27 4,5 x 10 6 D 10 8,7 x 10 6 B 28 5,6 x 10 6 C 11 10 E 29 8,1 x 10 6 C 12 10 E 30 8,5 x 10 6 C 13 7,1 x 10 6 C 31 2,2 x 10 7 B 14 8,5 x 10 6 F 32 2,3 x 10 6 B 15 5,2 x 10 6 F 33 2,8 x 10 6 D 16 3,1 x 10 7 F 34 1,5 x 10 6 B 17 9,2 x 10 6 F 35 1,8 x 10 6 E 18 7,1 x 10 6 C 36 2,3 x 10 6 = 06 = 18 Média = 6,8 x 10 6 = 06 = 18 Média = 2,9 x 10 7 Média total 3,6 x 10 7

Os resultados não corresponderam, na sua maioria (78% das amostras), à exigência da norma FIL 117A: 1988, citada na IN 46/2007 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, em que a contagem de bactérias lácticas totais para iogurtes deve ser no mínimo 10 7 UFC/g. A falta de identidade do produto conforme a norma caracteriza ao iogurte falta de padronização, além de apontar um produto com valor nutricional inferior, portanto desfavorável aos consumidores. De acordo com Stanton (2001) os valores de dose terapêutica na ordem de 10 5 para probiótico classificariam o estudo em questão com 100% das amostras dentro do determinado, porém o mesmo autor relata que para o alimento ser classificado como probiótico teria que alcançar o valor de BAL de 10 7 UFC\g. No estudo de Ferreira et al. (2005) na elaboração de iogurtes de soja fermentado com de S. thermophilus e L. delbrueckii ssp. Bulgaricus apresentou após 30 dias de armazenamento à temperatura de refrigeração, os microrganismos presentes na ordem de 10 7 UFC/mL das amostras analisadas, valor esse acima do analisado no estudo e determina que seja possível dentro do correto processamento de iogurte manter a viabilidade das BAL durante longo prazo de validade. Na pesquisa de Silva (2007) na produção de iogurte probiótico com prebiótico, nas concentrações de culturas lácticas (0,5 %; 1,0 % e 1,5 %) determinou a contagem de células viáveis após 28 dias de armazenamento no valor na ordem de 10 8 a 10 9 UFC/ml em todas as concentrações, com redução para 10 8 UFC/mL após os 28 dias de armazenamento, valores acima do avaliado no estudo. Kempka et al. (2008) na elaboração de bebidas lácteas fermentadas relatou valor de contagem de células viáveis na ordem de 10 6 UFC\mL no prazo de 22 dias após produção, se enquadrando ao estabelecido na legislação para o produto, o que aponta correto desenvolvimento. O trabalho entra em discordância com o estudo em questão. Na produção de leites fermentados por Viegas e colaboradores (2010) foi analisado seu padrão físico-químico e microbiológico após 40 dias de armazenamento. Todas as amostras produzidas apresentaram contagens iguais ou acima de 10 8 UFC/g, valor contraditório ao estudo em questão. Na pesquisa de Reis e colaboradores (2014) na contagem de BAL em iogurtes produzidos em laticínios no Distrito Federal, 89% das amostras apresentaram valores dentro do preconizado na legislação. A pesquisa apresenta valores superiores aos avaliados no referido estudo, mostrando uma melhor padronização dos fermentados produzidos na cidade. No trabalho de Zambonim (2014) avaliando iogurtes com polpa de fruta retirados de uma Indústria de Laticínios do Estado do Paraná, a partir do segundo dia de produção, verificou que todas as amostras apresentaram valor para BAL na ordem de 10 8 a 10 9 UFC\ml. Esse estudo apresenta valor superior ao encontrado na pesquisa com valor médio na ordem de 10 7 UFC\ml. Na produção de iogurte de leite de cabra sem adição de extrato hidrossolúvel de soja e cultura probiótica, Silva e colaboradores (2016), conseguiram manter a viabilidade das BAL na ordem de 10 7 UFC\mL até o 29 dia, mantendo-se dentro do padrão de identidade e qualidade, diferente dos produtos analisados no estudo em questão com a maioria das amostras (78%) abaixo da contagem. 4. CONCLUSÕES A pesquisa aponta uma despadronização dos iogurtes probióticos comercializados em Pernambuco, caracterizando ao produto uma redução do valor nutricional do fermentado com a contagem abaixo do permitido. 5. AGRADECIMENTOS Ao Centro de Tecnologia e Geociências e ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American Public Health Association (2001). Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods. (4 ed.) Cap. 47, p. 490. APHA. Ballus, C. A.; Klajn, V. M.; Cunha, M. F.; Oliveira, M. L. & Fiorentini, A. M. (2010). Aspectos científicos e tecnológicos do emprego de culturas probióticas na elaboração de produtos lácteos fermentados: Revisão. Ceppa, 28(1), 85 96. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002). Resolução RDC nº 2: Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcional ou de Saúde. 7 de janeiro de 2002. Brasil. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (2007). Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade de Leites Fermentados. Instrução Normativa nº46. Diário Oficial da União, 23 de outubro de 2007. Brasília: Ministério da Agricultura, 2007. Ciribelli, J. P. & Castro, L. S. de. (2011). Descrição da cadeia produtiva do iogurte: um estudo de caso realizado no Laticínio do Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba. Revista Gestão Empresarial, 1(1), 75-87. Ferreira, K. B. C.; Ramos, M. A. & Miguel, D. P. (2005). Aceitabilidade de iogurtes a base de extrato aquoso de soja sem lipoxigenase. FAZU em Revista, 2, 156-160. Fuller, R. Probiotics in man and animals (1989). Journal Applied Bacteriology, 66(5), 365-78. Kempka, A. P. Kruger, R. L.; Valduga, E.; Luccio, M. D.; Treichel, H.; Cansian, R. & Oliveira, D. de. (2008). Formulação de bebida láctea fermentada sabor pêssego utilizando substratos alternativos e cultura probiótica. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28, 170-177. Oliveira, M. N. de; Sivieri, K; Alegro, J. H. A & Saad, S. M. I. (2002). Aspectos tecnológicos de alimentos funcionais contendo probióticos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, 38(1), 1-21. Pescuma, M.; Hébert, E. M., Mozzi; F. & Font, de V. G. (2008) Whey fermentation by thermophilic lactic acid bacteria: Evolution of carbohydrates and protein content. Food Microbiology, 25(3), 442-451. Reis, D. L.; Couto, E. P.; Ribeiro, J. L.; Nero, L. A. & Ferreira, M. A. (2014). Qualidade e segurança microbiológica de derivados lácteos fermentados de origem bovina produzidos no Distrito Federal, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, 35(6), 3161-3172. Sacarro, D. M. (2008). Efeito da associação de culturas iniciadoras e probióticas na acidificação, textura e viabilidade em leite fermentado (Dissertação de Mestrado) Universidade de São Paulo. São Paulo. Silva, S. V. (2007). Desenvolvimento de iogurte probiótico com prebiótico (Dissertação de Mestrado) Universidade. Federal de Santa Maria. Santa Maria. Silva, N da; Junqueira, V.C.A.; Silveira, N.F.A.; Taniwaki, M.H.; Santos, R.F.S.; Gomes, R.A.R. (2007). Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. 3ª ed. São Paulo: Livraria Varela, 552p.

Silva, D. C. G.; Couto, E. M.; Bastos, R. A. & Abreu, L. R. (2016) Contagem microbiológica de células viáveis de iogurtes de leite de cabra adicionados de extrato hidrossolúvel de soja e cultura probiótica. Disponível http://www.sovergs.com.br/site/higienistas/trabalhos/10719.pdf. Stanton, C; Gardiner, G; Meehan, H; Collins, K.; Fitzgerald, G; Lynch, P. B. & Ross, R. P. (2001). Market potential for probiotics. American Journal of Clinical Nutrition, 73(2), 476S-83S. Teixeira, A. C. P.; Mourthé, K. ; Alexandre, D. P.; Souza, M. R. & Penna, C. F. A. M. (2000). Qualidade do iogurte comercializado em Belo Horizonte. Leite & Derivados, 1(51), 32-39. Viegas, R. P.; Souza, M. R.; Figueiredo, T. C.; Resende, M. F. S.; Penna, C. F. A. M. & Cerqueira, M. M. O. P. (2010). Qualidade de leites fermentados funcionais elaborados a partir de bactérias ácidoláticas isoladas de queijo de coalho. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia, 62(2), 460-467. Zambonim, M. C. (2014). Caracterização de leveduras promotoras de estufamento em iogurte com polpa de fruta (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal do Paraná. Paraná.