METODOLOGIAS DE ENSINO NA APRENDIZAGEM DO FUTSAL MÉTODO ANALÍTICO OU GLOBAL Artur Monteiro / UTAD Luís Vaz / UTAD / CIDESD lvaz@utad.pt ոո Palavras-chave: Educação Física, Ensino, Futsal. INTRODUÇÃO Como ensinar os desportos coletivos é uma das grandes preocupações do Professor de Educação Física dos nossos dias. Tendo por objetivo principal ensinar da forma adequada, contribuindo para que estes adquiram os gestos técnicos com qualidade e tenham um entendimento da dinâmica do jogo, proporcionando-lhes desenvolver problemas inerentes ao jogo e evoluir dentro deste. Segundo Castagna (2009) o ensino dos jogos coletivos tem vindo a evoluir nas últimas décadas, criando modificações e incertezas para os professores, quanto à escolha do melhor método de ensino. O futsal tem acompanhado essa evolução, a nível individual e da equipa como um todo. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 63-67, 2013 63
As duas grandes linhas de ensino mais conhecidas e mais seguidas por Professores de Educação Física no ensino do futsal são o método Analítico e o método Global. O modelo Global centrado no jogo e no caráter dinâmico das situações inerentes ao jogo, tem como princípio básico que o jogador aprenda a jogar jogando. O método Analítico baseado no desenvolvimento de habilidades técnicas, é um modelo de execução do gesto técnico, é formado a partir da análise do movimento de atletas de alto nível, este é ensinado ao aluno como a maneira mais correta de executar o movimento. Parte do princípio de que quanto melhor for o domínio técnico, melhor será a capacidade do aluno para resolver situações problemáticas existentes no jogo. Entre um método e outro, o professor tem que optar pelo método que proporcione o interesse dos alunos na prática das aulas. Para Voser, (2008) o bom professor é aquele que busca constantemente o método mais adequado para os seus alunos. MÉTODOS O objetivo do estudo é analisar quais os métodos mais adequados ou eficientes no processo de ensino/aprendizagem nas aulas de futsal. O Universo da amostra é composto por n=78 alunos da Escola Básica e Secundária de São João de Pesqueira que frequentam o 6º ano de escolaridade e, têm idades compreendidas entre os 11 e 14 Anos, sendo 38 alunos do sexo feminino e 41 alunos do sexo masculino. Deste modo, o grupo I é composto por 39 alunos, sendo 22 do sexo masculino e 17 do sexo feminino, que iniciaram a sua aprendizagem baseando-se no jogo (método global). O grupo II é composto por 39 alunos, sendo 18 do sexo masculino e 21 do sexo feminino, iniciaram a sua aprendizagem baseando-se na técnica (método analítico). Foi escolhido o método de observação direta dos alunos nas avaliações iniciais e finais. O tratamento e observação dos resultados da avaliação inicial e final foram definidos através de critérios de êxito, cotados de 0 a 5 valores. Após a atribuição dos níveis em que cada aluno se encontrava nas avaliações iniciais e finais, através das fichas de observação foi calculada a média e a evolução para cada ação e para cada grupo. 64 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 63-67, 2013
RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1 - Média de evolução das ações nos grupos I e II Ações Grupo I Grupo II Passe 0,62 1,26 Receção 0,49 1,36 Condução de bola 0,49 1,23 Finalização 0,56 0,59 Média de evolução dos gestos técnicos 0,54 1,11 Desmarcação 0,97 0,41 Marcação individual 1,05 0,13 Conhecimento de regras 0,85 0,36 Média da evolução da movimentação tática e conhecimento de regras 0,96 0,30 Media de evolução total 0,72 0,76 Os resultados obtidos demostraram que independentemente do método de ensino aplicados aos grupos, todos os alunos de uma forma ou outra conseguiram evoluir as habilidades técnicas e obter um conhecimento prévio sobre os aspetos táticos do jogo. No entanto o que se verificou através deste estudo foi que a nível de movimentações técnicas o grupo I obteve uma evolução mais significativa nomeadamente na desmarcação e na marcação individual. A nível dos gestos técnicos, o grupo II apresenta índices de uma maior evolução, no que diz respeito ao passe, receção, condução de bola e na finalização. Num contexto global, a diferença de evolução entre os dois grupos é pouco significativa com 0,04 valores. Tendo o grupo II obtido, uma média de evolução de 0,76 valores e o grupo I, uma média de evolução de 0,72 valores. Se por um lado os resultados do nosso estudo vão de encontro aos estudos realizados por Armbrust, Silva e Navarro (2010); Alves e Souto (2009); Silva e Greco (2009), que encontraram melhoras nos gestos técnicos do futsal com a aplicação do método Analítico, o mesmo não sucedeu em relação à criatividade tática. Por outro lado, concluímos que face à pouca diferença obtida entre métodos, estes vão de encontro aos estudos de Corrêa, Silva e Paroli (2004), e Silva e Greco (2009), Ramos (2010) que encontraram efeitos semelhantes entre os métodos. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 63-67, 2013 65
Estudos realizados por Ramos (2010) evidenciam que estes dois modelos são possíveis de ser aplicados em contexto de aprendizagem no âmbito escolar, sendo que as vantagens associadas aos mesmos são evidentes, partindo do princípio que um Método de Ensino vai complementar o aprendizado iniciado pelo outro. CONCLUSÃO Podemos assim dizer que o presente estudo nos leva a concluir que os dois métodos nestas idades e em ambiente escolar, podem e devem ser utlizados em conjunto, o analítico contribuindo no aperfeiçoamento dos gestos mais técnicos e o global para uma maior visão de jogo e uma maior movimentação tática. Não deve assim haver metodologias fechadas, mas sim uma utilização conjunta dos dois métodos de ensino fazendo com que os alunos recebam estímulos o mais variados possível. As aulas devem ser planeadas de forma cuidada indo de encontro às características dos alunos, mantendo sempre uma estruturação progressiva e lógia entre os exercícios utilizados independentemente do método utilizado. Cada aluno é um aluno diferente, assim como cada grupo e cada turma são diferentes. Possivelmente a combinação de vários métodos para cada turma ou cada aluno será a solução mais correta. Cabe assim o professor escolher o melhor método para cada caso, para que cada aluno adquira o maior número de competências da forma mais motivadora possível. O professor de uma forma geral deve entender o Jogo como mais um recurso didático, partindo ou não deste, mas trabalhando sempre de forma a ultrapassar as dificuldades que do ponto de vista pedagógico e metodológico se apresentam. A criatividade, a experiencia e a dedicação serão sempre uma mais-valia na escolha da metodologia mais apropriada para a evolução do Aluno, fazendo com que este melhore os gestos técnicos e o entendimento do jogo, sem esquecer que nesta faixa-etária, os alunos simplesmente querem brincar. Podemos assim dizer que no ensino não há receitas, uma vez que cada grupo de alunos é um grupo diferente, não havendo dois alunos iguais, nem dois professores iguais. 66 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 63-67, 2013
REFERÊNCIAS ALVES, C.V.N.; SOUTO, A.S.A.P. Aprimoramento técnico das capacidades técnicas específicas do futebol através de exercícios analíticos em atletas de 8 a 15 anos. Educación Física y Deportes. Revista Digital, n.133, 2009. ARMBRUST, M.; SILVA, A.L.A; NAVARRO, A.C. Comparação entre método global e método parcial na modalidade futsal com relação ao fundamento passe. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, 2010. CASTAGNA, C.; D OTTAVIO, S.; VERA, J. G.; ALVAREZ, J. C. Matchdemands of professional futsal: a case study. Journal Science Medicine Sport, 2009. CORRÊA, U.C.; SILVA, A.S.; PAROLI, R. Efeitos de diferentes métodos de ensino na aprendizagem do futebol de salão. Motriz, 2004. RAMOS. Comparação Entre os Métodos de Ensino do Futsal, Dissertação de Mestrado, CURITIBA, 2010. SANTINI, J.; VOSER, R. C. Ensino dos desportos coletivos: uma abordagem recreativa. Canoas: Editora Ulbra, 2008. SILVA, M.V.; GRECO, P.J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento no desenvolvimento da inteligência e criatividade tática em atletas de futsal. Revista Brasileira de Educação Física e Desporto, São Paulo, volume 23, n.3, jul/set 2009. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, Edição Especial, n. 9, p. 63-67, 2013 67